Discurso durante a 150ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Destaque para as virtudes e os aspectos positivos do atual momento por que passa o país, também reduzindo as desigualdades sociais.

Autor
Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIO ECONOMICA.:
  • Destaque para as virtudes e os aspectos positivos do atual momento por que passa o país, também reduzindo as desigualdades sociais.
Publicação
Publicação no DSF de 21/08/2008 - Página 33958
Assunto
Outros > POLITICA SOCIO ECONOMICA.
Indexação
  • COMENTARIO, ESTUDO, INSTITUTO DE PESQUISA ECONOMICA APLICADA (IPEA), INDICE, REDUÇÃO, CONCENTRAÇÃO DE RENDA, BRASIL, EFEITO, MELHORIA, SALARIO MINIMO, PROGRAMA, TRANSFERENCIA, RENDA.
  • COMPARAÇÃO, ATUALIDADE, PERIODO, HISTORIA, GOVERNO, JUSCELINO KUBITSCHEK, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, MELHORIA, SITUAÇÃO, AUSENCIA, CRESCIMENTO, DIVIDA EXTERNA, RISCOS, INVESTIMENTO, SAUDAÇÃO, EXPECTATIVA, CRESCIMENTO ECONOMICO, SIMULTANEIDADE, COMBATE, DESIGUALDADE SOCIAL, ANALISE, EMPREGO, CREDITOS, CONSTRUÇÃO CIVIL, PRODUÇÃO, ALIMENTOS, ENERGIA, EXPORTAÇÃO.

O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o ambiente econômico brasileiro, nos últimos anos, não se cansa de dar sinais positivos e de multiplicar as boas notícias. Apesar das críticas, cada vez mais restritas aos setores tradicionalmente adeptos do lema “quanto pior, melhor”, o vigor da nossa economia é um fato incontestável.

Observe, Sr. Presidente, o resultado de estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Ipea, divulgado no final do mês de junho último, que detectou um fenômeno da mais alta importância: a queda de 7 pontos percentuais na desigualdade entre os salários de ricos e de pobres, entre os anos de 2002 e 2008.

O levantamento demonstra que, no mesmo período, caiu de 0,54 para 0,509 o resultado do Brasil no Índice de Gini, indicador destinado a mensurar o grau de desigualdade de renda existente entre os extremos de riqueza e de pobreza, numa determinada população. Esse índice é universalmente aceito por políticos e por especialistas, e tem como princípio metodológico comparar o rendimento médio dos 10% dos trabalhadores melhor remunerados com o outro lado da escala, ou seja, com os 10% pior remunerados. Assim, quanto menor o resultado, menos desigual é a distribuição da renda do trabalho e, por conseqüência, menor a desigualdade entre os trabalhadores ricos e os trabalhadores pobres.

Estima ainda o Ipea que o Índice de Gini, no Brasil, deverá baixar a 0,49 até 2010, último ano de mandato do Presidente Lula, patamar extremamente positivo, que não é alcançado em nosso País desde o final da década de 1950.

O resultado deve-se, segundo o Presidente do Ipea, economista Márcio Pochmann, principalmente “aos ganhos dos trabalhadores com o reajuste do salário mínimo, que passou de 200 para 380 reais, no período [considerado], havendo atingido, hoje, os 415 reais; e aos programas de transferência de renda, [tais] como a Loas”.

É interessante, Srªs e Srs. Senadores, que um trabalho técnico e isento como o do Ipea seja, justamente, o instrumento que venha a dar corpo e dimensão concreta a uma idéia que o Chefe da Nação, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vem percutindo há algum tempo em seus pronunciamentos: de que hoje revivemos, no Brasil, o clima de otimismo da Era JK, designação pela qual ficou conhecido o período de governo do ex-Presidente Juscelino Kubitschek, entre 1956 e 1961.

Essa época, também conhecida como os “anos dourados”, consolidou uma percepção positiva acerca do Brasil e do seu destino; foi a época do desenvolvimento econômico acelerado, os 50 anos em 5; foi a época da Bossa Nova, e de uma borbulhante criatividade em nossa cultura popular; e foi, ainda, a época da afirmação da auto-estima do brasileiro, coroada e simbolizada pela conquista da Copa do Mundo de Futebol, em 1958, na Suécia.

Mas hoje, ao contrário de 1958, nossa dívida externa não está crescendo, e o Brasil, na verdade, acabou de tornar-se credor líquido em divisas estrangeiras. Ainda ao contrário de 1958, nosso conceito externo está em alta, com a aquisição recente do investment grade, ou grau de investimento de baixo risco, na avaliação das agências internacionais de rating.

As virtudes e os aspectos positivos do atual momento, portanto, não se esgotam no quadro econômico. É que, tal como nos “anos dourados”, estamos crescendo aceleradamente depois de anos de estagnação, mas também estamos reduzindo simultaneamente as desigualdades sociais, conforme atestou o Ipea.

Senão vejamos: o desemprego cai em ritmo constante, havendo a taxa de desempregados das regiões metropolitanas de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Recife e Brasília caído para 14,8%, a menor taxa obtida num mês de maio, nos últimos dez anos, conforme recente pesquisa conjunta da Fundação Seade e do Dieese!

O aumento do nível de emprego, segundo a mesma pesquisa, veio acompanhado do aumento da renda dos trabalhadores, que cresceu 2,1%, em termos reais, no período de doze meses anterior a abril último.

Enquanto isso, todo um conjunto de outras perspectivas econômicas relevantes também permanece positivo, em especial: a curva ascendente do nível de crédito para a construção civil, setor tradicionalmente forte na absorção de mão de obra; o desempenho da indústria automobilística; e o panorama expansionista que muitos especialistas traçam para as receitas do setor de commodities minerais e agrícolas, em que pesem certos efeitos da recente crise internacional, deflagrada pelo mercado americano de recebíveis imobiliários.

Aqui, Sr. Presidente, é preciso destacar um fato da mais alta relevância. Entre seus diversos aspectos, a atual crise internacional - que, aliás, tem poupado o Brasil, em função direta da saúde dos seus fundamentos econômicos - comporta um elemento relativamente novo, que é a alta de preço dos alimentos.

É precisamente nesse campo que residem, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade para nosso País, e um sinal inequívoco de que vivemos novos tempos na economia brasileira.

Quem poderá, Srªs e Srs. Senadores, num mundo exaurido de terras agricolamente competitivas, oferecer alternativas significativas na produção de alimentos? Como bem disse o Presidente da República: “Neste momento em que o mundo enfrenta uma crise de alimentos e [que] a segurança alimentar das nações mais pobres se encontra sob risco, nós, brasileiros, só temos uma resposta a dar: produzir mais, muito mais. E vamos fazê-lo.”

Pergunto, ainda: quem poderá simultaneamente abrir, da forma como o Brasil tem aberto, uma nova frente de produção de energia renovável, por meio dos biocombustíveis, sem prejudicar ao mesmo tempo as culturas alimentares?

A pergunta é retórica e não exige resposta: esses são alguns dos sinais evidentes de que, apesar das nuvens negras que apontam por sobre o horizonte internacional, o Brasil segue um curso de sucesso, algo absolutamente novo em sua história. Segue construindo para seu povo uma edição revista e ampliada daqueles “anos dourados” da era JK, um horizonte de mais riqueza, de menos desigualdades, de melhores perspectivas e de maior maturidade para representar um papel mais destacado e importante no concerto das nações.

Apesar de todas as críticas e após anos de descaminhos políticos, sociais e econômicos, voltamos a possuir, de fato, a perspectiva concreta de um futuro melhor e mais inclusivo, que haveremos de construir juntos, com trabalho, com dedicação e, sobretudo, com confiança.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/08/2008 - Página 33958