Discurso durante a 171ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas aos gastos e ao excesso de nomeações do Governo Lula, bem como à manutenção da CPMF.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TRIBUTOS.:
  • Críticas aos gastos e ao excesso de nomeações do Governo Lula, bem como à manutenção da CPMF.
Publicação
Publicação no DSF de 04/10/2007 - Página 33849
Assunto
Outros > TRIBUTOS.
Indexação
  • CRITICA, TENTATIVA, MANUTENÇÃO, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF), CRESCIMENTO, GASTOS PUBLICOS, ACUSAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, AUSENCIA, PLANEJAMENTO, AUMENTO, CONTRATAÇÃO, FUNCIONARIO PUBLICO, CARGO EM COMISSÃO, COMPARAÇÃO, PRESIDENTE, PAIS ESTRANGEIRO, FRANÇA.
  • LEITURA, PRONUNCIAMENTO, PRESIDENTE, PAIS ESTRANGEIRO, FRANÇA, DEFESA, TRANSFORMAÇÃO, PAIS, CRIAÇÃO, CIDADANIA, DEVERES, CRITICA, INCOERENCIA, CONDUTA, PARTIDO POLITICO, SOCIALISMO.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Senador Alvaro Dias, Parlamentares, brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado Federal, Senador Alvaro Dias, esse negócio do Luiz Inácio nos ensina muito: choque de gestão!

Luiz Inácio, isso é um choque “gastão”, é de “gastação”, é de gasto. Mas aqui nós estamos, brasileiras e brasileiros.

Manchete de jornal de ontem diz que o STF vai se manifestar sobre fidelidade. Mas um bem nunca vem só, é acompanhado de outro bem, Dornelles; isso era o Padre Antônio Vieira que dizia. Então, sobre o excelso jurista Marco Aurélio, o jornalista diz que “ele associou o troca-troca à aprovação da CPMF, que julga inconstitucional, porque apena aquele que já sofreu incidência de tributo“.

Tião Viana, Luiz Inácio estudou. O Brasil era organizado, tinha boas escolas. Grandes presidentes, presidentes responsáveis, criaram o Senai, Dornelles. O Senai é uma instituição exemplar, ensinava a aritmética de Trajano, aquela azulzinha. Luiz Inácio, os aloprados estão-lhe enganando: CPMF é contribuição para malandros felinos!.

Ô Dornelles, V. Exª foi chamado a tomar conta do cofre por Tancredo. Mas isso aqui... Primeiro, Marco Aurélio disse que era um imposto macho, era provisório, era para dar um filho, um período. Agora virou um imposto fêmea, está parindo; todo ano eles renovam e agora querem emplacá-lo novamente.

Dornelles, V. Exª se saiu bem naquela explicação. Esse imposto cobra 0,76%, é o imposto mais perverso da história da humanidade. Vamos imaginar que um pobre queira trabalhar. Ele vai a um banco retirar R$ 1.000,00 para colocar um pequeno negócio, uma empresa. Então, cobram dele 0,38%, Luiz Inácio. Depois de 60, 90 dias, ele volta para saldar, para pagar: cobram mais 0,38%. Então, numa transação, Papaléo, são cobrados 0,78% - essa imoralidade, a CPMF, contribuição para malandros felinos.

Mário Couto disse: o choque do “gastão”. Estão gastando irresponsavelmente. Agora, Dornelles, esse dinheiro não vai ficar com os aloprados, gastando irresponsavelmente. Esse dinheiro vai ficar na mão da mãe de família, das mães de vocês, da mulher que trabalha, do homem que trabalha, vai sobrar alguma coisa por ano e eles vão empregá-la. Então, não sai não, fica na riqueza da família brasileira, fortalecendo-a.

Eles mentem, mentem, mentem e, de mentira em mentira, Luiz Inácio vai governando. Começaram a dizer que é um imposto de branco, que só rico tem cheque, mas acontece que, quando um pobre vai comprar um sabonete ou um xampu, se gasta R$10,00 para fazer isso, R$5,20 vão para o Luiz Inácio. Se o sabonete custa R$10,00, mais de R$5,00 vão para o Luiz Inácio. Então, quando o pobre compra o sabonete para a sua mulherzinha ficar cheirosa, ele dá a metade para o Luiz Inácio. O pobre não usou cheque, mas, para fazer o sabonete, rolou muito cheque. O imposto é embutido, é o pobre que paga a conta, é o pobre que paga a gestão do “gastão”. Essa é a verdade.

Dornelles, provisório é provisório. Este Senado não pode entrar noutra mentira. Vamos enterrar isso como enterramos a “Sealopra”. Ô Tião, aquele movimento da “Sealopra” fomos nós que enterramos, o Senado, na sua grandeza, na sua independência. Não foi aquele negócio de sandália de franciscano não: 46 a 22. Olhem a diferença: 46 a 22. Se eles eram os seis que estavam mendigando... Nós não, nós não estamos aqui mendigando, nós estamos é orientando, Luiz Inácio, porque foi longa e sinuosa a nossa chegada aqui. Essa é a diferença: 46 a 22. Daqueles seis, tira para cá, são 12 - e a Patrícia ainda disse que votou errado, porque o relator mudou na hora. Foi uma demonstração de grandeza e de independência do Senado da República termos enterrado a “Sealopra”. E vamos enterrar também a CPMF. Tiraram o Boris Casoy porque ele dizia: “Isto é uma vergonha!”.

V. Exª vai me permitir dizer o seguinte, para que o povo brasileiro entenda. Mário Couto, Sarkozy, o da França de Carlos Magno, de Júlio César (“Les Gaulois croyaient que les sources et les rivières, la montagnes d”Alsace étaient des Dieux qui pouvaient faire de bien et de mal”), de Napoleão Bonaparte (que disse que a maior desgraça de um homem é exercer um cargo para o qual ele não está preparado) - ô Luiz Inácio, foi Napoleão quem disse isso -, o Sarkozy da França da “liberdade, igualdade e fraternidade”, só nomeou 350 pessoas. A máquina existe, os funcionários existem, como Getúlio previu - Wagner Estelita criando o Dasp, trabalhando o Dasp, não foi, Dornelles? Wagner Estelita escreveu um livro sobre técnicas de chefia, liderança e administração. Isso tudo era organizado. Agora, botaram 25 mil aloprados, ganhando, alguns deles, R$10.448,00. Esse Sarkozy só nomeou 350, Luiz Inácio, e Vossa Excelência, 25 mil aloprados, e o povo está pagando a conta. São 40 ministérios! O ministro de Sarkozy, Papaléo, nomeia dois DAS e uma secretária. E olhe os daqui, olhe os carros a que Mário Couto se referia, olhe a mordomia, aqueles cheques cooperativos, aquela sem-vergonhice, aquela imoralidade.

Vou, em nome do Brasil e da França, ler este pronunciamento de Sarkozy. Nosso Presidente já falou muito, mas muita besteira. Eu vou ler para a nossa Pátria. Ô Dornelles, aprenda, não venha mais com aquele negócio, aquele rolo daquela sessão secreta não. Vamos para a verdade. Olhe o que disse Sarkozy, Tião - o francês parece com você, é baixinho. Olhe o que ele disse:

Vou reabilitar o trabalho [Ô Presidente, aqui é o contrário]! Derrotamos a frivolidade e a hipocrisia dos intelectuais progressistas; o pensamento único, daquele que “sabe tudo” e que condena a política enquanto a mesma é praticada. Desde 1968 não se podia falar da moral. Haviam-nos imposto o relativismo. A idéia de que tudo é igual, o verdadeiro e o falso, o belo e o feio, que o aluno vale tanto quanto o mestre, que não se pode dar notas para não traumatizar o mau estudante. Fizeram-nos crer que a vítima conta menos que o delinqüente. Que a autoridade estava morta, que as boas maneiras haviam terminado. Que não havia nada sagrado, nada admirável. Era o slogan de maio de 68 nas paredes de Sorbone: “Viver sem obrigações e gozar sem trabalhar”. Quiseram terminar com a escola de excelência e do civismo. Assassinaram os escrúpulos e a ética. Uma esquerda hipócrita que permitia indenizações milionárias aos grandes executivos e o triunfo do predador sobre o empreendedor; que está na política, nos meios de comunicação, na economia. Ela tomou o gosto do poder. A crise da cultura do trabalho é uma crise moral. Vou reabilitar o trabalho. Deixaram sem poder as forças da ordem e criaram uma farsa: “abriu-se uma fossa entre a polícia e a juventude”. Os vândalos são bons e a polícia é má. Como se a sociedade fosse sempre culpada e o delinqüente, inocente. Defendem os serviços públicos, mas jamais usam o transporte coletivo. Amam tanto a escola pública, e seus filhos estudam em colégios privados. Dizem adorar a periferia e jamais vivem nela. Assinam petições quando se expulsa um invasor de moradia, mas não aceitam que o mesmo se instale em sua casa. Essa esquerda que desde maio de 1968 renunciou o mérito e o esforço, que atiça o ódio contra a família, contra a sociedade e contra a República. Isto não pode ser perpetuado num país como a França e por isso estou aqui. Não podemos inventar impostos para estimular aquele que cobra do Estado sem trabalhar. Quero criar uma cidadania de deveres..

           Atentai bem, brasileiros! Luiz Inácio, Vossa Excelência disse que não gosta de ler, que dá uma canseira, que gosta da novela, aprenda esta frase: “Não podemos inventar impostos para estimular aquele que cobra do Estado sem trabalhar. Quero criar uma cidadania de deveres” (Sarkozy). Está aí o exemplo para Luiz Inácio implantar novamente neste País o que a Bandeira prega: “Ordem e Progresso”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/10/2007 - Página 33849