Discurso durante a 210ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre a violência no País. Elogios ao Governo de São Paulo, que pretende investir mais que o previsto no PAC.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE. EDUCAÇÃO. ESTADO DE SÃO PAULO (SP), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Comentários sobre a violência no País. Elogios ao Governo de São Paulo, que pretende investir mais que o previsto no PAC.
Publicação
Publicação no DSF de 12/11/2008 - Página 44764
Assunto
Outros > SAUDE. EDUCAÇÃO. ESTADO DE SÃO PAULO (SP), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • CRITICA, SITUAÇÃO, SAUDE, AMBITO NACIONAL, SUPERIORIDADE, VALOR, HOSPITALIZAÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).
  • COMENTARIO, DIFICULDADE, IMPLANTAÇÃO, PISO SALARIAL, PROFESSOR, REPUDIO, LIMINAR, INCONSTITUCIONALIDADE, LEGISLAÇÃO, REGISTRO, PERIODO, ORADOR, PREFEITO, VIAGEM, PAIS ESTRANGEIRO, ALEMANHA, ELOGIO, VALORIZAÇÃO, MAGISTRADO, NECESSIDADE, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, TRABALHADOR, AUMENTO, SALARIO.
  • REGISTRO, AMPLIAÇÃO, VIOLENCIA, AMBITO NACIONAL, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO PARA (PA), ESTADO DO PIAUI (PI), COMENTARIO, ASSALTO, IDOSO.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, VALOR ECONOMICO, REGISTRO, ATUAÇÃO, GOVERNADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), SUPERIORIDADE, INVESTIMENTO, COMPARAÇÃO, PROGRAMA, ACELERAÇÃO, CRESCIMENTO ECONOMICO, MOTIVO, CONTROLE, REDUÇÃO, GASTOS PUBLICOS, CRITICA, GOVERNO FEDERAL, AMPLIAÇÃO, QUANTIDADE, MINISTERIOS, CARGO EM COMISSÃO, EFEITO, AUMENTO, CUSTO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
  • CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, AUSENCIA, INCENTIVO, EDUCAÇÃO, ELOGIO, ATUAÇÃO, CANDIDATO ELEITO, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), COMPARAÇÃO, SUPERIORIDADE, CULTURA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Efraim Morais, que preside esta sessão de 11 de novembro, parlamentares presentes;,brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado.

Senador Geraldo Mesquita, também sou do PMDB, e quero dizer o seguinte: entendo que temos dado a melhor colaboração - nós, que somos do PMDB autêntico - ao Presidente da República, Sua Excelência Luiz Inácio.

Primeiro, porque é a verdade. Senador Efraim Morais, aquele general Oregon, lá do México, escreveu, no Palácio do Governo: é melhor um adversário que me traga a verdade do que um aloprado que me engana, que mente e que puxa o saco. Então, a verdade, aqui mesmo, hoje, nós já a ouvimos na fala da Senadora Serys Slhessarenko sobre a violência contra as mulheres. O Professor Cristovam Buarque, que é ligado, encarnado, só fala na educação, hoje falou sobre a violência. O Senador Mário Couto, hoje não falou, mas disse que a medalha de ouro... Está é difícil saber com quem fica essa medalha de ouro, porque todos os Estados estão a disputá-la, mas o Senador Mário Couto defende que é lá no Pará, onde a Governadora é do PT. Mas a violência se alastrou.

Pares cum paribus facillime congregantur. Cícero, no plenário romano, disse que violência atrai violência.

O nosso Geraldo Mesquita, também do PMDB autêntico, na sua pureza, falou dos êxitos e dos méritos que o Presidente tem. Mas Noberto Bobbio, senador vitalício da Itália, do Renascimento, que morreu há pouco, e é aceito como o mais sábio teórico da democracia - Luiz Inácio, é o Noberto Bobbio, professor, senador vitalício -, diz que o mínimo que temos de exigir de um governo é segurança: segurança à vida, à liberdade e à propriedade.

Nesta capital encantada, no fim de semana, houve quase uma dezena de assassinatos, de homicídios. Aqui, aos olhos do governo, que somos nós, dos Poderes e do povo. Mas entendo, ô Luiz Inácio, eu que sou médico há 42 anos, que nunca antes a saúde esteve tão ruim para os pobres. Ela avançou cientificamente - amanhã, teremos uma homenagem à cirurgia plástica, Pitanguy -, mas a saúde está boa e avançada para quem tem dinheiro. Ela está boa e avançada para quem tem plano de saúde. Quem não tem está lascado.

Senador Geraldo Mesquita, eu tive um parente há pouco em uma UTI. No Pará, como vão as UTIs? Em São Paulo, é R$3 mil a diária, só a diária, o médico é por fora. Brasileira e brasileiro, R$3 mil a diária de uma UTI em São Paulo. E eles não recebem pobre, não. Eles só recebem quem tem dinheiro. Acabou o depósito, tem alta. E que não pague!

Quanto à educação, o Cristovam já desanimou, porque hoje ele foi falar sobre violência. As pobres das professoras... E não era assim, não, ô Geraldo Mesquita. Não era assim, Luiz Inácio. Olha, a gente ia buscar... Ô Professor Cristovam, eu fui buscar minha encantadora mulher, eu me lembro. Eram as normalistas. Elas eram felizes, radiantes, sorridentes. Hoje, elas estão aí. O Cristovam já desistiu.

Ô Cristovam, R$900,00 não é? E aí, ó, tem liminar contra isso. As bichinhas, professorinhas... Eu fui buscar minha Adalgisa saindo da Escola Normal, sorridente. Hoje, R$900,00. Ô Cristovam, quanta luta, não é? Tem uma liminar de cinco governadores.

         Agora, eu vou ensinar ao Luiz Inácio, porque posso ensinar, Senador da República é para isso. Eu fui prefeitinho, ô Nery - opa, está ali o Papaléo Paes -, e fui à Alemanha, viu Papaléo? Lá na minha cidade tinha uma multinacional da Merck Darmstadt, ô Senador Papaléo, e eu fui a convite. Era o Professor Basedow. Eu não sabia alemão, Efraim, e ele era o cicerone. Ele era diretor da Merck. Olha, eu nunca tive tanta mordomia. Merck Darmstadt, medicamentos. Em todo lugar, ele dizia: “Professor Basedow!”, e tínhamos a melhor cadeira do teatro, a melhor mesa dos melhores restaurantes. O trânsito está engarrafado: “Professor Basedow”, e abria e dava certo. Ai, eu disse: “Mas o senhor não é diretor químico da Merck, poderosa e rica, que está pagando aqui a minha hospedagem do bom e do melhor?”. Ele disse: “É, eu sou, mas eu uso o título de professor porque é o mais honroso da Alemanha. É o título mais honroso. Não é o dinheiro. Então, antes de eu ser diretor rico da Merck, eu ensinei em Heidelberg, como professor, por dez anos. Depois, fui convidado, entrei e hoje sou realmente muito rico, diretor da Merck. Mas o título mais honroso é o de professor e para usá-lo eu tenho a obrigação de, uma vez por semana, dar uma aula de química em Heidelberg”.

Isso, um professor! E o Professor Cristovam mendigando R$900,00, enfrentando agora a Justiça, porque não pode... Mas o pessoal da Justiça, você já sabem quanto eles ganham, Cristovam? Quer dizer, a professorinha tem um estômago e o pessoal da Justiça tem sessenta, cem estômagos, porque a diferença é descomunal.

Mas a violência, que o Mário Couto pensava que era só dele, está aqui. Olha o que diz um jornalzinho do Piauí, o Piauí da paz, o Piauí cristão! Isso é de agora, isso é coisa do PT. Quando eu governei aquele Estado, eu saía do Palácio, Efraim, andava dez quilômetros à noite, 11 horas, porque o clima é quente, para fazer um cooper. E, agora: “Dupla de moto rouba R$20 mil na zona Sul de Teresina”; não sei quem entrou no Banco do Brasil para fazer um depósito e foi assaltado; bandidos assaltam Banco do Estado do Piauí e levam R$1 milhão. Em Teresina, Mário Couto, bandidos assaltaram e seqüestraram um gerente do BEP, seqüestram a família toda, ganharam dinheiro, libertaram, mas ainda hoje está desaparecido o gerente. Esse é o Brasil da violência.

E o pior, agora: anciã de 84 anos ficou sem andar após o assalto. Já estão assaltando as velhinhas! Não bastam os velhinhos sofrerem com as aposentadorias, que este governo não aumenta. Nunca antes houve tanto suicídio de velhos neste país. Enganaram os velhinhos, inventaram o empréstimo consignado. Os bancos tiram 40% do que eles recebiam. Eles pagaram 30, 40 anos, Efraim. Um contrato! Nós, que somos o Brasil - a democracia é o governo do povo, pelo povo, para o povo -, o Governo que é nosso. E eles, que planejaram ganhar dez salários mínimos, estão ganhando cinco, quatro. Quem planejou cinco está ganhando dois. Nunca dantes houve tanto suicídio de velhos aposentados neste País! Estou pesquisando, porque os velhos são honrados, são dignos, são corretos, e o dinheiro não dá para aqueles compromissos que eles tinham assumido com a família.

E estão assaltando anciãos de 84 anos! Esse é o caos.

Senador Efraim Morais, pediria, só para terminar, Senador Geraldo Mesquita, Senador Cristovam Buarque, V. Exª que foi lançado ontem aqui como um homem do Senado à Presidência, como os norte-americanos fizeram vários candidatos a senador. Senador Geraldo Mesquita - V. Exª que gosta de literatura -, Ernest Hemingway, no seu livro O Velho e o Mar, diz: “A maior estupidez é perdermos a esperança”. E não vamos perdê-la.

Mas li aqui na mídia um artigo muito interessante: “Gestão. São Paulo alia aumento de receitas a um rígido controle de despesas”. “De olho em 2010, Serra investe mais que o PAC”, Luiz Inácio.

Esse PAC tem muito cacarejamento. Senador Papaléo Paes, não entendo. Só vejo cacarejamento. É mulher, é homem cacarejando: PAC, PAC, PAC. Está aqui no jornal Valor, Senador Papaléo. Quer dizer, um Estado, Senador Cristovam, investe mais do que o País todo. Agora, o cacarejamento... Não tem. Ninguém vê a sobriedade do Governo no cumprimento.

Então, Geraldo Mesquita, atentai bem:

(...) ...sem aumento de impostos, e rígido controle de despesas, o governador José Serra (PSDB) está investindo, em São Paulo, mais do que o governo federal em todo o país com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Ô Papaléo, eu não votei no José Serra. Eu votei no Luiz Inácio, em 94. E aí é que é: eu estou arrependido. Arrependimento não mata. Assim, eu estava morto. Mas está aqui, por medidas de austeridade, elementares de economia.

         Theodore Roosevelt disse: “Não gaste antes de ganhar o dinheiro”. Um país que estimula... E o Cristovam é testemunha. Ele disse que, há mais de um ano e meio, via o Senador Mão Santa dizendo que isso não dava certo. Ele ficava até perplexo: como médico, debruçado sobre a saúde, como ele se debruça sobre a educação, Papaléo, eu advertia. É aquilo que Abraham Lincoln disse: “Não baseie sua prosperidade em dinheiro emprestado”. E eu adverti o Paim, que é o nosso Barak Obama: “Largue esse negócio de escravatura, de negro, de que eles são discriminados, a Princesa Isabel já resolveu isso, sancionando uma das leis feita por Rui Barbosa, no momento em que jogaram flores neste Senado. E Abraham Lincoln...” A escravatura da vida moderna, ô Cristovam, é a dívida. Esses estão escravos. Um país em que se manda comprar um carro e estimula-se o cidadão a ficar preso por dez anos escraviza-o. Com R$200,00, sai com o carro, mas fica escravo da dívida. É um país irresponsável. Aí está, chegou e tal, mas há uma esperança.

         No Governador de São Paulo eu nunca votei, não. Com austeridade, ele conseguiu reduzir as despesas, cortou 15% dos cargos em comissão. Este País tinha de doze a dezesseis Ministros, desde Cabral. Grandes governantes - Pedro II, Getúlio -, de doze a dezesseis. Tem quarenta Ministros! E eu não sei o nome de dez. Neste País em que o Presidente da República assina 50 mil nomeações, e eles entram pela porta larga da vadiagem, da malandragem, sem concurso. E os DAS-6? Eu nunca assinei, nem o Cristovam. Cristovam, um DAS-6, nós fomos Governadores, só tem DAS-4. O DAS-6 é de R$10.148,00. Sem concurso. Aí, cria um drama todo, que o Senado vai ter um funcionário... Quase acaba o mundo. E eles nomearam 50 mil assim, espalhados aí pela porta larga, como a Bíblia diz. Não foi pela porta estreita do estudo.

         Olha, Cristovam, o mundo parou, o mundo viu. Eu dizia ao Paim: Eu, pelo menos, meus maiores amigos são de cor negra. Aqui é o Paim. Eu gosto mesmo do Paim. Lá na minha cidade, tem o Paulo Evangelista. Então, eu não tenho essa discriminação.

         Mas, Geraldo Mesquita, de repente, surge como esperança um negro que acreditou naquilo em que Luiz Inácio não acredita: no estudo. Luiz Inácio disse que ler uma página de livro dá uma canseira... É melhor fazer uma hora de esteira. Nós vivemos o reino da besteira. E o Barack Obama... Olha, Cristovam, V. Exª estudou muito, não há ninguém mais competente do que V. Exª aqui. Cristovam, o moreninho formou-se, igual ao Fernando Henrique Cardoso, em Ciências Políticas. Juntou ao Direito de Rui Barbosa e de Geraldo Mesquita, e está aí.

Ás três horas da madrugada recebi um telefonema do meu irmão, Paulo de Tarso, seu colega. Três horas da madrugada. Pensei: “Morreu alguém. Isso é hora?”. “Ouça o Barack Obama.” E eu agradeço ao meu irmão. Que beleza! Que pronunciamento! Ali se entendeu o que está no Livro de Deus: a sabedoria vale mais do que o ouro; o discernimento, mais do que prata. Que discurso belo! Foi buscar uma velhinha preta de 104 anos, que foi votar nele. Aqui no Brasil, está é se assaltando, na minha cidade, as velhinhas. Aos 84 anos. Está aqui no jornal do grande jornalista piauiense Carlson Pessoa.

         E ele foi para contar a história da luta daquele país. “Nós podemos...” Mas “nós podemos”, ele disse com convicção, porque os passos dele eram estudando e trabalhando, trabalhando e estudando, trabalhando e estudando, trabalhando e estudando... Ele é a esperança. Foi rápido o discurso dele. Eu fiquei impressionado.

Quantos discursos nós ouvimos que enchem o nosso saco e a nossa paciência de tanta besteira. Então, aquilo foi uma luz para o acordar, o acordar para a nossa geração buscar no estudo e no trabalho a prosperidade deste País.

Então, eu vi aquilo, aquele encantamento, como um renascer dos valores em que nós acreditamos. Eu posso dizer da minha crença, Geraldo Mesquita: creio em Deus, creio no amor que acimenta a família - e ele estava lá com a família, valorizando -, creio no estudo - e ele representa o estudo, duas formaturas, tão jovem - e no trabalho. Rui Barbosa já nos tinha ensinado que a primazia tem que ser do trabalho e do trabalhador. Isso não é o que se pensa.

           Então, estas são as nossas palavras. E esta Casa é para isto: para advertir Sua Excelência o Presidente Luiz Inácio a retomar os caminhos da virtude que estava a desaparecer no Brasil.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/11/2008 - Página 44764