Discurso durante a 111ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Voto de aplauso ao Professor 'bolivariano' Alírio Martinez, que exerceu a Coordenação de Ciência, Tecnologia e Educação junto à OTCA. Destaque para a realização do Festival Folclórico do Boi Bumbá, em Parintins - AM.

Autor
João Pedro (PT - Partido dos Trabalhadores/AM)
Nome completo: João Pedro Gonçalves da Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA CULTURAL.:
  • Voto de aplauso ao Professor 'bolivariano' Alírio Martinez, que exerceu a Coordenação de Ciência, Tecnologia e Educação junto à OTCA. Destaque para a realização do Festival Folclórico do Boi Bumbá, em Parintins - AM.
Aparteantes
Cristovam Buarque, Jefferson Praia.
Publicação
Publicação no DSF de 26/06/2008 - Página 23194
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, PROFESSOR, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, COORDENADOR, AREA, CIENCIAS, TECNOLOGIA, EDUCAÇÃO, ORGANIZAÇÃO, TRATADO, COOPERAÇÃO, REGIÃO AMAZONICA, ELOGIO, ATUAÇÃO, DEFESA, FLORESTA AMAZONICA, INDIO, REGIÃO.
  • ANUNCIO, REALIZAÇÃO, MUNICIPIO, PARINTINS (AM), ESTADO DO AMAZONAS (AM), FESTIVAL, FOLCLORE, IMPORTANCIA, MANIFESTAÇÃO, CULTURA, POPULAÇÃO, REGIÃO AMAZONICA, ORIGEM, INDIO, SUPERIORIDADE, NUMERO, TURISTA.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Paulo Paim; Srªs e Srs. Senadores, registro o fim ou o término dessa etapa de um trabalho que foi desempenhado na OTCA, organização dos países do pacto amazônico, do Professor Alírio Martinez, que desempenhou, nesses últimos dois anos, a função da Coordenação de Ciência, Tecnologia e Educação junto à OTCA. O Professor Alírio Martinez é membro da Academia da Universidade Bolivariana, da Venezuela, precisamente em Caracas.

O Professor Alírio percorreu a nossa Amazônia, os Estados da Amazônia brasileira, como Pará, Roraima - há bem poucos dias, ele esteve em Roraima -, Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso e Tocantins. Ele andou bastante, não só representando a OTCA, mas discutindo a educação, a tecnologia, a importância da ciência nesse território pan-amazônico.

Então, estou apresentando um voto de aplauso pelos dois anos de trabalho abnegado, cuidadoso, zeloso que o Professor Alírio desempenhou. Desejo ao professor, que está retornando à Venezuela e à sua universidade, que volte para o seu país sabendo que desempenhou um grande e relevante trabalho - e não só no Brasil. Participei com o professor de um debate na Universidade Nacional do Equador, na Província de Loja. Lá ele estava falando de Amazônia, falando dos povos indígenas. É um professor que tem uma sensibilidade, uma compreensão do papel estratégico, relevante que tem a nossa Amazônia.

Eu desejo que o Professor Alírio volte para o seu país, para a sua universidade e continue desempenhando a sua bela função transformadora como mestre da universidade bolivariana.

Sr. Presidente, quero falar de uma das mais ricas manifestações populares, que é a festa que acontecerá, neste final de semana, em Parintins, cidade onde nasci, cidade onde vivi por muito anos e que hoje, em função da atividade política, visito basicamente nos finais de semana. E este é um final de semana especial, por conta da festa do Boi Bumbá, um festival folclórico que acontece todos os anos na cidade de Parintins.

Essa é uma festa popular, uma festa dos artistas de Parintins. Estou falando de homens, de mulheres, de jovens que promovem essa festa e que virou uma festa nacional.

O Brasil todo, embaixadores, representações de países que estão no Brasil viajam para o nosso Estado, para Manaus, e depois se deslocam de barco ou de avião - uma média de 18 horas, 20 horas de barco e uma hora de avião -, descendo a principal avenida da Amazônia, que é o rio Amazonas.

Então, Parintins, mais uma vez, com a sua população, o Boi Caprichoso e o Boi Garantido, fará esse espetáculo, essa festa que, sem dúvida alguma, é uma das principais manifestações culturais de toda a Amazônia. Não quero aqui ter uma postura de arrogância para dizer que é a principal, a melhor, mas é uma festa com cheiro, com sabor de floresta. É uma festa que tem um encanto, porque mergulha nos rituais indígenas da nossa Amazônia. É uma festa que expressa, na dança, na pintura, no artesanato, o que há de mais belo na nossa região.

Sr. Presidente, essa festa em Parintins faz parte de uma agenda em que mergulhamos na história do povo brasileiro, porque faz parte da pluralidade e da diversidade cultural do nosso Brasil, do nosso País, da nossa Amazônia. É uma festa a que não apenas se assiste, dela se participa. Quem chega a Parintins participa da festa, porque dança, canta, chora. A emoção é muito forte na dança, nos ritos, na representação dos ancestrais, nas cores, na história da nossa Amazônia.

O europeu chega aqui no século XVI e começa a falar da Amazônia. Mas só mergulhando na pesquisa... Os artistas, os poetas e os escritores de Parintins fazem assim: mergulham na história e vivem estudando permanentemente a Amazônia e os seus povos. Isso é traduzido na festa, que tem o seu primeiro dia na próxima sexta-feira, o segundo dia é o sábado, e o último dia de festa é o domingo.

Sr. Presidente Paulo Paim, não há uma única confusão. É uma celebração a festa, é um encontro da Amazônia, mas, hoje, é um encontro do Brasil.

Pena que os custos não sejam pequenos, mas é uma festa que merece o esforço de estudiosos, da juventude, principalmente de quem gosta no Brasil de festa popular, pois essa é uma festa popular, esse acontecimento é uma festa popular, e ela traduz essa diversidade que tem a marca da nossa Amazônia.

Então, quero parabenizar o povo de Parintins, os patrocinadores, o Governo Estadual, o Governo Municipal, os Vereadores, mas fundamentalmente o povo da cidade, por construir e proporcionar mais um evento cultural de tamanha importância para a nossa região e para o Brasil.

Quero, desde já, parabenizar o povo de Parintins, que faz essa festa tão bonita, que canta, que dança, através de alegorias de dez, quinze metros de altura, as quais mergulham no imaginário indígena das etnias, e as cores, o fogo, a dança formam um cenário inesquecível.

Então, quero parabenizar o povo de Parintins, os artistas do Caprichoso, os seus poetas, os artistas do Garantido, os poetas do Garantido, todos os figurantes, o ritmo inconfundível, único, que é extraído dos surdos.

O Garantido tem a batucada, o Caprichoso, a marujada. É uma orquestra de aproximadamente 400 integrantes, que produzem uma toada, um ritmo, que engrandece a cultura do nosso País.

Concedo um aparte ao Senador Jefferson Praia.

O Sr. Jefferson Praia (PDT - AM) - Senador João Pedro, parabenizo-o por ressaltar essa nossa festa maravilhosa que temos na Amazônia e aproveito para fazer uma breve reflexão sobre essa questão. Veja bem, temos lá um grande encontro, Caprichoso e Garantido, uma festa maravilhosa, Senador Paulo Paim, que faz com que, na verdade, a economia de Parintins fique muito mais dinâmica do que é com suas demais atividades. Portanto, uma das fórmulas que percebemos é esta de tentarmos viabilizar iniciativas dessa natureza, como o Boi de Parintins, que faz com que não só as pessoas da nossa região, do nosso Estado, mas de outros Estados brasileiros e do exterior se desloquem para ali a fim de verem aquele grande encontro de Garantido e Caprichoso. Dessa forma, a renda chega, o trabalho acontece e as pessoas melhoram sua qualidade de vida. Percebemos, por meio disso, a importância do turismo de eventos e de eventos como o Boi de Parintins. V. Exª está de parabéns por ressaltar essa festa, no próximo final de semana. Será uma grande festa e o Estado do Amazonas estará com seus olhos, com seus corações, voltados para Parintins. Parabéns!

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Muito obrigado, Senador Jefferson Praia. V. Exª é um representante do nosso Estado e, com certeza, estará presente, pelo menos um dia, a Parintins.

Espero que logo, logo o Presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte, Senador Cristovam Buarque, possa conhecer a festa, andando pelas ruas de Parintins, participando lá no bumbódromo. Existe um local. Durante o dia, as ruas ficam repletas, com a população que para lá se desloca. Parintins recebe, esta semana, em torno de 100 mil turistas. É uma ilha, fica na margem direita do rio Amazonas. A cidade recebe com muito orgulho os turistas.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Senador João Pedro, permita-me interrompê-lo. Tenho de medir a pressão de duas em duas horas. O Senador Jefferson Praia vai presidir a sessão para que V. Exª possa concluir sua fala. O Senador Cristovam falará e depois vai dar-me a oportunidade.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - V. Exª vai medir a pressão, mas esta sessão é tranqüila.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Tranqüila. Só para fazer um controle, por orientação médica.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Está bem.

Falando do Senador Cristovam, V. Exª, como um homem da cultura, como um Senador ligado à educação, precisa conhecer essa manifestação. É uma manifestação única, por conta do contexto amazônico, dos rios, da ilha que é a cidade de Parintins, da sua população oriunda fundamentalmente dos povos indígenas. Encontra-se nessa festa a presença dos pescadores, dos castanheiros, da figura típica da Amazônia. É uma festa que a população de Parintins foi construindo, com os seus artistas. Ela começou de forma muito modesta, na década de vinte, percorrendo as ruas escuras da cidade, e foi ganhando espaço na mídia, incorporando elementos da nossa história, da nossa cultura. E, hoje, o local onde o espetáculo acontece é denominado de bumbódromo. São dois grupos, o Garantido e o Caprichoso, que fazem uma festa, mergulhando na Amazônia ribeirinha, na Amazônia indígena, nas lendas, na mistura das cores, dos movimentos, da dança, da expressão corporal, do balé. O bumbódromo se transforma num grande teatro, num grande teatro, e o espetáculo é inesquecível.

Concedo a aparte a V. Exª.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador, apenas para dizer que aceito, com muita satisfação, o seu convite para, em algum momento, em algum desses anos futuros, poder assistir a essa grande festa. Nasci em um domingo de Carnaval, em Recife, ou seja, sou um homem do frevo. Mas não posso negar que toda vez que assisto, em vídeo, ao espetáculo de Parintins, sinto-me emocionado com o tamanho daquela festa em proporção ao tamanho da cidade. O Rio de Janeiro, que tem seu desfile de Carnaval, é uma cidade de milhões de habitantes, e é uma parcela pequena que está ali; mas, em Parintins, dá a impressão de que a cidade inteira participa, ninguém fica de fora. Além disso, o forte e arraigado espírito da dança, da cenografia com a região amazônica faz dessa festa algo absolutamente ímpar no cenário cultural brasileiro. Eu gostaria muito de um dia poder estar presente...

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - No próximo ano.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - ... e sentir a emoção que vocês da região sentem também.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Muito obrigado. V. Exª, que é um homem do frevo, vai-se tornar um homem do boi-bumbá também, porque a festa é muito bonita.

Quero encerrar, Sr. Presidente, e dizer da minha alegria, como representante do nosso querido Estado do Amazonas, de estar falando de uma manifestação cultural e fazendo o registro de uma festa popular. E o Brasil é um País erudito, mas é um Brasil de festas populares, como a de Recife, como a festa do bumba-meu-boi, do Maranhão, e tantas outras como a do boi-bumbá, trazida pelos portugueses, trazida para cá pela cultura africana, afro-descendente. Enfim, essa festa expressa a pluralidade cultural do Brasil, mas expressa, fundamentalmente, a diversidade étnica dos povos indígenas da Amazônia.

Então, parabéns Parintins! Espero que esse festival seja mais um exemplo também de celebração da harmonia, da solidariedade em defesa da nossa Amazônia.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/06/2008 - Página 23194