Discurso durante a 54ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comemoração ante os dados apresentados em estudo elaborado pela Consultoria Target Marketing, dando conta do aumento do poder de consumo dos nordestinos.

Autor
Garibaldi Alves Filho (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RN)
Nome completo: Garibaldi Alves Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIO ECONOMICA.:
  • Comemoração ante os dados apresentados em estudo elaborado pela Consultoria Target Marketing, dando conta do aumento do poder de consumo dos nordestinos.
Aparteantes
Mozarildo Cavalcanti.
Publicação
Publicação no DSF de 24/04/2007 - Página 11270
Assunto
Outros > POLITICA SOCIO ECONOMICA.
Indexação
  • LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), APRESENTAÇÃO, DADOS, CRESCIMENTO, PODER AQUISITIVO, CONSUMO, REGIÃO NORDESTE.
  • VISITA, ORADOR, INTERIOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN), COMPROVAÇÃO, DIFICULDADE, AGRICULTOR, COMPROMISSO, DIVIDA AGRARIA, AUSENCIA, ENQUADRAMENTO, RENEGOCIAÇÃO, NECESSIDADE, ATENÇÃO, GOVERNO FEDERAL, INCLUSÃO, COMERCIANTE, MICROEMPRESA, JUVENTUDE, DESEMPREGO, COMBATE, EXODO RURAL.

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, quando aqui cheguei, ouvi o apelo do Senador Gilvam Borges, dizendo que nós, Senadores, deveríamos fazer um esforço no sentido de estabelecer uma agenda mais positiva, uma agenda que viesse trazer aos nossos irmãos brasileiros um maior alento, um maior otimismo.

Senador Gilvam Borges, hoje, venho fazer aqui um discurso dividido. Por um lado, venho comemorar o que o jornal O Estado de S.Paulo publica hoje. Uma matéria da jornalista Márcia De Chiara, cuja manchete é a seguinte: “Nordeste vai às compras e deve gastar neste ano US$ 117,6 bilhões. Consumo das famílias da região cresce em cinco anos 143,5%, acima da média nacional, diz estudo da Target”.

Sr. Presidente, Senador Mão Santa, segundo a matéria,

“O Nordeste virou a menina-dos-olhos do mercado de consumo brasileiro. De cimento a perfumes, as famílias da região devem gastar só neste ano US$ 117,6 bilhões, um pouco mais que o Produto Interno Bruto (PIB) do Chile em 2006. São quase US$ 70 bilhões a mais em relação ao dinheiro que girou há cinco anos na região.

Desde 2002, o consumo dos nordestinos cresceu 143,5%. O resultado está acima da média do País para o período, de 126,3%, e do desempenho do Sudeste (120,9%), revela o estudo “Brasil em Foco”, que acaba de ser concluído pela consultoria Target Marketing.

A consultoria, especializada em pesquisa de mercado, estimou o potencial de consumo de cada região do País em 2007 e 2002. A projeção foi feita a partir das contas nacionais e da estrutura de gastos dos brasileiros medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados foram cruzados com informações paralelas, de outras fontes de pesquisa.

            Também em termos relativos, as famílias do Nordeste e do Norte ampliaram suas fatias no bolo do consumo nacional. O Nordeste respondia por 15,6% do consumo em 2002 e a região Norte por 4,2%. Até dezembro deste ano, a participação do Nordeste será de 16,9% e a do Norte, 5,5%, calcula o diretor da consultoria e responsável pelo estudo, Marcos Pazzini.

“Para o Norte e o Nordeste terem crescido, outras regiões perderam participação [...]”.

Sr. Presidente, se o Senador Mão Santa estivesse no plenário, já imagino que pediria um aparte para dizer que o Nordeste não é um só. Há o Nordeste afluente, esse que está presente no documento dessa consultoria e de estudos do IBGE, mas existe outro Nordeste. No seu Piauí, no meu Rio Grande do Norte, na Paraíba, em Pernambuco, existe outro Nordeste, que não é esse retratado aqui, mas um Nordeste mais pobre, mais carente, mais esquecido e abandonado.

Não vou esquecer esse Nordeste, Senador Mão Santa. Acabei de vir do meu Estado, o Rio Grande do Norte. Se fui até Caicó, na região do Siridó, se percorri aquelas cidades e tive oportunidade de conversar, principalmente em Caicó, com os agricultores, não poderia me deixar enlevar, me deixar contagiar pelo entusiasmo dessa matéria, que não venho questionar, pelo contrário, já disse que venho comemorar, mas não posso esquecer que estamos enfrentando, Senador Mão Santa, uma seca verde no Rio Grande do Norte. Não sei se é a mesma situação com que hoje convive o Estado do Piauí, mas sei que ela precisa mobilizar setores do Governo. Que não se deixem levar apenas pelo Nordeste que vai às compras, mas que se deixem sensibilizar pelo Nordeste que não pode ir às compras, que não pode integrar esse mercado de consumo.

Refiro-me, Sr. Presidente, àquele pequeno e médio agricultor que está verdadeiramente encalacrado nos bancos oficiais e que não pode operar. Com essa seca, a situação vai piorar muito mais. Refiro-me àquele pequeno comerciante que depende dessa agricultura, que não responde. Se não fossem os programas assistencialistas do Governo Federal, certamente, Senador Mão Santa, as circunstâncias seriam muito piores.

Então, para concluir meu pronunciamento, digo, alto e bom som, da tribuna do Senado Federal, da minha preocupação com essas notícias que nos deixam otimistas legitimamente, mas que podem levar o Governo e a própria população do Nordeste a um esquecimento daqueles mais sofridos e abandonados. Citei o exemplo do pequeno agricultor, que não se enquadra nas normas, nem mesmo naquelas votadas aqui, vetadas pelo Presidente e votadas de novo por acordo; mencionei o pequeno comerciante, mas poderia citar aquele jovem sem perspectiva, no interior do Estado. Qual é a perspectiva de um jovem no interior do Estado, se não migrar para a capital? Nenhuma, Sr. Presidente; absolutamente nenhuma. Não há uma atividade produtiva que remunere esse jovem; pelo contrário, o que existe hoje são os campos abandonados. É a situação do campo que merece toda uma preocupação. Deixei de me referir também àquelas pessoas que antes viviam da sua produção, do plantio do algodão, do milho, do feijão. Evidentemente, são produtos de subsistência, mas que não deixavam de gerar alguma renda.

Então, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no dia-a-dia do Senado, convenço-me de que este País é difícil de entender. São situações que se apresentam as mais díspares, as mais diferentes, até mesmo entre as Regiões. Agora mesmo, o Nordeste vai às compras; deve gastar este ano US$ 117,6 bilhões. Ao mesmo tempo, acabo de chegar do interior, onde ouvi queixas, reclamações, lamentos. Sabemos da legitimidade dessas reclamações. As chuvas escassearam. Foram abundantes, generosas, no mês de janeiro; veio o mês de fevereiro, o de março, e lá se foi o Dia de São José. O mês de abril chegou, e as chuvas voltaram, quando o produtor, que plantou em janeiro, já havia perdido sua produção. É preciso plantar de novo.

Concedo um aparte a V. Exª, Senador Mozarildo Cavalcanti, porque a Região Norte também está incluída nesse crescimento, segundo este estudo, feito com muito critério por essa empresa e pelo IBGE, dando conta de que o Nordeste e o Norte estão crescendo no mercado de consumo.

O Sr. Mozarildo Cavalcanti (Bloco/PTB - RR) - Senador Garibaldi Alves Filho, V. Exª, que conhece o Nordeste como um todo, com certeza está fazendo um pronunciamento muito importante. Contudo, se o Nordeste e o Norte estão crescendo, na verdade estão crescendo muito devagar em relação às outras Regiões. Essa é a grande preocupação que tenho, assim como todos das Regiões Nordeste e Norte, prioritariamente, mas também da Centro-Oeste, com as políticas públicas, não apenas do Governo Lula, como também de governos anteriores. Agora, acho que estamos em uma encruzilhada muito séria com relação à Sudene, com relação à Sudam e com os vetos que foram apostos. Criaram-se duas instituições de desenvolvimento regional, sem os mecanismos para operarem. Essas instituições foram recriadas dessa forma, falta serem implantadas. Por outro lado, o BNDES - venho repetindo isto, porque fiquei estarrecido com os números dos últimos anos - aplica prioritariamente no Sul e Sudeste, e não no Nordeste e Norte. Portanto, esse crescimento não é sólido, não acontece realmente nem no Nordeste, que, comparativamente à Região Norte, ainda está em situação melhor, apesar de ter muito mais gente sofrendo com o fenômeno da seca. Deveríamos, realmente, fazer, na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo, um grande mutirão em favor do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste, para haver um equilíbrio neste País, com o que todos sonhamos. Só assim teremos uma Nação realmente justa e mais ou menos igual.

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Senador Mozarildo, V. Exª deu o mote para eu terminar meu discurso. Agradeço a V. Exª.

         Todo o fulcro do discurso, toda a preocupação do discurso era, primeiro, não deixar de registrar esse crescimento do consumo. O crescimento do consumo do Nordeste e do Norte foi até maior do que o do Sudeste. V. Exª colocou muito bem que esse é um crescimento que pode levar até a um desequilíbrio maior na Região. Onde já existe uma desigualdade maior, onde pessoas já começam a conquistar uma vida melhor - e a prova está aí: milhares e milhares de nordestinos, em detrimento de milhares de outros -, deve haver uma chamada, não aquela proteção, aquela compensação de que tanto se fala, mas um projeto de desenvolvimento, um esforço produtivo que faça com que essas pessoas, tornando-se produtivas, possam ingressar nesse mercado de consumo.

Agradeço a V. Exª.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Encerrou?

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Parece que V. Exª quer mais?

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/04/2007 - Página 11270