Discurso durante a 209ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Preocupação com a falta de segurança pública no Estado do Pará. (como Líder)

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL. SEGURANÇA PUBLICA. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Preocupação com a falta de segurança pública no Estado do Pará. (como Líder)
Aparteantes
Mozarildo Cavalcanti.
Publicação
Publicação no DSF de 11/11/2008 - Página 44635
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL. SEGURANÇA PUBLICA. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, VISITA, SENADO, VEREADOR, REELEIÇÃO, BUSCA, GARANTIA, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, MUNICIPIO, SALVATERRA (PA), ESTADO DO PARA (PA).
  • REITERAÇÃO, COMPROMISSO, DEFESA, ESTADO DO PARA (PA), COBRANÇA, SEGURANÇA PUBLICA, MOTIVO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, VIOLENCIA, PROTESTO, OMISSÃO, GOVERNADOR, VIAGEM, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, ABANDONO, INTERIOR, PERDA, CONTROLE, POLICIA, COMPROVAÇÃO, DOMINIO, CRIMINOSO, APRESENTAÇÃO, NOTICIARIO, IMPRENSA, IMPEDIMENTO, ATUAÇÃO, BANCOS, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
  • REGISTRO, MOBILIZAÇÃO, SENADOR, DEFESA, APOSENTADO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pela Liderança da Minoria. Sem revisão do orador.) - Como sempre. Eu sei disso, Senador. V. Exª é sempre muito ético, muito paciente.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, inicialmente, quero dizer da minha alegria de poder hoje ter, nas galerias de honra, um Vereador amigo, o Vereador Walter, que foi reeleito e é da minha terra querida, a minha linda e querida Salvaterra, no Marajó, cidade pequena, mas maravilhosa, de um povo ordeiro, simples. Recebo hoje, aqui, no Senado Federal, a visita desse grande Vereador, que vem aqui preocupado em verificar como estão as emendas no Orçamento do próximo ano para sua terra.

Quero, então, parabenizá-lo duplamente, Vereador: pela sua reeleição e pela vinda de V. Exª até nosso gabinete para tratar dos interesses da nossa querida Salvaterra, na Ilha do Marajó.

Sr. Presidente, como o Senador Mão Santa, eu me preocupo com a minha terra. É lógico, Senador Mão Santa, são as nossas raízes, é o nosso torrão querido. É o seu Piauí, é o meu Pará, é a Roraima de Mozarildo, é o Acre do Tião. São Estados pequenos, de onde viemos e que amamos muito.

Eu sempre digo: eu venho aqui defender o meu Estado. Eu não guardo ódio. Mas não guardo mesmo! Sem demagogia. Não consigo, não consigo guardar ódio. Agora, eu tenho que vir aqui defender as causas do meu Estado. Corrupção no Piauí, temos que falar. Segurança no Pará, eu tenho que falar, gente! No nível nacional, os aposentados estão morrendo à míngua, nós temos que falar, gente!

Senador Mozarildo, nós viemos para cá para isso. Uma das nossas tarefas é representar o nosso Estado. São três Senadores para cada Estado. Eu tive 1,5 milhão de votos, Mozarildo. Um milhão e meio de pessoas acreditaram que o Senador Mário Couto viesse para cá, com responsabilidade, com ética; não querem ver o meu nome em manchetes; não querem ver o meu nome em envolvimentos irregulares; querem ver o Senador Mário Couto defendendo seu Estado.

E aí me disse um Senador ainda agora: “lá vai o Mário Couto pra tribuna falar de segurança”. Lógico! Lógico! Eu vou falar de segurança aqui por meses, meses e meses. Eu sei que a educação no meu Estado não vai bem, eu sei que a saúde no meu Estado não vai bem, mas a segurança eu posso garantir hoje que não existe, Mozarildo. Você conhece o Pará, você conhece Belém, você se formou, andou por lá, anda por lá. Não há, Mozarildo, não há Estado mais inseguro, não há Estado mais violento do que o Pará na atualidade. Não há!

E o que mais me chateia, o que mais me traz indignação, Mão Santa, é que, se você perguntar onde está hoje a nossa Governadora, eu lhe digo. Pergunte-me que eu lhe digo onde está hoje a nossa Governadora. Eu penso que a nossa Governadora está reunida com o seu secretariado, está reunida com o Comandante da Polícia Militar, está indo para o interior ver como está a saúde, como está a educação, como está a segurança; saber onde tem delegado, onde não tem delegado, onde tem escrivão, onde não tem escrivão. Não! A nossa Governadora não está fazendo nada disso e está vendo o povo morrer à míngua, Mão Santa. O povo do Pará está sendo torturado.

         Olhe aqui. TV Senado, mostre ao povo do Pará. Quando a gente sabe que bandidos assaltaram... Eu disse aqui, outro dia, que a polícia tinha perdido o controle de proteger o cidadão no Pará. Eu disse aqui que a polícia tinha perdido o controle, que os paraenses não podiam sair de suas casas, porque, se saíssem, iam ser assaltados. Eu disse isso aqui, e V. Exª me ouviu dizer que os bandidos tinham ganho a guerra. Agora, vou trazer a prova. Vou mostrar ao Pará e à Nação brasileira a prova de que os ladrões tomaram conta do meu Estado.

E onde está a Governadora? Traz indignação: a Governadora está na China, meu amigo Mozarildo! O que a Governadora do Pará foi fazer na China? Digam, paraenses! Enquanto os bandidos tomam conta da cidade, a Governadora do Pará está na China! Será que ela foi buscar a solução na China? Será que ela foi buscar soldado chinês para tomar conta das ruas do Pará? Ô, Ana Júlia Carepa, pelo amor da Santa Filomena, não faça isso com os paraenses, Governadora!

O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Mário Couto.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - A senhora prometeu dar segurança a todos nós. Olhem aqui, está no Jornal O Liberal: “Bandidos prendem polícia outra vez”.

Isso não existe, Mão Santa. Em lugar nenhum do mundo, Mão Santa, isso existe. Os bandidos prendendo a polícia, Mão Santa! Mostre, TV Senado, para o Brasil! Mostre para o Pará! Não existe isso, Mão Santa! Só no Pará...

Como é que a polícia está sendo presa pelos bandidos? Os bandidos pegaram a polícia e colocaram no xadrez outra vez, Mozarildo. Sabe o que se quer dizer com “outra vez”? É que não foi a primeira vez: só neste ano, foram 23 assaltos a banco. Foram assaltados 23 bancos! Só uma agência, Mozarildo, foi assaltada sete vezes - agora está fechada por insegurança.

Eu mandei uma correspondência outro dia, pelo correio, para uma amiga minha que foi candidata a Prefeita do Município de Acará - não sei se você conhece o Acará, é uma cidade próxima a Belém. Ela foi eleita, e eu mandei um telegrama parabenizando-a. Voltou o telegrama, dizendo o seguinte no rodapé - o carteiro mesmo escreveu -: “Não foi possível entregar. Risco de assalto”.

E veja agora que coisas inéditas vêm acontecendo: os bandidos prendendo a polícia; os bancos fechando, porque os bandidos assaltam e prendem os policiais; entram na delegacia, assaltam e prendem os policiais. Tomam conta da cidade. Em 23 cidades já aconteceu isso; houve 23 assaltos a bancos, 23 cidades já foram assaltadas. Cidades inteiras assaltadas, na mão dos bandidos. E eu tenho de ficar calado, Mão Santa, porque vão dizer, no meu Estado, que eu estou perseguindo, que eu estou falando demais? Eu estou aqui para isso, eu não vou abrir mão de um milímetro disso.

Enquanto não derem sinal de que estão melhorando, ou pelo menos tentando melhorar a segurança pública do meu Estado, eu vou continuar falando e batendo.

O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Mário Couto.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Pois não, Senador.

O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Mário Couto, acho que sei por que a Governadora está na China. Talvez ela esteja inspirada na novela Negócio da China e esteja por lá. Agora, eu lamento. Aqui estão o Senador Papaléo, o Senador Tião Viana e eu, que nos formamos em Belém. Somos meio paraenses, portanto. É lamentável ouvir o relato que V. Exª faz a respeito da insegurança naquele Estado e naquela cidade que é, ainda hoje, a metrópole da Amazônia.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - É verdade, Senador, é verdade.

Sinceramente, sinceramente, acho que os políticos deveriam ter mais respeito, Senador Papaléo, pela população. A conduta dos políticos deveria ser fiscalizada para verificar a correspondência entre o que fazem e o que prometeram no palanque. O Governador ou qualquer político que fale no palanque para enganar - para enganar, porque o que foi feito no meu Estado foi para enganar - deve ser punido.

Quem sabe agora não se encontra uma maneira, nessa nova lei que vem aí, para se fazer a boa política no Brasil? Quem sabe se, com a reforma política, nessa nova lei, a gente não possa colocar algo que responsabilize o político mentiroso? Como foram feitas promessas para acabar com a violência no meu Estado! Como está ruim a situação hoje do meu Estado e do nosso País em termos de segurança!

O Pará é o sexto maior Estado exportador do Brasil. Colaboramos com a economia do nosso País substancialmente. O Estado do Pará tem população ordeira. Somos o Pará de Nossa Senhora de Nazaré, uma santa milagrosa!

Dois, três milhões de fiéis vão às ruas por ano agradecer pelos milagres. Agora a população é torturada, maltratada, violentada, abandonada! Os ladrões e bandidos tomaram conta da minha cidade de Belém, tomaram conta do interior do meu Estado. Chegamos ao ponto de bandido prender policial, de bandido prender PM, Polícia Militar, bandido prender Polícia Civil, bandido cobrar pedágio para se entrar em bairro, bandido não deixar carteiro entregar correspondência! Aonde vamos chegar, Senador?

A Ana Júlia é sua amiga, Senador? A Ana Júlia é sua amiga? Diga à Governadora que não vá para a China, Senador! Como é que uma Governadora, no meio de tudo isso... Ela deveria estar no interior do Estado; ela deveria estar rodando o interior para ver a situação da educação, da saúde, para ver a situação da violência, Senador, que é gritante, é inaceitável! Mas não: a Governadora pega um avião e vai para a China! É inconcebível isso!

E não venha me dizer que a Governadora foi atrás de projeto! Não venha me dizer isso pelo amor de Deus! Não venha me dizer isso! Não venha me dizer isso porque os projetos chineses estão todos na Vale, Senador. Não venha me dizer isso!

O que ela deveria estar fazendo agora, Senador, não era buscar projeto. Buscar projeto pra quê? Agora ela deveria, em primeiro lugar, cuidar da vida do cidadão. Ela deveria estar lá, no interior, vendo a necessidade de uma delegacia que está caindo, vendo a necessidade de colocar mais policial, vendo a necessidade de pagar bem o policial. Sabe quanto ganha um policial no meu Estado, Senador? Paga-se mil reais para um policial no meu Estado, Senador. O Pará é o Estado que, junto com o Piauí, paga menos aos policiais. Era isso que ela deveria estar vendo.

Ela está muito bem calçada. Ela está muito bem protegida. Ela tem segurança demais, mas o cidadão, que mora no interior ou que mora na capital, que vê as ruas cheias de bandidos, não está protegido. Era isso que ela devia estar fazendo: andando pelo interior, vendo as delegacias de polícia, vendo os carros como estão; ela não devia ir para a China num momento deste.

Se o Estado do Pará estivesse bem, se o Estado do Pará estivesse seguro, se o Estado do Pará estivesse com saúde, se o Estado do Pará tivesse uma boa educação para dar, tudo bem, eu aceitava e aplaudia, mas nada disso tem. Vejam quantas pessoas morrem na cidade de Belém! Vejam quantas pessoas morrem no interior abandonadas, desprezadas por uma pessoa que foi ao palanque dizer que tudo isso ia acabar! E nada acabou, Senador; ao contrário: piorou e muito!

Essa é a minha angústia.

Não tenho ódio, não tenho mágoas, não sou homem para guardar isso, mas não posso aceitar, não posso ver isso e ficar calado. Não posso, não devo. O povo vai cobrar de mim, o povo vai me perguntar por que não falei, por que não cobrei, por que não tomei providências. Eu vim para cá para isso. E eu estou cumprindo o meu dever.

Governadora, respeite o povo do Pará. Não é hora para ir à China, Governadora.

Sr. Presidente, desço desta tribuna agradecendo sua paciência, convocando os Senadores para a reunião de amanhã com o Ministro. Senador Alvaro Dias, nosso Presidente, Senador Papaléo, V. Exªs são fundamentais nessa reunião. Senador Mão Santa, V. Exª é fundamental na reunião, amanhã, com o Ministro. Se o Governo brasileiro nos disser que a porta está fechada para os pobres aposentados e miseráveis deste País, vamos fazer a vigília prometida. Amanhã, se o Governo disser que os aposentados deste País não têm direito de falar, não têm direitos adquiridos, não têm direito de cobrar o que lhes devem, vamos fazer a primeira vigília deste Senado.

Sr. Presidente, muito obrigado. Conto com V. Exªs amanhã.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/11/2008 - Página 44635