Discurso durante a 200ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Agradecimentos pelos votos que as candidaturas do PT tiveram nas últimas eleições. Preocupação com a crise econômica que afeta o mundo. Seleção de pequenos tópicos do noticiário da semana passada sobre a crise.

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Agradecimentos pelos votos que as candidaturas do PT tiveram nas últimas eleições. Preocupação com a crise econômica que afeta o mundo. Seleção de pequenos tópicos do noticiário da semana passada sobre a crise.
Publicação
Publicação no DSF de 29/10/2008 - Página 41437
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • OPORTUNIDADE, CONCLUSÃO, SEGUNDO TURNO, ELEIÇÕES, AGRADECIMENTO, VOTO, RECEBIMENTO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), CRESCIMENTO, NUMERO, PREFEITURA, APRESENTAÇÃO, DADOS, SAUDAÇÃO, RESULTADO, MUNICIPIO, JOINVILLE (SC), ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).
  • APREENSÃO, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, NECESSIDADE, CONTROLE, NOTICIA FALSA, PROVOCAÇÃO, PERDA, ESTABILIDADE, ECONOMIA NACIONAL, LEITURA, TRECHO, NOTICIARIO, SAUDAÇÃO, CRESCIMENTO, EMPREGO, MEDIA, RENDA, REDUÇÃO, DEFICIT, PREVIDENCIA SOCIAL, AMPLIAÇÃO, ENTRADA, INVESTIMENTO, CAPITAL ESTRANGEIRO, MELHORIA, INDICE, CONSTRUÇÃO CIVIL, APRESENTAÇÃO, DADOS, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).
  • ANALISE, INFERIORIDADE, EFEITO, CRISE, BRASIL, MOTIVO, CONTROLE, SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL.

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A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Sr. Presidente; agradeço também ao Senador Camata.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não vou na mesma linha, mas vou no mesmo tema que o Senador Cristovam Buarque, porque é impossível estarmos de volta a este Plenário sem comentarmos minimamente o resultado das eleições. Não vou tecer nenhuma avaliação. Não vou fazer nenhuma análise, até porque teremos que fazê-la com muita seriedade, com bastante compenetração, do resultado desse processo eleitoral.

Mas, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, eu não poderia deixar de vir ao Plenário, neste primeiro dia depois do Segundo Turno, e agradecer os votos que o nosso Partido obteve, que as candidaturas do nosso Partido obtiveram, nesse Segundo Turno das eleições. Foram nada mais nada menos do que 21.688.633 de votos recebidos por candidatos do Partido dos Trabalhadores, o que nos coloca no segundo lugar, muito próximo do primeiro colocado, o partido que recebeu o maior número de votos no País, que foi o PMDB. Também das prefeituras e cidades com mais de 200 mil habitantes, neste segundo turno, o PT disputou em quinze, e os seus candidatos ganharam em oito. Naquele famoso G79, que é o grupo das 79 cidades que têm mais de duzentos mil eleitores, o PT conquistou 21 destas 79. Sendo que das 21, seis são capitais.

Para a minha satisfação e comemoração de todos nós do PT de Santa Catarina, está a vitória extremamente significativa, porque alcançou quase 63% dos votos no Município de Joinville, do nosso querido companheiro Carlito Merss, Deputado Federal, reconhecido pela sua competência e por ser alguém que tem um amor imenso por Joinville, tanto que disputou cinco eleições, sendo somente vitorioso na quinta. Portanto, é uma demonstração clara da sua determinação de governar aquela que é a maior cidade - há uma grande repercussão das capitais divulgando quem ganhou, quem não ganhou, penso que em Santa Catarina e no Espírito Santo as capitais não são as maiores cidades do Estado. A maior cidade de Santa Catarina é Joinville. É a vitória de Carlito no maior colégio eleitoral na cidade pujante, na cidade que puxa, que é, como chamamos, a verdadeira locomotiva do PIB industrial do nosso Estado e de boa parte do Brasil, e que será por ele administrada a partir de 1º de Janeiro.

Então, gostaríamos - e muito - de agradecer esse crescimento. Inclusive, em 2004, o PT fez 411 prefeituras; agora, acrescidas as vitórias do segundo turno, passaremos a governar 559 municípios, em todo o Brasil, o que muito nos orgulha e nos dá muita responsabilidade.

O outro assunto: a crise.

O primeiro, a eleição; o segundo, a crise.

Estou cada vez mais preocupada não só com a crise, porque acho que a preocupação com a crise é uma preocupação que todos devemos ter, todos devemos acompanhar e monitorar. Temos medidas, inclusive, para serem apreciadas pelo Congresso Nacional, enviadas pelo Presidente Lula, a Medida Provisória 443.

Estive ontem na entrega do Prêmio Top Anamaco, que premiou inúmeras empresas com inovação, com desenvolvimento de produtos na área da construção civil. O setor da construção civil está preocupado, como todos os outros.

Mas eu gostaria de fazer um contraponto, porque estamos com uma preocupação legítima com a crise, mas os indicadores, as notícias, basta pegar o que está nos jornais, ou seja, a economia real, o mundo real coloca que temos que ter cuidado e atenção sim, mas não podemos contribuir com o pânico. O pior que poderemos ter no Brasil é um pânico, ou seja, termos um efeito manada, em que as pessoas não pensam, não raciocinam e acabam não investindo, não implementando os seus empreendimentos, os seus negócios.

Se o Presidente me permitir, gostaria de ler pequenos tópicos do noticiário dos últimos três, quatro dias. Selecionei algumas notícias que saíram quarta, quinta e sexta da semana passada que dão idéia da real dimensão do problema que enfrentamos. A crise existe, há preocupação, mas não é isso tudo que alguns até gostariam que fosse - a impressão que me dá é que tem gente torcendo para que fique mesmo muito ruim, não sei com que intenção.

Começo com os dados relativos ao emprego. O mercado de trabalho está imune à crise. O contingente de empregados com carteira assinada segue em alta, com acréscimo de 1,1% frente a agosto e de 6% no comparativo com setembro do ano passado. Registrou-se aumento da massa salarial de 1,6% frente a julho e de 11% frente a agosto de 2007. Portanto, continuam crescendo os empregos, continuam aumentando os salários. A estabilidade na taxa de desemprego e a formalidade prosseguiram em alta, a renda média real prossegue em expansão, o número de ocupados também cresce e, o mais importante, registrou-se o aumento do nível de pessoas ocupadas em idade ativa. Na seara do emprego e do salário, continuamos com números extremamente positivos.

O nível de emprego na indústria paulista se mantém em crescimento e fechará o ano com alta de 4,5%. Em setembro foram abertas onze mil vagas no Estado de São Paulo.

Matéria também da semana passada dá conta de que houve queda no déficit da Previdência Social: foram R$ 7,4 bilhões de queda em setembro.

Só há um jeito de o déficit da Previdência cair: é o número de pessoas empregadas que contribuem, com carteira assinada portanto, aumentar. É uma prova inequívoca.

Apesar do aumento da dívida externa, por causa da flutuação do dólar, o Brasil continua sendo credor externo. Continuaríamos tendo saldo positivo se precisássemos cobrir tudo aquilo que devem o Brasil e as empresas.

Agora, o ingresso de investimento estrangeiro direto, o IED - não aquele especulativo, mas aquele para investimento de médio e longo prazo -, em setembro, foi o segundo maior de todos os meses que fazem parte da série histórica iniciada em 1947. Portanto, continuamos recebendo recursos, dinheiro, investimento produtivo. O resultado mais alto do que o esperado foi gerado pelo ingresso de 2,7 bilhões de um único investidor, que continua vendo no Brasil um país em condições de continuar se desenvolvendo. Não houve a interrupção desse fluxo de dinheiro, da entrada de investimento estrangeiro direto no Brasil, mesmo com toda a turbulência das bolsas etc.

O setor da construção civil - estive ontem na premiação do IX Top da Anamaco - cresceu 9,8% de janeiro a setembro de 2008. Foi de 9,8% o crescimento da construção civil nos nove primeiros meses deste ano e a tendência é que a alta se aproxime de 11% no ano de 2008.

Como não poderia deixar de ser, trago também notícias do meu Estado: não há sinal de crise. O movimento de cargas no complexo portuário de Itajaí, que inclui o porto e terminais privados, foi recorde: ultrapassou, em setembro, o total de cargas de todo o ano passado, ou seja, de janeiro a setembro, movimentamos, no complexo portuário de Itajaí/Navegantes, mais carga do que em todo o ano passado, mesmo com a tal da crise. A Sadia continua projeto de Mafra, ou seja, vai continuar investindo. O Grupo Marisol - área têxtil, Senador Camata, que enfrentou problema com o câmbio e com a entrada de produtos chineses - encerrou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$10 milhões, mais do que o dobro do obtido no mesmo período no ano passado.

Há crise? Há crise. É grave? É grave. Vai afetar o Brasil? Não tenho nenhuma dúvida de que vai afetar o Brasil, mas não sejamos nós os propulsores do pânico em nosso País, porque estamos muito bem aparelhados e muito bem comandados para enfrentar esse processo. Portanto, não sejamos nós a colocar lenha na fogueira. Não interessa queimar o nosso País, porque os países emergentes é que têm sustentado o crescimento.

Setenta por cento do crescimento mundial registrado no ano passado veio dos países emergentes, entre eles o Brasil, e serão eles que, após a superação da crise, vão receber os investimentos. A retomada dos investimentos será feita nos países que tiverem equilíbrio para passar por esta crise, e o Brasil tem equilíbrio para fazer isso, pois conta com seu mercado interno, com crescente número de empregados, massa salarial também crescente, investimento e crédito.

Agora, obviamente teremos de monitorar, orar, vigiar e atuar para passar por esta crise da forma como o Brasil merece, porque fez a sua tarefa, fez a lição de casa. Nós controlamos o nosso sistema financeiro. Os Estados Unidos e a União Européia não fizeram esse controle. Por isso, nós temos de estar muito atentos para não pagarmos uma conta que não é nossa e que não foi provocada por nós.

Era isso, Sr. Presidente, que tinha a dizer. Peço desculpas por ter excedido um pouco o tempo de que dispunha.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/10/2008 - Página 41437