Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem à mãe de S.Exa., Zilda Serrano, recentemente falecida e a Sra. Maria Salomé de Lucena, mãe do Senador Cícero Lucena, falecida hoje. Preocupação com descaso do Governo em relação a setores essenciais como saúde, segurança e educação.

Autor
Marisa Serrano (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MS)
Nome completo: Marisa Joaquina Monteiro Serrano
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Homenagem à mãe de S.Exa., Zilda Serrano, recentemente falecida e a Sra. Maria Salomé de Lucena, mãe do Senador Cícero Lucena, falecida hoje. Preocupação com descaso do Governo em relação a setores essenciais como saúde, segurança e educação.
Aparteantes
Flexa Ribeiro, Mário Couto, Rosalba Ciarlini.
Publicação
Publicação no DSF de 15/02/2008 - Página 2084
Assunto
Outros > HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MÃE, ORADOR, CICERO LUCENA, SENADOR, ELOGIO, EMPENHO, PRESERVAÇÃO, FAMILIA.
  • DETALHAMENTO, SITUAÇÃO POLITICA, PAIS, REGISTRO, APREENSÃO, OMISSÃO, GOVERNO FEDERAL, ESPECIFICAÇÃO, DESVIO, OBJETIVO, UTILIZAÇÃO, CARTÃO DE CREDITO, GOVERNO, PRECARIEDADE, SAUDE PUBLICA, ENSINO PUBLICO, REDUÇÃO, PODER AQUISITIVO, POPULAÇÃO.
  • REGISTRO, POSSIBILIDADE, DIFICULDADE, ANO, ESPECIFICAÇÃO, SITUAÇÃO POLITICA.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, INEFICACIA, PROVIDENCIA, IMPEDIMENTO, UTILIZAÇÃO, CARTÃO DE CREDITO, GOVERNO, DEFESA, CANCELAMENTO, CONTENÇÃO, IRREGULARIDADE, GASTOS PUBLICOS, DESRESPEITO, POPULAÇÃO.

A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Sr. Presidente.

Este é o primeiro pronunciamento que faço este ano e gostaria muito de homenagear a memória da minha mãe, Zilda Serrano, que faleceu semana passada, uma mulher de garra, uma mulher de fibra, determinada, assim como a D. Maria Salomé de Lucena, que faleceu hoje, mãe do Senador Cícero Lucena, de quem também conheço a história, por intermédio do Cícero, da sua esposa e dos seus filhos, e sei o quanto ela foi o esteio da família.

O Cícero me dizia, na semana passada, em relação à minha mãe, que sua mãe estava com problemas de saúde, mas que ela era realmente a fortaleza da sua família. Então, quero homenagear essas duas mulheres, porque é importante quando falamos de esteio e de família.

O Senador Cristovam Buarque falou, hoje, sobre aquilo que é importante: fazer com que a população brasileira se modifique, se transmude em termos de educação.

A educação é importante, como é importante a escola, mas mais importante do que a escola é a formação da família, uma família bem estruturada, uma família que passa a seus filhos as noções de moral, de ética, de cidadania, de dignidade. Quando a família consegue passar para seus filhos os valores maiores da sociedade, podemos garantir que teremos uma sociedade melhor.

A escola tem de ajudar, apoiar, passar o conhecimento, mas os valores são fundamentais na família. E felizes aqueles que tiveram mães como eu tive, como o Cícero teve e tantos outros e que puderam desfrutar da vida da sua mãe e estar junto com elas, percebendo quão importantes são esses valores familiares.

Sr. Presidente, chegamos no começo de uma nova legislatura. E o que é que o brasileiro está vendo no começo desta nova legislatura? Está vendo um bom exemplo, um exemplo de homens, mulheres, servidores da Nação que possam passar para toda a população brasileira essa idéia de dignidade, essa idéia de seriedade, de compromisso com o trabalho assumido, com o cargo assumido? Não. O que vimos durante o recesso desta Casa? Cada dia, um escândalo novo. Cada dia, os jornais, a imprensa estampavam para todo o País a idéia de que o servidor público, aquele que tinha obrigação de servir o público, estava servindo-se do público para ele próprio.

Essas questões preocupam, porque me parece que este será um ano difícil. Começamos passando o ano com uma crise imobiliária nos Estados Unidos. Foi uma crise que fez o mundo parar, as bolsas caírem e todos ficarem perplexos, esperando o pior. Não sei se estamos blindados contra isso. Não sei se o Brasil conseguirá passar por essa tormenta, ou se o mundo conseguirá passar por ela.

Logo depois, passando o final do ano, houve a angústia em saber se São Pedro iria derramar suas lágrimas, para que os reservatórios se enchessem e não tivéssemos um apagão. Todo mundo rezou para chover nas cabeceiras dos rios. Essa foi uma preocupação de cada um dos brasileiros, acompanhando como estavam as chuvas, em cada região do País.

Mas aí outras coisas aconteceram. Será que a inflação aumentaria no País? Por que a população começou a pensar assim? Porque os alimentos começaram a subir. O feijão disparou, e a dona-de-casa, cada vez que ia ao supermercado, começava a pensar sobre isso.

Ontem, ouvi uma reportagem em que uma dona-de-casa dizia que enchia o carrinho com um valor, mas agora estava quase dobrando o preço do mesmo carrinho de alimentos que comprava no supermercado.

Se a alimentação está se tornando cada dia mais cara, a população começa a imaginar que a inflação está voltando ou que as coisas estão ficando difíceis. Mas será que é só isso? Será que a saúde também, essa parte caótica que nós estamos vendo... “Ah, precisa de mais dinheiro!” Precisa de mais gestão! E gestão de qualidade, para uma saúde melhor para a população brasileira. E a educação está melhor? Não, a educação não está melhor. Todos os índices dizem que a educação brasileira está piorando.

Então, eu fico preocupada quando vejo toda a mídia nacional, principalmente a mídia oficial, dizer que o País vai muito bem. Preocupa-me muito, Senador Mário Couto, quando vejo isso. Como, Senador Mário, pensar que o País está indo bem se o que é fundamental - segurança, educação, saúde - está ruim, quando se vê que moralmente este País está caindo, que os valores não estão sendo respeitados por aqueles que deviam respeitá-los? Então, como se pode pensar assim? Não é só dando uma bolsa de alimentos para a população que faremos um País melhor.

Eu não imagino o Brasil daqui a umas décadas. E quero me associar ao Senador Cristovam, que acabou de se pronunciar. Como vamos imaginar um país de uma geração que convive com a situação vigente no Brasil?

Então, não será o PAC, nem as estrada, nem uma cesta de alimentos que farão com que o nosso País melhore e a sua população possa sentir orgulho de ser brasileira.

Senadora Rosalba.

A Srª Rosalba Ciarlini (DEM - RN) - Senadora Marisa Serrano, V. Exª, com sua brilhante inteligência e experiência, tem sido, desde o primeiro dia, uma defensora intransigente do nosso povo e do bem-estar da nossa gente. V. Exª expressa uma preocupação com muito clareza: como será o Brasil de amanhã? Será que amanhã haverá ainda mais violência? Ainda mais homens, mulheres e crianças morrendo nas filas dos hospitais? Por tudo isso, quero me associar a V. Exª e também ao Senador Cristovam Buarque, pois acredito que para melhorar só existe um caminho: o caminho da educação. São essas sementes que precisamos lançar nessa terra fértil da inteligência das nossas crianças. E temos de começar pelos pequenininhos. Se não dermos uma atenção especial àqueles que estão começando agora a aprender as primeiras letras, com o direito maior, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, a uma creche de qualidade, à alfabetização, à pré-escola que também os prepare para o desafio do ensino fundamental e do ensino médio, para que sejam grandes homens e grandes mulheres no futuro da Nação, nós não vamos conseguir melhorar este Brasil. Então, o que falta ao País - digo com toda a honestidade, eu sinto - não são recursos. O Brasil vem mostrando superávit de arrecadação. O que falta realmente é direcionar as ações que são prioritárias. Em vez de gastos dispendiosos com cartões corporativos, com viagens muitas vezes desnecessárias, com tanta coisa que acontece, nós temos de priorizar educação e saúde. Associo-me a V. Exª e ao Senador Cristovam Buarque, formando essa bancada pró-educação para melhorar o nosso Brasil.

A SRA. MARISA SERRANO (PSDB - MS) - Obrigada, Senadora Rosalba.

Senador Mário Couto.

O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Senadora Marisa, inicialmente eu quero confessar a V. Exª a minha admiração pela sua postura neste Senado. Cada vez que V. Exª vai à tribuna, com um tema de fundamental importância para a sociedade brasileira, anima-me a lhe fazer um aparte. Sei que V. Exª perde um pouco do seu tempo, mas, com esses pronunciamentos tão dignos, V. Exª me motiva a aparteá-la. Quero dizer a V. Exª que, nas nossas casas, mãe e pai dão exemplos aos filhos. A mesma coisa devia fazer o Presidente da República: dar exemplo aos seus filhos brasileiros e brasileiras, aos filhos que estão sofrendo. Gastar menos é a primeira coisa que se ensina, é a lição primária dentro de casa: gaste menos, economize. E o País devia, por intermédio do Presidente da República, seguir esse ensinamento familiar. Ele devia dar o bom exemplo à Nação, aos filhos brasileiros e brasileiras: gastar menos. Tudo isso, saúde, educação, segurança, é exatamente porque o Governo gasta demais, cobra imposto para, simplesmente, suprir a sua gastança. Senadora, daqui a pouco estarei na tribuna mostrando mais números - e olhe que eu mostro toda semana números da gastança da Presidência da República. Cartões corporativos com bebidas alcoólicas, Senadora, hotéis de alto luxo!

E a população brasileira pagando tudo isso, sofrendo nos hospitais, sofrendo nas ruas, enquanto o Presidente da República diz que Bolsa-Família e tudo isso é do que o povo brasileiro precisa. Nada mais. Que erro, Senadora! Erro preocupante para todos nós. Precisamos, Senadora, fazer como V. Exª está fazendo, todos os dias dessa tribuna: mostrar ao Presidente, falar. Vem à tona, sim. Essa tribuna é muito forte, Senadora, tem um eco muito grande. Vem à tona, sim, como vieram os cartões corporativos. Oxalá! Tomara! Peço a Deus que essa CPI seja produtiva e chegue até o Ministério Público para as devidas apurações! Senadora, mais uma vez, parabéns pelo seu pronunciamento.

A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS) - Obrigado, Senador Mário.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Senadora Marisa Serrano, o seu tempo se esgotou, mas eu o prorroguei por mais cinco minutos.

A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS) - Muito obrigada.

Senador Flexa Ribeiro.

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA) - Brilhante Senadora Marisa Serrano, Mato Grosso do Sul é um Estado privilegiado por ter V. Exª representando-o aqui no Senado Federal. O PSDB tem em V. Exª uma das suas mais proeminentes e competentes lideranças. V. Exª, como Vice-Presidente Nacional do nosso Partido, tem andado por este Brasil todo e levado a sua mensagem de fé, de crença na qualidade de vida melhor para o povo brasileiro.

O seu pronunciamento de hoje, como todos os outros, traz assuntos importantíssimos. Lamentavelmente, só temos que registrar questões de caos na segurança, na saúde, na educação, que são obrigações do Governo para atender à sociedade não de forma populista, assistencialista, como este Governo pratica, mas sim com dignidade, dando dignidade a todos os cidadãos. Quero parabenizá-la, Senadora Marisa Serrano. Continue na sua trajetória. O escândalo a que a Nação assiste é mais um, porque, ao longo desses seis anos do Governo Lula, a cada, não digo nem a cada semestre, talvez em menos tempo, surge um novo escândalo. Hoje a Oposição protocolou, na Mesa do Congresso Nacional, o pedido da CPI mista dos cartões corporativos, como uma demonstração à sociedade e à mídia de que a Oposição quer investigar o fato concreto do Governo Lula. E como eles querem também abrir o Governo Fernando Henrique Cardoso, apesar de não ter havido nenhuma denúncia a respeito de Fernando Henrique... Depois, vou trazer ao conhecimento de todos o e-mail que o Presidente Fernando Henrique enviou ao Presidente Sérgio Guerra, pedindo que ele também fosse investigado e que abrisse as suas contas. Então, vamos nesse caminho, na certeza de que o Brasil está crescendo, mas está crescendo muito pouco do que poderia crescer se tivesse continuado o projeto do PSDB que foi interrompido...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Prorroguei por mais um minuto, porque V. Exª tomou todo o tempo da Senadora.

O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Foi interrompido temporariamente, mas será retomado a partir de 2010. Parabéns, Senadora.

A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS) - Obrigada, Senador Flexa.

Já terminando a minha fala, queria dizer que todas as palavras dos Senadores que me apartearam indicam que é necessário que se faça alguma coisa. O que me estarrece quando eu vejo que as coisas andam de mal a pior é o caso que foi levantado aqui dos cartões corporativos. Qual é a atitude do Governo? Teria que ser a atitude que o Governador Serra teve ontem em São Paulo: cancelar os cartões. Hoje me telefonaram e disseram: “Mas continua? O cartão continua do mesmo jeito?” Do mesmo jeito, dizendo: “Olha, não gaste tanto, segura aqui, olhe ali.” Mas não é assim, tinha que se cancelar os cartões e, a partir do cancelamento, organizar algo que não pode continuar da forma que está. A sociedade está fazendo chacota e brincadeira a respeito disso. Onde chegamos perguntam: “Cadê meu cartão? Eu também quero o meu.” Essas brincadeiras indicam que a sociedade está passando do limite e da consciência que ela tem do que é real e do que é digno na sociedade. E isso é muito ruim para todos nós, para todas as instituições como a nossa acompanhar o que está acontecendo neste País.

Quero terminar a minha fala, Sr. Presidente, agradecendo a gentileza de V. Exª e dizendo que tudo que tentei expor aqui foi justamente no sentido de fazer coro com o que o Presidente da nossa Casa falou na abertura dos trabalhos. Ele reiterou a idéia e a vontade de que o Senado seja livre e independente e de que esta seja a Casa onde os Senadores apresentem as suas propostas para serem votadas e ouvidas.

Quero fazer um alerta principalmente ao Senador Garibaldi Alves Filho, o nosso Presidente, a fim de que ele continue nessa senda, pois estamos juntos com ele, lutando para fazer com que o Senado brasileiro resgate a sua credibilidade perante a população. Isso acontecerá se todos nós dermos o exemplo que falta a tanta gente neste País.

Agradeço a sua atenção. Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/02/2008 - Página 2084