Discurso durante a 203ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Desempenho do Partido dos Trabalhadores nas eleições municipais no Estado do Rio Grande do Sul.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. HOMENAGEM. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA.:
  • Desempenho do Partido dos Trabalhadores nas eleições municipais no Estado do Rio Grande do Sul.
Aparteantes
Geraldo Mesquita Júnior, João Durval.
Publicação
Publicação no DSF de 01/11/2008 - Página 42414
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. HOMENAGEM. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA.
Indexação
  • BALANÇO, ELEIÇÃO MUNICIPAL, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), CRESCIMENTO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), APOIO, COLIGAÇÃO PARTIDARIA, APRESENTAÇÃO, DADOS, SAUDAÇÃO, CANDIDATO ELEITO, MUNICIPIOS, VALE DOS SINOS, LEITURA, OBRA LITERARIA, HOMENAGEM, VITORIA, COMENTARIO, HISTORIA, EVOLUÇÃO, DEMOCRACIA, REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, CAMPANHA ELEITORAL, COMPROMISSO, DIRETRIZ, LUTA.
  • LEITURA, TRECHO, REGISTRO, ANAIS DO SENADO, CARTA, CIDADÃO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), DETALHAMENTO, PERIODO, LUTA, ORADOR, SINDICALISTA.
  • HOMENAGEM, DIA, COMERCIARIO, REGISTRO, PROJETO DE LEI, REGULAMENTAÇÃO, CARGA HORARIA, PISO SALARIAL.
  • CONVITE, LANÇAMENTO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), LIVRO, AUTORIA, ORADOR, MOBILIZAÇÃO, DIREITOS HUMANOS, SOLIDARIEDADE, IGUALDADE, ANUNCIO, ESPETACULO, MUSICO.
  • CUMPRIMENTO, JOÃO DURVAL, SENADOR, VITORIA, FILHO, CANDIDATO ELEITO, PREFEITO DE CAPITAL, ESTADO DA BAHIA (BA).

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


           O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Mão Santa, Senador Geraldo Mesquita Júnior, Srs. Senadores, hoje Quero falar um pouco sobre o processo eleitoral que ora se encerrou, pois ainda não tive a oportunidade de comentá-lo da tribuna do Senado Federal.

           Sr. Presidente, nas eleições municipais deste ano, o Partido dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul manteve uma trajetória de crescimento. Com as políticas de aliança - naturalmente, não foi sozinho -, muitas delas, Senador Geraldo Mesquita Júnior, com o PMDB de V. Exª e do Senador Mão Santa, outras com o PTB, com o PDT, com o PSB e com o PCdoB, nós elegemos 61 Prefeitos e Prefeitas. Crescemos 48%, passando a governar 1.842.495 eleitores como chefe do Executivo. O Partido elegeu ainda 68 Vice-Prefeitos e 519 Vereadores e Vereadoras.

           Quero destacar, Senador Geraldo Mesquita Júnior, que, nas regiões do Vale do Rio dos Sinos, eu escrevi toda a minha trajetória política. Nasci em Caxias, mas a minha vida política eu comecei em Canoas, a partir da Cipa, trabalhando na Forjasul, do Grupo Tramontina, e, em seguida, como Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas e depois da Central Estadual de Trabalhadores do Rio Grande do Sul.

           Na região metropolitana do Vale do Rio dos Sinos, às margens da BR-116, o PT conquistou importantes cidades. Repito: com muitas políticas de alianças. Assumimos a Prefeitura em Dois Irmãos, Nova Hartz, Sapiranga, Novo Hamburgo, todas cidades uma ao lado da outra.

           E eu dizia para V. Exª, Senador Mesquita Júnior, que são mais ou menos 100km da primeira até a última cidade. Percorre-se todo o Vale dos Sinos, no máximo, em uma hora, dando uma paradinha em cada cidade. Dois Irmãos, Nova Hartz, Sapiranga, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Sapucaia do Sul, Esteio, Canoas - cidade onde eu escrevi a vida política -, Gravataí e Viamão. Em Campo Bom e Picada Café somos vice.

           Sr. Presidente, pela importância social, cultural e econômica dessas regiões, nós estamos chamando esse traçado de vitórias de “caminho das estrelas”.

           Portanto, eu gostaria de saudar, por meio de uma pequena mensagem que um dos meus assessores escreveu, os Prefeitos eleitos, que terão agora, creio eu, a missão mais bonita, mais bela de todas as suas vidas.

           Nos comícios e nos debates de que participei, eu falava sempre que as estrelas iam iluminar a região metropolitana de Porto Alegre e o Vale dos Sinos para que as nossas propostas em defesa do povo ficassem, de uma vez por todas, marcadas naquele trecho com o sinal da vitória.

           Inspirado nesses meus pronunciamentos, um assessor do meu gabinete, Luciano Ambrósio, escreveu o que ele chama de poema - e eu reconheço -, chamado Caminho das Estrelas. Diz ele:

           Há um caminho que se abre

           O caminho das estrelas

           Um caminho de vitórias

           Onde pessoas e mais pessoas se encontram

           Se irmanam em sonhos

           Na construção de um novo tempo

           Um horizonte novo

           Um destino certo

           Sr. Presidente, eu, rapidamente, faço uma saudação a cada uma dessas cidades.

           Nova Hartz é uma pequena cidade de colonização alemã. Uma das marcas de seu povo é o carinho com que recebe os visitantes. Há muitos jardins e praças que encantam a todos. Pois lá se elegeu Prefeito um companheiro, advogado trabalhista, pelo qual tenho o maior respeito: Antonio Élson de Souza.

           Nelson Spolaor, sindicalista da base dos trabalhadores do calçado, reelegeu-se em Sapiranga, cidade conhecida como Cidade das Rosas. Anualmente acontece a Festa das Rosas, com apresentação de bandas de diferentes estilos musicais, além de uma infinidade de atrações, como danças típicas, teatro e comida da região. Conheci Nelson Spolaor numa greve dos trabalhadores do calçado, em que eu estava presente já como Deputado Federal - e estive muitas vezes como sindicalista. Ali ele se destacou, e hoje ele é o Prefeito reeleito em Sapiranga.

           Em Dois Irmãos, cidade acolhedora, conhecida como Portal da Serra, o Prefeito eleito foi um professor, um mestre, o Professor Gerson Miguel. Esse Município faz parte da chamada rota romântica do Rio Grande do Sul, juntamente com a cidade de Picada Café, onde eu estive várias vezes, na caminhada apoiando o Prefeito reeleito Luciano Klein, do PTB. E nós, ali, somos Vice, com o companheiro Heliomar.

           Em 14 de novembro de 1961, o então Governador Leonel Brizola sancionou a Lei nº 4.203, elevando Sapucaia do Sul à condição de cidade, e não mais apenas um bairro. Pois nessa terra aguerrida se elegeu um amigo meu, que foi da minha base dos metalúrgicos de Canoas, trabalhava na Massey Ferguson, chamado Vilmar Ballin. Grande Vilmar Ballin!

           Quando eu estava em Esteio, outra cidade, fazendo campanha para o Gilmar Rinaldi, também da base dos metalúrgicos de Canoas - morava em Esteio -, eu lembrei momentos bonitos vividos junto com o Ballin, com o Rinaldi e com outras lideranças. Fizemos, em plena ditadura, Senador Geraldo Mesquita Júnior, uma caminhada de 30km de Canoas a Porto Alegre, a pé, exigindo democracia, exigindo o fim da ditadura. O Gilmar se elegeu com uma enorme votação. Meus parabéns ao Gilmar! Também lá tivemos uma bela política de aliança.

           Ao lembrar Esteio, eu queria, neste momento, numa homenagem à cidade, dizer: “Esteio, sangrei aurora neste esperar; Esteio e sonho flor de gaúcha, pura ternura de entardecer, sorriso claro de sol maduro, rumo seguro pro meu querer”.

           Esse é um pequeno poema que se faz em homenagem à cidade que pesquei na história de Esteio.

           E o que dizer de Canoas? Canoas dos metalúrgicos, Canoas dos professores, da construção civil, dos profissionais liberais, enfim, de todas as raças, de todas as etnias, de todos os segmentos sociais. Cidade que me acolheu ainda muito jovem, onde iniciei minha vida sindical e política. Pois na nossa Canoas, nós elegemos Prefeito o querido amigo Jairo Jorge.

           Há 23 anos, eu já era Deputado Federal, Jairo Jorge me procurou em nome do Partido e queria que eu fosse candidato a Prefeito. Eu disse: “Jairo, você, embora bem mais jovem do que eu, reúne as condições”. O Jairo Jorge aceitou e, há 23 anos, foi o primeiro candidato do PT à Prefeitura de Canoas. Ele não se elegeu, mas começou ali a escrever a sua história. E hoje, 23 anos depois, ele é o Prefeito da cidade de Canoas.

           Depois de Jairo Jorge, veio o Marco Maia, com quem trabalhei também na direção do sindicato. Foi candidato duas vezes, não se elegeu, mas o Marco Maia hoje é Deputado Federal, reeleito já pela segunda vez.

           Então, Senador Mesquita Júnior, quando digo isso, lembro que tive alegria de caminhar ao lado dessa geração de líderes, de aprender com eles e ensinar-lhes o pouco que este homem de mais cabelos brancos tinha de contribuição a dar. Então, foi uma bela caminhada. Confesso que estou muito feliz.

           Elegemos também - e quero dar aqui o mesmo destaque - Tarcísio Zimmerman, Deputado Federal até agora, que se elegeu Prefeito de Novo Hamburgo, considerada a capital do calçado. Aliás, quero reafirmar que a Câmara dos Deputados perde um grande Deputado, mas, com certeza, Novo Hamburgo e o Rio Grande ganham um grande Prefeito.

           Tarcísio Zimmerman era assessor do movimento sindical no tempo em que ainda fazíamos aquelas peleias em todo o Vale dos Sinos e no Rio Grande. Depois, ele foi assessor do Deputado Federal Miguel Rossetto; depois, foi Deputado Federal; a seguir, Secretário do Trabalho e Ação Social e, agora, elege-se Prefeito de Novo Hamburgo o grande Tarcísio Zimmermann. Minhas saudações! Você sabe o reconhecimento que tenho pelo seu trabalho.

           Na cidade de Gravataí, aconteceu um fato que tem de ser destacado aqui: o candidato a Prefeito seria o Bordignon, que era Deputado Estadual. Ele tinha mais de 80% das intenções de voto nas pesquisas. Ganharia. Como dizem, faria barba, cabelo e bigode naquela cidade. Elegeria uma grande bancada de vereadores. Faltando dois dias para a votação, a candidatura dele foi impugnada por aquilo que considero uma bobagem: um erro nas contas acertadas em torno de R$6 mil, que não ficou certo. Enfim, impugnaram a candidatura dele, e ele não pôde concorrer.

           Então ele escolheu uma Vereadora chamada Rita, uma liderança também, para ser sua Vice. E disse: “Tudo bem, não concorro.” Mas a urna estava fechada. Tinham que apertar o botão e aparecia Bordignon e Rita. Resultado: uma brilhante vitória da Rita Sanco, Vereadora, que é hoje Prefeita eleita. Parabéns ao Bordignon e ao Sérgio, que é o atual Prefeito, por essa brilhante vitória!

           Gravataí possui o sexto PIB do Estado, é conhecida como pólo industrial forte, onde se destaca, principalmente, uma fábrica de automóveis da GM.

           Lembro agora da cidade universitária de São Leopoldo, onde caminhamos ao lado, com muito orgulho, do Ary Vanazzi, um dos fundadores do PT, um homem que surgiu dos movimentos populares - associação de bairro, trabalhou muito na área da habitação, consagrou-se como liderança e foi reeleito com mais de 70% dos votos da cidade. Grande Ary Vanazzi!

           Lembro aqui de Viamão: na história de Viamão, durante a Revolução Farroupilha, de 1935 a 1945, ocorreram os embates mais sangrentos e escaramuças. Hoje, não há mais garrucha nem lanças; a arma é o voto, e o Prefeito Alex Boscaini também foi reeleito com bela votação.

           Enfim, Sr. Presidente, todos esses Prefeitos eleitos e reeleitos que aqui citei são companheiros de longa jornada no Vale dos Sinos e na Grande Porto Alegre. Posso dizer que aprendi muito e venho aprendendo muito mais toda vez que nos encontramos nessas caminhadas. Para mim, há uma característica neles que os une e que os fazem homens e mulheres comprometidos com nosso povo: o espírito público.

           Creio que o “caminho das estrelas” é uma vitória do movimento social. Há anos vínhamos sonhando com esse dia. Que bom é acreditar nos nossos sonhos e nos jovens que, hoje, passam a liderar toda a Grande Porto Alegre e também o Vale dos Sinos. Mas melhor ainda é alcançá-los e repartir com eles esse momento tão bonito.

           Em 2010, Srs. Senadores, completo 60 anos. Parte da minha vida escrevi ali, na Grande Porto Alegre e no Vale dos Sinos. Quero, em 2010, se Deus me abençoar e permitir, participar de uma grande festa com todos aqueles com os quais, ao longo desses anos, tive a alegria de caminhar junto.

           Termino, dizendo, sobre esse balanço parcial - não falei de tantas outras cidades do Rio Grande -, que o Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul, Senadores, é mais ou menos o que o ABC paulista é para São Paulo; é mais ou menos isso, pela sua marca, pela sua história e pela forma de agir daquele povo.

           Em relação a esses homens e mulheres que assumiram as prefeituras que aqui descrevi, eu poderia dizer que acompanhei a caminhada de praticamente todos eles; a maioria era de sindicalistas, professores, profissionais liberais e líderes dos movimentos sociais. Uma verdadeira revolução na política do Rio Grande do Sul, onde homens e mulheres, com uma história humilde - todos eles -, e de muita luta, assumem um posto maior do seu Município.

           Confesso que estou feliz. Foi uma semeadura feita por todos nós ao longo dos anos. Foram cerca de duas décadas e meia, e, hoje, colhemos os frutos. Peço a Deus que ilumine todos eles, para que possam fazer jus à confiança que o povo gaúcho depositou nesse projeto.

           Digo ainda - e vou conceder um aparte a V. Exª, Senador Geraldo Mesquita Júnior - que entendo que, num processo eleitoral, não há vencedores nem vencidos. Há, sim, espaço de esperança para todos. E aí cabe a consciência de cada um, a consciência de cada grupo, a consciência de cada causa, para compreender o momento histórico e saber tirar lições para as próximas empreitadas. 

Deixo aqui também meu carinho, meu respeito e minha admiração pela Deputada Federal Maria do Rosário, que foi candidata em Porto Alegre e não se elegeu Prefeita.

Deixo também meu carinho e meu abraço ao Pepe Vargas, Deputado Federal, que foi candidato a Prefeito, em Caxias do Sul, e não chegou lá; ao Fernando Marroni, liderança também inquestionável da região Sul, que competiu em Pelotas e não chegou lá; ao Paulo Pimenta, um bravo entre todos esses bravos, lá de Santa Maria da Boca do Monte, que também não atingiu o objetivo que pleiteava.

Para todos, todos, todos que disputaram as eleições, independentemente de partido político, eu gostaria de dizer que acho que a letra de uma música do Gonzaguinha - que até já citei outras vezes - cabe bem neste momento histórico como mensagem a todos.

Diz o Gonzaguinha:

Eu fico com a pureza da resposta das crianças

É a vida, é bonita e é bonita

Viver e não ter a vergonha de ser feliz

Cantar e cantar e cantar

A beleza [essa é a frase chave para mim] de ser um eterno aprendiz.

Ah meu Deus, eu sei, eu sei

Que a vida devia ser bem melhor e será

Mas isso não impede que eu repita [e repito, eu me considero um eterno aprendiz e, por isso]

É bonita, é bonita e é bonita.

Concedo um aparte ao Senador Geraldo Mesquita Júnior. 

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Senador Paim, de fato, V. Exª é um eterno aprendiz. Aliás, essa é uma característica, para não dizer uma qualidade, de V. Exª. Prova disso é que todas as suas proposições nesta Casa, mesmo quando V. Exª era Deputado, são fruto de um amplo debate que V. Exª trava com os setores envolvidos com a questão que V. Exª veicula em uma proposta qualquer. Ontem, por exemplo, tivemos aqui uma audiência enorme, presidida por V. Exª, na Comissão de Direitos Humanos, envolvendo os vigilantes, uma categoria importante de trabalhadores, uma categoria aflita com algumas questões que eles pretendem ver equacionadas. Sou testemunha de que todas as suas proposições brotam, surgem de um amplo debate, além de isso representar o respeito que um Parlamentar deve ter com as categorias de trabalhadores, com aquelas pessoas que alguns arrogantes acham que não sabem do que se trata - na verdade, eles é que sabem. Então, essa é uma característica de V. Exª. V. Exª tem razão: V. Exª é um eterno aprendiz. Há outras características de V. Exª, como a coerência, a obstinação em procurar resultado para aquilo em que V. Exª acredita, mas a coerência sobretudo, Senador Paim. No seu Partido, por exemplo, há pessoas que hoje ocupam cargo de projeção, que, só para citar um exemplo, quando a proposta do fator previdenciário tramitou na Câmara pela primeira vez, votaram contra e foram ardorosamente combatentes daquela proposta. Combateram com ardor e hoje, em postos chaves do Governo, advogam exatamente o contrário. Mas olhe a coerência de V. Exª: naquela oportunidade, era contra o fator previdenciário e, hoje, continua contra o fator previdenciário. Pedi este aparte porque V. Exª revelou, hoje, mais uma característica que, para mim, havia passado desapercebida: uma certa modéstia. Eu sempre vi V. Exª como um homem humilde, mas, hoje, V. Exª revela mais uma característica, que está sempre aliada à humildade, que é a modéstia. V. Exª relatou, aí, os resultados obtidos pelo seu Partido no Vale dos Sinos, e V. Exª retratou com perfeição. O Vale dos Sinos representa para o Rio Grande do Sul o que representa o ABC para São Paulo, quer dizer, é uma região extremamente importante. Pelas informações que tenho, Senador Paim, o papel de V. Exª nesse processo eleitoral foi fundamental e, em nenhum momento, V. Exª diz isso. V. Exª exalta, enaltece a participação de todos os candidatos, de todos aqueles que estiveram em torno dos candidatos e enaltece até aqueles que não tiveram sucesso nas urnas eleitorais. Mas, em momento algum, V. Exª - e seria apenas um registro - destaca o seu papel, que foi importante, porque tenho informações disso. Quando acaba um processo eleitoral como esse, Senador Paim, nós, que estamos aqui, no Senado Federal, além daquela análise mais profunda que fazemos acerca dos resultados no nosso Estado, também avaliamos o que aconteceu nos demais Estados. As informações que tenho são de que a presença constante, permanente, suada e ardorosa de V. Exª naquele Vale dos Sinos foi fundamental. Faço idéia disso, porque aqui, nesta Casa, a gente aprendeu a respeitar V. Exª. V. Exª é ouvido nesta Casa e tenho a impressão de que o sucesso eleitoral que tiveram os candidatos do seu Partido naquela região deve-se, em grande parte, muito provavelmente, ao respeito que a população do Vale dos Sinos tem por V. Exª, como nós também temos aqui. Portanto, V. Exª é um aprendiz, mas é um professor também, porque, a todo instante, está-nos ensinando alguma coisa. Hoje, V. Exª deu uma aula de modéstia, de grandeza, porque só aqueles que têm grandeza, Senador Paim, conseguem eu não digo minimizar a sua participação nos fatos históricos, mas, sobretudo, destacar a participação dos demais. V. Exª fez isso com muita elegância, com muita discrição. Parabéns a V. Exª. Aprendiz Paulo Paim e professor Paulo Paim, aprendi mais uma lição com V. Exª na manhã de hoje.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Agradeço as palavras carinhosas do amigo Geraldo Mesquita Júnior.

Vocês notaram que eu me afastei do Senado, porque eu tinha de estar lá; eu tinha de estar lá. Foram dias, para mim, muito bonitos, de encontro com a população.

Confesso, Senador Geraldo Mesquita Júnior, que eu tinha uma jaqueta de couro - alguns me ouvem, neste momento, sabem disso - que me acompanhava há mais de 20 anos. Eu adorava aquela jaqueta e, no comício de encerramento, tirei-a e disse que a jaqueta não era minha, mas deles, porque foram eles que construíram aquele momento bonito, um sonho que se tornava realidade. Entreguei a jaqueta, no comício, à população. Enfim, eu saí gratificado pelo carinho da população.

Fui a mais de 200 cidades, mas, é claro, acampei no Vale dos Sinos. Ali, fiz a minha trincheira, somando-me a outros companheiros naquela jornada, como V. Exª descreveu. Eu dizia, em todos os lugares: “Se alguém pensa que o meu discurso, aqui, sobre o fator previdenciário é um e, na tribuna do Senado, outro, está enganado. Volto a Brasília e a batalha continua: pelo reajuste dos aposentados, no molde do 42, pela derrubada do fator previdenciário.”

E confesso - disse-o em outro dia e repito - que, se não conseguirmos derrubar o fator previdenciário, sairei decepcionado com o Congresso Nacional deste meu mandato. Tenho uma grande esperança de ainda, até o fim do ano, derrubar o fator e aprovar o reajuste dos aposentados.

Continuo exatamente o mesmo, Senador Geraldo Mesquita Júnior.

A população tem-me mandado inúmeras correspondências, como esta que vou registrar, Senador Mão Santa, em que um companheiro de jornada, um trabalhador, lembra momentos de que eu nem me lembrava mais, do tempo em que dirigíamos o movimento sindical do Estado, fatos bonitos. Ele lembra quando viu aquele negrão barbudo na porta da fábrica. Ele, estudante, estava entrando, era estagiário: “Bom, agora vou ter de fazer uma greve aqui.” E, daí, ele olhou para mim e disse: “Ah, eu vou com ele.” Aqui, ele conta, de forma muito bonita, que sente o maior orgulho por ver que eu continuo o mesmo.

Eu acho que o homem público tem de continuar sempre o mesmo e sempre digo isso. O Prefeito Jairo, eleito, usou muitas vezes uma frase que eu digo há muito tempo: que nós, tanto como dirigentes sindicais, como homens públicos, temos empregadores. Nós temos o nosso patrão, para traduzir bem, que é o povo. É o povo que nos manda para cá, nos dá uma procuração e nos paga o nosso salário. Então, por que a soberba, por que a falta de humildade? Se um Prefeito eleito pensar que passou a ser melhor que os outros, ele estará enganado. Vai voltar para casa bem ligeirinho. Se ele não mantiver a humildade e entender que ele está lá por procuração do povo e que recebe um salário decente para prestar serviço para o povo, ele voltará logo para casa. E digo isso de forma carinhosa e respeitosa, porque o candidato a Prefeito de Canoas, o Jairo, falou muitas vezes da mesma forma como estou falando neste momento.

Por isso, Senador Geraldo Mesquita Júnior, o que mais me deixa feliz quando eu ando pelo meu Rio Grande é ouvir as pessoas dizerem: “Pô, você continua o mesmo, o mesmo lá da Tramontina, o mesmo do sindicato, o mesmo lá do ginásio noturno para trabalhadores. Você não mudou.”

Eu acho que é bom nós todos continuarmos como somos, porque não é um cargo de Senador, de Governador, Presidente da República ou de Vereador que deve mudar a postura do homem ou da mulher que chegou a um posto tão importante, levado pelo povo. Ele tem de, toda vez que passar pelo povo, ao contrário, bater palmas e dizer: “Muito obrigado por ter confiado em mim.”

         Senador Mão Santa, concluo, deixando esta carta bonita, que eu não lerei toda aqui, de um companheiro meu. O nome dele é Ismar da Silva Santos. Ele termina a carta dizendo: “Senador Paim, como seria bom se, um dia, você viesse à minha humilde casa para tomar um café comigo.” Eu já acertei que vou à casa do Ismar da Silva Santos, que, hoje, está com cabelos brancos. Ele era um menino e eu já era adulto, calculem as idades: eu estou chegando aos 60 e ele deve ter, pelos meus cálculos, em torno de 55 anos.

Eu achei bonito ele citar os nomes de inúmeros companheiros da época. Ouçam o que ele fala: Lembra do Mochila, Senador?” Mochila! “Lembra do Vinícius, do Madruga, na ocupação do Guajuvira, e que, naquela noite, o senhor entrou conosco? Eram seis mil moradias. Lembra do Matte?” Matte lembra erva-mate, mas era o meu vice-presidente no sindicato. “Lembra do Serginho? Lembra da Márcia e da Coenza? Da Vogue? Da Eunice e do Clóvis?”

         Aqui, ele relata momentos que eu, confesso, pelos tempos, pela caminhada e pelos cabelos brancos, nem tenho na minha memória.

É uma carta muito bonita, Senador Mão Santa, que eu peço que V. Exª registre nos Anais, se possível, na íntegra.

Quero, também, deixar a minha homenagem, que não vou ler, à data de ontem, Dia do Comerciário. Como nós temos um projeto, pronto para ser votado, que regulamenta, de forma definitiva, carga horária, piso, a questão do comerciário, eu queria, também, que V. Exª a registrasse na íntegra.

Por fim, eu queria fazer um convite a todos os Senadores e Senadoras.

            Com alegria, antes de encerrar, quero registrar que, no dia 13 de novembro, em Porto Alegre, no Chalé da Praça Matriz, vou lançar o livro intitulado O Canto dos Pássaros nas Manhãs do Brasil, no qual falo um pouco do nosso povo, da nossa gente, da nossa história. Este título - O Canto dos Pássaros nas Manhãs do Brasil - tem tudo a ver, pois é um diário - a minha visão - dos direitos humanos no Brasil.

O Canto dos Pássaros nas Manhãs do Brasil é uma referência a este momento que o País está vivendo, e simboliza, na minha ótica, um horizonte cheio de esperanças, com direitos e oportunidades a todos os brasileiros. Falo muito no livro da importância da mobilização permanente para que os objetivos sejam alcançados. Quando do lançamento deste meu livro, O Canto dos Pássaros nas Manhãs do Brasil, que acontecerá no Chalé da Praça XV, teremos a apresentação de um cantor, que considero revolucionário, do Continente americano. Refiro-me ao Dante Ramón, que lá fará um show com suas músicas, todas elas embaladas no sonho de uma pátria livre, solidária, igualitária para todos.

Dante Ramón Ledesma, por quem tenho um enorme carinho - aliás tenho acompanhado a trajetória dele -, está com problemas de visão e, por isso, fiz questão que ele fizesse o show, oportunidade em que será apresentado o livro. Ele comentará o livro e depois cantará para o público presente. No sábado - o show acontecerá numa quinta-feira -, dia 15, na Praça XV, faremos a tarde de autógrafos - a fazemos todos os anos - do livro O Canto dos Pássaros nas Manhãs do Brasil.

Concedo o aparte ao Senador João Durval.

O Sr. João Durval (PDT - BA) - Senador Paulo Paim, desde que cheguei a esta Casa passei a admirá-lo, pela maneira séria e competente com que V. Exª exerce seu mandato. E, aqui, gostaria de citar um versinho que aprendi ainda menino, que diz assim:

Quem passou pela vida em branca nuvem

E em plácido repouso adormeceu;

Quem não sentiu o frio da desgraça,

Quem passou pela vida e não sofreu;

Foi espectro de homem, não foi homem,

Só passou pela vida, não viveu.

V. Exª não está passando pela vida; V. Exª a está vivendo intensamente, buscando fazer o melhor pela nossa gente e pelo nosso País. Nesta oportunidade, quero parabenizá-lo pelo belo pronunciamento que V. Exª faz. Muito obrigado.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Senador João Durval, permita-me dizer-lhe como é bonito ver um gesto como o de V. Exª, que, lá na Bahia, deu num exemplo bonito para o processo democrático, pois tivemos candidatos opostos. V. Exª sabe que eu apoiei o Walter Pinheiro, e V. Exª, vitorioso - permita-me dizer-lhe isso -, reelegeu o Prefeito da capital, que é seu filho. Senador, meus cumprimentos pelo seu gesto, porque V. Exª é daqueles homens que têm a grandeza política ao ver que a divergência, em um processo eleitoral, entre os programas dos dois candidatos não diminui em nada a competência, a qualidade e a história dos homens públicos. V. Exª me faz uma bela homenagem, mesmo sabendo que, na disputa recente, estávamos - momentaneamente, eu diria - em posições opostas. Mas aqui, no Senado da República, estamos sempre juntos. Tanto isso é fato que, todas as vezes em que preciso do voto de V. Exª para aprovação de um projeto no campo social, V. Exª pode estar em casa, mas, se eu ligar, imediatamente sua assessoria responde, dizendo-me: “O Senador manda dizer que estará aqui em 10 minutos e vai votar com você”. Então, quero agradecer a V. Exª. Como disse: somos eternos aprendizes.

Parabéns pela vitória do atual Prefeito, seu filho! Parabéns ao Walter Pinheiro, que também teve uma bela votação na capital, Salvador. Aliás, tenho um carinho especial pela Bahia - sei que aquele ali também tem, porque, às vezes, quando vou à Bahia, o encontro por lá, e acabamos almoçando juntos. Com certeza, na próxima visita à Bahia, visitarei o Prefeito, Senador João Durval. Muito obrigado pelo aparte e pelo carinho, ao me dedicar esse pequeno poema. Muito obrigado.

Senador Mão Santa, concluo e agradeço a tolerância de V. Exª. Sei que ultrapassei os 20 minutos - acho que falei por volta de 40 minutos. Peço a V. Exª que publique, na íntegra, meus três pronunciamentos - as homenagens que faço aos comerciários e ao Ismar da Silva Santos, velho guerreiro de longas jornadas, que sempre estará comigo, porque eu estarei sempre com ele.

Obrigado, Senador Mão Santa.

 

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SEGUEM, NA ÍNTEGRA, DISCURSOS DO SR. SENADOR PAULO PAIM.

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            O SR PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr Presidente, Srªs e Srs Senadores, faço questão de cumprimentar uma categoria profissional por quem tenho grande admiração, os comerciários.

Gostaria de registrar meu respeito a esses trabalhadores e trabalhadoras que tem uma história de luta incansável pelos seus direitos.

Eles saem cedo de suas casas pois a jornada de trabalho que cumprem ainda é árdua e, em muitos casos, eles exercem sua profissão de pé.

Nós, por nossa vez, exigimos eficiência, boa vontade, amplo conhecimento do produto a ser vendido e esperamos que eles nos aguardem sempre com um sorriso.

E é isso que eles fazem, esquecem de seus problemas, sorriem e perguntam: “em que posso ajudá-lo?”

Admiro a capacidade que eles tem de exercitar a paciência.

Senhoras e Senhores Senadores, a profissão de comerciário é uma das mais antigas, mas ainda exige regulamentação e entendendo ser esta uma medida justa e necessária, apresentei o Projeto nº 115/2007.

Conforme consta da justificativa do Projeto, “são milhões de trabalhadores incluídos na atividade do Comércio mas que, até a presente data, ainda não foram beneficiados com um diploma legal específico que regulamente o exercício da profissão.

O crescimento da atividade econômica fez com que fossem ampliados os horários de atendimento ao público, sem levar em consideração a situação particular dos comerciários.

            A abertura do comércio aos domingos, dia tradicionalmente dedicado ao descanso e ao convívio familiar, tornou-se um percalço para eles.

Muitas famílias se desintegraram, filhos quase não reconhecem mais os pais, e os momentos de lazer foram praticamente suprimidos. A atividade comercial não pode ser regulada unilateralmente pelos empresários visando apenas o lucro.

            A geração de mais empregos é importante e será sempre incentivada, mas não se pode admitir a extensão da jornada normal de trabalho por até doze ou mais horas consecutivas, como ocorre em muitos casos.

A proposição encampa o sentimento dos comerciários, manifestado por suas entidades representativas, e representa um alerta sobre a situação de absoluta desregulamentação que vive o setor.

Sr Presidente, vale salientar que esta proposição foi aprovada por unanimidade no Congresso Nacional dos Trabalhadores do Comércio, promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio - CNTC .

Conto com meus nobres Pares, para que possamos discutir a situação dos comerciários, estabelecendo parâmetros adequados para o exercício de sua atividade profissional,...

... sem o sacrifício pessoal e o desgaste físico e emocional por que passam diariamente, sem citar os casos de doenças profissionais e problemas de saúde que inflam os índices de concessão de benefícios previdenciários por parte do INSS.

Era o que tinha a dizer.

 

O SR PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr Presidente, Srªs e Srs Senadores, nas eleições municipais deste ano, o Partido dos Trabalhadores do Estado do Rio Grande do Sul, manteve a sua trajetória de crescimento.

            Elegemos 61 prefeitos e prefeitas, crescendo mais de 48%, passando a governar 1.842.495 eleitores como chefe do executivo.

            O partindo elegeu ainda 68 vice-prefeitos e 519 vereadores e vereadoras.

            Importante destacar que nas regiões Metropolitana e Vale do Rio dos Sinos, às margens da BR 116, o PT conquistou importante cidades, como...

            ... Dois Irmãos, Nova Hartz, Sapiranga, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Sapucaia do Sul, Esteio, Canoas, Gravataí e Viamão. Em Campo Bom e Picada Café somos vice.

            Pela importância, social, cultural e econômica, dessas duas regiões, nós já estamos chamando esse traçado de vitórias de “o caminho das estrelas”.

            Por tanto eu gostaria de saudar, através de um pequeno verso que um de meus assessores escreveu,...

            ...os prefeitos eleitos que terão agora, creio eu, a missão mais bela de suas vidas.

            Nos comícios e nos debates que participei falava sempre que as estrelas iriam iluminar o Vale dos Sinos para que a nossa proposta fosse vitoriosa.

            Inspirado nesses pronunciamentos o Luciano Ambrósio fez este pequeno poema chamado “Caminho das estrelas”:

            “Há um caminho que se abre // O caminho das estrelas // Um caminho de vitórias // Onde pessoas e mais pessoas se encontram //...

            ...Se irmanam em sonhos // Na construção de um tempo novo // Um horizonte novo // Um destino certo”

            Meus nobres colegas de Senado.

            Nova Hartz é uma pequena cidade de colonização alemã onde uma das características de seu povo é o carinho com que recebem os visitantes...

            ...Há muitos jardins e praças que encantam a todos. Pois lá se elegeu prefeito o companheiro Antonio Élson de Souza.

            Nelson Spolaor se reelegeu em Sapiranga. Essa cidade é conhecida como a cidade das rosas. Anualmente acontece a festas das rosas...

            ...com apresentação de bandas de diferentes estilos musicais além de uma infinidade de atrações como danças típicas e teatro.

            Em Dois Irmãos, cidade acolhedora, conhecida como portal da serra, o prefeito eleito foi o professor Gerson Miguel. Esse município faz parte da rota romântica do Rio Grande do Sul, juntamente com a cidade de...

            ...Picada Café, onde eu estive várias vezes na campanha apoiando o prefeito reeleito Luciano Klein, do PTB, que tem como vice o companheiro Heliomar, do PT.

            Em 14 de novembro de 1961, o então governador Leonel Brizola, sancionou a lei de nº4.203, elevando Sapucaia do Sul a condição de cidade...

            ...Pois nesta terra de gente querida se elegeu o amigo Vilmar Ballin.

            Quando eu estava em Esteio fazendo campanha para o Gilmar Rinaldi, que se elegeu, eu me lembrei de uma canção que diz assim...

            ...“Sangrei aurora neste esperar, Esteio e sonho flor de gaúcha, pura ternura de entardecer, sorriso claro de sol maduro, rumo seguro pro meu querer”

            E o que dizer de Canoas? Cidade que me acolheu ainda muito jovem e onde iniciei minha vida sindical e política...

            ...Pois na nossa Canoas o querido amigo Jairo Jorge é o prefeito eleito, tendo como sua vice a amiga Bete Colombo. Com certeza estarei lá na posse.

            Também foram eleitos: o Tarcísio Zimmerman, em Novo Hamburgo, que é considerada a capital do calçado, aliás a Câmara dos Deputados vai perder um dos seus deputados mais atuantes. 

            ...e a Rita Sanco, na cidade de Gravataí, que possui o sexto maior PIB e a sexta maior população do estado. Gravataí é conhecida pelo forte pólo industrial, no qual se destaca uma unidade da fábrica de automóveis GM.

            Na cidade universitária de São Leopoldo ajudamos a reeleger o prefeito Ari Vanazzi, um dos fundadores do PT.

            E na histórica Viamão, onde durante a Revolução Farroupilha (1835 / 1845) ocorreram combates e escaramuças,...

            ... hoje não há mais garruchas e nem lanças, a arma é o voto, o prefeito Alex Boscaini também foi um dos nossos que se reelegeu. 

            Enfim, senhor Presidente, todos estes prefeitos eleitos e reeleitos, que aqui eu citei, são companheiros meus de longa data.

            Posso dizer, que aprendi muito e venho aprendendo todas as vezes que nos encontramos.

            Para mim há uma característica neles que os unem e que os fazem cidadãos comprometidos com suas comunidades,...

            ...que é o espírito público.

            Creio que o “caminho das estrelas” é uma vitória do movimento social. Há anos vínhamos sonhando com tal dia...

            ...Que bom é acreditar nos nossos sonhos... mas melhor ainda é alcançá-los e reparti-los com aqueles que nada tem.

            Para os senhores e senhoras que aqui estão, terem uma idéia, o Vale do Rio dos Sinos está para o Rio Grande do Sul,...

            ...assim como o ABC está para o Estado de São Paulo.

            Senhoras e Senhores Senadores, esses homens e mulheres que assumiram as prefeituras que aqui descrevi, poderia dizer que acompanhei a caminhada de todos eles.

            A maioria é sindicalista, outros professores, profissionais liberais e líderes dos movimentos sociais. Uma verdadeira revolução em parte da política do Rio Grande do Sul, onde homens e mulheres com uma história humilde e de muita luta assumem o posto maior do seu município.

            Eu estou feliz. Foi uma semeadura feita por todos nós ao longo dos anos. Foram cerca de duas décadas e meia e hoje colhemos os frutos.

            Peço a Deus que ilumine a todos eles para que possam fazer jus à confiança que o povo gaúcho depositou nesse projeto.

            Senhoras e Senhores Senadores, entendo que num processo eleitoral não há vencedores e nem vencidos. Há, sim, espaços de esperança para todos, e aí,...

            ...cabe a consciência de cada um, a consciência de cada grupo, a consciência de cada causa,... 

            ...para compreender o momento histórico, e saber tirar lições para as próximas empreitadas.

            Deixo aqui o meu carinho, respeito e admiração pela Maria do Rosário, que foi candidata em Porto Alegre;...

            ...ao meu amigo Pepe Vargas, ex candidato em Caxias do Sul; ao Fernando Marroni, liderança inquestionável da região sul...

            ...e da cidade de Pelotas; e ao Paulo Pimenta, um bravo entre os bravos na Santa Maria da Boca do Monte.

            Para todos os que disputaram as eleições municipais, independente das posições partidárias, queria deixar uma mensagem na letra da Canção de Gonzaguinha:

“Eu fico com a pureza da resposta das crianças

 É a vida , é bonita e é bonita.

 Viver, e não ter a vergonha de ser feliz

 Cantar e cantar e cantar

 A beleza de ser um esterno aprendiz

 Ah meu Deus eu sei, eu sei

 Que a vida devia ser bem melhor e será

 Mas isso não impede que eu repita

 É bonita, é bonita e é bonita.”

Era o que tinha a dizer.

 

            O SR PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr Presidente, Srªs e Srs Senadores, tenho a alegria de vir a esta Tribuna para registrar o recebimento de um e-mail que me comoveu muito.

            É de um companheiro de luta, uma pessoa simples, cheia de esperança e de fé na construção de um mundo melhor para todos.

            Ele diz:

            Caro amigo Senador Paulo Renato Paim:

            Em Canoas no domingo à noite, 26/10/2008, após muito tempo eu o vi no caminhão do Jairo Jorge,...

O Jairo Jorge, Senhor Presidente, é o novo prefeito eleito, petista, da cidade de Canoas, no Rio Grande do Sul.

Bem, o e-mail continua dizendo: “o senhor jogou um boné e a jaqueta lá de cima pro pessoal em baixo do caminhão com a seguinte frase "São da sorte e representam os minutos que passei até realizar este sonho de eleger o prefeito de Canoas"

            Voltei no tempo e recordei 1986, lá estava eu como funcionário da Springer Carrier, novato, em um contrato temporário de 4 meses. Mas um ano antes eu era do movimento estudantil e saindo, na época, da Escola Carlos Chagas em Canoas após um grande movimento estudantil,...

            ... encontro 2 pessoas com panfletos no portão,com uma moto tt da época bem pequena,eram Jairo Jorge e Vitor Labes. Conversaram comigo e no outro dia me filiei ao PT de Canoas. Participei das campanhas da caminhada do Jairo como vereador e prefeito na época.

No outro ano, 1986, mesmo novato me deparo com um grande líder o maior que já conheci, barbudo, presidente do sindicato de Canoas... sim era o senhor,e fui para luta, participei da maior greve e única de 8 dias em Canoas...

... A empresa filmando tudo nos portões da fábrica, os ônibus parando na entrada a grande mobilização. Eu, Ismar da Silva Santos, metalúrgico fui para o piquete. Lembro que um companheiro nosso, chamado jesus da Springer, ia ser preso e na hora pára um carro vermelho e...

... dentro estava o senhor e a advogada do sindicato,e negociaram com a Brigada Militar, afinal o soldado estava furioso por que há dias tinha vindo do interior e a greve era marcada, e na última hora não saía, pela estratégia feita. Assim eles ficavam furiosos com isso,e quando não esperavam ela saiu e durou 8 dias...

... Almoçávamos arroz de carreteiro no sindicato, ficávamos em barracas na rua, mas valeu cada minuto, tudo. No final da greve tenho a cena na memória eu e os meus 6 companheiros que ficamos no final da greve na sua sala, e o senhor disse: tá na hora de vocês voltarem, prefiro contar com 7 guerreiros lá dentro do que desempregados aqui fora....

... Na hora eu pedi ao senhor que colocasse no acordo o fim do contrato de 4 meses de temporário para a patronal e o senhor na hora concordou e colocou e nós voltamos para a fábrica.

Conheci o Clóvis grande amigo meu no sindicato que era da Mathias velho e tinha um Variante ou Brasilha velha ea Eunice que era líder do sindicato na Springer e estava para sair de lá. Mais o Mochila, Vinicius, Madruga, Matte, Serginho etc.

Um tempo depois fui convidado para me candidatar a líder sindical pelo meu amigo Clóvis e a Eunice. Ambos foram em minha casa. Na época não pude, mas continuei na luta sindical até 1990 quando saí da Springer...

            ... Me orgulho disso por que entrei como auxiliar de fábrica e saí como técnico pleno em desenvolvimento de produto na engenharia. Devo isso também ao senhor, que é um exemplo de luta, garra e caráter pra mim e minha filha que com 11 anos viu o senhor lá domingo e conhece a minha e a sua história.

            Tenho ótimas lembranças daquela época, 23 anos atrás, eu participei desta história também. Continuei acreditando e votando, no Olívio, no Tarso, no Jairo e no senhor, maior líder que conheci em toda minha vida nestes 45 anos que vou completar.

Srªs e Srs Senadores, esse grande amigo, companheiro de jornada terminou dizendo de sua alegria pelo nosso sonho ter virado realidade, falando da saudade que sente do tempo em que estávamos unidos no movimento sindical.

Mas ele bem sabe que nós continuamos unidos pelo mesmo ideal e seguimos conforme ele mesmo termina dizendo: lutávamos unidos, fortes, justos, dignos assim como o amigo, e considero meu amigo mesmo depois de anos sem termos contato mais... se quiser um dia aparecer na minha humilde casa é meu convidado. Um grande abraço, Ismar da Silva Santos.

Era o que tinha a dizer.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/11/2008 - Página 42414