Discurso durante a 92ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Congratulações pelo transcurso do 99 anos da imigração japonesa no Brasil. Homenagens ao ex-presidente José Sarney que, vinte anos atrás, propôs a instalação das Zonas de Processamento de Exportação - ZPE, no Brasil.

Autor
Flexa Ribeiro (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Fernando de Souza Flexa Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Congratulações pelo transcurso do 99 anos da imigração japonesa no Brasil. Homenagens ao ex-presidente José Sarney que, vinte anos atrás, propôs a instalação das Zonas de Processamento de Exportação - ZPE, no Brasil.
Aparteantes
Leomar Quintanilha.
Publicação
Publicação no DSF de 20/06/2007 - Página 20153
Assunto
Outros > HOMENAGEM. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, CHEGADA, BRASIL, IMIGRANTE, PAIS ESTRANGEIRO, JAPÃO, REGISTRO, PROGRAMAÇÃO, INICIATIVA, GRUPO PARLAMENTAR, REALIZAÇÃO, SEMINARIO, SESSÃO ESPECIAL, CAMARA DOS DEPUTADOS, PREPARAÇÃO, COMEMORAÇÃO, CENTENARIO, ELOGIO, COLABORAÇÃO, HISTORIA, PAIS, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO PARA (PA), DESENVOLVIMENTO, AGRICULTURA.
  • SAUDAÇÃO, APROVAÇÃO, COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS, PROJETO DE LEI, REGULAMENTAÇÃO, ZONA DE PROCESSAMENTO DE EXPORTAÇÃO (ZPE), HOMENAGEM, INICIATIVA, JOSE SARNEY, SENADOR, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, EXPECTATIVA, CONCLUSÃO, TRAMITAÇÃO.
  • DEFESA, URGENCIA, INSTALAÇÃO, ZONA DE PROCESSAMENTO DE EXPORTAÇÃO (ZPE), MUNICIPIO, BARCARENA (PA), ESTADO DO PARA (PA), SOLICITAÇÃO, APOIO, GOVERNADOR, MANUTENÇÃO, LOCALIZAÇÃO.

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Garibaldi Alves Filho, Srs. Senadores, venho à tribuna hoje para comemorar e destacar que ontem, dia 18 de junho, a imigração japonesa no Brasil completou 99 anos.

O Grupo Parlamentar Brasil-Japão, que é presidido pelo Deputado Takayama, programou um seminário que começou ontem, com uma sessão especial na Câmara Federal hoje e a continuação do seminário com a presença do Embaixador do Japão no Brasil, Sr. Ken Shimanouchi, com os Deputados Walter Ihoshi, William Woo e o Ministro do STJ, Massami Uyeda.

Digo isso porque estamos, com o Grupo Parlamentar Brasil-Japão, programando, Presidente Garibaldi Alves, as comemorações do centenário da imigração japonesa, que ocorrerá em 18 de junho de 2008.

Longa e complexa foi a jornada dos imigrantes japoneses no Brasil. Tudo começou com a viagem do navio Kasato Maru, quando homens e mulheres desembarcaram no Brasil, um país distante e desconhecido, de costumes, língua e paisagem geográfica tão diferente, dispostos a iniciar uma nova vida, oferecendo trabalho e a experiência que possuíam.

A característica da presença japonesa no Pará, e, possivelmente, na Amazônia, é ter se estabelecido em núcleos coloniais agrícolas com preponderância ou quase exclusividade de população japonesa originária. Nessas áreas desenvolveram culturas que fossem rentáveis do ponto de vista econômico, sendo responsáveis por uma série de culturas transplantadas para o Brasil como a juta indiana, a pimenta malaia e o mamão havaiano. Contaram com o apoio oficial dos Estado japonês e brasileiro e das empresas de colonização.

No Estado do Pará, o primeiro contingente de 189 japoneses chegou à capital Belém a bordo do navio Manila Maru, em 1929, após um acordo dos Governadores Souza Castro e Dionísio Ausier Bentes com o Embaixador do Japão no Brasil Shishita Tatsuke, quando foi selecionada uma área propícia à atividade agrícola no rio Acará - Colônia de Acará, hoje município de Tomé-Açu.

Entretanto, em 1916, vindos do Peru, descendo os Andes, já haviam aportado a Belém alguns japoneses, entre eles, o casal Kawamoto.

Os imigrantes se localizaram, como eu disse, em Colônias, principalmente nos Municípios de Belém, Ananindeua, Benevides, Santa Isabel, Castanhal, Capitão Poço, Tomé-Açu, Nova Timboteua, Santa Maria e outros Municípios do meu Estado do Pará.

Durante a Segunda Guerra, os imigrantes japoneses que estavam nas cidades se deslocaram para as colônias, mais, especificamente, a do rio Acará, chamada hoje de Tomé-Açu. Passada a Guerra, em 1947, começa em Tomé-Açu o cultivo da pimenta-do-reino, que iniciou com duas mudas trazidas da Malásia, multiplicando-se para 820 mil pés com uma produção de 2.300 toneladas. A pimenta, com o alto preço no mercado internacional, expandiu-se para outras colônias como Curuçá, Vigia, entre outras.

Em 1958, foi criada a Associação Pan-Amazônia Nipo-Brasileira, com sede em Belém, incorporando a Associação dos Japoneses do Pará fundada em 1952. Em 1963, Senador Inácio Arruda, o conselho da Associação coleta fundos para a construção de Centros, que se tornariam futuras associações em vários municípios e bairros de Belém.

Em 1974, os imigrantes japoneses desenvolveram, em substituição à pimenta, o cultivo do mamão havaiano ou papaia, cujas sementes foram trazidas em 1970 por um religioso chamado Shirakibara. Posteriormente, eles reuniram também o cultivo do melão e da acerola, já exportada com sucesso para o sul do País.

O Sr. Leomar Quintanilha (PMDB - TO) - Senador Flexa Ribeiro, V. Exª me concede um aparte, ao seu admirador e amigo?

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA) - Concedo com muita honra, Senador Leomar Quintanilha.

O Sr. Leomar Quintanilha (PMDB -TO) - Fantástico é o povo japonês! Um povo que, depois da Segunda Grande Guerra Mundial, há pouco mais de 50 anos, ficou literalmente destruído ressurge das cinzas, reconstrói-se e se transforma na segunda maior potência mundial. É um povo obstinado e decidido a travar uma relação de amizade, decidido a emprestar parte do conhecimento tecnológico adquirido, como V. Exª bem informa, nessa forte relação com o Estado do Pará. Vou sintetizar, para não tomar mais tempo desse brilhante pronunciamento que V. Exª faz nesta tarde. Eu queria dar o testemunho do Tocantins para essa relação do Brasil com o Japão. O Tocantins tem razões de sobra para estender tapete vermelho ao povo japonês, para ser permanentemente grato ao povo japonês, porque o Tocantins obteve parceria do povo japonês para inserir 20 mil hectares de cerrado no processo produtivo, com o chamado Prodecer, programa que foi realizado em meu Estado e em outros Estados brasileiros e que mudou a economia daquela região. O povo japonês também contribuiu para o gerenciamento da malha rodoviária do Tocantins, permitindo a integração de diversas regiões entre si e a própria integração do Estado do Tocantins com os demais Estados brasileiros. O povo japonês, não se contentando com isso, ajudou-nos a levar energia rural ao homem do campo. O povo japonês nos ajudou a realizar o Masterplan, um plano de desenvolvimento do nosso Estado. Então, temos uma admiração, um respeito, uma gratidão muito grande pelo povo japonês. Essa relação que aquele povo mantém com o Brasil é motivo de orgulho e de satisfação de todos nós. Cumprimento V. Exª pela opinião, pela manifestação que faz a respeito dessa relação forte e consistente entre Brasil e Japão.

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA) - Senador Leomar Quintanilha, V. Exª enriquece nosso pronunciamento e mostra que o povo japonês ajudou, e muito, ao longo desses 100 anos, para o desenvolvimento do Brasil. O meu Estado do Pará tem a terceira maior colônia japonesa no Brasil. Primeiro, é São Paulo; segundo, Paraná; terceiro, Pará. Vejo que, no seu Tocantins, também teve papel preponderante no avanço e no desenvolvimento desse Estado que é novo, mas que mostra potencial para crescer com uma representação tão brilhante como a de V. Exª aqui no Senado Federal.

Como dizia, no ano de 1969, a Associação Pan-Amazônia Nipo-brasileira é reconhecida como sociedade de benefício público e inaugura-se o Hospital Amazônia e o Amazon Country Club em 1974.

Hoje, no Estado do Pará, temos grandes grupos empresariais liderados por descendentes dos imigrantes. Vou citar alguns. Na citação destes, Sr. Presidente, Senador Garibaldi Alves, presto homenagem a todos os empresários, imigrantes ou nisseis, que nos ajudam a desenvolver o Estado do Pará em todos as áreas da economia, seja no comércio, na agricultura, na avicultura, na pecuária, na indústria. Quero citar aqui, e não poderia deixar de fazê-lo, homenageando todos em nome do grupo Yamada - do Junichiro, do Hiroshi, do Fernando Yamada, da Neusa, um dos líderes do comércio varejista, principalmente, de alimentos e eletrodomésticos. O grupo Kataoka, destaque no setor da construção civil e da metalurgia, além de outros nomes importantes, como Takashi Nakamura, um dos diretores da Albras, Alumínio Brasileiro S.A., que também, com a Vale do Rio Doce, tem parceria na Alunorte com o governo japonês, com o povo japonês. Kunihiro Tanaka, à frente da Eidai do Brasil, e Tsuyoshi Yamagushi, da Dentauá, Dendê do Tauá. Cito ainda Hiroshi Okajima, que é um produtor e exportador de pimenta-do-reino, tem um plantio de mogno, reflorestou uma área com mogno no Município próximo ao nordeste do Pará e é o presidente da associação encarregada de um dos maiores parques ambientais do Estado.

Estendo, então, como disse, a homenagem a todos os descendentes não citados, mas que contribuíram e contribuem para o desenvolvimento do Pará, seja no comércio, na indústria ou na cultura.

Registro com prazer o enorme serviço prestado pelo Cônsul-Geral do Japão em Belém, Sr. Hiroyuki Ariyoshi, no fortalecimento das relações entre a colônia japonesa e o povo paraense.

Finalizo, cumprimentando a todos os que, às vésperas do centenário, do início da imigração japonesa para o Brasil, deram sua contribuição para o entrelaçamento de nossos povos.

Peço ao meu Presidente, Senador Garibaldi Alves Filho, que me dê mais dois ou três minutos para fazer um registro que para nós, do Pará, Senador Inácio Arruda, como para V. Exª, do Ceará, para o nosso Presidente, do Rio Grande do Norte, para o Senador Leomar Quintanilha, em Tocantins, é da maior importância: a aprovação, hoje, na Comissão de Assuntos Econômicos, do PLS nº 146, que institui as Zonas de Processamento de Exportação no Brasil.

Senador Garibaldi Alves Filho, disse isso no pronunciamento da semana passada, quando da reunião que participei dos Líderes no Gabinete do Presidente do Senado, que possibilitou o acordo entre Governo e Estados que se mostravam contrários ou preocupados com a instalação das Zonas de Processamento e Exportação e o relator do projeto, Senador Tasso Jereissati.

Quero aqui render novamente minhas homenagens ao Presidente José Sarney, que, 20 anos atrás, propôs a instalação das ZPEs no Brasil, inclusive, criando uma ZPE no Estado do Pará, no Município de Barcarena. Não foi possível fazer, àquela altura, a instalação. Hoje, em função da determinação do relator, Senador Tasso Jereissati, estamos realizando concretamente esse sonho, que era de todos. Eu luto há 20 anos para que seja instalada no Estado do Pará.

Agora, com a aprovação na CAE, o projeto virá ao Plenário. Como há acordo entre todos os partidos, entre todas as Lideranças, com certeza absoluta, será aprovado antes do recesso de 17 de julho próximo. Vamos, por um compromisso do Governo Lula, sancionar esse projeto, com alguns vetos que serão ajustados por medida provisória, que poderá fazer com que seja instalada.

Quero dizer ao povo do Pará que teremos a possibilidade de verticalizar as nossas matérias-primas, vamos ter oportunidade de transformar em realidade o sonho de agregar valor às nossas matérias-primas, industrializando nossos produtos no Pará por meio da Zona de Processamento de Exportação criada em Barcarena.

            Hoje, apresentei dois projetos, criando uma Zona de Processamento de Exportação em Marabá e outra em Santarém. No projeto que data da época do Presidente Sarney, seria apenas uma Zona de Processamento de Exportação por Estado, mas o projeto atual permite mais de uma.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA) - Senador Garibaldi Alves Filho, estou preocupado com a informação que recebeu o Senador Tasso Jereissati, segundo a qual a área destinada à ZPE em Barcarena, delimitada pelo Decreto nº 97.663, de 14 de abril de 1989 - não acredito que a Governo Ana Júlia Carepa saiba disso - se está querendo transferir para a Ponta da Tijoca, em Curuçá, no nordeste do Pará.

Na Ponta da Tijoca prevê-se a construção de um grande porto, inclusive, de maior calado que o porto de Itaqui no Maranhão.

No entanto, isso não será para agora. Assim, não podemos perder a oportunidade de fazer a instalação em Barcarena, onde ela está criada.

Tenho certeza absoluta de que a Governadora Ana Júlia não tem conhecimento disso, não fará a mudança da localização. Fará a instalação da Zona de Processamento em Barcarena e também - como é do Partido do Presidente Lula - conseguirá tornar realidade os projetos de autorização de criação de mais duas Zonas de Processamento de Exportação, em Marabá e em Santarém. Tenho absoluta certeza de que o povo do Pará poderá, com este projeto, alavancar seu desenvolvimento e acelerar a melhoria na qualidade de vida da nossa população.

Era o que eu tinha a dizer.

Agradeço ao Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/06/2007 - Página 20153