Discurso durante a 77ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação e decepção com a crise por que passa a saúde no Estado do Pará.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL. MINISTRO DE ESTADO, CONVOCAÇÃO.:
  • Preocupação e decepção com a crise por que passa a saúde no Estado do Pará.
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 15/05/2008 - Página 14177
Assunto
Outros > ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL. MINISTRO DE ESTADO, CONVOCAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, ANA JULIA CAREPA, GOVERNADOR, ESTADO DO PARA (PA), PARALISAÇÃO, OBRAS, HOSPITAL, INICIO, ANTERIORIDADE, GOVERNO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), PROTESTO, DESRESPEITO, POPULAÇÃO, PRECARIEDADE, SAUDE, REGIÃO.
  • CONVOCAÇÃO, JOSE GOMES TEMPORÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), ESCLARECIMENTOS, SENADO, AUSENCIA, CONCLUSÃO, OBRAS, HOSPITAL, ESTADO DO PARA (PA).

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Pois não, Senador Sarney. Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Senador Geraldo Mesquita, tinha hoje a intenção de vir abordar novamente o tema dos aposentados. Mas falei com o Presidente ontem, e ele me disse que nós estaríamos esta semana, com absoluta certeza, conversando com o Presidente da Câmara. Mas haveria outros assuntos com relação aos aposentados. Gostaria de falar das estradas brasileiras. Há tanto assunto para falar neste País.

            Mas eu não poderia deixar de abordar este assunto, na tarde de hoje, com relação ao meu querido Estado do Pará. São coisas, Senador Geraldo Mesquita, inexplicáveis, difíceis de entender. Como sempre, V. Exª é atento a todos os pronunciamentos, tenho certeza de que, no final do meu pronunciamento, V. Exª também não vai entender o porquê do que eu vou aqui dissertar. Tenho certeza disso. Há coisas sobre as quais fico meditando e não consigo entender.

            Observe bem, Senador. O Governo anterior a este que está no meu Estado fez um financiamento no BNDES, Senador Mão Santa, Senador Mozarildo, de R$160 milhões, para fazer com que a saúde do meu Estado sofresse uma verdadeira revolução.

            Saúde. Aquela saúde que o Presidente Lula diz que, com ela, ninguém brinca. Estão brincando no meu Estado com a saúde. Cento e sessenta milhões de reais! Contrato assinado e o banco investindo no Estado do Pará.

            O Governo do Estado do Pará, Presidente José Sarney, entra com mais R$70 milhões, para construir um hospital, Senador Jefferson Péres, em cada região. Como Belém estava muito centralizada, o que o Governador do Pará pensou? “Vou construir um hospital em cada cidade pólo de cada região e, então, aquelas cidades vizinhas vão-se servir daquele hospital. Vou atingir mais ou menos um milhão e meio de pessoas, que vão servir-se desses hospitais.”

            E assim foi feito, Senadores. O BNDES, com o Governo do Estado, começou a construir os hospitais: Santarém, Tailândia, Altamira, Redenção e um hospital oncológico na cidade de Belém, para tratamento de câncer infantil.

            Pasmem Srªs e Srs. Senadores! Assume a Governadora Ana Júlia Carepa, Senador Jefferson Péres. É inacreditável, Senador! Não dá para acreditar!

            Simplesmente porque foi o governo anterior do meu Partido, o PSDB, que construiu os hospitais, e os hospitais não funcionam.

            Santarém, um dos mais belos hospitais do Norte do País não funciona na sua totalidade; Tailândia, no Nordeste do Pará, com 95% construído - e aqui tenho como testemunha o nobre Deputado do Pará Alexandre Von e o nobre Deputado Federal Lira Maia, todos os dois representantes da cidade de Santarém. Este Deputado, já é a décima vez que S. Exª está aqui, tentando sensibilizar as autoridades para fazer funcionar aquele hospital. Ranço político; não pode existir mais isso no nosso País, Senador Jefferson - não pode -, a prejudicar 1,5 milhão de pessoas que precisam do atendimento hospitalar. Noventa e cinco por cento do Hospital de Tailândia está construído. Não acabam, porque foi o Governo anterior. É um hospital iniciado para tratamento de câncer de crianças!

            Senador Mão Santa, século vinte, e a Governadora do Pará ainda não percebeu, porque usa do ranço político. Eu já disse aqui, várias vezes, nesta tribuna: eu não tenho absolutamente nada contra a Governadora. Queria eu até poder ajudá-la. Já fiz vários pronunciamentos aqui, dizendo que estou à disposição da Governadora do Pará - eu e o Senador Flexa Ribeiro -, mas nenhum telefonema, nenhum contato. Por quê? Porque nós somos do PSDB e ela é do PT!

            Em Santarém, exatamente onde a população pleiteia o funcionamento pleno do hospital, a Prefeita é do PT; a Governadora do Pará é do PT; o Presidente da República é do PT. Por que não funciona? Ranço político!

            Eu já disse, várias vezes, aqui, Senador Mão Santa - preste atenção, V. Exª já foi Governador de seu Estado - tenho certeza de que aqui todos os Senadores que já foram Governadores de seus Estados não fizeram isso e jamais fariam isso, contra a população de seus Estados.

            Senador Mão Santa, eu não faço isso por oposição. O meu coração é aberto. Eu não estou aqui com demagogia, Senador Mão Santa. Eu não tenho nada contra a Governadora do Estado do Pará. Eu não torço pela desgraça do meu Estado! Eu torço para dar certo o Governo dela. Isso é uma realidade, isso não é demagogia, Senador Mão Santa. Eu não torço pela desgraça; eu estou torcendo para que dê certo, mas não posso dizer que agora está dando certo, porque faltou humildade. Com humildade, vai-se a tudo; sem humildade, não se leva nada, não se consegue nada!

            Eu nunca vi, nos meus 62 anos de idade, um Governo bem sucedido que use de ranços políticos e esqueça a humildade. Nunca vi na minha vida dar certo. Não podemos mais aceitar. O povo do interior é o povo mais sofrido. Quando a capital tem tudo, o interior não tem nada, e quando se quer fazer, vem alguém e desfaz.

            Por isso, nobres Senadores, por não conseguir mais aceitar e aturar coisas que prejudiquem a população do meu Estado, que prejudiquem uma cidade tão hospitaleira como é Santarém, uma cidade que tem um povo carinhoso. E não é só Santarém, são várias cidades vizinhas de Santarém...

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Mário Couto.

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Pois não, Senador.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Permita-me relembrar o nosso Presidente Luiz Inácio. Não estou entendendo, porque ele disse que a saúde do Brasil estava atingindo a beira da perfeição. Estou surpreso com o relato de V. Exª.

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Não está; no meu Estado, não está. Lógico; todos nós sabemos, Senador Jarbas Vasconcellos, que a saúde no Brasil vai muito mal. Penso que nunca houve época em que a saúde no Brasil estivesse tão mal, Senadores!

            Que a violência neste País estivesse tão mal! Tão mal! Não vou fazer isso com a intenção de querer intimidar alguém aqui ou algum Ministro, mas não consigo mais ficar sem tomar qualquer posição em relação a esses hospitais, principalmente os hospitais de Santarém e de Tailândia.

            Como a verba é pública federal, quero que o Ministro venha a esta Casa prestar esclarecimentos. Por que, se o dinheiro foi liberado? Por que, se o contrato está vigente, se há hospitais construídos com equipamentos encaixotados? Por que esses hospitais não funcionam? Por que esses hospitais não servem à população? Por que, Srªs e Srs. Senadores? Temos de saber por quê.

            Vamos chamar o Ministro Temporão.

            Fulcrados no que preceitua o § 1º do art. 50 da Constituição Federal, combinado com o inciso III do art. 90 e do § 1º do art. 397 do Regimento Interno do Senado Federal e, considerando os graves problemas enfrentados no setor de saúde pela população do Estado do Pará, é que requeremos seja convocado o Exmº Sr. Ministro de Estado da Saúde, Dr. José Gomes Temporão, a fim de prestar informações acerca da paralisação das obras dos hospitais custeados com verbas federais no Estado do Pará.

            Tenho que fazer isso, Srs. Senadores, não posso mais ver aqueles hospitais prontos, grandes hospitais, que vão servir a mais de um milhão e meio de pessoas, porque são vários, em cada região um, parados por ranço político e por falta de humildade da Governadora do Estado do Pará.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/05/2008 - Página 14177