O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente e querido Senador Tião Viana, Srªs e Srs. Senadores, quero, nesta tarde, juntar a minha voz à de diversos outros Senadores que aqui expressaram a alegria, a felicidade do povo brasileiro e a minha própria, por estarmos recebendo, no Brasil, a visita do Papa Bento XVI.

Quero dizer quão importante são os encontros que o Papa Bento XVI tem tido, principalmente, com o povo do meu Estado, o povo de São Paulo, onde ele está sendo carinhosamente recebido.

Muitos de nós, Senadores, fomos convidados - eu próprio o fui também - para assistir a missa amanhã, a partir das 8 horas, no Campo de Marte, onde teremos a oportunidade de um encontro, talvez o maior que o Papa Bento XVI terá aqui no Brasil. Além desse, terá outro muito importante na Igreja de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte, onde celebrará missa no sábado.

Daqui a pouco, no Estádio Municipal do Pacaembu, o Papa Bento XVI terá um encontro muito importante com os jovens, quando lhes transmitirá sua mensagem. Tenho a convicção de que Sua Santidade solicitará aos jovens todos que tenham um procedimento de busca da verdade, de busca da solidariedade, enfim, de busca, em nosso País, de realização da justiça, de vida em fraternidade, conforme os ensinamentos de Jesus Cristo.

Eu quero, Senador Tião Viana, aqui dizer que, há pouco, conversei com Dom Cláudio Hummes, que hoje exerce uma função tão importante no Vaticano, sobre o meu desejo de que esses encontros que o Papa Bento XVI vem tendo com o Presidente Lula, com o Governador José Serra, com o povo brasileiro, com o nosso Presidente Renan Calheiros, com o Presidente Arlindo Chinaglia, desde ontem, que todos esses encontros sejam os mais frutíferos possíveis.

Ainda hoje, o Papa Bento XVI encontrou-se com líderes religiosos das mais diversas denominações das igrejas evangélicas, protestantes, com pessoas como o Rabino Henry Sobel, que agradeceu as atitudes do Papa Bento XVI com relação ao povo judeu; certamente também teve um diálogo com aqueles que representam a Igreja Islâmica e as religiões afro-brasileiras. Tenho a certeza de que, nesses encontros de caráter ecumênico, o Papa está tendo a oportunidade de um diálogo muito frutífero.

Muito se tem registrado na imprensa a respeito das diferenças de opinião que aconteceram ao longo das décadas recentes, tendo o Papa sido, ainda como Cardeal Ratzinger, responsável pela questão referente à teologia, de suas diferenças de opinião com respeito à Teologia da Libertação. E dos encontros que teve com Leonardo Boff, inclusive ali naquele mesmo recinto, no mesmo lugar onde Galileu Galilei foi personagem de julgamento pela assim denominada Inquisição.

Eu gostaria de ressaltar que, conhecendo Leonardo Boff, sabendo muito de perto a seu respeito, sendo amigo dele e porque avalio que ele tem um propósito cristão da maior profundidade, eu considero muito importante que possa Bento XVI também conhecer o sentimento de pessoas como Leonardo Boff. Tais pessoas avaliam que aqueles que, de alguma maneira, têm responsabilidade, seja no Poder Executivo, seja no Poder Legislativo, precisam ter uma visão de solidariedade para com aqueles que, de alguma forma, se encontram ainda sem a cidadania plena, se encontram oprimidos.

Mais ainda do que dizer sobre o quanto a Teologia da Libertação teria ou não razão, o mais importante é que possa o Papa, como ele próprio já disse em seus primeiros momentos no Brasil, estar solidário a todos aqueles procedimentos que signifiquem a possibilidade de se prover de plena cidadania, de participação intensa na riqueza da Nação, todos os brasileiros e brasileiras.

Tenho a convicção de que, quando o Presidente Lula agradeceu, tanto ontem quanto hoje, acompanhado de sua esposa D. Marisa, a visita do Papa, as suas palavras, a compreensão e o apoio do Sumo Pontífice aos compromissos e aos projetos do Presidente relativamente ao Programa Fome Zero e aos programas sociais, como o Bolsa Família, Sua Excelência encontrou em Bento XVI uma pessoa que está justamente reconhecendo os esforços do Governo brasileiro no sentido de toda a Nação contribuir para avançarmos em direção à erradicação da pobreza e da miséria, construindo instituições que possam fazer do Brasil uma Nação efetivamente justa.

Sr. Presidente, quero dizer, juntamente com todo o povo brasileiro, mesmo aqueles que não professam a fé Católica, mas outras religiões, e que estão reconhecendo que a grande maioria do povo brasileiro professa a fé católica, que há um sentimento de regozijo, de alegria pela presença, entre nós, do Papa Bento XVI.

No que diz respeito aos assuntos que têm causado alguma polêmica, como as questões relativas ao direito à vida, quero, inclusive, Senador Tião Viana, cumprimentá-lo por sua iniciativa de procurar o diálogo, sobretudo, de amizade, de sinceridade no que diz respeito às relações entre o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e o Papa Bento XVI. Que continue a reflexão feita ontem pelo Ministro Temporão, quando expressou suas opiniões a respeito de quão é importante que todas as pessoas, principalmente as mulheres, possam refletir e colocar suas opiniões sobre as questões de em que circunstâncias poder-se-ia ou não admitir o direito ao aborto. Que se possa registrar, por ocasião dessa visita do Papa Bento XVI, uma oportunidade de avanço, de conhecimento, inclusive no que diz respeito à questão da ciência, da polêmica relativa às pesquisas com as células-tronco no sentido de se garantir maior direito à vida, à saúde das pessoas. Que possamos, na visita do Papa Bento XVI, elevar o grau de conhecimento, mas, sobretudo, registrando o espírito de cristianismo, de amor ao próximo, inclusive o respeito a todas as pessoas, sejam católicos, sejam protestantes, sejam judeus, sejam muçulmanos, sejam os que professam as religiões afro-brasileiras, como o candomblé, enfim, que todos possam se sentir irmanados na presença do Papa Bento XVI.

Seguirei logo mais para São Paulo e espero, inclusive, ter a oportunidade de ficar próximo ao Papa Bento XVI. Se eu tiver a oportunidade de lhe entregar em mãos exemplares dos meus livros Renda de Cidadania: a saída é pela Porta, e Renda Básica de Cidadania: a resposta dada pelo vento, muita alegria terei, porque tenho a convicção de que o que está proposto nesses livros refere-se ao direito de toda e qualquer pessoa participar da riqueza do País por meio de uma renda suficiente para atender suas necessidades vitais; na verdade, representa muito daquilo que Jesus nos disse, de que deveríamos procurar sempre viver de maneira solidária aqui na Terra.

Muito obrigado.