Discurso durante a 138ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relato de missão recebida por S.Exa., da Mesa do Senado, a fim de convidar a ex-Senadora Ingrid Betancourt, em Paris, a visitar o Senado Federal e anúncio da resposta positiva.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA EXTERNA.:
  • Relato de missão recebida por S.Exa., da Mesa do Senado, a fim de convidar a ex-Senadora Ingrid Betancourt, em Paris, a visitar o Senado Federal e anúncio da resposta positiva.
Aparteantes
Eduardo Suplicy, Tião Viana.
Publicação
Publicação no DSF de 07/08/2008 - Página 29270
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • APRESENTAÇÃO, QUALIDADE, REPRESENTANTE, MESA DIRETORA, CONVITE, EX SENADOR, PAIS ESTRANGEIRO, COLOMBIA, VITIMA, SEQUESTRO, GRUPO, GUERRILHA, VISITA, SENADO, AGRADECIMENTO, APOIO, EMBAIXADOR, BRASIL, TROCA, CORRESPONDENCIA, PARLAMENTAR ESTRANGEIRO, RESPOSTA, ACOLHIMENTO, PROPOSTA, RECEBIMENTO, HOMENAGEM.
  • REGISTRO, VISITA, PARLAMENTO, PAIS ESTRANGEIRO, FRANÇA, COMENTARIO, INICIATIVA, PARLAMENTAR ESTRANGEIRO, CRIAÇÃO, ENTIDADE, VINCULAÇÃO, BRASIL, DEFESA, REFORÇO, SERVIÇO PUBLICO, GARANTIA, ATENDIMENTO, POPULAÇÃO, IMPORTANCIA, RESPEITO, DIREITOS HUMANOS, MEIO AMBIENTE.
  • COMPROVAÇÃO, GASTOS PESSOAIS, ORADOR, VIAGEM, EXTERIOR, AUSENCIA, ONUS, SENADO, EMBAIXADA.
  • COMENTARIO, MELHORIA, REPUTAÇÃO, BRASIL, PRESIDENTE DA REPUBLICA, AMBITO, CRESCIMENTO ECONOMICO, ELOGIO, CONSOLIDAÇÃO, UNIÃO EUROPEIA, UNIFICAÇÃO, PARLAMENTO, MOEDA, NECESSIDADE, AMERICA DO SUL, BUSCA, INTEGRAÇÃO.
  • ELOGIO, EMBAIXADOR, BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, FRANÇA, ANTERIORIDADE, FUNÇÃO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), FISCALIZAÇÃO, ARMA NUCLEAR, ESPECIFICAÇÃO, CONFLITO, GOVERNO ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), ORIENTE MEDIO.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Agradeço a V. Exª, Sr. Presidente.

Venho referir-me à missão que recebi da Mesa do Senado - proposta do Senador Suplicy - de fazer um convite, em nome do Senado Federal, à ex-Senadora colombiana que esteve, durante seis anos, seqüestrada pelas “Tropas Revolucionárias da Colômbia” e que teve uma soltura espetacular.

A proposta do Senador Suplicy foi levada à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, onde, por unanimidade, foi aprovada. E o Plenário desta Casa, por unanimidade, também a aprovou.

Tenho uma enteada, uma filha que criei, que mora, há dez anos, em Londres; ela casou com um britânico e lá se encontra. Como, numa viagem particular, ia a uma visita a ela e à França - visita particular, por minha conta, Sr. Presidente -, ofereci-me para executar essa missão. Levei a carta do Presidente Garibaldi. E esta figura extraordinária que é o nosso Embaixador Bustani, na França - o mesmo Embaixador daquele célebre caso espetacular na ONU, que salientarei daqui a pouco -, fez a conversa com a assessoria da Senadora, que está vivendo uma hora de apogeu na França, mas também de dificuldades no sentido de ameaças anônimas e coisas que o valham, tanto que estava mudando, de dois em dois dias, e ninguém ficava sabendo.

A embaixada só conversou com seus assessores. Ela estava afastando-se de Paris para lugar incerto e, muito gentil, enviou uma carta de próprio punho, que faço questão de ler e cuja transcrição nos Anais da Casa peço.

Ela diz o seguinte na carta:

Senhor Embaixador do Brasil, José Maurício Bustani,

Confirmo o recebimento de sua carta de 15 de julho último [é a carta do Embaixador, apresentando a carta do Senador Garibaldi], assim como do convite do Senado Federal brasileiro para assistir a uma de suas sessões [é mais do que isso; não é apenas assistir a uma das nossas sessões, é receber as homenagens do Senado brasileiro]. É uma honra imensa para mim, que me toca sobremaneira, e é com respeito que aceito com muita alegria a distinção que me é acordada. Estarei ausente de Paris a partir de amanhã e só estarei de retorno em meados de agosto. Entretanto, se for de seu desejo, entrarei em contato com o senhor quando de meu regresso. Será um prazer conhecê-lo e trocar opiniões sobre o futuro de nossos dois países e desse continente sul-americano que nos é tão caro.

Na espera desse momento feliz, receba, Senhor Embaixador, a expressão de meus sentimentos mais sinceros.

Ingrid

PS: Agradeço se puder transmitir meu pequeno cartão de agradecimento ao Senador Eduardo Suplicy, assim como meu desejo de aceitar seu convite.

Senador Eduardo Suplicy, obrigada por suas belas palavras, muito generosas e que não mereço.

Com afeto sincero.

Ingrid

Eu agradeci ao nosso Embaixador o esforço que ele fez de chegar à Senadora Ingrid a nossa alegria por ela ter aceito o convite do Senado brasileiro. Por esses dias, ela deve estar regressando a Paris e marcará com o Embaixador a data que virá a esta Casa. Acho que será uma oportunidade muito importante ouvirmos essa Senadora; uma mulher de garra, de gabarito, sete anos em poder de seus seqüestradores com a dignidade e com o brilho que ela teve. Acho que ela terá uma lição muito grande a dar a todos nós, e não apenas ao Senado brasileiro, à América do Sul, de quem ela fala com tanto carinho e com tanto apreço.

Pois não, Senador Suplicy.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Prezado Senador Pedro Simon, V. Exª cumpriu uma missão tão significativa para o Senado brasileiro! Nós, Senadores, ali, na Comissão de Relações Exteriores e no plenário do Senado, inúmeras vezes, e foram Senadores de todos os partidos, havíamos conclamado as Farc para chegar a um entendimento e logo liberar a ex-Senadora Ingrid Betancourt, que foi candidata à Presidência da República pelo Partido Verde, na penúltima eleição, acho que por volta de 2002, pouco antes de ela ter sido seqüestrada. Conforme V. Exª salientou, nesses mais de seis anos em que permaneceu seqüestrada, obviamente passou por sofrimentos muito grandes, inclusive o fato de estar ausente do convívio com seus entes queridos, seu marido e seus filhos, e com o povo da Colômbia. E ela, nesses seis anos, conviveu com aquelas pessoas que, por razões que não me parecem as mais adequadas, resolveram utilizar-se do seqüestro, se diz também do narcotráfico e de outras ações para expressar a sua oposição ao Governo constitucional da Colômbia. Eu gostaria de dizer que avalio que é muito provável que a Srª Ingrid Betancourt poderá ter um papel muito relevante a partir destes episódios e inclusive na interação conosco. Acho que foi feliz o fato de que praticamente todos os Senadores, presentes naquela sessão em que apresentei o requerimento, assinaram. E todos temos uma esperança de que o diálogo com a Senadora Ingrid Betancourt será algo de grande profundidade para a importância das nossas relações com a Colômbia, assim como para a América Latina e para as Américas. Que soluções pensa a Srª Ingrid Betancourt depois de conviver o cotidiano na condição de detida, como refém? Que proposições ela teria para chegar e poder dizer as Farc: “Olha, vocês realmente podem ter outro caminho que não o uso das armas para se movimentar e...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - É verdade, Senador.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - ...conseguir a realização de justiça.” Quais são os instrumentos que, uma vez colocados em prática, seja no campo da Reforma Agrária, seja no campo da garantia de uma renda e assim por diante?

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu agradeço a V. Exª, Senador. V. Exª foi o grande responsável.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - De maneira que cumprimento V. Exª por esses passos e, sem dúvida, vamos ter um excelente diálogo produtivo com a Senadora Ingrid Betancourt.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Muito obrigado, Senador.

Pois não, Senador Tião Viana.

O Sr. Tião Viana (Bloco/PT - AC) - Senador Pedro Simon, apenas para cumprimentá-lo e dizer do orgulho que tenho em ver V. Exª tomar tal iniciativa e feliz eu fico por ser alguém da estatura de V. Exª e do Senador Eduardo Suplicy para trazer a Senadora Ingrid Betancourt, uma vítima do seqüestro da liberdade individual, dos seus direitos de pessoa humana, por alguém que prega justiça social e liberdade matando ou vendendo cocaína. Não é possível pensar nisto em um mundo que nós sonhamos, hoje, em ver edificado perante todos. Encerro, dizendo que é muito importante essa vinda dela porque simboliza a América do Sul que nós estamos vivendo, o deslocamento das forças conservadoras na Venezuela, no Equador, no Paraguai, na Argentina, no Chile e no Brasil. Então, é muito importante a iniciativa de V. Exª.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Agradeço muito a V. Exª e digo que o que me impressionou é ver que essa pessoa ficou seis anos ali, muito tempo algemada, noite e dia, e ela tem um espírito de pureza, um espírito de futuro sem mágoa e sem rancor. A fala dela, a manifestação e a preocupação dela não são no sentido de cobrar o que ela sofreu. Não é no sentido da mágoa, não é no sentido da revindita. É no sentido de que o que ela fez deve ajudar para que isto não se repita. Ela faz questão de ressaltar a preocupação e o carinho dela com a América Latina, principalmente Brasil e Colômbia, no sentido de que isto não se repita. V. Exª tem razão, foi uma hora oportuna, muito importante e valeu a pena.

Sr. Presidente, quero falar sobre minha estada na Inglaterra, quando meu grande amigo, Embaixador Carlos Augusto Rego Santos Neves - extraordinário brasileiro, que foi embaixador no México, na Rússia e agora está fazendo um belíssimo trabalho na Inglaterra -, proporcionou uma reunião com várias representações, entidades brasileiras e internacionais, principalmente inglesas, preocupadas em debater com o Brasil. Foram feitas exposições sobre a realidade brasileira.

Falarei em outra oportunidade, Sr. Presidente, também sobre o que considero realmente excepcional, ou seja, em Paris tive a oportunidade, na Assembléia Nacional da França, de assistir a uma palestra longa com o Deputado Michel Vauzelle, que foi ministro da justiça do Governo Miterrand, pessoa extraordinária, com uma biografia extraordinária. Esse homem é um amante do Brasil, é um preocupado, diria quase apaixonado pelo Brasil. Está criando no Parlamento francês a entidade França-Brasil. Eu disse lá, ainda não falei com o Presidente Garibaldi, mas quase antecipei por minha conta que, em se criando essa entidade, fazemos questão de que ele venha ao Brasil e, no Brasil, faça a exposição das idéias que ouvi, que ele me expôs e que fiz questão de marcar, Sr. Presidente, para mostrar a esta Casa a profundidade do seu pensamento.

O Deputado francês defende a força e a manutenção do serviço público - vejam que coisa interessante - na França, que se encontra sob ameaça no atual governo. O serviço público, diz Michel, foi uma importante decorrência da Revolução Francesa, visando democratizar sobretudo o atendimento ao público nos hospitais (seguridade social), ensino gratuito em escolas do governo e meios de transporte dirigidos pelo Estado, entre outros.

Comentou ainda o Deputado Michel sobre a importância de manter as três regras de ouro que foram instituídas também pela Revolução Francesa: preservar a liberdade, a igualdade e uma solidariedade entre os franceses...

(Interrupção do som.)

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - ...insistindo sobre a obediência e o respeito à Convenção dos Direitos Humanos. As palavras respeito e preservação dos direitos adquiridos foram mencionadas mais de uma vez.

Para o Deputado, o ideal democrático e republicano é sobretudo manter a noção da liberdade e do respeito à sociedade.

Para tentar evitar os efeitos negativos da globalização, a França e a América Latina em geral e a França e o Brasil em especial deveriam criar laços cada dia mais sólidos, pois possuem grandes afinidades culturais, lingüísticas, éticas, estéticas, humanas e sobretudo pela latinidade comum entre esses países, fatores que deveriam ser valorizados e reforçados, visando fazer face à supremacia anglo-saxônica. Acho importante isto: visando fazer face à supremacia anglo-saxônica.

A França deposita uma grande esperança com relação ao Brasil, afirmando ainda que o Brasil é a esperança da França. Reconhece o crescimento econômico do Brasil.

É favorável à preservação do meio ambiente e defende uma posição de desenvolvimento sustentável, sendo contra a utilização de OGM na produção agrícola.

Anexa a biografia de Michel Vauzelle.

Acho que é muito importante esse grande relacionamento França-Brasil e essa posição de se criar na Assembléia francesa uma entidade nesse sentido. Sr. Presidente, aqui no Brasil, nós temos umas quarenta entidades: Brasil-Alemanha, Brasil-Itália, Brasil-França, Brasil-Deus e todo mundo, mas, nesses países estrangeiros, é muito raro, principalmente nos de Primeiro Mundo, e a França está nessa entidade.

(Interrupção do som.)

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu agradeço a tolerância de V. Exª.

Eu sou um maníaco, Sr. Presidente, algumas coisas meio estranhas que eu tenho, mas eu sou assim.

Quando eu estou na França, uma auxiliar da Embaixada teve a gentileza de, atendendo ao meu pedido, fazer umas compras de ingressos - Louvre... - para mim, minha mulher e meu filho. Quando fui pagá-lo, parece que a Embaixada tinha feito o pagamento inicial. Então, exigi o recibo deles. Se há lá, de repente, uma saída da Embaixada de conta cultural do Senador Pedro Simon, está aqui o recibo, que peço para ficar anexado no Senado.

Recebi do Senador Pedro Simon a importância de 396 euros (trezentos e noventa e seis euros), restituídos em função de bilhetes para fins culturais adquiridos a seu favor.

Então, se amanhã aparecer lá pelas tantas: “Não, porque o Simon, na Embaixada comprou ingresso para o Lido não sei mais o que e não sei mais o quê”, eu paguei, Sr. Presidente. Está aqui a cópia de que realmente eu paguei, Sr. Presidente.

Eu tive uma impressão muito positiva. Fiquei impressionado ao ver a credibilidade que o Brasil tem lá fora. Sinceramente, por onde eu andei, com quem eu conversei, o Brasil é visto de uma maneira diferente. Aquilo que a gente vê aqui, a gente vê lá fora. Parece que chegou a vez do Brasil. Os embaixadores e pessoas ligadas à Embaixada disseram para mim: “Aquela de o Brasil só ser manchete de notícias de desgraça ou de futebol, com o Pelé, não é mais bem assim”. Todo mundo conhece e vê com respeito o diálogo do Brasil com a China, a Argentina e a Índia, achando que a posição Brasil, Índia e China é uma posição realmente interessante.

Vejo que se consolidou o conceito da Europa. De certa forma, hoje, o Parlamento europeu é mais forte do que, isoladamente, a Assembléia Nacional francesa ou a Câmara dos Comuns da Inglaterra.

A Inglaterra, ainda com alguma restrição, com a sua libra, com outro nome hoje, mas na França, na Europa, é o euro. Tu circulas com o euro por toda a Europa. Com o dólar, não. O dólar não é mais moeda circulante. A vida inteira, a gente ia e pagava em dólar. Tu tens que transferir dólar em euro para poder circular. Com euro, você circula por toda a Europa.

Eles têm orgulho da União Européia. Vou ser sincero: tenho orgulho e inveja da União Européia. Espero que, um dia, a América seja uma União Européia. Espero que no Brasil, na Argentina e nos demais países da América possamos seguir o exemplo da União Européia.

Fico a pensar: imaginem os senhores, hoje, se a Europa estivesse como era antes? Inglaterra em guerra com a França; a França com a Alemanha; a Alemanha com a Itália; a Itália... Aquela confusão! O que seria da pobre da Europa? O que seriam deles com os americanos de um lado e o Japão e a China do outro? Não! Quando eles sentam, eles têm o poderio econômico da França. Eles discutem a economia da Europa e discutem o que é importante para a Europa. E acho que eles estão certos.

Por isso, acho que o Presidente Lula fez bem. Não quero entrar em detalhe, mas o que aconteceu em Goa, de ir lá e se abraçar com o governo argentino, em fazer aquela reunião excepcional - meus cumprimentos -, levando 300 empresários brasileiros e dizer: “Muito bem! Nós somos quase irmãos siameses, com mil e tantos quilômetros, dois mil quilômetros de fronteira comum, de terra. Nem água, nem nada. Nascemos juntos e devemos caminhar juntos”.

Eu fiquei impressionado lá pela maneira mais séria com que o Brasil está sendo encarado. E é impressionante o prestígio que o Presidente Lula tem.

É interessante salientar. Disseram-me os embaixadores e outras pessoas com quem conversei que para a pressão da corrupção e essas coisas que para nós é importante eles não estão dando muita bola, até porque falam eles que por lá também há muita.

Salienta ele que uma das coisas mais escandalosas hoje é o Vice-Presidente da República dos Estados Unidos, que é dono da empreiteira que está fazendo as obras no Iraque. O americano larga as bombas, destrói e vai para lá a empreiteira do Vice-Presidente da República, que ganhou não se sabe de que maneira a concorrência e está fazendo... É a maior empreiteira do mundo.

É isso. Fala-se de tudo. Mas eu digo, com toda sinceridade, que gostei do que vi; a que assisti. Valeu a pena.

Voltarei aqui para falar sobre o embaixador na Inglaterra. Tenho muito carinho e respeito por ele. Falarei da análise que ele fez do Brasil e da Inglaterra. Voltarei aqui para falar sobre o Embaixador Bustani, aquele célebre Embaixador que era Presidente da Opaq, a entidade de fiscalização de armas nucleares e de extermínio, e que o americano, numa operação vergonhosa, destituiu. Mas que ele mostrou ao mundo que estava certo.

Hoje se sabe que o americano destituiu o Embaixador Bustani, que havia conseguido que ficasse a cargo da Opaq a fiscalização a ser feita no Iraque, fiscalização que o Iraque permitiria. O Iraque não queria uma fiscalização em que os americanos estariam infiltrados com segundas intenções. E agora ficou provado, Sr. Presidente, absolutamente provado: o Serviço Secreto americano denunciou que, quando o Presidente Bush mandou invadir o Iraque, já se sabia que o Iraque não tinha armas nucleares. Eles já sabiam, não foi depois. Quando houve a invasão, o governo já sabia que o Iraque não estava produzindo as armas que eles ameaçavam produzir.

Aliás, toda interpretação dada à política americana diz que a mentira que deu causa à invasão do Iraque é a principal razão pela qual o Sr. Bush é o presidente americano de mais baixa cotação na história de todos os presidentes. Nenhum presidente americano chegou ao final de seu mandato com tão baixa credibilidade junto ao povo americano, e a principal razão para isso é a mentira. Os Estados Unidos foram lançados numa guerra cruel como essa a partir de uma falsidade. Não aceitaram a decisão da ONU, que não permitiu a invasão, e foram.

(Interrupção do som.)

Por isso, o Sr. Bustani é um grande homem. O Governo anterior do Brasil, na hora em que Bustani sofreu o que sofreu, não teve a grandeza que deveria ter tido, mas o Presidente Lula - justiça seja feita - nomeou Bustani para, por cinco anos, chefiar a Embaixada do Brasil em Londres e, agora, para ser Embaixador do Brasil em Paris. É, por assim dizer, a coroação de um homem que muito sofreu e que não recebeu do Governo brasileiro da época o conforto que recebeu do mundo inteiro - muitas entidades esperaram o Governo brasileiro tomar posição para segui-lo, mas esperaram em vão, porque o Governo brasileiro nada fez.

Felizmente, o atual Governo, o Lula e o Chanceler tiveram grandeza, e hoje o Sr. Bustani é uma figura nacional e internacional.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Permita-me um aparte.

O SR. PRESIDENTE (Epitácio Cafeteira PTB - MA) - A Mesa lembra ao aparteante que o tempo do orador já se esgotou.

 

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DOCUMENTO EM FRANCÊS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR PEDRO SIMON EM SEU PRONUNCIAMENTO, AGUARDANDO TRADUÇÃO PARA POSTERIOR PUBLICAÇÃO NA ÍNTEGRA.

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Matéria referida:

Carta da Srª Ingrid Betancourt.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/08/2008 - Página 29270