Discurso durante a 32ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do Dia Mundial da Água e o lançamento da Campanha "SOS H2O".

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Comemoração do Dia Mundial da Água e o lançamento da Campanha "SOS H2O".
Publicação
Publicação no DSF de 19/03/2008 - Página 6148
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA INTERNACIONAL, AGUA, COINCIDENCIA, DATA, FERIADO RELIGIOSO, OPORTUNIDADE, ANALOGIA, RELIGIÃO, IMPORTANCIA, RESPEITO, NATUREZA, RECURSOS HIDRICOS.
  • IMPORTANCIA, CONCILIAÇÃO, PRESERVAÇÃO, PROGRESSO, EDUCAÇÃO, MEIO AMBIENTE, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, BRASIL.
  • DEFESA, RELEVANCIA, PROGRAMA, PRESERVAÇÃO, AGUA, AUTORIA, INICIATIVA PRIVADA, ESTADO DO PARANA (PR), APOIO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), PARTICIPAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, MELHORIA, ADMINISTRAÇÃO, RECURSOS HIDRICOS, BRASIL.

O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, por uma coincidência incomum, o Dia Mundial da Água, 22 de março, este ano, recai no sábado de Aleluia, em plena Semana Santa.

Ora, a semana da Paixão, para todos os cristãos do mundo, é um momento de reflexão sobre a vida, reconhecimento das faltas cometidas no passado, e de sentida penitência.

No entanto, o mesmo período de introspecção termina com a alegria do triunfo da Ressurreição do Senhor.

Pensei em recorrer a essa lembrança do calendário litúrgico para uma oportuna analogia com a presente questão da água, tema desta sessão comemorativa. Com efeito, a humanidade toda vem, há séculos, fazendo uso impensado dos recursos hídricos como se estes fossem ilimitados, ou como se não respondesse, perante sobretudo as gerações futuras, pelos erros cometidos na gestão da natureza.

Alguns incidentes ocorridos a partir do final do Século XX, entretanto, trouxeram ao homem a consciência de seu descuido e da necessidade de uma mudança de comportamento, semelhante à metanóia do arrependimento cristão e da subseqüente decisão de não mais errar.

Sim, minhas Srªs e meus Srs. Senadores: o trato com os recursos naturais, que devemos passar a ter após havermos adquirido esse conhecimento mais profundo do frágil equilíbrio de que depende o funcionamento da natureza, é ordem semelhante à da conversão do religioso.

Ao amor cristão ao próximo corresponderá o respeito aos ritmos da Terra.

Sustentabilidade, assim, passará a ser a palavra-chave.

Não podemos parar o desenvolvimento - as necessidades do combate à pobreza e às injustiças que marcam nossa sociedade são urgências humanas. Não poderemos mais, entretanto, em nome do bem-estar humano imediato, hipotecar o futuro, condenar as gerações do amanhã a uma vida ambientalmente mais precária, ou mais triste pela perda de todos os ecossistemas naturais.

O equilíbrio entre progresso e preservação é, hoje, dever de todos.

O Brasil é, de fato, um país privilegiado em seu quinhão de água doce no mundo. Segundo as estatísticas mais difundidas, seríamos os guardiães de cerca de 12% da água aproveitável do globo.

Entretanto, por deficiências de nosso desenvolvimento desigual, pela falta de uma legítima educação ambiental de nosso povo e pela ganância de alguns, temos dilapidado essa riqueza.

Como representante de um Estado Amazônico, tenho talvez uma consciência mais aguda dos riscos da ilusão da abundância e das surpresas que pode nos pregar a natureza contrariada.

Aqui também a lição cristã do comedimento e da partilha vem a calhar: o que precisamos, a partir de agora, é aprender a administrar nossos recursos naturais, como a água, por meio de instrumentos de conciliação, como os comitês de bacia, previsto pelo Estatuto das Águas.

A propósito, é igualmente oportuno estarmos lançando, aqui no Senado, a campanha SOS H2O, que conta com o apoio da ONU e com a participação do Governo, do setor privado e de entidades civis.

Ano passado, em Foz do Iguaçu, nas proximidades das famosas cataratas, a campanha foi iniciada com um grande espetáculo de que participaram a cantora Maria Bethânia e o grupo paranaense do Balé Guaíra. Ali foi assinada a Carta de Princípios Corporativos pela Água, que é marca da participação do empresariado no esforço preservacionista, juntando-se a documentos internacionais acertados entre Estados Nacionais, como a Agenda 21 e o compromisso das Metas do Milênio. Algum movimento, pelo visto, está sendo efetivado.

Sr. Presidente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) atribui à falta de acesso a água potável cerca de 80% das mortes e doenças evitáveis entre os pobres do mundo. Dar água a quem tem sede é um dos princípios da caridade cristã a que a humanidade tem faltado, no contexto do desenvolvimento egoísta e a qualquer preço.

O fato de celebrarmos o Dia Mundial da Água na quadra da Paixão do Cristo é, a um só tempo, um convite à reflexão e uma esperança de redenção.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/03/2008 - Página 6148