A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Senador Gerson Camata, que preside esta sessão.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, temos muitos temas abrangentes para tratarmos, mas vou ater-me quase que exclusivamente a falar dos meus trabalhos no meu Estado de Mato Grosso.

            Sr. Presidente, tenho andado muito no meu Mato Grosso. No último final de semana, estive na região noroeste, que envolve os Municípios de Juína, Aripuanã, Colniza, Juruena, Juara, Cotriguaçu, Castanheira e Brasnorte; e no Vale do Arinos, que abrange os Municípios de Porto dos Gaúchos, Tapurá, Itanhangá, Tabaporã, Novo Horizonte do Norte e Juara.

            Tenho andado com dois grandes objetivos: um primeiro, de presidir encontros regionais do meu Partido dos Trabalhadores e discutir com os meus companheiros questões importantes para toda a região, como é o caso, por exemplo, do PAC.

            Só nessa região, temos obras que, com certeza, estão incluídas no PAC (Programa de Aceleramento do Crescimento). Estivemos nessas regiões discutindo problemas de estradas como a BR-364 e questões como a da produção de energia, neste caso em Dardanelos, que fica no Município de Aripuanã.

            No dia 19 de maio, sábado, estive na cidade de Porto dos Gaúchos, ocasião em que se realizou o Encontro Regional do Vale do Arinos, que reuniu várias lideranças locais, como o Vereador Juarez Praxedes e Gercino Gomes, de Tabaporã; a Vereadora Zenaide Mayer e Audieri Duarte, de Porto dos Gaúchos; o Vereador Manoel Pedro e o Secretário de Educação do Município de Novo Horizonte; a Vice-Prefeita Nilza Paraná, de Juara, destacada liderança da região; o companheiro professor Carlos Pereira, de Porto dos Gaúchos (membro do nosso diretório estadual); presidentes de sindicatos e associações de trabalhadores rurais, além de quase 100 militantes do Partido dos Trabalhadores dos Municípios que compõem a Região.

            Como em outros encontros, Sr. Presidente, as discussões ocorreram com uma explicação das obras do PAC, o seu impacto na economia da região e a necessidade de que todos os investimentos que estão sendo feitos sejam acompanhados de perto pela população e, principalmente, fiscalizados por todos, de forma a garantir a boa e correta aplicação do dinheiro público.

            Outro assunto foi o III Congresso do PT, a importância das teses apresentadas e a reestruturação da Direção Nacional. Estou cada vez mais confiante nos novos rumos de nossa economia e no novo PT que está surgindo dessas análises. O PT está amadurecido e cada vez mais empenhado em ajudar o Presidente Lula a governar o Brasil.

            É nesses contatos, andando nas ruas, conversando com comerciantes da região que nós, políticos, podemos receber as mais legítimas reivindicações, como a que recebi sobre necessidades... Necessidades tantas, Sr. Presidente, de Municípios tão distantes do meu Estado de Mato Grosso, com tanta dificuldade de acesso, como Aripuanã, Juína, Juruena. São municípios longínquos, distantes da capital até 1.500 km, nos quais a maior parte das estradas ainda é de chão. É uma situação muito difícil para um Estado que tem um desenvolvimento do agronegócio tão significativo, mas que, na área de estrutura, fundamentalmente de energia e de estradas, tem muitas dificuldades. Mas nós acreditamos que, com a chegada do PAC, elas serão superadas.

            Recebi uma reivindicação também de criação de agências da Caixa Econômica Federal em Juara, em Juína, e que beneficiarão toda aquela imensa região. Parece brincadeira para nós que aqui temos tantos bancos disponíveis, tantas formas de resolvermos os nossos problemas nessa área. Mas, em Mato Grosso, para se fazer uma operação bancária, é preciso andar 700 km, Senador, sendo 400 km a 500 km de estradas de chão. Como fica a situação de uma pessoa que vai lá receber um salário? Gasta quase todo para ir e voltar, além de todo trabalho e dificuldades que passa pelo caminho.

            Sobre a questão da Caixa Econômica, nós estamos atuando junto ao Presidente da Caixa, dizendo da necessidade de interiorizar seus serviços, implantando agências, postos de serviço, caixas eletrônicos, tão importantes para nossos irmãos desbravadores e pioneiros desse pedaço do Brasil, do nosso Mato Grosso. Tenho levado a informação de que nossa economia nacional está de vento em popa. É empolgante ver que o número de empregos com carteira assinada criados em abril é o maior já registrado num único mês em toda a série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, iniciada em 1992. Esse resultado foi impulsionado principalmente pela indústria de transformação.

            No total, no quarto mês do ano, foram criados 301,9 mil novos empregos, 1,08% a mais que no mês anterior. No acumulado dos últimos 12 meses, o emprego formal soma alta de 5,04% com a geração de 1,361 milhão de postos de trabalho. Esta semana foi também anunciado recorde da Receita Federal. A arrecadação de abril somou R$37,071 bilhões em impostos e contribuições. Descontada a inflação, o valor é 12,64% maior que o registrado em igual período do ano passado. No ano, a Receita já arrecadou R$136,219 bilhões. São números importantes, que impulsionarão ainda mais nossa economia e atrairão novos investimentos, além da confiança em nosso mercado.

            Apresento esses números, Sr. Presidente, para dizer que o Brasil está no rumo certo e ficará muito melhor.

            Mas muito me aflige os números de meu Estado, que, por falta de uma boa logística de transporte - boas estradas, ferrovias e hidrovias - viu alterado o mapa da agricultura brasileira. As tradicionais regiões produtoras do Sul voltaram a ser mais rentáveis que o Centro-Oeste, que nos últimos 15 anos foi o eldorado do agronegócio, graças à qualidade de nossas terras, graças às pesquisas da Embrapa e à tenacidade dos produtores. A falta de condições logísticas de transporte, aliada à queda contínua da cotação do dólar, está sendo fatal para a nossa agricultura. Nossos produtores, os comerciantes, as donas-de-casa estão preocupados.

            Já no dia 20, o encontro do Partido foi em Juína, praticamente 700 km a noroeste de Cuiabá, colonizada pela extinta Codemat - Companhia de Desenvolvimento de Mato Grosso. O encontro reuniu sete Municípios da região, com mais de 150 pessoas presentes: lideranças, vereadores, prefeitos e outras autoridades. Foi um belíssimo encontro, e destaco a presença do Secretário de Educação de Mato Grosso, o companheiro Deputado Ságuas Moraes - que, no meu entendimento, é a mais importante liderança da região noroeste e que, além de ouvir e debater sobre sua Pasta, tratou de assuntos ligados à reforma agrária, saúde, transporte, III Congresso do PT e, claro, os bons números da economia nacional.

            Lá em Juína, também recebi pedido para instalação de uma agência da Caixa Econômica Federal, que, se criada, poderá atender uma população regional de mais de 110 mil habitantes, justa reivindicação que mais uma vez tratarei com a nossa arrojada Presidenta Maria Fernanda, da CEF.

            Além do Deputado Ságuas Moraes, participaram membros do diretório estadual e militantes do PT na região. Vereadores e Vereadoras: João Batista, Joselina Moraes e Antonio Munhoz, de Juína; Manoel Roberto (Beto), de Juruena; o petista Pedro Coelho, Presidente da Câmara Municipal de Brasnorte; a petista Antonieta, Presidenta da Câmara de Aripuanã; Zé do PT, Francisco Sales (Chiquinho), de Castanheira; e também a valorosa companheira do PT Luíza Voltolini, Vice-Prefeita de Juruena, mulher atuante na luta sindical.

            Ainda na região de Juína, estive com muitas lideranças populares como o Sr. Valdomiro Guimarães, Dona Pureza (Assentamento Iracema 3), e ainda com o Sr. Rubi, de Juína; Dona Maria Luzinete e Suzana Valente, do Assentamento Setor 4, Comunidade Lambari, mulheres essas que se destacam por sua luta pelos direitos daqueles que vivem na área rural. São lutadoras também das causas das crianças e das mulheres. Maria Luzinete e Suzana Valente são mulheres que atuam diretamente na luta de todos os da região.

            Na volta para Cuiabá, juntamente com o Deputado Ságuas, fomos a um acampamento de sem-terra na fazenda Cajati, conversamos com acampados e informamos a todos sobre a conclusão do relatório do Incra, que aguarda autorização para desapropriação da área. Esse acampamento tem como grande liderança a companheira Damiana e tantos lutadores da resistência, da busca pela conquista da terra. Lá estava também o companheiro Pedro Coelho, que é o reforço da luta desses trabalhadores pela terra.

            Muito obrigada.

(Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (Gerson Camata. PMDB - ES) - V. Exª dispõe de um minuto para encerrar seu pronunciamento.

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Obrigada. Sr. Presidente.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, fiz questão de fazer esse relato porque preciso mostrar, cada vez mais, a luta do Estado de Mato Grosso. Está aqui o nosso companheiro João Pedro, que sabe da dificuldade do nosso Estado, que é gigantesco em termos territoriais, cheio de estradas de chão e de densidade pequena. A população é pequena para o espaço geográfico, e as estradas são difíceis. Como eu já disse, Senador João Pedro, em Mato Grosso, há Municípios em que as pessoas, para fazerem uma operação bancária, precisam andar de 700 km a 800 km. Isso não passa pela cabeça da gente porque temos uma agência bancária logo ali.

            Quer dizer, é difícil, mas é a história de um povo de resistência. O nosso povo de Mato Grosso, povo que é realmente trabalhador, vive num Estado que tem as melhores terras deste País, é o maior produtor de soja, de carne, de algodão, etc., matéria-prima para exportação. É um Estado com muitas dificuldades também, mas o seu povo é trabalhador, resistente, está buscando a terra para que se concretize a reforma agrária de qualidade. Muitos ainda buscam essa terra, mas muitos já estão nela.

            E é com essa certeza, com a resistência do povo e a vontade determinada do Presidente Lula, com o PAC - em que acreditamos -, que vamos, pelo menos em Mato Grosso, resolver uma série de questões de infra-estrutura, principalmente como estradas e energia.

            Obrigada.