Discurso durante a 179ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentário à decisão de licenciamento do Presidente Renan. Voto de pesar pelo falecimento do ator Paulo Autran.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. HOMENAGEM.:
  • Comentário à decisão de licenciamento do Presidente Renan. Voto de pesar pelo falecimento do ator Paulo Autran.
Publicação
Publicação no DSF de 16/10/2007 - Página 35157
Assunto
Outros > SENADO. HOMENAGEM.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, DECISÃO, PRESIDENTE, SENADO, LICENCIAMENTO, FAVORECIMENTO, SOLUÇÃO, CRISE, PARALISAÇÃO, TRABALHO, EXPECTATIVA, AGILIZAÇÃO, MATERIA.
  • APRESENTAÇÃO, QUALIDADE, LIDER, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), CONFIANÇA, TIÃO VIANA, SENADOR, EXERCICIO, PRESIDENCIA, APOIO, PREPARAÇÃO, PAUTA, VOTAÇÃO, BENEFICIO, INTERESSE NACIONAL, DEMOCRACIA, ESPECIFICAÇÃO, DEBATE, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF).
  • HOMENAGEM POSTUMA, ATOR, ELOGIO, VIDA PUBLICA, ESPECIFICAÇÃO, CONTRIBUIÇÃO, TEATRO.

     O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Sem revisão do Orador.) - Sr. Presidente Tião Viana, ao ler o documento enviado à Casa pelo Presidente que se licencia, Senador Renan Calheiros, V. Exª apresenta à Nação a possibilidade inequívoca de desanuviarmos o ambiente desta Casa, que estava, de fato, envenenado pela polarização entre os que queriam, a qualquer preço, manter o Senador Renan Calheiros à frente da Presidência da Casa e aqueles outros que entendiam ser hora - azada esta - de S. Exª se afastar do comando da Mesa Diretora.

     O Senado, paralisado, desgastado até o seu ponto máximo, tem agora a oportunidade que lhe propiciam esses 45 dias de organizar uma pauta positiva, uma ação propositiva, o que não significa dizer que, para soerguer o seu bom nome, teríamos de estar de acordo com todas as matérias que venham ser postas em julgamento pelos nossos pares, mas, sim, que vamos apreciá-las e votá-las.

     E o PSDB, pela palavra do seu Líder, diz a V. Exª duas coisas, com toda a clareza: em primeiro lugar, a afirmação e a reafirmação da confiança na sua atuação como líder, como homem de serenidade, de preparo político, que haverá de saber conduzir, nesta hora de crise, de transição, o Senado Federal; em segundo lugar, que V. Exª poderá contar com o PSDB para escolhermos as matérias que são essenciais, as matérias sem as quais o País andaria mais devagar ou menos adequadamente.

     Evidentemente, não deixaremos de contar com a compreensão democrática de V. Exª, porque haverá muita discordância, muito embate político, muita discussão, muito pormenor; vitória para o Governo, derrota para o Governo, vitória para a Oposição, derrota para a Oposição. Ou seja, que a democracia se restabeleça na plenitude aqui, nesta Casa, e que se restabeleça a legitimidade da atuação de cada um de nós.

     O PSDB está, portanto, pronto para atender à primeira convocação de V. Exª, que é a reunião-almoço no Gabinete da Presidência amanhã. Esperamos ter, amanhã mesmo, uma tarde de produtividade, de trabalho, de ação e que saibamos nos alçar à altura do que o momento histórico exige de cada um de nós.

     Sr. Presidente, quando digo isso a V. Exª, desejo-lhe todas as felicidades, seguro de que o meu Partido vai se portar, ao longo de todo esse processo, sem apagar incêndio com gasolina, porque não se apaga incêndio com gasolina; apagaremos incêndio com busca de consenso, com seriedade, com equilíbrio.

     Anuncio que, amanhã, pretendo usar a tribuna, não sei se como orador inscrito - se já me inscrevi - ou se como Líder do meu Partido, para começar a abordar, de maneira segura, essa questão da CPMF. Direi o que vai no coração da minha Bancada, no coração do meu Partido sobre essa questão tão momentosa.

     Mantenho minha inscrição para hoje mas encaminho requerimento, solicitando voto de pesar, concedido pela Casa, pelo falecimento ocorrido, no dia 12 de outubro de 2007, desse notável ator shakespeariano, por um lado, e brasileiríssimo, por outro, Paulo Autran.

     O Senador Gérson Camata me dá a honra de assiná-lo comigo. Creio que terminará por ser algo da Casa inteira. Não haverá quem não se solidarize a família, com Karin Rodrigues, viúva de Paulo Autran. Afinal de contas, perdemos o grande mestre do nosso teatro, perdemos a figura que mais brilhou nos nossos palcos. Ele, aliás, brilhou na televisão, no cinema - é inesquecível a sua participação em Deus e o Diabo na Terra do Sol, filme que, diz o Senador João Pedro, passou pelo Teatro Amazonas.

     Mas ele brilhou no teatro, brilhou no cinema - é simplesmente inesquecível o que desempenhou em Deus e o Diabo na Terra do Sol! - mas sua casa mesmo foi o teatro, mais do que a televisão, mais do que o cinema. Sua casa foi o teatro! Ele está para o teatro como Fernanda Montenegro, como Tônia Carrero, sua parceira inseparável de tantas conquistas.

     Ele está para o teatro como as figuras que mais nos honraram ao longo do exercício dessa arte que é a que mais de perto me toca, porque é a que mais perto de mim está. O cinema se distancia, a televisão se distancia mais ainda e o teatro se aproxima.

     Volto a dizer, estamos aqui comemorando a vida muito mais do que lamentando a morte - a morte um dia vem para todo mundo. Estamos aqui comemorando a vida, celebrando a vida de um homem que foi shakespeariano no seu talento - interpretou Shakespeare como poucos - e foi brasileiríssimo na sua capacidade de sentir a alma do nosso povo.

     Um homem que justificou cada minuto da vida longa que viveu e que, ao contrário de morrer, se eterniza e se imortaliza como talvez o maior ator que o Brasil conheceu da segunda metade do séc. XX para esta primeira década do século XXI.

     Portanto, toda gratidão do povo brasileiro a Paulo Autran!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/10/2007 - Página 35157