Discurso durante a 134ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro de visita à Amazônia Ocidental, a convite do Comando Militar da Amazônia.

Autor
Virginio de Carvalho (PSC - Partido Social Cristão/SE)
Nome completo: Virginio José de Carvalho Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
FORÇAS ARMADAS.:
  • Registro de visita à Amazônia Ocidental, a convite do Comando Militar da Amazônia.
Publicação
Publicação no DSF de 18/07/2008 - Página 28258
Assunto
Outros > FORÇAS ARMADAS.
Indexação
  • REGISTRO, VISITA, ORADOR, CONGRESSISTA, REGIÃO AMAZONICA, ATENDIMENTO, CONVITE, COMANDO MILITAR DA AMAZONIA (CMA), COMENTARIO, SUPERIORIDADE, EXTENSÃO, TERRITORIO, QUALIDADE, BIODIVERSIDADE, CLIMA, RECURSOS NATURAIS, RECURSOS MINERAIS, DIVERSIDADE, POPULAÇÃO, GRAVIDADE, FALTA, ASSISTENCIA, GOVERNO, POPULAÇÃO CARENTE, MARGEM, RIO.
  • DEFESA, PROMOÇÃO, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, REGIÃO AMAZONICA, BUSCA, SOLUÇÃO, PROBLEMA, POLITICA FUNDIARIA, ESPECIFICAÇÃO, RESERVA INDIGENA, ESTADO DE RORAIMA (RR), NECESSIDADE, AUMENTO, CONTINGENTE MILITAR, EXERCITO, MELHORIA, FISCALIZAÇÃO, FRONTEIRA, PROTEÇÃO, SOBERANIA NACIONAL.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, COMANDO MILITAR DA AMAZONIA (CMA), FISCALIZAÇÃO, PROTEÇÃO, REGIÃO, FAIXA DE FRONTEIRA, BRASIL, MELHORIA, INFRAESTRUTURA, RODOVIA, PONTE, INSTALAÇÃO HIDRAULICA, BENEFICIO, POPULAÇÃO, MARGEM, RIO, ASSISTENCIA, ALIMENTAÇÃO, EDUCAÇÃO, SAUDE, QUESTIONAMENTO, INFERIORIDADE, NUMERO, CONTINGENTE MILITAR, AREA, DIFICULDADE, ACESSO.
  • DEFESA, NECESSIDADE, SENADOR, DEBATE, BUSCA, SOLUÇÃO, PROBLEMA, REGIÃO AMAZONICA, ESPECIFICAÇÃO, POLITICA FUNDIARIA, MEIO AMBIENTE, DIFICULDADE, ATUAÇÃO, FORÇAS ARMADAS, REGIÃO.

           O SR. VIRGÍNIO DE CARVALHO (PSC - SE. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a convite do Comando Militar da Amazônia (CMA), Parlamentares das duas Casas do Legislativo Federal estiveram na Amazônia Ocidental entre os dias 24 e 31 de maio do corrente ano. Tive a felicidade de participar da Comitiva e conhecer um pouco mais sobre nossa maior e mais complexa região.

           Eu, que já visitei e residi em países localizados em distintos continentes, posso asseverar que nenhum local impressiona mais do que a nossa Amazônia Legal, conforme definida pela Lei nº 1.806/53. Trata-se de uma área imensa, correspondente a mais de 5,2 milhões de km2, espalhada pelos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e parte de Tocantins, Mato Grosso e Maranhão.

           E por que é tão impressionante? -- poderiam os Senhores e as Senhoras Senadoras indagar-me. Respondo: porque naquela região tudo é superlativo: a extensão territorial, a diversidade de fauna e flora, os rigores climáticos, a suntuosidade da floresta equatorial, os ricos reservatórios de água doce, a intrincada composição étnica da população, os valiosos e ainda inexplorados recursos minerais, os diferentes biomas, enfim, toda uma gama de fatores que resultam em uma complexidade sem par em todo o planeta.

           Ao mesmo tempo, Senhor Presidente, são inúmeros os problemas que assolam uma das regiões mais desassistidas do País. Equivalente a cerca de 60% do território nacional, a Amazônia Legal abarca, apenas, 12% de nossa população. Dispersos, os contingentes populacionais, sobretudo os chamados “ribeirinhos”, vivem praticamente sem o apoio do Estado, deixados à sua própria sorte.

           Por outro lado, ainda não foi convenientemente enfrentado o desafio de promover o chamado desenvolvimento sustentável. Em conseqüência, toda uma geração cresce sob risco de não encontrar, no futuro próximo, alternativas de emprego e renda.

           A região sofre, também, com delicadas questões sociais e políticas, como a recente demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol demonstrou. Com efeito, os retesamentos e os embates permanecem irresolvidos, a envolver índios, garimpeiros, movimentos de sem-terra e atingidos por barragens, fazendeiros, ONGs, madeireiros e biopiratas. Como não bastasse, Senhor Presidente, tudo isso se desenrola tendo por base uma situação fundiária caótica.

           Emerge, portanto, a sempre presente necessidade de fazer valer nossa soberania. A tarefa, Nobres Colegas, não é simples. Temos mais de 11.000km de fronteiras com sete países sul-americanos, alguns deles em situação conflituosa, para dizer o mínimo. As incursões de guerrilheiros, biopiratas e traficantes são cada vez mais freqüentes e, para defender a inviolabilidade de nossas terras, dispomos de um diminuto contingente de 25 mil homens do Exército Brasileiro.

           Srªs e Srs. Senadores, é hercúlea a tarefa a cargo de nossas Forças militares, em especial o Exército. Além dos inimigos que há pouco enumerei, há que considerar o desafio do próprio teatro de operações: localidades inóspitas, assoladas por doenças tropicais, sujeitas a oscilações climáticas tremendas, com vastas porções do território cobertas por água em boa parte do ano, impondo severas restrições de ordem logística. Em tal cenário, é elogiável o papel exercido pelo Comando Militar da Amazônia (CMA), apoiado pelo 9º Distrito Naval e pelo 7º Comando Aéreo Regional (Comar VII).

           Além de sua missão precípua, quer seja, defender nossas fronteiras, o CMA atua na área de infra-estrutura, construindo, restaurando e fazendo a manutenção de estradas e pontes, além de realizar estudos e projetos e de preparar obras hídricas, como sistemas de abastecimento de água e poços tubulares. Na área social, atua junto às populações ribeirinhas, fornecendo-lhes desde gêneros alimentícios, até transporte, saúde e educação.

           Para ilustrar, gostaria de descrever o que vi, por exemplo, em alguns Pelotões Especiais de Fronteira (PEF), como os de Yauaretê e Maturacá, ambos no Amazonas ocidental, fronteiriços com a Colômbia e a Venezuela, respectivamente. No primeiro, há um contingente de apenas 64 militares, e uma população civil no entorno que chega a mais de 6.000 pessoas, entre brancos e índios de várias etnias, como piratapuias, tucanos, cubeos, guananos, rúpdas, tuyucas e outras. O acesso se dá por via aérea ou fluvial. Extrapolando suas atribuições específicas, o PEF presta serviços médicos, oferece ensino pré-escolar, alfabetização e Internet para a comunidade.

           Em Maturacá há 50 militares, e a população indígena alcança 1.800 yanomamis. Trata-se de uma localidade isolada na selva, que não dispõe, sequer, de estação de tratamento de água. Ainda assim, o PEF contribui com o fornecimento de energia elétrica para as comunidades e a oferta de serviços de saúde, incluindo odontologia.

           Srªs e Srs. Senadores, isto é fazer muito, com muito pouco! Mencionei dois Pelotões situados em fronteiras longínquas, em áreas de floresta densa, margeadas por fronteiras de alto risco de belicosidade. E eles totalizam pouco mais de uma centena de soldados!

           As questões que envolvem a Amazônia, Sr. Presidente, merecem ser debatidas intensamente pelo Senado Federal. Sem considerar a dinâmica propriamente econômica, temos cerca de 200 matérias tramitando na Casa, que envolvem temas relacionados ao meio ambiente, por um lado, e a assuntos indígenas, por outro. Vejo, portanto, que estamos cumprindo a nossa parte, embora reste um grande flanco de atuação para nós, Parlamentares.

           Devemos dedicar-nos, mais e mais, à densa e multifacetada realidade fundiária da região, que possibilita acontecimentos desagradáveis e à margem da lei, como os divulgados pelo programa “Fantástico”, da Rede Globo de Televisão. A compra de terras por estrangeiros com fins suspeitíssimos tem sido freqüente. Acompanhei a indignação dos Colegas Arthur Virgílio, Eduardo Suplicy, Mozarildo Cavalcanti e Mesquita Júnior. Têm razão os Nobres Senadores em se preocupar, e com eles me solidarizo!

           Além disso, a segurança desse nosso patrimônio maior deve constituir-se em objeto de permanente atenção. O Senado Federal, seja por meio das atribuições de fiscalização, seja por intermédio da propositura de leis mais apropriadas e rigorosas, não pode se abster neste momento, assim como jamais o fez em sua longa trajetória.

           Por fim, quero ainda uma vez manifestar minha admiração e meu respeito pelas Forças Armadas do Brasil, que cumprem abnegadamente sua missão, sob as mais duras condições, em todos os rincões de nosso imenso País.

           Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente!

           Obrigado pela atenção!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/07/2008 - Página 28258