Discurso durante a 32ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentário sobre sua atuação como Presidente da CPMI dos cartões corporativos na sua segunda semana de reuniões e registra alguns obstáculos que poderão surgir com o decorrer das irregularidades.

Autor
Marisa Serrano (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MS)
Nome completo: Marisa Joaquina Monteiro Serrano
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), CARTÃO DE CREDITO.:
  • Comentário sobre sua atuação como Presidente da CPMI dos cartões corporativos na sua segunda semana de reuniões e registra alguns obstáculos que poderão surgir com o decorrer das irregularidades.
Publicação
Publicação no DSF de 19/03/2008 - Página 6317
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), CARTÃO DE CREDITO.
Indexação
  • REGISTRO, EMPENHO, ORADOR, EFICACIA, TRABALHO, PRESIDENCIA, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, CARTÃO DE CREDITO, GOVERNO FEDERAL, PREVISÃO, DIFICULDADE, INEXISTENCIA, IMPASSE, IMPEDIMENTO, ANDAMENTO, PROCESSO.
  • DETALHAMENTO, INICIO, FORMA, TRABALHO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, APURAÇÃO, IRREGULARIDADE, CARTÃO DE CREDITO, GOVERNO FEDERAL.
  • QUESTIONAMENTO, INTERESSE, EXTINÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), ALEGAÇÕES, AUSENCIA, PROGRESSO.

            A SRA. MARISA SERRANO (PSDB - MS. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Agradeço ao Senador Magno Malta e ao Senador Flexa Ribeiro a gentileza.

            Sr. Presidente, vim aqui porque ouvi as palavras do Senador Alvaro Dias e acho que é o meu dever, não só perante V. Exª, que é Presidente desta Casa, dos meus Pares, mas de toda a Nação brasileira.

            Quando aceitei a convocação, e não foi nem um convite, do meu Partido para assumir a Presidência, aceitei, Sr. Presidente, porque tenho a certeza, tenho a convicção de que não preciso de ninguém que possa me dar o rumo para um trabalho que posso fazer.

            Converso com todos, tenho a liberdade de poder conversar. Não faço nada sozinha. Sou uma pessoa que trabalha em equipe e em grupo. Sempre trabalhei assim, não sei trabalhar sozinha.

            Então, é muito fácil, Sr. Presidente, conseguir comandar uma CPMI ou qualquer tipo de ação, como V. Exª faz desta cadeira, porque tem a confiança de seus Pares e sabe que todos poderão trabalhar juntos para alcançar a consecução do mesmo objetivo.

            É fácil comandar uma CPI mista como esta? Claro que não, Sr. Presidente. Claro que não! Mas eu sei muito bem que, com tenacidade, com determinação, com confiança, a gente vai caminhando e vai achando os atalhos suficientes para chegar aonde a gente quer chegar.

            Eu sabia também, Sr. Presidente, que, se na primeira vez que se colocasse o primeiro requerimento que fosse de embate completo entre as duas forças daquela CPMI, quebrar-se-ia toda e qualquer possibilidade de encaminhamento futuro. E, nessa ótica, eu achei de bom alvitre levar um pouco mais as coisas de uma semana para que as pessoas se conhecessem, para que houvesse um entendimento mínimo em que a gente pudesse avançar. Isso se chama fazer política. E foi assim que eu aprendi nos quarenta anos de vida pública que eu tenho e nos trinta anos de vida política.

            Por isso, Sr. Presidente, com a equipe toda que me assessora, que é desta Casa, que são pessoas acostumadas a trabalhar com CPIs, organizei de forma a que nós ouvíssemos algumas pessoas até que nós pudéssemos colocar aqueles requerimentos todos que tratassem do fulcro da questão, que é a quebra de sigilo. Dessa forma, teríamos mais conhecimento de causa não só entre os próprios Pares, mas também entre os assuntos a serem tratados. Isso, Sr. Presidente, porque poderia haver Parlamentares que não tivessem bem conhecimento daquilo de que se tratava. Eu tive a impressão - que depois se confirmou - que alguns Parlamentares não sabiam bem do que se tratava o cartão corporativo. Tinham dificuldade até de entender essa questão.

            Portanto, Sr. Presidente, pensei que esta seria a forma: nesta semana, uma semana que se dizia morta no Congresso Nacional, ouviríamos quatro personalidades que nos pudessem dar um rumo e, na próxima semana, na terça-feira, ouviríamos o General Félix, porque foi ele que informou à Nação brasileira o motivo pelo qual estava retirando determinados assuntos de segurança nacional e que então não poderiam ser inseridos no portal da transparência. Na quarta-feira, haveria a análise e a votação de todos os requerimentos que tratam - e são todos - de sigilo. Se, na quarta-feira, não houver o mínimo de entendimento, pelo menos tentamos. A CPMI tentou avançar, discutir, deu tempo aos Pares para conhecer os problemas. Duas semanas. Hoje é a segunda reunião que estamos fazendo. Pelo menos isso, Sr. Presidente.

            Se uma CPMI, no primeiro dia, na primeira reunião, já é para ser extinta, então é natimorta, não deveria nem ter começado, Sr. Presidente. Se deram início a uma CPMI, é para dar, pelo menos, autoridade ao Presidente, no caso, à Presidente, de fazê-la andar pelo menos duas reuniões.

            Em duas reuniões, já ouvi dizer que esta CPMI não avança, não presta. A imprensa toda repica isso, porque está ouvindo isso e tinha que repicar mesmo!

            Isso me dá a idéia de que não se quer mesmo investigar nada, Sr. Presidente. Se for assim, é melhor V. Exª, como Presidente, extinguir esta CPMI agora; ou esperamos a semana que vem para ver o que vai dar. Como eu, pelo menos, me propus a fazer e disse hoje lá, e todos os Pares aceitaram. É fácil? Não, mas eu quero dizer que, em nenhum momento, nem na reunião anterior, nem hoje nós tivemos um impasse que nos impedisse de avançar. Terminamos e fomos até o final ouvindo todo mundo. Quinze Parlamentares falaram hoje de manhã, na primeira parte; oito, na segunda. Terminamos a reunião às 15 horas, sem nenhum problema, a não ser os corriqueiros, os que temos aqui, a questão de ordem, o art. 14, que canso de ver aqui no plenário.

            Agora, se isso não é ter autoridade para levar, Sr. Presidente, não sei. Mas não sou nenhuma coitadinha. Não é preciso que V. Exª, aí da Mesa, decida o que fazer, quando uma CPMI está andando, tem um presidente, tem um relator.

            Se isso é regimental e se V. Exª resolver agora decidir - e quero me desculpar porque estou muito gripada hoje - que vai tomar uma decisão, eu quero que tome agora, porque não brinco, não sou de brincadeira, nem os Parlamentares que estão lá são de brincadeira para que V. Exª decida se continuaremos ou não. V. Exª vai ter que falar agora, porque, se V. Exª decidir acabar com essa CPMI, diga agora, e avisaremos a todos os Parlamentares que estão lá. Se é para continuar, esta Presidência não vai interferir enquanto nós tivermos dentro do Regimento cumprindo os prazos regulamentares e regimentais.

            Então, eu quis vir aqui dizer isso em questão de ordem e agradecer aos meus Pares esta oportunidade para dizer que não é fácil. Hoje eu estou muito gripada, eu tive febre a noite toda, mas agüentei até as 15 horas, sem sair de lá, para mostrar também a todos que é possível termos paciência, termos compromisso e mostrarmos para a Nação brasileira que aqui, como eu disse, não é a “casa da mãe Joana”; aqui existe ordem, existe determinação e um Regimento.

            Sr. Presidente, se agirmos assim, nós vamos conseguir fazer com que a Nação brasileira nos aceite como uma instituição em que ela possa confiar. Agora, ter meio por cento de aceitação popular... São casos como esse que nos deixam imaginando por que a população brasileira não acredita no Congresso Nacional.

            Então, eu quero, Sr. Presidente, dizer que vale a pena nós acreditarmos. Eu gostaria de andar mais um pouco com esta CPMI, até vermos aonde podemos chegar. Se, de fato, não pudermos avançar, aí é claro que os Líderes terão todo o direito de chamar os seus liderados e dizer: “Não é por aí. É por aqui”. E eu vou ser a primeira. O meu Líder sabe disso. Ele sabe por que eu aceitei vir para esta CPMI. O meu Líder sabe que a hora em que decidirem ir para um rumo, ele conta comigo para o que der e vier; o meu partido sabe disso também, os Democratas sabem disso também.Portanto, eu quero terminar a minha peroração, dizendo a V. Exª que espero o pronunciamento desta Presidência.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/03/2008 - Página 6317