Discurso durante a 65ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Cumprimentos ao Presidente Lula pela defesa do patrimônio dos brasileiros na Bolívia.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA EXTERNA. POLITICA ENERGETICA.:
  • Cumprimentos ao Presidente Lula pela defesa do patrimônio dos brasileiros na Bolívia.
Publicação
Publicação no DSF de 09/05/2007 - Página 13708
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA EXTERNA. POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, AMEAÇA, ENTRADA, PROCESSO, TRIBUNAIS, AMBITO INTERNACIONAL, CORTE, INVESTIMENTO, PAIS ESTRANGEIRO, BOLIVIA, DEFESA, BRASILEIROS, PATRIMONIO, EMPRESA NACIONAL.
  • URGENCIA, BRASIL, SOLICITAÇÃO, TRIBUNAIS, AMBITO INTERNACIONAL, OBRIGAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, BOLIVIA, RESTITUIÇÃO, PATRIMONIO, CUMPRIMENTO, ACORDO, LIBERAÇÃO, FUNCIONAMENTO, GASODUTO.

            O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, ocupo, neste momento, o microfone do Senado para cumprimentar o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e dizer que o faço por uma questão de justiça.

            Há um ano, precisamente, fiz aqui algumas críticas ao Presidente, diante da leniência, da pouca força e da complacência de Sua Excelência perante as atitudes que a Bolívia adotou com relação ao Brasil, a algumas empresas brasileiras e contra brasileiros residentes naquele país.

            Eu disse na época que estava havendo uma inversão: a Bolívia tinha dois presidentes, o Evo Morales - aquele presidente trapalhão que têm lá - e o Presidente Lula, que também estava a favor da Bolívia. Hoje, por uma questão de justiça, devo dizer que, conforme vejo na imprensa, o Presidente do Brasil está tomando a defesa dos brasileiros, do patrimônio dos brasileiros e dos cidadãos brasileiros que lá residem. Agora está certo: o Evo Morales é o Presidente da Bolívia e defende a Bolívia, e o Presidente Lula é o Presidente do Brasil e defende o Brasil, como, aliás, deveria ter feito lá no início, quando a Bolívia começou com aquelas agressões contra brasileiros, contra o patrimônio de brasileiros e o patrimônio de empresas brasileiras naquele país.

            A posição determinada pelo Presidente Lula, depois de esgotadas todas as tentativas de negociações diplomáticas, é exatamente a posição que os brasileiros esperavam do Presidente do Brasil. O Presidente Lula marca um ponto, agindo, não com rigor, não demonstrando orgulho ou prepotência, mas com a calma com que se deve comportar um Chefe de Estado, ameaçando ir aos tribunais internacionais e ameaçando o corte de investimentos do Brasil na Bolívia.

            Eu disse, naquela época, que o Brasil é considerado, na América Latina, um país frouxo - e o povo diz assim. Tem um grande Exército, o maior da América Latina; tem a melhor e mais bem aparelhada Força Aérea da América Latina; e tem a maior Marinha, o maior contingente de Marinha da América Latina. Entretanto, nossos vizinhos não respeitam o Brasil de jeito algum. Se tomarmos o exemplo da Colômbia, constatamos que o Brasil, internacionalmente, é considerado o caminho das drogas colombianas. O Brasil é leniente. Eles passam por aqui, levam as drogas para a Europa e para os Estados Unidos, e o Brasil não toma qualquer providência.

            As FARC atuam nas favelas de São Paulo junto com o tráfico; ensinam a matar e a fechar o comércio. Conforme vemos no Rio de Janeiro todos os dias, todas aquelas táticas de guerrilha são praticadas no Brasil por agentes das FARC infiltrados, que levam - e nós vimos isso quando da prisão do Fernandinho Beiramar - brasileiros para treinar lá, para poder difundir e vender as drogas que financiam a narcoguerrilha da Colômbia.

            E o Brasil não faz nada. Pelo contrário; deu o status de asilado político, com regalias pagas pelo Poder Público, ao representante da guerrilha no Brasil, aquele falso padre Valério, que vive com mordomias, tranqüilo, desfilando como estrela, e não paga pelos crimes que essa guerrilha faz contra brasileiros, vendendo e trazendo drogas para dentro de nosso País.

            Se olharmos para o outro vizinho, o Paraguai, podemos citar o caso do Presidente paraguaio, que foi flagrado dirigindo um carro roubado no Brasil. E o Brasil não cobra nada. Infiltram armas, vendem armas, contrabando, discos piratas, DVDs piratas, tênis piratas; tudo entra no Brasil pelo Paraguai. E nada! Nada! Não se toma qualquer providência, e eles continuam trazendo caminhões lotados de maconha vêm por aí.

            Não vou nem falar do Uruguai, que é um paraíso financeiro dentro de um bloco econômico, o Mercosul. Eu nunca vi um negócio desses, Sr. Presidente.

            Já, agora, eu fico contente com a posição adotada pelo Presidente Lula. Contudo, apesar dessa posição do Brasil em defesa dos brasileiros e em defesa do patrimônio dos brasileiros, vimos, há poucos dias, que o Presidente do Brasil se humilhou, dando US$20 milhões ao Evo Morales para ele não expulsar os brasileiros. Isso é seqüestro internacional. Imaginem o governo da Inglaterra pagar US$20 milhões para não seqüestrarem cidadãos ingleses no Brasil! O Brasil fez isso com relação à Bolívia.

            Há ainda um outro fato, Sr. Presidente, que, na época, pedi apuração e que, agora, reitero que o atual governo deve apurar. Fiz um discurso aqui dizendo que esse gasoduto seria um Canal do Panamá para o Brasil. E arranjamos o nosso Canal do Panamá. Está aí uma dor de cabeça para as futuras gerações brasileiras. Um país instável, um país não confiável, um país com o qual não se pode negociar.

            O Governo brasileiro, Sr. Presidente, tem que apurar quem, no Governo passado, deu a ordem para jogar US$4 bilhões de dólares de patrimônio de brasileiros, por intermédio da Petrobras, na lata de lixo da Bolívia. E estamos lá perdendo dinheiro, tendo que ir a tribunais internacionais para defender os acionistas da Petrobras, os brasileiros que participam da Petrobras e a própria Petrobras, um patrimônio de todos nós, brasileiros.

            Lembro que, na época, o Senado evitou. Queriam até mudar o nome da Petrobras, para chamá-la de Competro. Queriam tirar um pouco do Brasil, porque ela ia entrar pela Bolívia adentro. Pois foram lá e construíram duas refinarias, poços de petróleo, estações de gás, prospecção de gás, prospecção de petróleo. E olha o que aconteceu: as pessoas que, na época, tomaram a decisão errada de investir mal um dinheiro que é público têm que ser chamadas também à responsabilidade.

            Vamos aos tribunais internacionais processar o Sr. Evo Morales ou o governo da Bolívia para reaver o patrimônio do Brasil...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES) - (...) mas vamos aos tribunais brasileiros para processar os brasileiros que tomaram a decisão errada de investir em um país onde nenhum patrimônio pode ser garantido diante da sua instabilidade institucional.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite um aparte?

            O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES) - Senador Eduardo Suplicy, estou falando para uma comunicação urgente e não posso conceder um aparte, conforme determina o Regimento Interno.

            Cumprimento o Presidente da República, que tomou uma posição em defesa do Brasil, talvez esgotando tudo aquilo que havia de complacência, de tentativa diplomática. E não é que deixou de ser diplomática; será diplomática, mas diante dos tribunais internacionais. O Presidente Lula marca um ponto a favor do Brasil, em defesa dos brasileiros.

            Parabéns, Senhor Presidente da República!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/05/2007 - Página 13708