O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, fiz questão de vir hoje à tribuna para fazer um breve relato da minha recente viagem a Taiwan. Tive a honra e o prazer de fazer parte da delegação de Parlamentares que lá esteve, a convite do governo de Taiwan, há cerca de duas semanas, conhecendo de perto essa ilha que os portugueses tão apropriadamente chamaram de Formosa.

Formosa de fato é, mas Taiwan é muito mais: uma das economias mais pujantes e dinâmicas da atualidade - é um dos chamados Tigres Asiáticos, com crescimento anual acima de 4%, com taxa de desemprego inferior a 4% e com a terceira maior reserva de divisas do mundo. Taiwan oferece um vasto campo de oportunidades para o comércio e para investimentos brasileiros, além de dar um exemplo que merece ser estudado com atenção.

Tivemos, durante a visita, a oportunidade de conhecer o parque científico-industrial de Hsinchu, criado no final da década de 1970 para ser a sede da indústria de alta tecnologia de Taiwan, contando, hoje, com cerca de 360 indústrias de ponta; o parque de software de Nankang, distrito da capital, Taipei, parque científico também de ponta, criado em parceria com o setor privado, com a intenção de se transformar no equivalente asiático do Vale do Silício californiano, embora lá também se localizem empresas voltadas para a biotecnologia; e o centro de comércio mundial de Taipei, que abrigava a exposição de computadores “Softex Taipei 2007”.

Foram cinco dias intensos, Sr. Presidente, com uma programação que combinou, com muita felicidade, as visitas que mencionei com atividades culturais e com encontros políticos.

Tivemos a oportunidade de nos encontrar com parlamentares taiwaneses e fomos recebidos pelo Vice-Ministro das Relações Exteriores, o Exmº Sr. Javier C. S. Hou, além de participarmos de um seminário que destacou para os taiwaneses as oportunidades de comércio e investimentos no Brasil.

Tivemos também ocasião de nos encontrar com o Presidente da Associação Taiwanesa de Produtores Farmacêuticos, Sr. P. H. Huang, e de visitar a empresa farmacêutica TTY Biopharm. A área de biotecnologia e de medicamentos é, com certeza, outro setor de alta tecnologia em que Taiwan logo estará ocupando um lugar de destaque. O governo elegeu essa área como prioritária, e já se notam os resultados: a indústria de biotecnologia, incluindo aí a farmacêutica, cresceu, em média, 12% por ano no período de 2001 a 2005, gerando, em 2005, uma renda de US$5 bilhões.

Chama a atenção, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, esse impressionante avanço de Taiwan na área tecnológica. Há 58 anos, muitos duvidavam de que a pequena ilha Formosa seria capaz de garantir sua simples sobrevivência. Hoje, quando ainda luta incansavelmente para ter reconhecido seu status de país soberano, buscando fazer-se presente nos fóruns internacionais relevantes, como a Organização das Nações Unidas, a Organização Mundial de Comércio e a Organização Mundial da Saúde, Taiwan desempenha papel-chave na indústria e no comércio mundial de alta tecnologia.

O exemplo de Taiwan é eloqüente. Taiwan mostra que, com investimentos constantes e ordenados não apenas na infra-estrutura industrial, mas, sobretudo, em educação e em pesquisa e com uma parceria profícua entre o setor privado e o setor público, é possível construir-se uma economia poderosa, baseada no domínio tecnológico e em indústrias que usam intensivamente o conhecimento.

O conceito dos parques científico-industriais, em particular, merece destaque, pelo exemplo que dão esses parques do que pode ser feito com uma parceria estratégica entre o setor público e o setor privado, envolvendo a colaboração dos setores voltados para a pesquisa e daqueles voltados para a produção. Criados a partir do final dos anos 70 - o parque de Hsinchu, que visitamos, é o mais antigo deles -, são administrados por uma divisão do Conselho Nacional de Ciência e oferecem as melhores condições para abrigar empresas de alta tecnologia.

Eu pediria mais dois ou três minutos para concluir, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Edison Lobão. PFL - MA) - V. Exª será atendido.

O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO) - Muito obrigado.

Além do parque de Hsinchu, ao norte, há, para citar apenas os maiores, outro grande complexo no sul e outro, que ainda não está totalmente concluído, no centro do país, formando um corredor de alta tecnologia pelo lado oeste da ilha.

Com todas as diferenças que nos separam, Sr. Presidente, não hesitaria em dizer que o Brasil teria algumas lições valiosas a aprender com o exemplo daquela pequena ilha chamada Formosa, hoje Taiwan.

Sr. Presidente, na próxima semana, voltarei a falar sobre algumas províncias da China que visitei também, como Hong Kong - reanexada à China - e como Cantão, mais precisamente a cidade de Shenzhen, que é uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE) - esse é o exemplo que temos de dar no Brasil -, hoje uma cidade com 11 milhões de habitantes. Há pouco mais de 30 anos, era uma cidade subdesenvolvida; hoje, é exemplo de pujança, de crescimento econômico e de modernidade.

Voltarei, na próxima semana, a falar sobre essa experiência que a China está enfrentando, com crescimento de aproximadamente 10% ao ano. E as ZPEs chinesas podem servir de modelo para o Brasil. Neste momento, está sendo discutido no Congresso Nacional - já foi discutido na Câmara e está em debate no Senado - projeto que trata da aprovação de Zonas de Processamento de Exportação nos locais mais pobres, nos Estados mais pobres do País, a fim de que possam se desenvolver, gerar emprego e renda.

Muito obrigado, Sr. Presidente.