O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Alvaro Dias, que preside esta sessão; Srªs Senadoras e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, lamentamos o ocorrido com as lideranças participativas do Piauí que a companheira Senadora Fátima acaba de anunciar. Constrangidos estamos com esse acontecimento. Neste instante, eu pediria, em respeito a essas mulheres piauienses e a esses piauienses, que fosse retirado do tempo que me foi concedido por V. Exª um minuto de silêncio, Sr. Presidente. Que este Senado faça um minuto de silêncio em respeito àquelas mulheres piauienses!

(Faz-se um minuto de silêncio.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Após esse minuto de silêncio, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, Senador Paulo Paim, quero dizer que, segundo Shakespeare, não há bem nem mal: o que vale é a interpretação. Em nome do Piauí, agradecemos à Líder Ideli Salvatti a solidariedade em relação aos ataques que sofremos. Mas, Paim, não há bem, nem mal. Para Shakespeare, o que vale é a interpretação.

Trago, depois desse imbróglio todo, em resposta ao tolo, um artigo da inteligência. É preciso que o tolo tenha conhecimento de que o maior jornalista deste País, no momento mais difícil, foi o piauiense Carlos Castello Branco, Castellinho. Quando ninguém tinha coragem, quando este Congresso estava fechado, Castellinho, com sua inteligência, levava o clamor do povo brasileiro ao renascimento da democracia.

O Piauí continua, e vou trazer as palavras do nosso Castellinho de hoje, Zózimo Tavares. Aliás, tenho uma imagem muito boa dos jornalistas que fizeram política no Piauí: Eurípedes Aguiar - lembrando o Senador Eurípedes - era médico e jornalista; Josipo Lustosa, do PMDB, em quem cheguei a votar, mas que perdeu as eleições para Petrônio; Deoclécio Dantas, um vibrante jornalista que foi Deputado comigo - tive esse privilégio -; Carlos Augusto Oliveira, que, ainda hoje, escreve.

Zózimo Tavares significa tudo isso. E penso que ele deve substituir esses bravos jornalistas que participaram da política. Ele é da Academia de Letras Piauiense, é escritor. Uma de suas últimas obras foi sobre Evandro Lins e Silva, sobre seu último discurso, como Rui Barbosa fez Oração aos Moços. Evandro Lins e Silva era paraninfo de uma turma de Direito na sua cidade, na minha cidade, Parnaíba.

Senador Papaléo Paes, veja o que diz Zózimo Tavares. É uma resposta de Zózimo, inteligente piauiense, contra o tolo da Philips:

Pegando carona

O presidente da Philips para a América Latina, Paulo Zottolo [vejam o nome: tolo, Zotollo], já pediu desculpas ao Piauí e ao seu povo pela tolice que ele disse contra o Estado. Feridos em nossos brios, já fizemos protesto que ele merecia. Mas que tal se aproveitássemos toda essa nossa indignação para lançarmos outra campanha cívica, agora voltada para o desenvolvimento do Piauí?

Esta nova campanha seria a favor do Piauí e contra os que atrasam o Estado, hoje e no passado. Se prestarmos bem atenção, muitos deles bem mais nocivos do que o presidente da Philips. Este mexeu em nossa auto-estima. Eles nos enganaram, mentiram, roubaram...

         Então, vamos para a mídia (jornais, rádio, TV e portais de notícias) cobrar, com o mesmo espírito aguerrido demonstrado agora, no episódio do presidente da Philips: quando será concluído o porto de Luís Correia [aquele iniciado pelo paraibano Epitácio Pessoa]? E as eclusas da Barragem de Boa Esperança? Quando começam as obras do Aeroporto Internacional de São Raimundo Nonato? E a estrada Transcerrados? E também o Porto Seco de Teresina, quando se inicia?

E mais: o Pronto-Socorro de Teresina vai abrir mesmo no final do ano, ou é mais uma conversa pra boi dormir? E o Consórcio das Águas, lá no Sul do Estado, quando começa a funcionar? A Ponte do Sesquicentenário, quando será retomada? A Transnordestina, quando se inicia? O prolongamento do metrô, quando termina? E a Ponte de Luzilândia? E, ainda, a revitalização da estrada de ferro Teresina-Luís Correia [iludiram Alberto Silva]?

Se fizermos essas obras e outras obras estruturantes, generosamente prometidas e sempre adiadas, dificilmente ainda ouviremos alguém como o Sr. Zottolo fazendo chacota com o Piauí.

Mas o Piauí é isso, Efraim.

Há outro artigo: “Teresina pela Paz”. Que beleza de aniversário! Havia dez mil pessoas. Noticia outro jornal que eram doze mil pessoas.

Está aqui o jornal Meio Norte. O jornalista Efrém Ribeiro é duro mesmo. O bicho é curioso: ele ia até aos lixos da residência quando eu era Governador. Olhem o que ele diz:

Evento não tem partidarização política nem cunho religioso. É uma manifestação da sociedade em busca de paz na família. O tom da manifestação foi dado pelos integrantes da comunidade, principais vítimas da violência que marca o dia-a-dia da capital piauiense.

Isso é coisa de agora, ô Paim! Eu governava o Estado recentemente e, por volta de meia-noite, Efraim, saía do Carnac para fazer cooper, porque Teresina é muito quente. Então, eu saía de noite, sozinho ou com o amigo Carlos Augusto e com um oficial. Às vezes, eu mudava e passava pelos bairros. Isso, hoje, é impossível. Está aqui: o povo e os estudantes pedindo o fim da violência.

Diz mais: “Contudo, todas as escolas tinham o mesmo objetivo: fomentar a paz, dar um basta na violência. Então, o presidente dos mototaxistas, Celso Luiz, que são vítimas, a cada dia da violência...”.

E, em outro jornal, diz-se: “Mais de 15 mil pedem pela paz no Dirceu”. É o bairro que fizemos.

Zózimo Tavares faz outro artigo e diz: “O Governo no Piauí já fez festa até para receber o Beira-Mar”.

Lembram-se do tempo em que nos prometiam levar para lá o Beira-Mar, para se fazer uma penitenciária? Não deixamos que isso se desse. Nós, os Senadores, reagimos.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Sr. Presidente, olha o tempo aí! Tenha a generosidade de me conceder mais um minuto. V. Exª não vai descontar o minuto de silêncio que fizemos pelos mortos.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite um aparte, Senador Mão Santa?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Espere aí! Vamos já conceder-lhe o aparte. Antes, Senador Suplicy, releia Norberto Bobbio, que diz que o mínimo que o povo tem de exigir de um governo é segurança. E a segurança está pior cada vez mais. Está escrito aqui que é o que acontece no Piauí, que era pacífico.

Quero dizer o seguinte: o Governo Luiz Inácio errou, e quero ajudá-lo. O PAC da segurança é lançado sem prestígio. Atentai bem! Ele escolheu somente 11 Capitais. O Piauí está aqui clamando na rua. Isso aqui é pior do que Aids, é pior do que gripe, é uma epidemia. A violência está no País todo, nas 5.560 cidades, porque o exemplo vem de cima, o mau exemplo dos aloprados, das quadrilhas de Santo André, de Campinas. O exemplo vem de cima. O Ministério Público está aí indiciando 40 pessoas. Então, o mau exemplo se arrasta. Palavra sem exemplo é um tiro sem bala. Faltou o bom exemplo do Governo.

E o PAC? Faltou! Cabral, Serra, Aécio, Arruda, Yeda, Requião, Governadores beneficiados com o Plano. Falta a sonoridade do Planalto. Eles não acreditam. Não foram. Então, essa é a verdade.

Mais ainda, Senador Suplicy, V. Exª é um homem de bem. Olhe aqui. Peço que a televisão mostre esta fotografia bem grande deste artista de Londres. Coloque aí a fotografia bem grande: “A solução para a aviação é política”. Este aqui, ô Efraim, é grandão, como V. Exª, é bonitão! Ele é inglês, ô Antonio Carlos Magalhães. Olha aí sua destinação! Mau discípulo é o que não suplanta o mestre. V. Exª tem de superar seu pai na combatividade. Quem é ele? É o chefe da federação de todos os aviadores do mundo. Ele diz aqui: “É melhor ter alguém com forte bagagem técnica para comandar um Ministério complexo como o da Defesa”. Condena a indicação.

É o povo do Piauí, ó Luiz Inácio, e do Nordeste, ó Arthur Virgílio. “Cada macaco em seu galho.” Isto aqui não está no galho, o Ministro. O Ministro ouviu que o Luiz Inácio não gosta muito das letras, aí roubou o discurso de Disraeli, lá para a Rainha Vitória, quando Primeiro-Ministro, e disse: não se queixe, não se desculpe, não atenda ninguém, aja ou caia fora!

O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - Senador Mão Santa, pedimos a V. Exª que conclua seu discurso.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Então, vamos mal. Querem que eu diga por que vamos mal? Segurança não é isso, não!

Suplicy, atentai bem! Júlio Soares, Comandante da Marinha, disse que a Marinha vai acabar em 2025. Acabou a Marinha brasileira!

Esse Abadia, ô Paim, sabe por onde ele entrou? Sabe, Papaléo? Num veleiro ao lado do Piauí, em Camocim. Ficou lá no hotel. Achou pequeno e foi por aí. Esses bandidos todos entram assim.

Assumir o Ministério da Defesa é muito mais do que ir para a mídia falar do tamanho da cadeira do avião. Ali, ele está defendendo em causa própria.

Mas é o Exército que está aí, mais fraco que o MST. É a Marinha, cujo último navio, o mais novo, tem quase 50 anos. Esse Governo não comprou uma canoa. É a Aeronáutica! Está aí o professor de Engenharia Efraim Morais, orgulho que fez a Embraer. O ITA, sonho da minha geração, está aí. Estão todos decadentes. O MST é mais forte que nossos organismos da defesa nacional.

O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - Senador Mão Santa, seus Colegas pedem a conclusão do seu discurso.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Então, essa é a advertência para o Presidente Luiz Inácio botar este País nos trilhos.