Discurso durante a 116ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Comentários a matérias publicadas na imprensa a respeito do Governo Lula.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA. ESPORTE.:
  • Comentários a matérias publicadas na imprensa a respeito do Governo Lula.
Publicação
Publicação no DSF de 03/08/2007 - Página 25825
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA. ESPORTE.
Indexação
  • CRITICA, CONDUTA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, OPORTUNIDADE, RECEBIMENTO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, REJEIÇÃO, POPULAÇÃO.
  • REGISTRO, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), COMENTARIO, REUNIÃO, COMISSÃO EXECUTIVA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ACUSAÇÃO, IMPRENSA, ARTICULAÇÃO, ADVERSARIO, POLITICA, ANTECIPAÇÃO, DEBATE, CAMPANHA ELEITORAL, OPOSIÇÃO, GOVERNO.
  • SAUDAÇÃO, REALIZAÇÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), JOGOS PANAMERICANOS, HOMENAGEM, ATLETAS, VITORIA, BRASIL.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva apareceu na televisão, na noite de anteontem com uma aparência - que me perdoem a franqueza - no mínimo estranha. Já estaria passando da hora de alguém, da sua assessoria, fazê-lo ver que a democracia, a que ele se referiu, inclui o contraditório. Para ser bem claro, o contraditório, da essência democrática, encerra a contradição, o pensamento oposto. É a categoria fundamental da lógica dialética.

A dialética, é bom refrescar a memória, é a arte do diálogo ou da discussão, na forma laudativa, como força de argumentação, ou, num pretenso sentido pejorativo, com o excessivo emprego de sutilezas, no caso manifestações de desagrado, inclusive a governantes ou políticos.

Uns e outros, políticos e governantes, jamais devem perder a calma, muito menos optar por frases que, mesmo externando sentimentos íntimos, venham a significar ou aparentar tripúdio. Nem mesmo à guisa de levar ou pretender levar vantagem sobre alguém humilhando-o, escarnecendo-o ou ameaçando-o, explícita ou implicitamente.

Abro aspas para o Presidente:

(...)"Se quiserem brincar com a democracia, ninguém sabe nesse País colocar mais gente na rua do que eu”.

Para o jornal O Estado de S. Paulo, o Chefe do Governo da República Federativa do Brasil teria chamado para o desafio os brasileiros que o têm vaiado, como teria ocorrido no Centro de Eventos do Pantanal, por ocasião do anúncio de liberação de recursos do PAC para saneamento básico em Mato Grosso.

Vaias, sabemos todos, significam manifestação de desagrado ruidosa e geralmente coletiva, em forma de gritos, assovios, etc. Representam, num jogo de futebol, o desagrado de torcedores, os mesmos que, antes e no amanhã, podem vir a aplaudir o time do seu aconchego.

Em todo o caso, a recriminação do Presidente, embora não se justifique, veio num momento pouco cômodo.

Bem diferente de outra ocorrência, também de anteontem, que não veio em momento pouco cômodo. Saiu como conclusão de uma reunião da Executiva Nacional do PT, portanto com tempo e discussão suficientes para afirmar o que está no conteúdo final do encontro petista.

Se a fala do Presidente pode, de leve, aparentar ameaça à democracia, o que o seu partido anuncia é grave, é ameaça, sim, de caso pensado. Leio, também em O Estado de S. Paulo, o que pretende o Partido dos Trabalhadores:

PT decide convocar militância contra 'direita e imprensa'

Em reunião da Executiva, participantes denunciam articulação para antecipar debate eleitoral

Eis o que registra, no livre exercício da profissão de jornalista, a repórter Clarissa Oliveira:

(...) Depois das vaias recebidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e após o assessor da Presidência Marco Aurélio Garcia ter sido flagrado comemorando a notícia de que uma falha técnica poderia ter provocado o acidente da TAM, o PT decidiu encampar novamente a tese de que virou alvo de uma ofensiva da mídia e da oposição. Os dois episódios foram apontados ontem, durante reunião da Executiva Nacional petista, em São Paulo, como exemplos de uma suposta articulação entre a imprensa e os adversários políticos, com o objetivo de antecipar o debate eleitoral de 2008.

Em uma resolução de quase duas páginas, o PT fez diversas acusações à mídia, citada diversas vezes no texto. Em uma delas, diz o texto: “A oposição, articulada com setores da mídia, está ‘subindo o tom’ nos ataques ao governo e ao PT, tendo em vista tanto as eleições de 2008 quanto as eleições de 2010.”

Srªs e Srs. Senadores, não poderia ficar sem fazer esses reparos ao Governo do País. Não dá para ficar calado, sobretudo quando o reverso desse quadro de desolação revela um Brasil diferente. Como agora há pouco, nos Jogos Pan-Americanos.

            A moldura foi a mais bela cidade do mundo. O Rio-2007 foi o enlevo de todos os que vivemos neste País maravilhoso que poderia enfunar velas, abrindo asas pandas para não se limitar a um calendário fugaz o sorriso dos brasileiros, espelhado nos dias do Pan, na face das Maurren Magi, mostrando que o salto em distância é possível. Um exemplo, que clama pela recuperação do Brasil.

Também na face da carateca Lucélia de Carvalho, a alegria do Ouro em três pans no caratê, com a voz entre embargo de lágrimas cantando o Hino enquanto se envolve na bandeira verde-amarelo-azul.

Do meu Estado, o exemplo de pertinácia de Sandro Viana, Medalha de Ouro nos 200 m. Foi um extraordinário feito de um amazonense e brasileiro simples!

São exemplos das paixões nacionais fazendo-nos admirar a leveza das moças com as bolas nos pés. Ou a certeza indiscutível da raça dos craques de Bernardinho, no voleibol feito de garra e arte.

Este é um País que tem tudo a favor para avançar. Mas que não avança pela falta de comando presidencialmente proclamada, em meio à leniência e à confissão do medo de voar. E o aconselhamento para, na inevitabilidade da viagem, que se declarem os pecados, entregando a sorte a Deus.

Encerro, dizendo que o Brasil que todos nós, brasileiros, queremos, é o Brasil dos exemplos dignificantes, como esses que, com emoção, assistimos ao longo dos Jogos do Rio-2007.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“Avulsos”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/08/2007 - Página 25825