Discurso durante a 36ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem à Campanha da Fraternidade de 2007, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, intitulada Fraternidade e Amazônia, com o lema - Vida e Missão neste Chão.

Autor
Jayme Campos (PFL - Partido da Frente Liberal/MT)
Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IGREJA CATOLICA. POLITICA DO MEIO AMBIENTE. DESENVOLVIMENTO REGIONAL. :
  • Homenagem à Campanha da Fraternidade de 2007, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, intitulada Fraternidade e Amazônia, com o lema - Vida e Missão neste Chão.
Publicação
Publicação no DSF de 28/03/2007 - Página 6754
Assunto
Outros > IGREJA CATOLICA. POLITICA DO MEIO AMBIENTE. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, CAMPANHA DA FRATERNIDADE, CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB), CONSCIENTIZAÇÃO, IMPORTANCIA, REGIÃO AMAZONICA, ANALISE, RIQUEZAS, RECURSOS NATURAIS, FLORESTA AMAZONICA, DEFESA, PREVENÇÃO, DESMATAMENTO, LEITURA, TRECHO, PRONUNCIAMENTO, BISPO, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), DEMONSTRAÇÃO, URGENCIA, PRESERVAÇÃO.
  • DEFESA, EQUILIBRIO ECOLOGICO, PROGRAMA, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, PROTEÇÃO, POPULAÇÃO, HABITANTE, MARGEM, RIO, COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, A GAZETA, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), APREENSÃO, INSTITUIÇÃO ASSISTENCIAL, IGREJA CATOLICA, ASSISTENCIA, CRIANÇA, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, POVO, FLORESTA AMAZONICA, NECESSIDADE, REDUÇÃO, MORTALIDADE INFANTIL, COMBATE, DESNUTRIÇÃO.
  • CUMPRIMENTO, CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB), ELOGIO, INICIATIVA, CONSCIENTIZAÇÃO, DEFESA, PROTEÇÃO, REGIÃO AMAZONICA.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Antonio Carlos Valadares; Srªs e Srs. Senadores; Cônego José Carlos Dias Toffoli, Secretário-Geral da CNBB, em seu nome saúdo e cumprimento os demais religiosos aqui presentes.

Meu caro Senador Flávio Arns, autor desta homenagem juntamente com o Senador José Nery, aproveitando a oportunidade, quero também me associar a V. Exªs neste dia, louvando a Deus para que, certamente, um evento como este possa repercutir e sobretudo transformar o nosso pensamento em realidade.

Vida! A Campanha da Fraternidade deste ano, promovida pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, em sua 43ª edição, enfoca a vida sob seus aspectos mais auspiciosos. Vida que se renova e que sustenta o mais claro sentido da palavra “esperança”.

A Amazônia preserva entre seus rios, igarapés e florestas uma noção de liberdade, vitalidade e pureza só encontrada na perfeição da estética da poesia; paisagem exuberante, mas de delicada fragilidade diante da mais célere das máquinas destrutivas: a ambição humana, uma incompreensível compulsão que degrada as florestas e compromete o estilo secular de vida dos amazônidas.

Ameaçar esse patrimônio biológico e cultural significa o mesmo que atingir um paraíso. Um paraíso legado à humanidade, mas sob a guarda e a responsabilidade desta geração de brasileiros. Devastar essa inestimável reserva é o mesmo que queimar o futuro. Degradar esse complexo ambiente representa apagar nossas melhores lembranças.

Por isso, a campanha de 2007 da CNBB, com o lema Fraternidade e Amazônia - Vida e Missão neste Chão, é tão atual e necessária. Porque traz luz e uma perspectiva espiritual para um debate importante sobre a sobrevivência do ecossistema e das populações desta região do planeta.

Nada mais santo que a natureza! Nada mais profano que a exploração dos recursos naturais. Durante milênios, o homem e seu meio ambiente coexistiram com relativa harmonia. Mas a ganância e o imediatismo próprio da sociedade industrial têm subvertido a relação entre a entidade humana e seu ecossistema.

Matam-se as florestas, poluem-se os rios, e corrompem-se sociedades milenares. Mas a troco de quê? Esse é o questionamento que estou fazendo.

Com tamanha sordidez, o homem tem conseguido apenas deixar mais tristes seus dias e abreviar sua existência no planeta.

A Amazônia de tanta diversidade biológica e cultural não é mais o pulmão do mundo; converteu-se agora em consciência da humanidade. A consciência verde e úmida que nos alerta sobre um futuro sombrio e nos cobra os erros do passado.

Repito aqui, quase como uma oração, as sábias expressões de Dom Genival Saraiva, Bispo de Palmares, no Estado de Pernambuco, que reflete:

Com sua vitalidade e, ao mesmo tempo, com toda sua fragilidade, a Igreja que está na Amazônia interpela a Igreja que está nas outras regiões do País, em nome da fraternidade, característica essencial à vida cristã. A Amazônia, maravilha de vida, bênção para o Brasil e para o mundo, espera sinais de solidariedade social e gesto de fraternidade eclesial, como frutos desta campanha.

            O apelo de Dom Saraiva, que soa como um pedido de socorro, demonstra claramente que a Amazônia não é mais um problema somente da Igreja ou dos amazônidas, mas sim uma questão universal. Debater os destinos dessa região é conjugar o verbo sobreviver.

Senador Flávio Arns, preservar a Amazônia, portanto, transcende a aplicação de esquemas biológicos; preservar a Amazônia é manter o equilíbrio entre homem e natureza, investindo em programas sociais que protejam as comunidades ribeirinhas do consumismo e da frivolidade. Insisto, Sr. Presidente: preservar a Amazônia é, sobretudo, conservar um estilo de vida, uma inocência de modos e maneiras que criou a mítica linguagem ribeirinha, uma comunicação que envolve o corpo, a alma e a própria natureza. Aliás, o amazônida é uma extensão do meio ambiente. Ele não agride nem degrada, ele apenas convive.

Li, na edição de ontem do jornal A Gazeta, de Cuiabá, reportagem em que a Drª Zilda Arns, coordenadora nacional da Pastoral da Criança e dileta irmã do nosso colega Flávio Arns, fazia um comovente alerta sobre as condições de vida dos povos da floresta, lembrando que a defesa dessa gente dar-se-á não apenas com preocupações ambientais, mas sim com a redução da alarmante taxa de mortalidade infantil no território, com um combate corajoso da desnutrição e com a promoção da paz e da educação para a mulher, que é a grande transformadora social.

A Drª Zilda, com seu destemor e seu apego às causas do povo brasileiro, também destacou que a Campanha da Fraternidade de 2007 é um chamado, discutindo a biodiversidade e a inclusão de tantos pobres, promovendo a conscientização de todos.

Por isso mesmo, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, volto a repetir: a Amazônia não é simplesmente um órgão auxiliar como um pulmão; ela agora é a cabeça, a fronte do futuro, a consciência verde de nossa geração, que está aprendendo que usar não é o mesmo que destruir, e que explorar não é o mesmo que degradar.

Portanto, a iniciativa da CNBB de trazer como tema central da Campanha da Fraternidade 2007 a Amazônia e seus aspectos socioambientais merece não só a homenagem do Senado, mas de toda a Nação brasileira.

Como sempre, a Conferência dos Bispos acorre para dar alento e esperança à tão sofrida comunidade nacional. Deste tema certamente brotará mais consciência sobre os destinos da floresta e de seus povos. Uma prece de paz que trará novas bênçãos à gente brasileira.

Parabéns à CNBB. Parabéns ao Senador Flávio Arns. Parabéns ao Senado da República, que acolhe este lema como uma bandeira de sua própria luta pela integração nacional.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/03/2007 - Página 6754