Discurso durante a 179ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Transcurso, no próximo dia 27, do Dia Mundial do Turismo.

Autor
Marisa Serrano (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MS)
Nome completo: Marisa Joaquina Monteiro Serrano
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TURISMO.:
  • Transcurso, no próximo dia 27, do Dia Mundial do Turismo.
Publicação
Publicação no DSF de 26/09/2008 - Página 38338
Assunto
Outros > TURISMO.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA INTERNACIONAL, TURISMO, ANALISE, CRESCIMENTO, PARTICIPAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, AMPLIAÇÃO, ACESSO, DIVERSIDADE, PATRIMONIO, BRASIL, APRESENTAÇÃO, DADOS, ORÇAMENTO, MINISTERIO DO TURISMO, APOIO, CONGRESSISTA.
  • COMENTARIO, PESQUISA, FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS (FGV), IDENTIFICAÇÃO, PROBLEMA, SERVIÇOS TURISTICOS, INFRAESTRUTURA, TRANSPORTE, FALTA, DIVULGAÇÃO, DEFICIENCIA, ATUAÇÃO, ESTADOS, MUNICIPIOS, DETALHAMENTO, VANTAGENS, TURISMO, ACESSO, ECOLOGIA, PANTANAL MATO-GROSSENSE, IMPORTANCIA, INCENTIVO, TURISTA, BRASILEIROS.

A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, celebra-se, no próximo dia 27, o Dia Mundial do Turismo, em alusão ao qual o Brasil deve, sim, prestar indiscutível homenagem a tão nobre setor da interação humana. Afinal de contas, o turismo há muito deixou de ser divertimento das elites ociosas, que, na falta do que mais fazer, se envolviam em viagens exóticas em busca de aventuras e mistérios alhures.

Na verdade, graças à intensificação da economia globalizada, o turismo se transformou em eixo vital para a vitaminização dos negócios e dos fluxos financeiros. Mais que isso, com o advento das sofisticadas tecnologias de imagem e de transporte, o exercício turístico virou fonte de conhecimento amplo, fomentando o prazer mais democrático da desmistificação do “estrangeiro”. A troca de experiências espaciais entre culturas, povos e línguas ganhou patamar de prestígio e civilidade.

No Brasil, desde os anos 80, com o boom das praias do Nordeste, o turismo interno tem adquirido um fôlego cada vez mais dinâmico, crescente e diversificado. Os encantos da Amazônia, as serras do Sul e a beleza do Pantanal vieram somar, no imaginário do estrangeiro, incontestáveis conquistas turísticas às já notáveis pedras preciosas de nosso turismo nacional, consagradas nos cartões postais do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Cumpre ressaltar que, sob a rubrica investimento, enquadram-se projetos de construção de praças, realização de eventos esportivos e culturais, montagem de sinalização turística, além de outras iniciativas de ordem similar. De 2004 a 2008, a Pasta do Turismo subiu do 17º maior orçamento entre os Ministérios para o 12º maior. Isso seguramente tonificou sua importância no ranking das emendas orçamentárias.

Responsável por um orçamento de pouco mais de R$470 milhões em 2003, ano de sua criação, o Ministério do Turismo ganhou musculatura financeira a partir de 2005, com uma dotação na faixa de R$1 bilhão. De certo modo, isso se deu graças a recursos patrocinados por emendas feitas pelos Congressistas ao Orçamento.

Sr. Presidente, em âmbito nacional, o cenário turístico parece ainda carecer de maiores cuidados administrativos. Nessa linha, estudo recente sobre as condições de infra-estrutura e de serviços dos principais destinos turísticos brasileiros revelou que as duas maiores deficiências do setor são a ausência de marketing eficaz e falta de monitoramento da atividade nos Municípios e Estados.

Realizada pela Fundação Getúlio Vargas, a pesquisa mediu o grau de satisfação de turistas e a qualidade das estatísticas sobre o setor nos 65 destinos. Em que pesem melhoramentos nos quesitos comunicação e saúde pública, insatisfações foram detectadas no quesito “acesso”, que se traduzem em certa precarização dos transportes em geral.

A despeito disso, no caso do Mato Grosso do Sul, o turismo ambiental parece ter despertado o Estado para uma das suas mais produtivas vocações: a exploração ecologicamente correta do Pantanal. Tal região tem cerca de 250 mil quilômetros quadrados de extensão, 80% dos quais sob abrigo do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. Sem dúvida, trata-se de um dos ecossistemas de maior diversidade do planeta. Segundo a ONG WWF, que tem projetos de proteção ambiental na área, há na região 263 espécies de peixes, 122 de mamíferos, 93 de répteis e 656 de aves.

Como se sabe, o Pantanal se converteu em passeio indispensável para o turista tipicamente metropolitano, sobretudo se o turista em questão aprecia a observação de animais em seu habitat e o contato mais direto com a natureza. De julho a setembro, período que coincide com a estação da seca, a apreciação da natureza se torna ainda mais deslumbrante. De fato, com a escassez de água, várias espécies se concentram onde ainda há lagos ou poças, e isso torna a observação mais fácil.

Por outro lado, para quem gosta de pescar, a temporada vai de fevereiro a outubro. No entanto, seguindo as recomendações da política ecológica, entre novembro e janeiro, a pesca é proibida por conta da piracema, que é o período de reprodução dos peixes.

Não por acaso, para atender à demanda turística, a maioria dos hotéis da região fica em fazendas bem equipadas. Aliás, muitos empreendem projetos vigorosos de preservação ambiental em seu próprio terreno. Na realidade, com a profissionalização do turismo, a maioria dos hotéis abriga guias especializados, cuja competência consiste em bem narrar histórias da região, além de identificar as espécies de animais que cruzam o caminho dos turistas.

Mais detalhadamente, entre os passeios mais comuns no Pantanal estão o safári fotográfico, no qual a meta é conseguir uma boa foto, a pesca de piranhas, as trilhas pela mata e a focagem noturna, quando os turistas saem à procura de jacarés. Alguns pacotes turísticos chegam também a oferecer um "dia de peão", em que os turistas experimentam a rotina de um verdadeiro peão pantaneiro.

Se o esplendor pantaneiro se destaca por sua beleza singular, cumpre ressaltar que não se trata da única atração turística do meu estado. Além dos roteiros já conhecidos do bioma do pantanal sul-mato-grossense, as belezas naturais de Bonito, da nossa capital Campo Grande, que com sua rede hoteleira está preparada para receber eventos e congressos de alcance regional, nacional e internacional, temos também, embora menos conhecidos nacionalmente, os sítios arqueológicos Templo dos Pilares, localizado no município de Alcinópolis, que se situa no centro-norte do estado na região do Alto Taquari. Arqueólogos da UFMS destacaram que se trata de um dos maiores sítios arqueológicos com inscrições rupestres.

Também não posso deixar de citar o “Buraco das Araras”, localizado no Município de Jardim, cerca de 50km de Bonito, um grande abrigo de araras vermelhas e animais silvestres. No Município de Jardim também está localizado o “Cemitério dos Heróis da Retirada da Laguna”, onde estão os túmulos dos combatentes da Guerra do Paraguai, um roteiro para o turismo histórico.

Sr. Presidente, segundo especialistas, no curto prazo, a maior aposta do Brasil será mesmo a expansão do turismo interno, como resultado do aumento da renda e do crédito. Mal ou bem, dados mostram que os brasileiros que estão sendo incorporados à classe média, os brasileiros que estão chegando à classe C querem viajar para outros Estados, conhecer o Brasil, desfrutar da natureza e, por direito, gozar das comodidades hoteleiras.

Em suma, é nessa expectativa alvissareira que devemos encerrar nosso discurso em homenagem ao Dia Internacional do Turismo, saudando as novas conquistas do turismo nacional, seja perante nosso Pantanal riquíssimo, seja perante nossa Amazônia selvagem, seja, por fim, perante nosso Nordeste tropical, com suas belas praias. Com uma administração mais competente e convicta de seu papel na formação de uma Nação mais rica e moderna, o turismo brasileiro se firmará como pólo prioritário à dinamização de nossa economia.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/09/2008 - Página 38338