Discurso durante a 13ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre a vinda do Presidente Americano, George Bush, ao Brasil.

Autor
Sibá Machado (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Sebastião Machado Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA. POLITICA ENERGETICA.:
  • Considerações sobre a vinda do Presidente Americano, George Bush, ao Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 27/02/2007 - Página 2910
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA. POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • COMENTARIO, INTERESSE, VISITA, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), REUNIÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, OPORTUNIDADE, ANALISE, PRODUÇÃO, COMBUSTIVEL ALTERNATIVO, DEBATE, PREVENÇÃO, IMPACTO AMBIENTAL, REDUÇÃO, CONSUMO, PETROLEO, POSSIBILIDADE, RETOMADA, NEGOCIAÇÃO, AREA DE LIVRE COMERCIO DAS AMERICAS (ALCA), TENTATIVA, GOVERNO ESTRANGEIRO, INFLUENCIA, AMERICA DO SUL.
  • EXPECTATIVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, APROVEITAMENTO, REUNIÃO, CONSCIENTIZAÇÃO, NECESSIDADE, BRASIL, PARTICIPAÇÃO, CONSELHO DE SEGURANÇA, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), POSSIBILIDADE, CRIAÇÃO, FUNDO ESPECIAL, AMBITO INTERNACIONAL, COMBATE, FOME, INTEGRAÇÃO, POPULAÇÃO, AMERICA, ABERTURA, COMERCIO.
  • DEFESA, CONTINUAÇÃO, BRASIL, LIDERANÇA, TECNOLOGIA, COMBUSTIVEL ALTERNATIVO, REGISTRO, DADOS, USINA, INVESTIMENTO, AMPLIAÇÃO, AREA, CULTIVO, CANA DE AÇUCAR.

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o que me traz à tribuna de hoje é o motivo da visita do Presidente George Bush ao Brasil, para uma reunião com o Presidente Lula, assunto já tratado pela Senadora Serys. Nesse encontro, será tratada a questão do etanol.

Sr. Presidente, antes de mais nada, quero pontuar algumas coisas muito interessantes da vinda do Presidente norte-americano ao nosso País. Em primeiro lugar, trata-se da retomada da presença dos Estados Unidos nesta região, em que aquele país perdeu um valor de referência. Houve um crescimento substancial da Venezuela através da atuação do seu Presidente Hugo Chávez e da Bolívia, sob a presidência de e Evo Morales. Além disso, indiscutivelmente, a política externa do Governo brasileiro tomou importância para o governo norte-americano.

Assim, o Presidente norte-americano traz na sua bagagem, Sr. Presidente, os problemas que enfrenta com o Iraque, o preço do petróleo, o clima, a Alca, a sua popularidade - vontade de disputar novamente as eleições em seu país - e também com esses líderes, principalmente da Venezuela e da Bolívia.

De acordo com sua agenda no Brasil, o Presidente George Bush tratará, em primeiro lugar, dos limites que o Estados Unidos obtiveram, com sua política bilateral, junto ao Uruguai, Chile e outros países, que considero mais políticos que econômicos, porque se o Uruguai romper com o Mercosul e fizer uma aliança econômica maior com os Estados Unidos, isso não salvará, em absoluto, a economia norte-americana, mas terá uma importância política muito grande.

Devem ser ressaltadas, também, a maturidade política do Governo do Brasil com relação à sua política externa, as tecnologias de energia limpa de que o País dispõe e a retomada do diálogo com a América Latina. Essas são as bases, com certeza, da vinda do Presidente norte-americano ao nosso País.

Também deve constar da pauta do Presidente Bush a criação da “Opep do etanol”, já noticiada pelos jornais de circulação nacional, por meio da qual o Brasil e os Estados Unidos seriam os líderes na produção do produto para o mundo. Hoje, os dois países produzem 72% do etanol mundial - o Brasil contribui com a sua capacidade tecnológica e os Estados Unidos, com a sua capacidade financeira. Nesse acordo das Américas, todos produzirão um pouco do etanol, buscando a independência do petróleo.

Nesse caso, Sr. Presidente, os Estados Unidos poderão “matar três coelhos com uma só cajadada”, Primeiro, daria uma resposta aos problemas relativos ao clima; segundo, daria uma resposta econômica aos seus vizinhos e, terceiro, uma resposta política para, quem sabe, retomar a Alca.

Penso que o Presidente Lula deveria colocar, Sr. Presidente, na pauta dessa reunião alguns pontos. Um deles diz respeito ao Conselho de Segurança da ONU, fórum do qual o Brasil tem de participar, assim como outros países, porque o mundo hoje não é mais o mesmo. A Guerra Fria acabou. Agora, temos outra relação geopolítica mundial e, portanto, cabe, sim, ao nosso País, pelo papel que desempenha nesse lado do mundo, assim como o de outros países do Hemisfério Sul, participar desse Conselho.

Um outro ponto será a criação do Fundo Mundial de Combate à Fome e à Sede. O Presidente Lula tem pautado isso em diversas oportunidades, deve pautar mais uma vez, não pode esquecer jamais desse discurso.

Um terceiro, seria a integração das populações - ouvi um pronunciamento do Senador Eduardo Suplicy a respeito - porque não pode os Estados Unidos quererem a Alca, a integração da Américas e construir um muro, separando-os, cada vez mais, dos mexicanos e de outros imigrantes considerados ilegais.

Maior abertura comercial. Como sabemos, é difícil a competição principalmente dos produtos da agricultura e da pecuária. Então, nosso País, que exporta parte vultosa do PIB de produtos da agricultura, não pode ficar relegado a esse tratamento.

Também é preciso colocar, Sr. Presidente, sob meu ponto de vista, o fim da guerra contra o Iraque. Aquilo se revela uma aberração no mundo, uma aberração nas relações diplomáticas, uma aberração nas relações econômicas.

Acreditamos que, do ponto de vista das questões...

(interrupção do som.)

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - Então, não pode, Sr. Presidente, essa guerra. Ela tem de acabar. Temos que caminhar pelo caminho do diálogo. Ademais, já mataram Saddam Hussein e o irmão dele. Creio que o prêmio, o troféu de toda aquela situação, já foi dado. Temos de tomar outro rumo.

Sr. Presidente, quais os cuidados que o Brasil deve ter? Manter a liderança sobre essa tecnologia. Não podemos abrir mão disso. Precisamos verticalizar a produção da cana-de-açúcar; preocupação há pouco colocada pela Senadora Serys Slhessarenko, com a qual estou de concordo.

            Tenho aqui alguns números, Sr. Presidente, que seria importante rapidamente citá-los. Temos mais de 77 novas usinas de cana-de-açúcar no Brasil, um investimento de US$12,2 bilhões, com a possibilidade de incremento de mais dois milhões de hectares de produção de cana-de-açúcar. Vi, na região de Ribeirão Preto, São Paulo, que a cana-de-açúcar...

(interrupção do som.)

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - ...partindo para cima da área que era destinada à pecuária e da área destinada ao plantio da laranja. No caso da pecuária, algo interessante aconteceu: o boi foi confinado; mas, quanto ao plantio da laranja, houve perda de área plantada. Inclusive, o Presidente do Sindicato dos Plantadores de Laranja reclamou o espaço territorial de que esse produto precisa para o seu plantio.

Para encerrar, Sr. Presidente - agradeço a tolerância de V. Exª - , na matéria publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo do dia 25, os Estados Unidos propuseram a redução de 20% do consumo de petróleo e a inserção dessa mesma quantidade, cerca de 132 bilhões de litros, na gasolina americana. Trata-se de um grande passo para um país que, hoje, produz apenas 20 bilhões de litros. Sr. Presidente, é muito importante que todos saibam...

(Interrupção do som.)

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - ... que o nosso País pode crescer ainda mais. Esse é o espaço brasileiro!

O SR. PRESIDENTE (Gerson Camata. PMDB - ES) - V. Exª sabe que, segundo um ditado bíblico, quem não é fiel nas pequenas coisas não o é nas grandes. Seja fiel ao tempo.

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - Entendo.

O fato é que me inscrevi para falar por 20 minutos e transformei a minha fala em cinco minutos para não perder a oportunidade de falar hoje, Sr. Presidente. Agradeço-lhe pela lembrança e pela tolerância.

Quero agradecer - voltarei ao tema, hoje não vai dar mais - pela tolerância de V. Exª, outros pronunciamentos serão feitos, há outros inscritos. Mas retomo o assunto, Sr. Presidente, que é da mais alta grandeza. A visita do Presidente George Bush ao Brasil não pode passar em brancas nuvens. É um assunto de suma importância a ser tratado.

Que fortaleçamos o Mercosul, que avancemos, sim, para esse acordo das Américas, mas com soberania, com crescimento e com desenvolvimento para todos.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/02/2007 - Página 2910