Discurso no Senado Federal

Descreve sua trajetória até sua posse.

Autor
Adelmir Santana (PFL - Partido da Frente Liberal/DF)
Nome completo: Adelmir Santana
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA NACIONAL. MICROEMPRESA, PEQUENA EMPRESA.:
  • Descreve sua trajetória até sua posse.
Publicação
Publicação no DSF de 04/01/2007 - Página 19
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA NACIONAL. MICROEMPRESA, PEQUENA EMPRESA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, MEMBROS, LEGISLATIVO, INSTITUIÇÃO MILITAR, SERVIÇO SOCIAL DO COMERCIO (SESC), SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL (SENAC), SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE), REGISTRO, BIOGRAFIA, ORADOR, INICIO, MANDATO, SUPLENCIA, AGRADECIMENTO, FAMILIA, HOMENAGEM, JUSCELINO KUBITSCHEK, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, ATUAÇÃO, PAULO OCTAVIO, VICE-GOVERNADOR, JOSE ROBERTO ARRUDA, GOVERNADOR, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF).
  • COMENTARIO, NECESSIDADE, REFORMA TRIBUTARIA, REFORMULAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, POLITICA DE EMPREGO, MOVIMENTO TRABALHISTA, PREVIDENCIA SOCIAL, GARANTIA, CRESCIMENTO ECONOMICO, JUSTIÇA SOCIAL.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, SANÇÃO, LEGISLAÇÃO, MICROEMPRESA, PEQUENA EMPRESA, INICIATIVA, SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE), CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMERCIO (CNC).

O SR. ADELMIR SANTANA (PFL - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Boa tarde a todos! Quero inicialmente saudar o Exmo Sr, Presidente desta Casa, Senador Renan Calheiros, em nome do qual saúdo os demais Senadores; o Governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e o Governador de Santa Catarina, Luiz Henrique; o Deputado Michel Temer, Presidente do PMDB, em nome do qual saúdo os demais Deputados aqui presentes; os Deputados

Distritais presentes nesta tarde; os presidentes de federações do setor produtivo; os presidentes de sindicatos e de associações; os companheiros do Sebrae regional e do Sebrae nacional; os diretores da Federação do Comércio; e os diretores dos sindicatos.

     Saúdo especialmente o Comandante Militar do Planalto, General Marius Teixeira Neto, que nos dá o prazer da sua presença, e também o General Romeu Bastos, Secretário de Administração da Presidência da República; o representante do Presidente da CNC, Dr. Antonio de Oliveira Santos, e o Diretor Financeiro Luiz Gil Siufi, em nome do qual saúdo os demais empresários presentes a este evento. Saúdo também os companheiros do Sesc, do Senac e do Sebrae, enfim, todas as pessoas que me honraram com a presença. (Palmas.)

     Sr. Presidente, pessoas medíocres falam de pessoas, pessoas comuns falam de fatos, pessoas interessantes falam de idéias. Essa afirmação é de um autor desconhecido. Fugindo ao preceito de pessoa interessante, peço licença a V. Exª para falar um pouco de mim, uma vez que este é um momento de extrema importância e de grande valia para a minha pessoa. Filho primogênito de uma família de seis irmãos, todos presentes nesta reunião, meu pai me iniciou no trabalho da roça aos cinco anos de idade, pressentindo que eu o perderia com pouco mais de oito anos e a minha irmã mais nova tinha apenas um mês e quinze dias. A perda do meu pai, com menos de nove anos, fez de mim uma pessoa dedicada ao trabalho e à família.

     Quero, neste instante, exaltar a figura de minha mãe, que nos criou com todas as dificuldades do campo e que não está presente aqui, mas que vive entre nós, com quase 90 anos. Ao visitá-la hoje pela manhã, tentava mostrar a importância deste ato, mas infelizmente

sua saúde não lhe permitiu estar presente entre nós. Mas reputo minha mãe e exalto, em seu nome, todas as mulheres presentes neste evento. (Palmas.)

     Embora nascido no Município de Nova Iorque, do Maranhão - que tem essas particularidades (risos) -, as minhas relações, em razão da perda do meu pai, foram muito mais com o Piauí, de onde é à originária a minha mãe. Iniciei essas relações nos meus primeiros dias de escola - uma vida dura, em um povoado chamado Tucuns, no Município de Uruçuí, onde existia apenas uma escola isolada, em que se podia cursar até o terceiro ano. Lá fiquei até os dez anos, repetindo sempre a mesma série, porque não existia a subseqüente.

     Aos 11 anos, voltei para Nova Iorque, onde existia uma escola de melhor qualidade. Em Nova Iorque, com 11 anos, portanto, freqüentei o segundo ano primário - diferenciava-me dos meus colegas em razão da idade, porque o segundo ano é para quem tem sete ou oito anos. E a Professora Zizi Neiva, no primeiro dia de aula, questionava a cada um de nós o que queríamos ser na vida. Fiquei por último, talvez pela inibição, já que vinha do interior do Município. E disse na minha resposta: “Quero ser o prefeito desta cidade”. Naquela oportunidade, isso foi motivo de gozação e de brincadeiras. Entretanto, não foi possível essa conquista.

     Depois de Nova Iorque, aos 14 anos, fui estudar em Teresina, Piauí. Estudei apenas até a quarta série. Fiz exame de admissão, que naquela época era um vestibular para entrar nas escolas técnicas. E fui classificado em segundo lugar. Comecei a fazer o curso

técnico de marcenaria aliado ao ginásio.

     Quatro anos ali estudei e, pela primeira vez, aos 14 anos, usei sapato, porque a escola industrial nos dava o sapato ê os uniformes para freqüentá-la. Era sistema de semi-internato. Estudei na escola industrial, exatamente porque ali tínhamos direito às refeições.

Depois, estudei no Liceu Piauiense. Fiz o primeiro ano científico. E vim para Brasília em 1964, onde fiz o segundo e o terceiro ano científico.

     De Nova Iorque, está presente aqui Tereza Barbosa Bargüiu, casada com o saudoso Dr. Ali Salomão Bargüiu, e mais um grupo de pessoas. Quando dos meus 11 anos, Ali já me chamava de senador por causa das minhas relações que mantinha com as pessoas mais velhas. Era um visionário. Se estivesse vivo, certamente estaria aqui entre nós para comemorar este evento.

     De Uruçuí, de Tucuns, precisamente, está aqui o meu amigo e irmão Luis Coelho, Diretor de Tributos da Prefeitura daquele Município, acompanhado de Francisco Nonato Linhares de Araújo (Chico Filho), que é o Prefeito Municipal; de Pedro Cortez, Presidente da Câmara, e de Ribamar Martins, Vereador daquela edilidade. Quero, portanto, Sr. Presidente, dedicar este primeiro momento ao Bom Jesus da Lapa, o Padroeiro de Tucuns, e, em segundo lugar, à minha família, que sempre me incentivou e compreendeu os meus sonhos.

     Maria José, minha Zeza, minha mulher e esposa, guerreira, é quem sabe conduzir, de forma competente, em torno de nós, os nossos filhos, Glauco, Cíntia e Juliana; os nossos genros, César e Karl; a nossa nora, Alessandra; os nossos netos, Maria Eduarda, João Vitor, Mader Catarina, Guilherme e Lucas, que está para chegar no próximo mês de março. Também o dedico ao grupo familiar todo que está presente a este encontro, cunhados, sobrinhos e tantos outros que giram em torno de Maria José.

     Sr. Presidente Senador Renan Calheiros: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”.

Isso ocorre comigo neste instante. Os versos iniciais do lendário poema “Mensagem”,

do poeta português Fernando Pessoa, podem traduzir, de certa maneira, a imensurável emoção que sinto neste momento, ao tomar posse no Senado Federal do meu País, especificamente representando a Capital de todos os brasileiros.

     O escritor Marcel Proust escreveu certa vez: “Se seus sonhos estiverem nas nuvens, não se preocupe, pois eles estão no lugar certo; agora construa os alicerces”.

     O sonho agora não é mais sonho. Vivemos o momento mágico, em que ele se materializa em algo real, concreto, plausível. Digamos: transformou-se em um gesto político, com conseqüências práticas na minha vida e na vida de milhões de pessoas. Não existe mais o Eu. Agora, sou o Outro também.

     Passo, a partir de hoje, a fazer parte desta quase bicentenária instituição, que nasceu por iniciativa de Dom Pedro I, criador da Constituição de 1824, e que marcou definitivamente a separação do Brasil de Portugal.

     Os Senadores brasileiros reuniram-se, pela primeira vez, em 6 de maio de 1826, sob a Presidência do Marquês de Santo Amaro. Naquela época, rezam os livros de história, os oradores não tinham tempo estipulado para falar, e os discursos podiam durar horas e horas. Mas, por favor, Srªs e Srs. Senadores, Srs. convidados, não se aflijam! Minhas palavras serão realmente breves.

     No entanto, não posso deixar de compartilhar com os amigos que hoje prestigiam esta significativa cerimônia, uma outra sensação também bastante pessoal que me traz um tremendo bem-estar.

     Sinto-me como aquele “bom aluno” que fui, desde os tempos de Tucuns, povoado do Município de Uruçuí, no Piauí, e, depois, em Nova Iorque, no Maranhão, entrando agora para uma escola de mestres, por onde já passaram nomes como Rui Barbosa, Duque de Caxias, Washington Luiz, Gustavo Capanema - não poderia esquecer-me do meu conterrâneo José Neiva, também nascido em Nova Iorque - e, mais recentemente, as heróicas e históricas figuras de Afonso Arinos de Meio Franco, Petrônio Portella Nunes, Pompeu de Souza, Teotônio Vilela, Paulo Brossard, Franco Montoro, Jarbas Passarinho e Tancredo Neves. Temos ainda a convivência profícua de mestres como José Sarney, Pedro Simon, Marco Maciel - sem esquecer o Presidente do nosso PFL, Senador Jorge Bornhausen - e de tantos outros Parlamentares que estão aqui presentes, como Heloisa Helena, Mauro Benevides, José Nery, que acaba de chegar, Neuto de Conto, Paulo Duque, Edison Lobão, José Jorge. Perdão pelos outros que eu tenha esquecido.

     Conviver com esses Senadores e com V. Exª, Senador Renan Calheiros, que tão bem vem dirigindo os trabalhos desta Casa, para mim, será motivo de grande aprendizagem e honra.

     Neste momento, Sr. Presidente, peço licença para abrir um parêntese na citação histórica e prestar uma homenagem especial ao nome do fundador de Brasília, o eterno e inesquecível Presidente Juscelino Kubitschek, também Senador da República, cassado pela Revolução de 64. (Palmas.)

     Ora, se estamos todos, aqui e agora, vivendo este instante histórico, devemos isso a JK, que teve a coragem e o destemor de construir - em apenas mil dias - a futurista cidade de Brasília, síntese da miscigenação racial e cultural de um povo. Brasília é também exemplo do leque de oportunidades de um Brasil que se movimenta em direção às nações mais desenvolvidas do planeta.

     Ao falar de JK, vem-me à lembrança, imediatamente, a figura de outro Senador, que prestou, e segue prestando, inestimáveis serviços à cidade. Falo do Senador Paulo Octávio, hoje Vice-Governador do Distrito Federal, a quem tenho a honra e a responsabilidade de substituir nesta Casa. (Palmas.)

     É meu compromisso dar seqüência, com a mesma grandeza e espírito público, à sua obra e ao seu declarado amor à capital de todos os brasileiros.

     Meu caro Senador e agora Vice-Governador Paulo Octávio, seu nome ficará gravado para sempre na história de Brasília. Entre outros motivos, pela coragem com que enfrenta os novos desafios, ao deixar o Senado Federal, para assumir, com corpo e alma, coração e mente, a parceria com o ilustre e Exmº Governador José Roberto Arruda no comando e na transformação da nossa cidade e de nosso povo. (Palmas.)

     Tenha em mim, Vice-Governador, um parceiro permanente, fiel e disposto a fazer de Brasília um exemplo de cidade e de convivência social para todo o Brasil. Estendo também essa parceria ao Governador José Roberto Arruda, ex- Senador da República e Líder que foi nesta Casa, e agora nosso comandante no processo político local.

     Brasília, aliás, é a musa que nos une e nos impulsiona. Quando as forças vivas da Nação foram convocadas a erguer “num tempo, um novo tempo”, lã estava eu, um jovem moço com pouco mais de 18 anos. Eu havia assumido o sonho de deixar para trás o Nordeste, desde então castigado pelas desigualdades sociais e climáticas, para me somar aos milhares de candangos que vieram construir uma das mais espetaculares epopéias de um povo no século XX.

     Foi a política que me trouxe até aqui. Eu, assim como milhares de brasileiros de todos os rincões deste País continental, acreditava no sonho que Juscelino nos propunha.

     A política, com P maiúsculo, é, ao lado do amor e da fé, uma das maiores forças transformadoras da realidade. E política se faz com entendimento, diálogo e bons combates. Sou, portanto, aqui no Congresso Nacional, um novo soldado a serviço dos interesses do País. A serviço, por exemplo, das reformas estruturais citadas por V. Exª e das transformações de que o País necessita.

     Chego quando o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia um novo mandato sob o signo do crescimento econômico. Inclusão é a palavra do momento.

     Mas, Sras e Srs. Senadores, se o Presidente da República deseja realmente “destravar” a economia para que o Brasil volte a crescer, com estabilidade e inclusão social, Sua Excelência deve propor as reformas estruturais necessárias. Refiro-me às reformas política, tributária, administrativa, trabalhista, sindical e da Previdência. Aliás, trabalhista e sindical, no meu entender, devem caminhar juntas. Venho do setor produtivo. Trago minha experiência e minha contribuição pelo amplo conhecimento das dificuldades burocráticas que enfrentamos e enfrentei para gerar empregos e incluir brasileiros no mercado formal de trabalho.

     O ambiente atual é o mais favorável possível a um entendimento para e pelo Brasil. Destaco, como fato extremamente positivo, a aprovação e a sanção da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. O projeto elaborado pelo Sebrae Nacional, com o apoio de outras entidades empresariais - entre elas, a Confederação Nacional do Comércio, CNC, por meio da Ação Empresarial -sensibilizou o Governo, mobilizou o Congresso e ganhou força de lei.

     O desafio agora é colocá-lo em prática, a partir de julho de 2007, com a cobrança do Super simples.

     Bem, mas aí já é um novo capítulo e eu disse que falaria pouco. Como disse antes, serei breve e encerro aqui o meu “treino geral” para a longa peleja que vem por aí, nos próximos quatro anos.

     Aqui, no Senado Federal, tenho certeza de que todos amam o Brasil. O meu caso não é diferente. Para mim, o Brasil não é somente a Pátria. O Brasil é muito mais. O Brasil é uma missão. E toda missão tem de ser bem cumprida.

     Obrigado a todos e até a próxima oportunidade.

     (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/01/2007 - Página 19