Discurso durante a 161ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração da Semana do Idoso.

Autor
Adelmir Santana (DEM - Democratas/DF)
Nome completo: Adelmir Santana
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL.:
  • Comemoração da Semana do Idoso.
Publicação
Publicação no DSF de 03/09/2008 - Página 36665
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, PRESENÇA, CIDADÃO, AUTORIDADE, SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM, SEMANA, IDOSO, RECONHECIMENTO, CONTRIBUIÇÃO, HISTORIA, PAIS, DESENVOLVIMENTO NACIONAL.
  • ANALISE, DADOS, DESIGUALDADE SOCIAL, BRASIL, INCIDENCIA, IDOSO, INFERIORIDADE, MEDIA, APOSENTADORIA, DENUNCIA, DIFICULDADE, PLANO, SAUDE, IMPORTANCIA, GARANTIA, DIREITOS, CIDADANIA.
  • HOMENAGEM, IDOSO, DISTRITO FEDERAL (DF), RECEBIMENTO, PREMIO, COMPETIÇÃO ESPORTIVA, ELOGIO, DISPOSIÇÃO, VIDA, LEITURA, OBRA LITERARIA, VALORIZAÇÃO, DIGNIDADE, IDADE.

O SR. ADELMIR SANTANA (DEM - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Leomar Quintanilha; Srªs e Srs. Senadores; Senador Sérgio Zambiasi; Senador Papaléo Paes; Sr. Sabri Lakhdari, Presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Distrito Federal; Sr. Professor João Batista Medeiros, Gerontólogo Social e Assessor da Presidência da Subcomissão Permanente do Idoso no Senado Federal, quando aqui entrei, fui surpreendido pela numerosa presença de pessoas tão felizes. A alegria das princesas e das rainhas se destacava claramente, com um detalhe: a predominância, neste Plenário e nas galerias, é exatamente de pessoas do sexo feminino, o que nos deixa ainda mais surpreendidos e felizes.

O SR. PRESIDENTE (Leomar Quintanilha. PMDB - TO) - Não temos nada contra, Excelência.

O SR. ADELMIR SANTANA (DEM - DF) - Exatamente.

Sr. Presidente; Srªs e Srs. Senadores; senhoras e senhores presentes, um bom-dia muito especial!

Cancelei, nesta manhã, todos os meus compromissos, que não são poucos, nas áreas empresarial, no Sesc, no Senac, na Federação do Comércio, porque queria estar presente a esta sessão comemorativa da Semana do Idoso.

Também me surpreendi ao aqui encontrar o Sérgio Kolodziey, que regeu, em nosso Coral dos Mais Vividos, o Hino Nacional brasileiro. Surpreendi-me porque tenho uma ligação próxima com o Sérgio, pois ele é o fundador do Coral dos Mais Vividos do Sesc do Gama e teve uma participação importante na nossa gestão daquele órgão.

Parabéns, Sérgio, pela regência nesta manhã. (Palmas.)

Quero dizer que participar desta comemoração enche-me de orgulho, até porque me incluo nesse grupo de jovens com mais de 60 anos - faço parte dele - , e fico muito feliz ao ver este Plenário lotado de pessoas ilustres e de muito valor, como disse, predominando o sexo feminino. Isso nos deixa muito alegres; alegra esta Casa.

A história de vida de cada um dos senhores e das senhoras é um exemplo de sabedoria, determinação e sucesso a ser seguido pelas futuras gerações.

Na minha opinião, uma semana dedicada ao idoso é muito pouco para quem dedicou uma vida inteira ao nosso País.

Estejam certos de que a gratidão e o reconhecimento pelo mérito daqueles que já passaram dos 60 anos não se restringem somente a esta semana, mas estão para sempre gravados na nossa história, na história do Senado, na história da Subcomissão, Presidida pelo meu amigo, Senador Leomar Quintanilha, que tão bem destacou a sua ação nessa direção.

Infelizmente, o Brasil é um País marcado pela desigualdade social; desigualdade que atinge covardemente os nossos idosos. Para se ter uma idéia dessa desigualdade, basta ver o quanto recebe a maioria dos aposentados e pensionistas da Previdência Social. É um valor vergonhoso, Sras e Srs. Senadores.

Só aqui no Distrito Federal, a média da aposentadoria não passa de R$600,00 por mês. Naquela que deveria ser a melhor fase da vida deles, o momento de aproveitarem o tempo livre e disponível, o aposentado é obrigado a viver com uma renda de aproximadamente - repito - R$600,00 por mês. Com esta quantia é quase impossível se dar o luxo de descansar. Muitos dos aposentados que estão aqui certamente têm outras atividades.

Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, não é justo que, depois de dedicarem a maior parte de suas vidas ao desenvolvimento do País, os aposentados e pensionistas brasileiros não possam usufruir de uma aposentadoria digna!

Ainda ontem assisti a uma reportagem, na TV Globo, que denunciava o desinteresse dos corretores de seguro em vender planos de saúde para pessoas com mais de 59 anos de idade. O motivo é que as empresas não pagam comissão aos vendedores pelos planos de saúde adquiridos por idosos. Mas para clientes de 0 (zero) a 18 (dezoito) anos, que, portanto, não usam plano de saúde, a comissão é bem vantajosa. Sendo assim, não há o menor interesse de parte dos corretores em negociar a venda de um plano de saúde justamente para aqueles que mais precisam.

Isso sem mencionar as dificuldades que os idosos enfrentam para utilizar, quando têm, o próprio plano de saúde. Os prazos de carência são absurdos e a demora na autorização de exames e cirurgias causam muitos aborrecimentos.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje, o Brasil tem mais de 23 milhões, como já enfocado aqui, de pessoas com mais de 60 anos - e há uma tendência de crescer -, que merecem envelhecer com respeito e dignidade. Sem isso, não haverá cidadania e justiça social neste País.

Cidadania se constrói com direitos: direito ao trabalho, à saúde, à assistência social, direito à aposentadoria, a uma pensão digna e à educação. Sim; à educação, por que não? Por que não freqüentarem uma faculdade, uma universidade pessoas idosas?

Senhoras e Senhores, quero aqui registrar a minha admiração e o meu mais irrestrito apoio à causa de todos os jovens com mais de 60 anos.

Acredito que apesar de todas as dificuldades, ainda é possível envelhecer de forma tranqüila e viver ativamente.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, aproveito este momento para mostrar um exemplo de idoso vencedor. Refiro-me a Vicente Rodrigues da Silva, de 86 anos, que mora em Brasília desde 1960; portanto, um pioneiro como nós. É o maior medalhista dos Jogos Abertos da Terceira Idade, realizado pelo Governo do Distrito Federal, no período de 1988 até 1996, idealizado pelo meu amigo Medeiros, que faz parte da Mesa, grande incentivador da turma da melhor idade.

O Vicente participou de todas as edições dos jogos e ganhou 30 medalhas. Vicente, por favor, levante e mostre as suas medalhas, para que sirvam de exemplo para todos nós e para os jovens que certamente chegarão à sua idade. São mais de trinta! (Palmas.)

Parabéns, Vicente!

Parabéns a todos os idosos que sabem a diferença entre ser idoso e ser velho! Idosa é uma pessoa que tem muita idade; velha é a pessoa que perdeu a jovialidade, independentemente dos anos vividos.

Você é idoso quando o dia de hoje é o primeiro do resto de sua vida. É velho quando todos os dias parecem o último da longa jornada. (Palmas.)

O idoso leva uma vida ativa, plena de projetos e de esperanças. Para ele o tempo passa rápido, mas a velhice nunca chega, e é o caso do Vicente.

Em resumo, idoso e velho são duas pessoas que até podem ter a mesma idade no cartório, mas têm idades bem diferentes no espírito e no coração.

Quero encerrar as minhas palavras, Sr. Presidente, lendo um poema de autoria do meu amigo João Batista de Medeiros, que faz parte da Mesa, e ele intitula o poema como “Idade Cronológica”: (Palmas.)

Muitos pensam que é a idade

Que indica a velhice.

Ledo e grave engano!

Envelhecer não é

Contar os anos que passaram,

Mas, como eles foram vividos!

Você deseja saber se um ser é velho?

Não leve em conta a aparência,

Não pergunte quantos anos ele tem...

Pois, a aparência física

Mostra apenas o ser humano,

Enquanto a forma de vida indica,

Com toda a certeza, a idade que ele tem.

Jamais chame alguém de velho

Ou de velha, antes de descobrir

Como é o seu viver!

Assim, não passará a idéia de que você ainda pensa

Que é a idade cronológica

O único indicativo da velhice!

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/09/2008 - Página 36665