O SR. AUGUSTO BOTELHO (Bloco/PT - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exmº Sr. Presidente, Garibaldi Alves Filho; Senador Arthur Virgílio Neto, autor do Requerimento; Prefeito Serafim, da Cidade de Manaus; Desembargador Hosannah Florêncio de Menezes; Roger, Rômulo, Ronald, filhos do querido Senador Jefferson Peres, sua nora Taynah, e Dona Marlídice (Magistrada Marlídice).

Eu sou um médico que fui eleito Senador nesse segundo mandato, juntamente com o Senador Jefferson Peres. Com ele, dei os primeiros passos dentro desta Casa. Muitas vezes procurei sua orientação e fui estimulado por meus amigos de Roraima, onde, também, em vários locais, recebi manifestações de pesar e de tristeza por sua partida repentina. Aliás, eu sempre ouvia os seus pronunciamentos. Mas, nesse último pronunciamento, ele passou por mim e falou daquele seu jeito, assim: “Vou falar sobre o Amazonas”. Porque sempre eu - eu sou de Roraima - e, lá em Roraima, a gente tem essa idéia de que querem internacionalizar a Amazônia, principalmente com essa história de área indígena. Na nossa fronteira com a Venezuela, temos apenas um pequeno espaço que não é área indígena, mas já estão querendo transformá-lo em área indígena.

Eu sempre falava com ele, mas não o convencia. Fiquei surpreso naquele dia, quando ele disse que começava a achar que aquela nossa postura, que parecia uma paranóia, estava se tornando realmente uma coisa palpável e que nós deveríamos tomar providências em relação a isso. Quando ele terminou o discurso, eu o acompanhei. Foi o último trajeto que fiz com ele. Fomos até a porta do cafezinho conversando sobre seu discurso. Eu lhe disse que tinha ficado feliz com seu pronunciamento.

Fiquei surpreso demais quando, em Boa Vista, recebi a notícia de sua morte, o que eu não imaginava que aconteceria tão cedo. Ele era um dos que tinham a vida mais saudável aqui dentro. Inclusive, tinha também uma aparência saudável. Estava sempre esperto, levantava-se rapidamente, era hígido. Nunca o vi reclamando de uma dor. Eu tenho uma dor no joelho e nunca o ouvi falar de dor alguma que tivesse.

Eu pedi para falar - não estou representando Partido algum, mas o meu Estado de Roraima - para dizer do nosso sentimento pela sua ausência e também para fazer um pedido. Várias homenagens serão feitas, inclusive dando seu nome a uma sala do Senado, mas acho que homenageamos mais o Senador Jefferson Péres fazendo nesta Casa mudanças necessárias para que a ética possa ser considerada.

Uma delas, que ele achava necessária e que apoiava, seria a votação aberta nos processos de cassação de mandato de Senadores e Deputados. Uma PEC do Senador Osmar Dias, se não me engano, de número 86, que está aqui para ser votada, trata disso. Sr. Presidente, se conseguirmos votá-la, se V. Exª acelerar a tramitação dessa PEC para que ela seja votada, esta será uma forma de homenagear o Jefferson Péres. Tenho certeza de que, lá de cima, ele ficará feliz com isso, como ficará feliz também se o Tribunal Superior Eleitoral passar a considerar o passado dos candidatos. Não é justo que um funcionário público, para poder assumir um cargo, não possa responder a nenhum processo e que nós, que também somos funcionários públicos, Deputados, Senadores, Vereadores e Deputados Estaduais ou autoridades executivas, possamos assumir estando respondendo a processo. Algo tem que ser feito, alguma coisa tem que mudar. Não pode ser dessa forma. Senão a gente não vai conseguir fazer um país justo, um país que respeite o cidadão.

Esta é a homenagem que eu queria prestar ao Senador Jefferson Péres, pedindo ao Presidente que a gente consiga votar logo essa Emenda Constitucional nº 86, de 2007, que obriga ao voto aberto nos processos de cassação de Senadores e Deputados. Seria o primeiro passo. Mas outros passos serão dados.

Tenho certeza de que seus filhos, de que sua família saberá honrar seu nome. Meu pai também foi Deputado e custei a me meter em política. Minha mãe não queria que eu me metesse e levei trinta anos para entrar na política, mas espero que vocês não demorem tanto assim porque as pessoas dos nossos Estados, do nosso Brasil são mais honestas do que desonestas. A gente só vem para cá porque o número de pessoas honestas é maior. Falam de Parlamentares que são eleitos sem dinheiro, como eu e o Senador Jefferson Péres e muitos que estão aqui dentro, que são eleitos pelo seu trabalho... Claro que não estou me comparando ao Jefferson Péres, pois eu sou uma formiguinha perto dele, que é um leão. Mas é esse caminho que temos de seguir e espero que vocês também o sigam, porque o Brasil precisa de pessoas como seu pai, de quem nós, brasileiros, roraimenses e amazônidas lamentamos muito a ausência.

Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)