Discurso durante a 148ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Apelo em favor da preservação da Fazendinha JK, localizada no município de Luziânia - GO, residência do Presidente JK após sair do poder.

Autor
Demóstenes Torres (DEM - Democratas/GO)
Nome completo: Demóstenes Lazaro Xavier Torres
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL.:
  • Apelo em favor da preservação da Fazendinha JK, localizada no município de Luziânia - GO, residência do Presidente JK após sair do poder.
Aparteantes
Garibaldi Alves Filho.
Publicação
Publicação no DSF de 04/09/2007 - Página 29900
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • ELOGIO, VIDA PUBLICA, JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMENTARIO, NECESSIDADE, JUVENTUDE, CONHECIMENTO, HISTORIA.
  • SOLICITAÇÃO, GOVERNADOR, DISTRITO FEDERAL (DF), ESTADO DE GOIAS (GO), PRESIDENTE DA REPUBLICA, AQUISIÇÃO, CHACARA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, MUNICIPIO, LUZIANIA (GO), IMPORTANCIA, PATRIMONIO HISTORICO, PROJETO ARQUITETONICO, IGREJA, RESIDENCIA, AUTORIA, OSCAR NIEMEYER, ARQUITETO, ROBERTO BURLE MARX, ARTISTA, PAISAGISMO, DEFESA, TRANSFORMAÇÃO, MUSEU.
  • REGISTRO, PESQUISA, REALIZAÇÃO, INSTITUTO DO PATRIMONIO HISTORICO E ARTISTICO NACIONAL (IPHAN), INDICAÇÃO, CHACARA, PATRIMONIO CULTURAL, BRASIL.

            O SR. DEMÓSTENES TORRES (DEM - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Juscelino Kubitschek de Oliveira foi o grande estadista brasileiro, um fato reconhecido na época até por adversários, que sabiam do valor, para o Brasil, de um administrador e político capaz de atravessar os séculos com seus feitos.

            É tamanha sua figura como realizador que JK construiu Brasília em pouco mais de três anos, e até hoje, quase meio século depois, os seguidos governos não deram conta sequer de duplicar a rodovia entre Anápolis e o Distrito Federal. É tão grande seu valor histórico, Sr. Presidente, que hoje os governantes penam para reformar prédios e ele construiu essa maravilha arquitetônica que é Brasília.

            As novas gerações precisam conhecer essa história. E a história está nos dando uma excelente oportunidade para isso. A Fazendinha JK, para onde o Presidente Juscelino se mudou com a família, logo após sair do poder, foi colocada à disposição do Governo Federal, de Brasília, e de Goiás. São oitenta alqueires de recordações do grande brasileiro que Minas Gerais emprestou ao mundo. Ali estão dezenas de objetos que pertenceram a JK, que foram utilizados por ele no dia-a-dia; ali estão intactos os primeiros móveis de quarto utilizados pelo casal, que o então jovem médico Juscelino comprou pouco antes do casamento com D. Sarah. Ali está o automóvel que o transportou, enquanto o criador teve livre trânsito para percorrer sua criatura. Enfim, ali está a chance de os Governos mostrarem para o hoje e para o futuro o exemplo de uma vida que tanto serviu ao Brasil com resultados tão eficientes.

            Além do valor histórico do ponto de vista político, a Fazendinha JK é uma jóia da arquitetura, com sua sede e sua capela desenhadas pelo arquiteto Oscar Niemeyer, que agora comemora seu centenário, vivendo para testemunhar a grandeza de seu amigo Juscelino. Seus jardins e suas alamedas saíram da criatividade do paisagista Roberto Burle Marx, de fama internacional. A reunião desses três grandes brasileiros, cujo trabalho marcou suas respectivas áreas no Século XX, dá a dimensão da importância do imóvel.

            A Fazendinha JK é localizada no Estado de Goiás, no Município de Luziânia. É tão próxima de Brasília que, conforme relembrou o Jornal Diário da Manhã, era de lá, de sua propriedade, que Juscelino via sua obra, Brasília, que não podia contemplar de dentro por impossibilidade determinada pelo regime militar. Das amplas janelas da fazenda, JK via as luzes daqui, do Congresso Nacional; via brilhar a Brasília que ele sonhou e que fez realidade. Foi ali que Juscelino morou quando cumpriu o seu mandato de Senador por Goiás, uma cadeira que tenho a honra hoje de ocupar.

            Foram tirados dele o mandato, os direitos políticos e, depois, até a vida, mas ninguém o tira da memória do povo brasileiro. Para preservar essa memória, autoridades dos Governos de Goiás e do Distrito Federal querem transformar a Fazendinha JK em um museu. Se unirem os esforços, vão conseguir, para deleite dos historiadores e dos que querem justiça para o melhor Presidente que a República já teve.

            Como diz a historiadora Lena Castelo Branco, Professora da Universidade Federal de Goiás, “o ideal seria abrir a Fazendinha JK para visitação pública, transformando-a em um museu”. O editor-geral do Diário da Manhã, o jornalista Batista Custódio, escreveu que a Fazendinha JK “é um patrimônio que todas as fortunas do País não a valem. É um bem inexpugnável, uma obra de tamanha histórico maior do que todas as realizações que o tijolo e a argamassa permitirem como feito de glória”.

            O Governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, o Governador de Goiás, Alcides Rodrigues, e o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva não podem deixar que se percam as relíquias de Juscelino Kubitscheck. Da parte do Governo goiano já existe a intenção de adquirir o imóvel e abri-lo para as crianças conhecerem, para os jovens saberem que JK é uma sigla cujo sinônimo é desenvolvimento.

            O Governo do Distrito Federal também quer preservar a memória daquele que lhe deu a vida. A União, através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, fez o estudo e a indicação é colocar a Fazendinha JK como patrimônio dos brasileiros. O Vice-Governador do Distrito Federal, o ex-Senador Paulo Octávio, também defende a preservação do imóvel não apenas porque é casado com uma neta de JK, mas porque igualmente usa seus exemplos de vida, de administração e de integridade. Falta fechar a parceria entre os Governos das unidades federativas e os Ministérios da Cultura e do Turismo para que o legado de Juscelino fique à disposição dos visitantes.

            O Senado também deve reverências a Juscelino, porque ele dignificou esta Casa. Temos o dever de utilizar a tribuna para que, em um momento de tanta turbulência provocada pelos homens públicos, a sociedade se lembre de que nem todos são iguais, assim como ainda não nasceu um administrador igual a JK.

            Sr. Presidente, quero apenas dizer que os Governos não podem tardar, uma vez que, estando a fazenda à venda, qualquer pessoa pode adquiri-la. Seria um momento importante para que o Governo Federal e os Governos de Goiás e do Distrito Federal se unissem a fim de adquirir essa fazenda e colocá-la, sim, à disposição de todo o povo do Brasil.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - V. Exª me permite um aparte antes de descer da tribuna?

            O SR. DEMÓSTENES TORRES (DEM - GO) - Com todo o prazer, Senador Garibaldi Alves Filho. É uma honra.

            O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Senador Demóstenes Torres, quero prestar a minha solidariedade a V. Exª por essa causa que defende com tanto entusiasmo e por esse gesto que solicita ao Governo Federal e aos Governos do Distrito Federal e de Goiás. Quero dizer-lhe que, numa hora como essa, como V. Exª bem assinalou, numa hora de crise, é que a lembrança de homens como Juscelino Kubitschek vem à tona. Emerge o exemplo de Juscelino para nos animar de que vamos superar tudo isso. Muito obrigado.

            O SR. DEMÓSTENES TORRES (DEM - GO) - Sou eu que agradeço a V. Exª. Muito obrigado, Senador Garibaldi Alves Filho.

            Muito obrigado, Senador Mão Santa.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/09/2007 - Página 29900