Discurso durante a 135ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Pesar pelo falecimento de Athos Bulcão.

Autor
Adelmir Santana (DEM - Democratas/DF)
Nome completo: Adelmir Santana
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Pesar pelo falecimento de Athos Bulcão.
Aparteantes
Epitácio Cafeteira, José Sarney.
Publicação
Publicação no DSF de 02/08/2008 - Página 28448
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ARTISTA, IMPORTANCIA, COLABORAÇÃO, CONSTRUÇÃO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), CRIAÇÃO, ARTES PLASTICAS, MONUMENTO NACIONAL, ESPECIFICAÇÃO, IGREJA, TEATRO.
  • DEFESA, NECESSIDADE, GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF), PRESERVAÇÃO, PATRIMONIO ARTISTICO, DISTRITO FEDERAL (DF), ESPECIFICAÇÃO, EDIFICIO SEDE, TEATRO.
  • REGISTRO, DOAÇÃO, FUNDAÇÃO, ARTISTA, OBRAS, GABINETE, ORADOR, SENADOR.
  • COMENTARIO, APRESENTAÇÃO, EMENDA, PROJETO DE LEI ORÇAMENTARIA, GARANTIA, RECURSOS, VALORIZAÇÃO, EFETIVAÇÃO, INSTITUIÇÃO ARTISTICA, DISTRITO FEDERAL (DF), AMBITO NACIONAL.

O SR. ADELMIR SANTANA (DEM - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na verdade, venho à tribuna para fazer o registro, creio eu que já feito pelo nobre Senador Gim Argello, da perda lastimável de um candango célebre, consagrado na nossa cidade.

Athos Bulcão é um artista, se assim podemos dizer, baseando-nos na sua obra, que se faz presente em todos os pontos da nossa cidade. Nos pontos de maior destaque, lá está a presença de Athos Bulcão. Aqui, no Congresso Nacional, em alguns locais do Senado e da Câmara, também se faz presente a sua arte, o seu trabalho. Athos Bulcão é daqueles pioneiros e candangos que vieram para Brasília bem antes da sua inauguração, todos, naturalmente, imbuídos de um sonho. O sonho da realização, o sonho do desenvolvimento nacional foi impregnado em todos nós, que para aqui viemos, pela saga de Juscelino Kubitschek, que vislumbrou a transferência da Capital do País como um foco de desenvolvimento para a Região Norte e para a Região Nordeste.

Athos Bulcão foi um pioneiro que aqui chegou em 1957 e tem a sua obra consagrada não apenas no Distrito Federal, mas em todo o País e em algumas partes do mundo. É preciso que nós nos recordemos de que ele criou a Fundação Athos Bulcão, a qual esta Casa tem procurado manter, inclusive com a aprovação de algumas emendas.

Creio que o seu falecimento vai despertar em todos nós e no Poder Público a necessidade de preservação dessa obra tão importante para o Distrito Federal e para o País.

Tive a oportunidade, quando cheguei ao Senado, de fazer uma homenagem a Athos Bulcão, recebendo de sua Fundação a doação de algumas obras que fizeram parte, durante mais de um ano, da decoração do meu gabinete, obras que reverenciavam a memória da sua arte, usada, inclusive, na residência oficial de Israel Pinheiro.

Quero, portanto, me solidarizar com a família, com os amigos, com os arquitetos do Brasil e de Brasília pela perda dessa importante figura nacional.

Ainda no Orçamento de 2008, tive a oportunidade de apresentar uma emenda para a Fundação Athos Bulcão, objetivando valorizá-la e firmá-la como uma instituição efetivamente nacional e de grande interesse para todos nós de Brasília.

É bom que se ressalte que a obra de Athos Bulcão se faz presente em monumentos públicos - na Igreja de Fátima, no Teatro Nacional e, como eu disse, aqui no Congresso Nacional - e precisa ser preservada, precisa ser acompanhada. É muito visível que o painel do Teatro Nacional está hoje extremamente desgastado e é preciso que o Governo local tenha a iniciativa de preservá-lo, porque é uma obra que não pertence apenas a nós, brasilienses, mas ao Brasil e ao mundo. Trata-se de uma obra de grande relevância desse artista que hoje nos deixa.

Concedo um aparte ao nobre Presidente José Sarney.

O Sr. José Sarney (PMDB - AP) - Associo-me a V. Exª no pesar, que temos todos nós, pela perda do grande artista Athos Bulcão, perda essa para o Brasil e, especialmente, para Brasília. Athos Bulcão está, sobretudo, ligado à simbologia de Brasília. Quando nós falamos de Brasília, sem dúvida alguma, há alguns ícones que representam a aventura da construção da cidade, algumas marcas artísticas: o traço de Niemeyer; o traço do Plano Piloto, feito por Lúcio Costa; e, sem dúvida alguma, os azulejos de Bulcão, na sua beleza, na simplicidade com que ele soube, em seus traços, retratar a luz e as formas da nova Capital e do céu de Brasília. Muito obrigado.

O SR. ADELMIR SANTANA (DEM - DF) - Agradeço a V. Exª pelo aparte. Na verdade, a obra de Niemeyer recebe luz com a complementação dos painéis de Athos Bulcão. A cidade fica iluminada por suas obras, seus painéis, como temos a oportunidade de verificar em ambientes públicos: aqui, no Tribunal de Contas da União, na Igrejinha, no Teatro Nacional, citando apenas alguns.

Concedo um aparte ao Senador Cafeteira.

O Sr. Epitácio Cafeteira (PTB - MA) - Senador Adelmir Santana, eu também me solidarizo com V. Exª. Subscrevi, também, o requerimento do Senador Gim Argello. Sempre vi, nos desenhos de Athos Bulcão, um quê de inovador de alguém que fez por esta cidade sem a pretensão de aparecer, mas que apareceu, porque sua obra está impregnada em todos os cantos de Brasília, inclusive aqui, no Congresso Nacional. Na Câmara e no Senado, onde se olha um azulejo, vê-se uma obra de Athos Bulcão. Parabéns. Solidarizo-me com V. Exª.

O SR. ADELMIR SANTANA (DEM - DF) - Agradeço o aparte de V. Exª. Essa simplicidade a que V. Exª se refere, tive a oportunidade de constatar ao chegar ao Senado, quando pedi à Fundação Athos Bulcão algumas obras para decorar o meu gabinete. Naquela oportunidade da doação, recebi a visita de Athos Bulcão, que, já em cadeira de rodas, veio ao gabinete, e lá tivemos a presença do Presidente do Senado e de alguns Senadores no processo de doação daquelas obras. Tivemos a oportunidade de ver a sua lucidez, apesar da decadência física. Nessa lucidez, ele demonstrava essa simplicidade. Um homem simples, um homem de poucas palavras, mas de muita ação e que efetivamente deixa a sua marca entre nós.

Está sendo o seu corpo velado no Palácio do Buriti; o enterro será ainda hoje. Mas a cidade já chora, lamenta essa perda de um artista consagrado e que fez história em nossa cidade como um homem ligado na inovação, na visão de futuro e na visão artística que muito embeleza toda a Capital do País.

Associo-me ao requerimento do Senador Gim Argello. A cidade lamenta, chora a perda desse brasiliense por escolha, uma vez que ele era carioca, mas aqui chegou antes da inauguração da cidade. Ele teve uma participação brilhante, dando luz, segurança e brilho à obra artística de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer por meio da sua criação, que se eternizou em monumentos públicos - como bem mencionou o Senador Cafeteira -, como o Congresso Nacional, o Teatro Nacional, o Tribunal de Contas da União, a Igrejinha, para citar apenas alguns.

Portanto, lamentamos profundamente a perda desse brasiliense e nos associamos ao pesar da sua família e de toda a classe de arquitetos e de construtores desta cidade, pelo candango que foi e pelo homem de grande expressão na arte nacional.

Essas são as palavras de homenagem ao Athos Bulcão, que nos deixa saudade a partir do seu falecimento.

Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/08/2008 - Página 28448