Discurso durante a 13ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Referências à matéria publicada na revista Piauí, sobre o ex-Ministro José Dirceu. Críticas ao Sr. Luis Favre, marido da Ministra Marta Suplicy.

Autor
Heráclito Fortes (DEM - Democratas/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • Referências à matéria publicada na revista Piauí, sobre o ex-Ministro José Dirceu. Críticas ao Sr. Luis Favre, marido da Ministra Marta Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 23/02/2008 - Página 3430
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • REGISTRO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, ESTADO DO PIAUI (PI), ENTREVISTA, JOSE DIRCEU, EX MINISTRO DE ESTADO, COMENTARIO, DIVERGENCIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • CRITICA, CONDUTA, ESTRANGEIRO, MARIDO, MARTA SUPLICY, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO TURISMO, EMISSÃO, OPINIÃO, DESAPROVAÇÃO, INICIATIVA, OPOSIÇÃO, DEBATE, ETICA, ESCLARECIMENTOS, AUSENCIA, MORAL, INTERFERENCIA, ASSUNTO, POLEMICA, POLITICA, BRASIL.

O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todos sabem nesta Casa que tenho pavor a trazer assunto familiar para esta Casa, pois sou contra atingir família. É uma coisa que eu preservo, porque acho que não podemos misturar as bolas. Mas, hoje, infelizmente, vou ter de sair um pouco da rotina. A contragosto, vou ter de responder daqui, embora não merecesse resposta, ao atual marido da Ministra do Turismo, Marta Suplicy, o Sr. Luis Favre.

Antes, porém, quero chamar atenção para um fato. Não temos dúvida alguma, Senador Mão Santa, que a bela matéria da jornalista Daniela Pinheiro, publicada na revista Piauí, contendo entrevista feita com o ex-Ministro José Dirceu, será o roteiro dos acontecimentos políticos de todo este ano. O primeiro efeito foi uma briga interna no Partido dos Trabalhadores, com ataques ao ex-Ministro e com respostas. Essa matéria contém algumas revelações fantásticas. A distância da pátria, a solidão, o tempo livre fez com que o ex-Ministro revelasse à repórter algumas coisas que, talvez, no dia-a-dia brasileiro, ele que é um homem muito ocupado, não tivesse condições de fazê-lo.

Senador Adelmir Santana, o ex-Ministro Dirceu, conversando com um companheiro chamado Olaf, que lhe perguntara sobre vários companheiros do passado, respondeu: “O franco-argentino está se metendo demais, vou dar um pau nele em meu blog”. “Quem?”, quis saber Olaf. “O Luis Favre, o Felipe”, respondeu Dirceu, referindo-se ao nome de batismo - Felipe Belisário Wermus - do marido da Ministra Marta Suplicy.

Desde já, começamos em desvantagem, pois o cidadão tem três nomes. E aí, em um artigo em seu blog... Eu não sabia que ele tinha blog. Agora virou moda, pessoas com tempo livre fazem blog. Casualmente, isso chegou às minhas mãos. É um blog denominado Leituras do Luis Favre, e aparece, Senador João Pedro, uma fotografia do seu correligionário numa pose de fazer inveja, parecendo um segurança de dançarina de cancã. Fantástico! Pela pose do cidadão a gente vê mais ou menos o seu conteúdo. É um verdadeiro segurança de dançarina de cancã, ali nas cercanias do Moulin Rouge. Acusa a oposição. Acusa a oposição de querer o debate sobre a ética. O Sr. Favre não quer que a oposição brasileira, ele, um franco-argentino, não quer permitir que o Brasil, que os brasileiros discutam a ética. Quero pedir desculpas à Marta Suplicy, por quem tenho o maior apreço, por ter de fazer este discurso contra o marido dela. Mas é porque ele não deveria se meter nisso.

Aliás, Mão Santa, vou contar uma historinha de um cidadão que influenciou muito a minha vida pública e, tenho a certeza, também a de V. Exª. João Clímaco d’Almeida, um extraordinário político piauiense, que era conhecido, carinhosamente, por todos nós como Joqueira. Conta-se, Adelmir - veja o que é a ciência popular -, que o Joqueira, que foi fundador do Banco Agrícola do Piauí - esse que está agora sendo federalizado -, todos os dias, saía do Banco para, no vizinho, tomar um cafezinho. Esse vizinho era o fotógrafo Totó Ribeiro, que ainda vive e é uma figura extraordinária. Ali, eles conversavam, colocavam a prosa em dia, e outros companheiros também participavam. Eram vizinhos, parede com parede, o fotógrafo e o banco. Um dia, chega um cidadão, vira-se para o Totó, que era Vereador de Teresina, e diz: “Compadre Totó, me empreste cinco mil réis?”. O Totó mudava de assunto, e o cara insistia: “Compadre Totó, não me falte. Me empreste cinco mil réis. Eu estou precisando”. Na terceira vez, o Joqueira, muito sabido, muito experiente, disse: “Meu amigo, mude de assunto. Você está criando um constrangimento ao nosso querido amigo Totó. Ele é um homem de palavra. Ele fez um trato com o banco aqui do lado, que é o seguinte: nem o banco tira retrato, nem ele empresta dinheiro”.

Sr. Luis Favre - como é o nome dele mesmo? Ele tem três nomes. Deixe-me ver: Felipe ou Belisário -, vá ganhar seu dinheiro e deixe a oposição do Brasil cuidar das suas tarefas. Sr. Luis Favre, escolha outro caminho. Respeite a oposição do Brasil. V. Sª que é acolhido, recebido tão bem pelos brasileiros, não atrapalhe a Marta. Deixe a Marta seguir seu caminho. Para que trazer... O senhor traz uma polêmica sem autoridade para isso. O que fez no Brasil? Disputou mandato? Participou legalmente de algum partido? Foi e cumpriu um bom papel de primeira-dama de São Paulo. Tenho todo respeito. Agora, deixe a oposição em paz. Não é tarefa de V. Sª. Procure o que fazer. Se quer fazer disto aqui máquina de gerar dinheiro, caminho errado. Não é da acusação. A oposição brasileira tem a consciência do seu papel.

           Eu não sei se o Zé Dirceu cumpriu a promessa de dar o pau nele no blog. Não sei, mas vou procurar saber. Agora, que ele merece, merece. Ele cria problemas dentro do próprio PT e, agora, vem querer mexer com a oposição brasileira, minha gente? Cria problema constantemente e, agora, quer fazer isso dentro da oposição. Não, Sr. Favre. Nós não aceitamos isso. Nós repelimos, e vamos dar o troco tantas vezes o senhor queira fazer.

           Agora, é desproporcional, porque ele faz essa acusação à oposição brasileira num blog de meia-tigela, de repercussão nenhuma, naturalmente apenas para prestar serviço e mostrar serviço àqueles a quem deve prestar consultoria, porque de alguma coisa ele deve viver. Mas que respeite a oposição.

           A melhor coisa para quem tem atividades multifacetadas, digamos assim, é não ter inimizade. O Zé Dirceu já está zangado com o senhor, disse que o senhor falou demais. E olha que esse Zé Dirceu sabe das coisas, ele deve ter o senhor pela garganta, porque o senhor deve ter feito por merecer. Resolva seus problemas internos, resolva sua questão com o seu partido, e deixe a oposição brasileira em paz!

Peço desculpas à Dona Marta. Não gosto de atingir família. Respeito.

(Interrupção do som.)

O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Mas seu marido, Marta, está provocando a oposição brasileira, sem legitimidade nenhuma, sem autoridade nenhuma para fazê-lo.

Encerro minhas palavras pedindo ao Sr. Favre para trabalhar e deixar a oposição brasileira, porque ela sabe cumprir com seu papel.

É lamentável, Marta. Desculpe-me. Não gostaria de falar do seu marido, mas ele não tem o direito de se escorar na sua proteção, na sua luta para agredir quem inclusive a respeita.

De forma que faço, constrangidamente, este registro na certeza de que, se esse cidadão franco-argentino voltar a agredir a oposição brasileira, terá respostas nesta Casa.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/02/2008 - Página 3430