Discurso durante a 216ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Solidariedade à vigília que está se iniciando hoje no Senado Federal, em defesa dos aposentados.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Solidariedade à vigília que está se iniciando hoje no Senado Federal, em defesa dos aposentados.
Aparteantes
Expedito Júnior, Geraldo Mesquita Júnior, Marcelo Crivella, Papaléo Paes, Paulo Paim, Pedro Simon, Romeu Tuma, Sérgio Zambiasi.
Publicação
Publicação no DSF de 19/11/2008 - Página 46195
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, EDITORIAL, JORNAL, GAZETA MERCANTIL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CONTRADIÇÃO, GOVERNO FEDERAL, PERIODO, CRISE, SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL, AUMENTO, GASTOS PUBLICOS, DESPESA, CRIAÇÃO, CARGO DE CONFIANÇA.
  • REPUDIO, FALTA, EMPENHO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA PREVIDENCIA SOCIAL (MPS), BUSCA, ALTERNATIVA, REDUÇÃO, PREJUIZO, APOSENTADO, CRITICA, EXCESSO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), ESPECIFICAÇÃO, REESTRUTURAÇÃO, SALARIO, CARREIRA, FUNCIONARIO PUBLICO, ANISTIA, NATUREZA FISCAL, INSTITUIÇÃO BENEFICENTE, PROTESTO, AMPLIAÇÃO, NUMERO, MINISTERIO, QUESTIONAMENTO, GOVERNO, LIBERAÇÃO, RECURSOS, SALVAMENTO, BANCOS, INDUSTRIA AUTOMOBILISTICA, OMISSÃO, PAGAMENTO, APOSENTADORIA, DEFESA, NECESSIDADE, CONTENÇÃO, GASTOS PUBLICOS.
  • SAUDAÇÃO, LUTA, PAULO PAIM, SENADOR, DEFESA, REVISÃO, APOSENTADORIA, COMENTARIO, POSSIBILIDADE, PAGAMENTO, BENEFICIO PREVIDENCIARIO, COMBATE, DESVIO, RECURSOS, SETOR PUBLICO, LEITURA, MENSAGEM (MSG), INTERNET, AUTORIA, APOSENTADO, AGRADECIMENTO, EMPENHO, CONGRESSISTA, EXPECTATIVA, RECONHECIMENTO, DIREITOS, RECEBIMENTO.
  • ELOGIO, DISCURSO, BARACK OBAMA, CANDIDATO ELEITO, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), RESPEITO, IDOSO.
  • EXPECTATIVA, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, RESGATE, DIVIDA, PAGAMENTO, APOSENTADORIA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Papaléo Paes, que preside esta sessão de 18 de novembro, às 23h20, parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros aqui presentes no Senado ou que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado e pela cadeia de solidariedade - porque tenho recebido e-mails, e várias emissoras do País entraram -, Cícero, o grande senador romano - e a história diz que são talvez os mais belos discursos dele, as Catilinárias - disse: “Até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência?”. Isso, nas Catilinárias. Quem estudou latim sabe. Mas eu diria aqui: “Até quando, Luiz Inácio, este Governo vai abusar da paciência dos nossos queridos velhinhos aposentados?”. E não é uma luta intempestiva.

Sei que inveja é um pecado, mas estou com inveja do Paulo Paim. Não pela luta, porque a luta é nossa, estamos lutando, mas pelo dom poético que ele tem. Ele escreve muito bem. Outro dia, o Presidente Sarney chegou e me perguntou: “Mão Santa, por que você não escreve?”. Eu disse: “Não, eu tenho um complexo. Minha mãe era uma grande escritora. Ela tem um livro, chamado A vida, um hino de amor, publicado pela Vozes. Sempre eu seria comparado”. Então, o que eu faço é isto mesmo, estas palavras buscando a verdade. Mas o Paim, eu já tenho lido e sido convidado para o lançamento de vários livros dele. E ele vai se surpreender agora. Mas isso não é uma luta, assim, intempestiva. Aprendemos. Só o amor constrói para a eternidade. É uma luta de amor do Paim. Isso começou... Nada, nada de 2003! Isso foi o que nós vimos, foi aqui. Começou muito antes, desde quando os velhinhos começaram a ser surrupiados pelo Governo brasileiro, que somos nós. Eu não estou fugindo, não. Eu estou ensinando: o Governo, a Pátria somos nós.

O Governo somos nós, Luiz Inácio! Vossa Excelência não é rei. O povo não gostou dos reis e gritou: “liberdade, igualdade e fraternidade”. Caíram todos os reis, caiu o Absolutismo. Uns idiotas, aí, liderados por Fidel, entraram na Venezuela, no Equador, na Bolívia, mas nós, não. Nós participamos dessa luta democrática, nascida na velha Grécia, e melhorada. O povo gritou: “liberdade, igualdade e fraternidade”, e caíram os reis absolutos, o Absolutismo. O rei era um Deus na terra, Deus seria um rei no céu. Foi dividido esse poder, e nós somos parte dessa divisão. Nós somos o povo.

Luiz Inácio, pare aí, se manque! Vamos entender as coisas. Eqüipotentes, harmônicos, e somos filhos do povo, da democracia e do voto, igualmente. Nós não somos 81 idiotas aqui sentados, bem servidos pelo Zezinho. Não! Fazemos parte disso. Isso é até divino.

O primeiro e maior líder ungido por Deus, Moisés, desesperado, depois de ter recebido as leis, mostrando que temos de obedecer às leis - e o nosso Rui ensinou a todos nós que só há um caminho e uma salvação: a lei e a justiça -, enfureceu-se, porque o povo desvirtuou-se das leis e foi para o materialismo, para o prazer e para os bezerros de ouro. Moisés enfureceu-se, quebrou as leis e quis desistir. Ouviu uma voz: “Busque os mais velhos e os mais sábios”. Setenta. “Eles lhe ajudarão a carregar o fardo do povo.”

Este Senado é divino. É inspiração de Deus. Os mais velhos, os mais sábios!

E foi melhorando na Grécia, na Itália, na França e aqui. Melhorando, melhorando, até isto, até nós. Este Senado é grandioso, nunca faltou. Mas, entre eles, está aqui um dos nossos, o Paim, tempestivo.

Um Ministro aloprado, burocrata, José Pimenta. Ensinar, José Pimenta? Se o Luiz Inácio estudou pouco, o problema foi dele, com todo o meu respeito. Ele é o nosso Presidente da República. Eu votei nele da primeira vez e estou aqui para ajudá-lo, numa determinação de Deus. Eu sou destes: os pais da Pátria.

Então, nós queremos isso. É o contrapoder. Quem pode dizer somos nós, os outros não podem. Na Polícia Federal, ele manda. Prende, algema e tudo. Venham tirar aqui o Mão Santa! Acaba a democracia. A democracia é a maior inspiração da sociedade.

Então, um dos nossos, o Paim... E ninguém está aqui com negócio de partido. Ele é do partido do Presidente da República, mas todos nós formamos a democracia. E o Paim é um de vocês, de origem semelhante à do Presidente da República, trabalhador, operário, veio da luta sindical, reconhecido e com uma trajetória brilhante.

Isso não foi intempestivo, Zé Pimenta, aloprado. Atentai bem, Geraldo Mesquita, não foi de 2003.

Os velhinhos estavam sendo surrupiados, e o Paim veio com amor, com sensibilidade. Ele nem sabe. Está aqui o livro Cumplicidade, agosto de 1997. São onze anos, atentai bem!

Senador Marcelo Crivella, a crucificação de Cristo foi naquele dia. Teve os tombamentos, teve o Cirineu, não é, Crivella? Aquilo foi um dia. Todos nós sabemos que, depois da sexta-feira santa, no Domingo de Ramos, Ele entrava aclamado. Foi pouco! Os velhinhos estão agüentando aqui, segundo a interpretação do Paim, há onze anos, quando começou esse calvário, esse sofrimento. Herodes somos nós, Luiz Inácio, somos nós! São 11 anos. O Governo não é só o Luiz Inácio, somos nós, por isso estamos aqui com o nosso entendimento. O Governo somos nós. Para entender isso, Luiz Inácio, tem que ter um espírito religioso, cristão, Crivella. Pai, Filho e Espírito Santo, três pessoas em uma só.

Então, é isto: o Executivo, o Judiciário e o Legislativo. Três Poderes em uma só pessoa: o povo, pai da democracia e mãe. “Governo do povo, pelo povo e para o povo.” Assim definiu um jurista, Abraham Lincoln, como Geraldo Mesquita.

         Mas, Paim, viu o início do sofrimento - ele nem sabe disso; então, vou ler. Ler com a sensibilidade que vi em minha mãe, poetisa, terceira franciscana. Ela era poeta. Havia muitos poemas bonitos. Eu me lembro de um que ela fez, quando eu criança, “Meu pequeno querubim”. Com a mesma emoção que li “Meu pequeno querubim”, agora é o inverso. Não tive sensibilidade de escrever para minha mãe. Ela escreveu este livro quando eu era criança: “Idosos e rebeldes”, agosto de 1997.

Atentai bem, Luiz Inácio! Onze anos de calvário! Ô Crivella, onze anos! E o Paim, Cirineu dessa gente - Cirineu foi aquele que ajudou Cristo a carregar a cruz um dia!

Onze anos! E nós, o que estamos fazendo? O bravo Romeu Tuma, herói, bravo, lutador, vai abrir essa luta, que é a mais gloriosa, com respeito à coragem que ele teve ao longo da vida.

Onze anos! Nós, justos; nós, indecentes; nós, imorais, que fazemos parte do Brasil. Nós! Não vamos culpar ninguém, não. O País somos nós.

Idosos e Rebeldes

Quem são vocês, velhos, rebeldes, aposentados?

Como ousam dizer não à elite que manda no país?

Quem são vocês que se levantam bravos

e contestam os Três Poderes da República?

Com que ousadia saem às ruas, viajam

horas e horas, demonstrando mais energia, mais

raça e espírito guerreiro do que os jovens?

Vocês, jovens, já esqueceram, mas somos aqueles

que, quando choravam,cantávamos cansados, mas com força, para fazê-los dormir.

Somos aqueles que, na madrugada fria,

cobríamos seus corpos com o melhor cobertor.

Somos aqueles que os viram crescer.

Quando ficavam doentes, nós adoecíamos também.

Sua febre era a nossa febre,

sua dor era a nossa dor.

Reclamavam nossa ausência,

mas estávamos trabalhando em horas extras,

para que pudessem estudar, vestir, morar,

comer e brincar.

Somos aqueles que, muitas vezes, choravam em

Silêncio por não podermos dar tudo o que queriam e

mereciam.

Ah, quantas vezes gostaríamos de

parar e brincar mais!

Mas, não podíamos, tínhamos que trabalhar,

trabalhar, trabalhar.

Ficávamos de coração nas mãos e sem dormir,

quando vocês, ainda adolescentes, saíam para as festas.

Vivemos para vocês, embora saibamos que vocês

não viverão para nós. Viverão para os seus filhos.

Ensinamos tudo o que quiseram aprender.

E, hoje, nosso papo não interessa mais a vocês,

como no passado.

Pode ser saudosismo, mas gostaríamos de

poder ver vocês correrem novamente pela casa,

acompanhá-los ao jogo de futebol ou às velhas

pescarias.

Hoje, caminhamos devagar.

Podemos até pensar diferente,

mas amamos vocês como vocês amam seus filhos.

Não nos digam que esse sentimento

é apenas gerado pela saudade de um tempo

que não voltará mais.

Hoje, discute-se a inteligência da emoção.

Só quem ama sabe que esta teoria é correta.

A idade nos tempera, nos deixa mais sábios.

Fomos forjados com o fogo da natureza.

Amamos a vida e não tememos a morte.

Temos orgulho de nossa história de lutas.

Quem ama faz a guerra se preciso for.

Se vamos hoje à batalha,

queremos que vocês nos acompanhem,

pois acreditamos neste País.

Isso é interpretação do nascimento da luta que hoje estamos vivendo e continuamos a viver. Vários querem participar dessa oratória.

Quero dizer o seguinte: Luiz Inácio, atentai bem! Vou dar um exemplo muito real: Presidente Sarney. Fui Prefeitinho quando ele assumiu a Presidência. Homem generoso. Eu era Prefeito naquela época. Pela proximidade, tenho lido muito, mas quero passar este presente ao Luiz Inácio.

Um dos livros de Sarney tem uma interpretação. Dª Kyola, mãe do nosso companheiro Senador, ex-Presidente, afirmava no livro: “Meu filho, jamais deixe que persigam os velhinhos aposentados.” Ela sabia da generosidade do filho e disse: “não os persiga, não deixe que os persigam.”

Quero crer que é oportuna essa mensagem da hoje santa Kyola para o Presidente Luiz Inácio. Sei que não é ele. A Kyola não disse: “Sarney, não persiga” Ela disse: “Não deixe que persigam os velhinhos aposentados.” É isso o que está havendo, Luiz Inácio. Acredito na sua generosidade.

Mas esse aloprado, José Pimenta, está perseguindo e tirando, sobretudo, a esperança. Fé, esperança e caridade. 

         Está ali o irmão do apóstolo Paulo, que pode dizer, como ele: “percorri meu caminho, preguei minha fé e combati o bom combate” - Crivella.

         Está tirando a esperança. Hoje, o resultado foi esse.

         A maior estupidez é perdermos a esperança. O homem não é para ser derrotado; ele pode ser até destruído.

José Pimenta, aloprado, V. Exª não vai destruir ninguém, não! Temos um compromisso. Somos o povo.

Concedo um aparte, por ordem, ao Senador Geraldo Mesquita; depois, ao Crivella e, posteriormente, ao Romeu Tuma.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - O Senador Romeu Tuma estava pedindo há mais tempo. Ele tem toda a prerrogativa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Romeu Tuma.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Senador Romeu Tuma, faça o favor! Pela liderança!

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Senador Mão Santa, fiquei sensibilizado com alguns e-mails que V. Exª recebeu aqui e fez a gentileza de mostrar. Um deles diz claramente que um jovem de 27 anos, que tem esperança e diz que só o senhor poderá ser o futuro Presidente da República. Que não é sua mão que é santa; sua boca é que é santa. Verifique que prestei atenção nos e-mails que V. Exª recebeu.

Eu o cumprimento pelas palavras que está dizendo da tribuna e peço licença ao Senador Paim e a V. Exª para ler um trecho do seu livro O Canto dos Pássaros nas Manhãs do Brasil. Tomei a liberdade de apanhá-lo e achei uma coisa muito interessante, se o Senador Mão Santa me permitir, não gastarei cinco minutos:

8, quinta-feira

Passei os olhos pelo “Os Estatutos do Homem” (Ato Institucional Permanente) escrito pelo poeta brasileiro Thiago de Mello, em abril de 1964, na cidade de Santiago do Chile. Vale a pena ler. É um texto para reflexão.

Artigo I

Fica decretado que agora vale a verdade. Agora vale a vida, e de mãos dadas, marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II

Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III

Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança [por isso a esperança não pode morrer].

Artigo IV

Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem. Que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único: O homem, confiará no homem como um menino confia em outro menino.

Artigo V

Fica decretado que os homens livres do jogo da mentira. Nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio nem a armadura de palavras. O homem se sentará à mesa com seu olhar limpo porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa.

Artigo VI

Fica estabelecida, durante dez séculos, a prática sonhada pelo profeta Isaías, e o lobo e o cordeiro pastarão juntos e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII

Por decreto irrevogável fica estabelecido o reinado permanente da justiça e da claridade, e a alegria será uma bandeira generosa para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII

Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre não poder dar-se amor a quem se ama e saber que é a água que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX

Fica permitido que o pão de cada dia tenha no homem o sinal de seu suor. Mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X

Fica permitido a qualquer pessoa, qualquer hora da vida, uso do traje branco.

Artigo XI

Fica decretado, por definição, que o homem é um animal que ama e que por isso é belo, muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII

Decreta-se que nada será obrigado nem proibido, tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único: Só uma coisa fica proibida: amar sem amor.

Artigo XIII

Fica decretado que o dinheiro nunca mais poderá comprar o sol das manhãs vindouras.Expulso do grande baú do medo, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal para defender o direito de cantar e a festa do dia que chegou.

Artigo Final

Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários e do pântano enganoso das bocas. A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem.

Senador, agradeço a oportunidade. Meus cumprimento a V. Exª por haver registrado nesse livro esse belo poema, que representa tudo isso que estamos discutindo aqui, e que, sem dúvida, se o Presidente Lula ouvi-lo, se sensibilizará com os nosso pedidos.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Um quadro vale por dez mil palavras.

Senador Paulo Paim, V. Exª tem o dom da inspiração poética, mas Romeu Tuma interpreta e sente o drama. Um homem feito na luta, forjado na luta, no combate. Bastaria dizer que, quando Superintendente da Polícia Federal, enfrentou 10 mil greves. Quantos bandidos ele enfrentou? Quantos crimes ele enfrentou? S. Exª chorou agora porque se sente responsável, diante da sua luta, da sua coragem, ao longo da vida. Isso é vergonhoso, porque ele se tornou um cúmplice. Senador da República responsável pelo mais vergonhoso assalto feito por todos nós aos melhores merecedores de nosso respeito e de nossa gratidão: os nossos velhinhos aposentados.

        Brasileiras e Brasileiros, estamos aqui não como autoridades, mas como cúmplices desse assalto vergonhoso que nós, Governo - e Governo somos nós -, fizemos aos velhinhos aposentados. Isso num sonho de gerações que construíram a democracia: o Estado de Direito democrático, de Direito. A Pátria, que somos nós, fizemos um contrato com os velhinhos aposentados. Fizemos! Não é molecagem. Nós não podemos fugir da verdade; temos de buscá-la. ”De verdade em verdade vos digo”, falava Cristo. “Eu sou a verdade, o caminho e a vida”. Nós estamos mentindo, estamos enganando, estamos roubando, e nós podemos pagar. Ninguém é responsável não, José Pimenta aloprado! Nós somos preparados.

Atentai bem, Luiz Inácio!. Na Mídia Impressa, hoje, tem como tema a situação da economia globalizada, o momento que passamos. E este jornal, Gazeta Mercantil, fiel aos fenômenos econômicos, traz aqui, no seu editorial, o pensamento do jornal que tem mais história em acompanhar os problemas econômicos. Atentai bem! O editorial é o que o jornal pensa: “Apesar da crise, gastos do Governo aumentam muito”. Logo o Governo! O Governo tem de ter austeridade, tem que fazer economia.

        Então, peço que o Brasil todo leia o editorial, que diz: “Tudo que o Governo manda é com gasto”. Quer dizer, não tem para os velhinhos que, há 11 anos, capamos, assaltamos, roubamos, humilhamos. Há 11 anos! Olha o que eles estão mandando: a Medida Provisória nº 440, é despesa, é aumento de funcionalismo, de uma elite. Cadê a justiça? Será que esse pessoal tem cem estômagos e o aposentado só tem meio estômago? Porque todos eles ganham bem e muito bem. Atentai bem! Aí depois vem outra - só essa daí dá um aumento de R$20,4 bilhões. A segunda Medida Provisória, a de nº 441, também dispõe sobre aumento. Os funcionários merecem, mas é mais aumento. Muito bem! E por que não vamos resgatar os vencimentos dos velhinhos aposentados.

A Gazeta Mercantil, Luiz Inácio, diz: “É preciso lembrar que, só em 2008, o Governo criou 80 mil cargos públicos ao custo de 30 bilhões”. É o que diz a Gazeta Mercantil.

A outra medida provisória anistia fraudadores - é o que se chama hoje de “filantropia-pilantropia”. Então, é essa farra! Esse Governo, de repente... Em 508 anos, governou-se com 12 ou 16 Ministros, e, agora, são 40 Ministros, muitos deles porcaria como José Pimenta. Essa é a verdade. Eu, aqui, advertia sobre os milhares e milhares que entraram pela porta larga da vadiagem, do apadrinhamento e da bandidagem, muitos deles ganhando R$10.448.00.

Então, tem de haver austeridade e de salvaguardar isso tudo! É dinheiro para os banqueiros, para as montadoras, para tudo! Cria-se uma televisão desnecessária e estúpida! E é dinheiro! E os velhinhos aposentados?

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Concedo o aparte a esse exemplo de firmeza que é o Senador Geraldo Mesquita Júnior, que, aqui, revive Rui Barbosa - é o que mais dele se aproxima, pela sua firmeza no direito - e Abraham Lincoln, que ensinava: “Caridade para todos, malícia para nenhum e firmeza no direito”. Isso é estereotipado em Geraldo Mesquita.

Tem a palavra V. Exª, Senador Geraldo Mesquita.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Senador Mão Santa, esta sessão do Senado Federal, esta vigília cívica está sendo ouvida, como diz o Senador Paim, pelo País inteiro. Há poucos instantes, recebi um telefonema do Vereador Everaldo, de Brasiléia, do meu Estado, na fronteira com a Bolívia. Ele foi reeleito agora, foi um dos mais votados no Município. Ele me telefonou há pouco, para dizer que está assistindo à nossa sessão e que se solidariza com o que está acontecendo aqui. Digo isso por que acho que a gente precisa ser muito objetivo. Quero resgatar aqui uma convocação que está fazendo o Senador Paim. Vejam: os aposentados moram nos Municípios, Senador Paim, nos nossos Municípios brasileiros, lá em Caxias, lá em Brasiléia, lá em São Paulo, lá no Rio de Janeiro, lá em Teresina. Os aposentados moram nos Municípios. Todo Vereador tem um pai, uma mãe, uma avó ou um avô aposentado. Essa luta, os Vereadores brasileiros precisam tomá-la para si. Mencionei ao Vereador Everaldo a proposta que o Senador Paim está fazendo, de essa vigília cívica irradiar-se pelas Câmaras de Vereadores de todo o País. Já imaginou, Senador Mão Santa, as Câmaras de Vereadores em sintonia com o Senado Federal, promovendo uma vigília cívica em nome dessa causa humanitária, dessa causa bonita que todos nós resolvemos abraçar, por ser uma causa justa? Aliás, por falar em justiça, o Senador Tuma tem a capacidade de emocionar a gente. S. Exª leu, aqui, o “Estatuto do Homem”, reproduzido pelo Senador Paim na sua última obra. Aliás, eu diria, Senador Tuma, que o “Estatuto do Homem” deveria ser incorporado ao Estatuto dos Aposentados, nos seus primeiros artigos, tal a felicidade com que V. Exª trouxe à baila a leitura dessa peça da humanidade, dessa peça literária e poética da humanidade. Senador Mão Santa, precisamos ser objetivos. Quero também, neste breve aparte, Senador Mão Santa, lembrar aqui o telefonema que acabei de receber do seu companheiro Heráclito Fortes, que nos está assistindo também. Ligou para anunciar sua total solidariedade. Todos nós sabemos da dificuldade que tem hoje o Senador Heráclito Fortes, que se restabelece de uma cirurgia delicada, que está guardando o devido cuidado em casa, mas que está atento e ligou para abraçar a todos nós e para dizer que a causa é dele também e que está solidário. Eu queria dizer ainda àqueles que nos estão assistindo, ao Brasil inteiro, que, além das Senadoras e dos Senadores aqui presentes, contamos com a dedicação, com o denodo das nossas companheiras e dos nossos companheiros servidores desta Casa, como os taquígrafos, o pessoal da Mesa, o Johnson, o pessoal que nos serve no plenário e que, de vez em quando, traz nosso cafezinho. Silenciosamente, essas pessoas estão sensíveis a essa causa, tenho certeza absoluta, Senador Mão Santa. É um desconforto para eles, inclusive, mas acho que, se pensarmos bem, a luta vale a pena, principalmente se a gente alcançar os resultados esperados, Senador Paim.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Senador Mesquita Júnior, permita-me fazer um aparte, quebrando o protocolo?

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Com absoluta certeza.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Eu me preparava para ler os nomes dos Senadores presentes aqui. Com a chegada do Senador Simon, penso que seja a hora de fazê-lo. Já completamos as primeiras seis horas, é meia-noite e sete minutos. Neste momento, vou fazer a leitura dos nomes: Senador Papaléo Paes…

O Sr. José Nery (PSOL - PA) - Senador Paim, agora, vamos atrapalhar todo o Regimento e dizer que, com a presença do Senador Simon, com a sua presença, presidindo os trabalhos, e com a presença do Senador Sérgio Zambiasi, o Rio Grande do Sul está com a bancada completa na vigília do Senado.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - O Senador Simon ainda veio com a esposa.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Ainda veio com a esposa.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Neste momento, à meia-noite e sete minutos…

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - O Senador Simon trouxe o reforço da sua digníssima esposa. Muito nos orgulha sua presença nesta Casa!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - O Senador Simon disse que ela veio para conferir aonde ele iria à meia-noite.

A Srª Rosalba Ciarlini (DEM - RN) - Não, Senador, com licença, mas devo dizer que acho que não foi isso. Ela veio aqui, como mulher, para mostrar a força da mulher brasileira, que está nessa luta.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Muito bem, Senadora!

Permita-me, Senador, dizer os nomes dos Senadores aqui presentes.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Pois não.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - São eles: Senadores Papaléo Paes, Romeu Tuma, Flexa Ribeiro, Mão Santa, Geraldo Mesquita Júnior, Marcelo Crivella, Rosalba Ciarlini, Sérgio Zambiasi, José Nery, Mário Couto, Expedito Júnior, Heráclito Fortes - que saiu há poucos minutos, porque fez um cirurgia há poucos dias - e Pedro Simon, que já estava no Cafezinho e que deixou para entrar aqui exatamente à meia-noite.

Senador Mesquita, por favor, tem V. Exª a palavra.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Pois bem, concluindo...

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Peço um aparte a V. Exª. Se V. Exª me permitir, já que estamos quebrando o ritual, quero fazer uma proposta, se for possível, Senador Geraldo. Primeiro, quero saudar o belo casal que aqui vem para nos inspirar, porque estamos certos de permanecer aqui. Talvez, minha esposa diga: “Que pena que não estou junto!”. Senador Geraldo, queria que o Senador Paim redigisse um projeto de resolução, que seria assinado por todos nós que estamos presentes e por todos que falaram sobre esse caso, para mandar aos Presidentes de todas as Câmaras de Vereadores o que se passou neste dia, para que eles tomassem conhecimento de como o Senado está agindo. Faço essa proposta. Assinaríamos a feitura de V. Exª, dentro da idéia do Senador Geraldo Mesquita.

A Srª Rosalba Ciarlini (DEM - RN) - Sr. Presidente e Senador Tuma, sei que estou ferindo o Regimento, mas queria dizer que poderíamos encaminhar isso não só à Câmara dos Vereadores, mas também às Assembléias Legislativas dos Estados.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Com toda certeza. É uma idéia iluminada que teve o Senador Tuma e que corrobora a Senadora Rosalba. Uma idéia fantástica, Senador Paim. O País não pode deixar barato esta história. O País não pode perder este bonde, inclusive. Nós estamos falando de milhões de pessoas cuja expectativa, cuja esperança, está depositada nas mãos de pessoas responsáveis deste Senado Federal. Eu gosto sempre de lembrar que os projetos pelos quais estamos aqui hoje brigando, Senador Mão Santa, foram aprovados nesta Casa por unanimidade. Há aqui o Senador Tuma, o Senador Simon, todos nós, 81 Senadores e Senadoras. Será que somos irresponsáveis? Essas pessoas depositam sua esperança, sua expectativa, muitos já vendo a luzinha da vida se apagando, Senador Mão Santa, pela angústia, pela contrariedade, pelo sofrimento. Essas pessoas têm uma expectativa muito grande. Não podemos frustrá-las. Creio que, a partir do Senado, Senador Paulo Paim, devemos - como V. Exª propõe e o Senador Tuma e a Senadora Rosalba sugeriram - fazer com este movimento se irradie pelo País inteiro. É uma oportunidade de ouro que estamos criando para que um assunto como este seja pautado no País inteiro. Como eu disse, os aposentados vivem nos municípios, não vivem pendurados no Palácio do Planalto, em árvores, mas nos municípios brasileiros. Portanto, a partir das Câmaras de Vereadores, das Assembléias Legislativas, precisamos nos reportar às presidências do Poderes Legislativos municipais e estaduais e fazer com que se incorporem nessa vigília cívica, nessa maratona que o Senado Federal inaugura, para fazer com que uma solução seja adotada para o problema dos aposentados e para o problema daqueles que estão na iminência de se aposentar, Senador Mão Santa. Não é fácil ter uma perspectiva de aposentadoria com uma crueldade em cima da cabeça, que é o fator previdenciário, ameaçando tirar 40% do que seria o seu futuro ganho como aposentado. Portanto, ficam aqui as sugestões, a partir do Senador Paim e do Senador Tuma, de que façamos um movimento no sentido de incorporar nessa vigília as Câmaras de Vereadores e as Assembléias Legislativas do País.

O Sr. Expedito Júnior (Bloco/PR - RO) - Senador Mão Santa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Incorporo as palavras do nosso Senador Geraldo Mesquita. Temos ainda Expedito Júnior e Sérgio Zambiasi.

O Sr. Expedito Júnior (Bloco/PR - RO) - Senador Mão Santa, não poderia deixar de aparteá-lo, até porque V. Exª tem, nesta Casa, admiração por quase todos os Senadores. V. Exª tem defendido, como outros Senadores, quase todos os dias, os aposentados brasileiros da tribuna do Senado. V.Exª é cidadão no meu Estado e é uma pessoa respeitada pelo Brasil afora. E na entrada do Senador Pedro Simon, quando fizeram questão de registrar a presença dos três Senadores do Rio Grande do Sul: Paim...

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Permita-me dizer que eu sabia o primeiro nome dela. Eu queria o nome completo: “acompanhado da Srª Ivete Fulber Simon”.

O Sr. Expedito Júnior (Bloco/PR - RO) - E o único, não é? Depois também vi Sérgio Zambiasi, os três Senadores, perdão; os três Senadores da Bancada do Pará; praticamente a do Piauí, os dois Senadores - V. Exª e o Senador Heráclito Fortes. O povo desses Estados deve estar muito orgulhoso de seus representantes aqui no Senado. Três representantes no Senado. Hoje, era para dizer que, de repente, esta seria uma sessão histórica, mas não posso nem dizer que é uma sessão histórica, porque, na verdade, esta sessão não era para estar acontecendo. A política do Governo não deveria ser aclamada, não deveria ser reivindicada por nós do Senado e principalmente por aqueles que deram suas vidas para que pudéssemos estar presenciando e vivendo o que estamos vivendo hoje no País. Fui Relator da matéria do Senador Paulo Paim. Aliás, tive a oportunidade de relatar duas ou três matérias do Senador Paulo Paim, e praticamente todas elas são voltadas aos aposentados brasileiros. Estamos aqui, eu e o Senador Nery, abrindo nossos e-mails. São e-mails do Brasil inteiro. V. Exª está falando e o povo está mandando mensagens a respeito do que V. Exª fala da tribuna. O povo está nos acompanhando, fazendo também a vigília em suas casas, em suas residências e sindicatos, assim como nós estamos fazendo aqui. E isto não tem cor partidária. V. Exª é do PMDB, da base aliada; eu sou do PR, que é da base aliada; o Senador Pedro Simon é do PMDB, da base aliada; o Senador autor do projeto, Paulo Paim, é de dentro da casa do Presidente Lula. Não tem cor partidária. Na verdade, o que estamos fazendo aqui é pedindo que se respeitem os responsáveis pela nossa existência e por este País. Hoje, estamos conseguindo desfrutar alguma coisa no Brasil graças ao trabalho de nossos idosos, que, infelizmente, não são respeitados da maneira como deviam. Parabéns a V. Exª pelo pronunciamento. Daqui a pouco, farei uso da palavra, pois estou inscrito, mas não precisamos nos preocupar com o horário, já que vamos ficar aqui até às 6 horas. Houve quem duvidasse que ficaríamos até às 6 horas, mas já estamos no dia 19. Já não estamos mais no dia 18.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - É o Dia da Bandeira.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PTB - SP) - Hoje é o Dia da Bandeira.

O Sr. Expedito Júnior (Bloco/PR - RO) - É o Dia da Bandeira.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PTB - SP) - E vamos hasteá-la junto com a dos aposentados.

O Sr. Expedito Júnior (Bloco/PR - RO) - Senador Mão Santa, muito obrigado. Parabenizo o pronunciamento de V. Exª, já neste início de manhã do dia 19.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Expedito Júnior, aí é que eu entendo Shakespeare, quando ele diz: “Some a ousadia dos mais novos” - V. Exª é um dos Senadores mais novos da história deste Brasil - “com a experiência dos mais velhos” - aqui, do nosso Romeu Tuma, Pedro Simon - “que teremos a sabedoria”. E essa é a sabedoria.

         E quis Deus, hoje, Dia da Bandeira, Luiz Inácio, ordem, ordem, ordem. Ordem é obediência ao Estado de Direito legal. É obedecer o contrato de nós, Governo, nós, Brasil, com os nossos velhinhos maltratados, enganados e roubados. É isso.

Com a palavra o Senador Marcelo Crivella.

O Sr. Marcelo Crivella (Bloco/PRB - RJ) - Senador Mão Santa, quero também saudar a presença ilustre do Senador Pedro Simon, acompanhado de sua companheira na tormenta e no esplendor. Gostei do pronunciamento de V. Exª. Citou Moisés e citou Cícero, que, decapitado e sua cabeça colocada no rosto do fórum romano, talvez seja realmente o maior libelo contra as tiranias e o liberticídio. E gostei quando V. Exª falou do Governo. Não estamos aqui hoje em uma vigília contra o Presidente Lula. A causa dos aposentados não requer radicalismos. Esta vigília não é contra ninguém, mas a favor daqueles que merecem a gratidão e o respeito do povo brasileiro, ecoado no sacrifício, nos discursos, nas iniciativas parlamentares de cada um de nós. V. Exª disse ao Governo: “É a Nação que precisa ser despertada”. Nós todos somos Governo, nós todos temos uma parcela de culpa nessa iniqüidade ou, pelo menos, pelo ponto a que ela chegou. E, com lucidez, haveremos de encontrar os caminhos. É bem verdade que, se apenas falarmos da tribuna ou se apenas nas Comissões tocarmos no assunto, isso não terá a força de uma vigília como a que estamos efetuando aqui, nesta noite. Isso há de repercutir, nossa voz há de ser ouvida, e os burocratas do Governo vão começar a preocupar-se. Há aqueles que decidem, com simplicidade, pagar R$120 bilhões, com esses juros a 13,75%, para dez mil famílias brasileiras. Sabemos que dez mil famílias brasileiras detêm 80% dos títulos da dívida pública, que dez mil famílias brasileiras vão receber mais de R$100 bilhões, talvez R$120 bilhões. E quanto vão pagar de Imposto de Renda sobre isso? Quinze por cento, porque rendimentos sobre aplicações financeiras pagam 15% de Imposto Renda. Pagamos 27% de Imposto de Renda. O aposentado do setor público cuja aposentadoria passa de dez salários mínimos tem o desconto de 11% do valor que passa. Vamos encontrar, sem sombra de dúvida, os caminhos e vamos nos redimir a todos dessa grande culpa nacional que temos com relação aos nossos aposentados. Eles nos estão assistindo. Tenho a certeza de que, amanhã, isso vai repercutir nas praças, nas filas dos bancos. Outro dia, eu conversava com o filho de uma senhora no Rio de Janeiro, e ela dizia: “Puxa, antigamente eu ficava tão feliz de poder ir à Praça General Osório, em Ipanema [V. Exª conhece e sabe que é um dos lugares mais aprazíveis do Rio], mas, hoje, não posso mais fazer isso, pois são muitos os assaltos. Não tem condição! Gostava de andar pelo calçadão da Nossa Senhora de Copacabana. Às vezes, não comprava nada; apenas via as vitrines, as novidades das lojas, das estações. Não posso mais fazer isso, porque, idosa, os meninos vêm, arrancam minha bolsa, eles me empurram, e eu caio. Minha distração é ir para um supermercado. Às vezes, nem tenho o que comprar; fico apenas passeando pelos corredores, olhando uma coisa e outra, ou fico na fila dos aposentados no banco, que é quando a gente se encontra para conversar, para falar da vida”. Quer dizer, não é só o fator previdenciário, é a falta de solidariedade, é a violência nas ruas, é o desrespeito ao idoso! Os povos que não preservam o respeito aos seus quadros históricos, àqueles que têm os cabelos brancos, podem ser um ajuntamento de pessoas, mas jamais serão uma sociedade, praticando as virtudes, a serviço da humanidade. Vivemos uma crise profunda, espiritual, moral, econômica. Quero associar-me a V. Exª nesse clamor que faz à Nação, em discurso eloqüente e, aliás, constante. V. Exª tem sido aqui um arauto. V. Exª tem sido aqui incansável alerta, o atalaia, alertando. Às vezes, a admiração que sinto por V. Exª é inversamente proporcional à concordância. Às vezes, discordo de V. Exª no tom com que lida com as questões do Governo, mas nunca deixo de respeitar a sinceridade, a expressão da alma, essa coisa que V. Exª traz do homem do Piauí, do homem da sua terra, esse compromisso inegociável de representar aqui os anseios legítimos do nosso povo, sobretudo dos mais humildes. É uma honra estar a seu lado nesta madrugada cívica!

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Crivella, V. Exª, que representa Cristo aqui, faz-me ouvir aquele que subiu as montanhas e bradou: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça!”. Nós somos bem-aventurados. É a justiça, a justiça! Rui Barbosa disse: “Só há uma salvação, a lei e a justiça”. E foi mais adiante, Luiz Inácio: “Justiça tardia é injustiça manifesta”. É verdade, Geraldo Mesquita, isso?

Concedo o aparte ao Zambiasi, que é o grande comunicador do Rio Grande do Sul. Os três Senadores daquele Estado estão presentes aqui.

O Sr. Sérgio Zambiasi (PTB - RS) - Senador Mão Santa, primeiro, quero cumprimentá-lo. V. Exª tem milhares de fãs no Rio Grande do Sul. Li alguns e-mails que estão sendo encaminhados para seu gabinete, de carinho e de apoio a este movimento. E fiquei muito feliz ao lê-los. Quando lemos um e-mail que vem do Estado, nós nos encontramos um pouco dentro deste espaço. Isso é algo bonito, que nos dá energia e força. Agora, com a chegada do Pedro Simon, completa-se a bancada do Rio Grande do Sul. O Senador Paulo Paim está do meu lado. O Pedro Simon está aqui com nossa querida Ivete, sua parceira e inseparável companheira, que traz toda a sua energia, a energia da mulher, junto com a Senadora Rosalba. O Senador Paulo Paim está dizendo que já podemos usufruir do privilégio de conviver na intimidade do lar do Senador Pedro Simon e da Srª Ivete, o que foi algo realmente muito especial. O Senador Pedro Simon foi um companheiro muito especial do Parlamento do Mercosul, e sua presença sempre repercute muito. Fico muito feliz em tê-lo como companheiro no Parlamento do Mercosul, na defesa dos interesses da integração. À medida que o Senador Mão Santa falava, recebi, no meu celular privado, em dois ou três minutos, três telefonemas muito significativos. Um deles veio de São João do Polêsine, Senador Pedro Simon, na quarta colônia, já passando o centro do Rio Grande, para quem vai para as fronteiras da Argentina e do Uruguai. Senador Paim, o Vereador campeão de Guaíba está lá na Câmara, fazendo sua vigília. É do Sindicato da Construção Civil, exatamente. O Secretário Menegotto, do Município de Guaíba, telefonou-me, há pouco. Então, a conclusão, Senador Paulo Paim, é a de que esta não é uma vigília do Senado ou dos Senadores, mas, sim, do Brasil. O Brasil está acordado, acompanhando esta sessão histórica desta Casa. Não é inédita, mas é histórica, pelo que significa, pelo resultado que pode produzir, chamando a atenção para uma classe que sofre realmente muito. É aquela que mais nos aborda; é aquela que mais nos cobra, quando estamos nas ruas, nos supermercados, em compromissos; é aquela que vem espontaneamente e diz “o que tu estás fazendo por mim?”, depositando toda a sua esperança e toda a sua expectativa na ação do Parlamento. Na realidade, o Parlamento não tem o poder da caneta. O poder da caneta é do Executivo. Nós podemos contribuir com o Executivo na busca de soluções, na busca de encaminhar uma expectativa, uma esperança, para melhorar a qualidade de vida e para promover inclusão social. Aliás, estamos recebendo agora - estou lendo no ClicRBS - a notícia de que a Polícia já está fazendo sua parte. Está aqui na manchete, Paim e Simon - vem lá do Rio Grande do Sul, e isso deve estar acontecendo em todo o Brasil -, que hoje a Polícia Federal - Senador Tuma, são seus colegas - desbaratou, no Rio Grande do Sul, um grupo que cobrava R$10 mil para cada aposentadoria fraudulenta. Em algumas cidades...

(Interrupção do som.)

O Sr. Sérgio Zambiasi (PTB - RS) - Ficamos sem som, mas, agora, retornou o som ao plenário. Estou lendo aqui o que diz o plantão do ClicRBS:

O grupo investigado pela Polícia Federal, durante três meses, por envolvimento na fraude do INSS, cobrava R$10 mil de cada pessoa que aposentava, de maneira indevida, fraudulenta. O esquema teria custado R$7 milhões à Previdência Social. A investigação durou três meses; os resultados da operação foram divulgados hoje, em Porto Alegre, na sede da Polícia Federal, pelo Superintendente Ildo Gasparetto e pela Chefe da Divisão de Benefícios do INSS, da capital, Regina Beatriz Floriano da Silva.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PTB - SP) - Senador Sérgio, permite-me V. Exª?

O Sr. Sérgio Zambiasi (PTB - RS) - Senador Romeu Tuma.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PTB - SP) - Quando eu estava na Superintendência de São Paulo, foi criada a delegacia especializada de combate às fraudes do INSS, da Previdência. Então, centenas e milhares de processos foram abertos - e já fiz referência hoje aqui. São milhões e milhões que são fraudados por competentes marginais da vida, que roubam do aposentado, enganam os coitados que precipitam a aposentadoria. Tem fax recebido pelo Senador Mão Santa, agora, de uma pessoa que diz ter 24, 25 anos e já está preocupada com o futuro da aposentadoria.

Desculpe-me interromper, mas eu gostaria de cumprimentar a Polícia Federal, porque vem há alguns anos dando combate e não consegue resolver, porque, dentro da Previdência, ou junto a alguns advogados e juízes, cria-se essa força descomunal que continua enganando os cofres da Previdência e dando prejuízos, como o que V. Exª acabou de ler nessa ação brilhante da Polícia Federal do Rio Grande do Sul.

O Sr. Sérgio Zambiasi (PTB - RS) - Veja que, nessa ação, que envolveu cinco ou seis cidades do Estado, são R$7 milhões de prejuízos à Previdência Social, ou seja, aos aposentados, Senador Paim. Se se pega um universo maior... Aliás, é a segunda operação, em cerca de 30 ou 40 dias, que ocorre no Estado desbaratando essas quadrilhas.

À medida que nós temos essas notícias, essa ação realmente positiva, que demonstra que a Polícia está agindo no sentido de acabar com essas quadrilhas, com essas gangues que agem de forma fraudulenta, enganando pessoas, mas enganando, acima de tudo, a Previdência Social, e, em conseqüência, trazendo gravíssimos prejuízos à Previdência, nós estamos começando a encaminhar uma solução, a buscar uma solução. Acho que a solução é coletiva. Ela passa por este momento, esta vigília que o Brasil está fazendo; passa por esta ação da Polícia Federal; passa por cortar esses gargalos por onde o dinheiro se esvai e acaba prejudicando o Orçamento da União, que poderia ser destinado a atender a essas demandas que nos trazem aqui nesta noite para fazemos este debate, nesta noite de solidariedade, de apoio a essa classe.

Enquanto isto, Senador Paim, do outro lado, nós encontramos dramas do cotidiano, como o que relata o e-mail que recebi agora à noite, Senador Crivella. Uma filha que trabalha está com a mãe, em estado quase terminal, no hospital. O hospital já não a aceita mais - ela não tem mais o que fazer no hospital -, e a filha não tem onde colocar a mãe, que não recebe proventos. A filha abre o coração, neste drama, para dizer que, se ela pára de trabalhar para cuidar da mãe, ambas vão morrer de fome; se ela continua trabalhando, ela não tem como cuidar da mãe. Ora, se a mãe tivesse acesso a uma aposentadoria digna, seguramente ela teria um local para ficar, para ser cuidada com o carinho, o respeito e a dignidade que essa mãe merece. São esses dramas do cotidiano que estão sendo lembrados esta noite, aqui. Essas pessoas merecem ser tratadas com respeito e dignidade.

Então, quando nós tratamos desse tema, eu não posso e não tenho o direito de, aqui, ficar fazendo críticas ao Presidente Luiz Inácio - como V. Exª chama o nosso Presidente Lula. Eu não tenho o direito de ficar criticando. Foi o Presidente que mais se dedicou às questões sociais nos últimos anos, porque tem uma vocação, porque tem uma origem, porque conhece o sofrimento das periferias; sabe, viveu na pele, conhece profundamente e tem sensibilidade. Eu, aqui, tenho acompanhado e votado com a base do Governo com convicção. Não fico aqui trocando o meu apoio por um cargo, por uma indicação. Não fiz, não faço e não farei. Faço por convicção. O meu apoio ao Presidente Lula é pela convicção no seu compromisso e na sua responsabilidade social com o nosso povo. Mas acho que isso é insuficiente e nós precisamos fazer mais. Acho que nós temos que sinalizar.

Os projetos que o Senador Paulo Paim está apresentando não estão prevendo uma solução para amanhã. Eles têm prazos. O que nós precisamos fazer é o início desse processo. Hoje, eu ouvi o Paim comentando um fato que me chamou muito a atenção. Quando a CPMF veio ao plenário e nós votamos a favor, o Governo nos dizia: “Se não aprovarem, os investimentos no Brasil param”. E foi com essa preocupação de que os investimentos não parassem que nós votamos a favor da CPMF. Ao ver derrotado o projeto, a minha sensação inicial era de que o mundo estaria caindo, desaparecendo sob os nossos pés. E eis que o Governo teve capacidade, o Governo teve competência - e aqui é que deve ser reconhecida a ação do Presidente Lula e do seu Governo, dos seus Ministros, da área econômica e de todas as áreas -, o Governo teve competência de buscar novos mecanismos de fiscalização e de cobrança, e o possível prejuízo reverteu-se numa arrecadação que superou a expectativa prevista na CPMF. Então, os cálculos anteriores estavam errados. As previsões catastróficas em relação à CPMF não estavam corretas. O Governo conseguiu, de forma competente, reverter o quadro, e, hoje, a arrecadação é muito maior do que aquela prevista se nós tivéssemos aqui aprovado a CPMF.

Então, acho que tem solução. Tem solução, e o Governo tem competência para buscar essa solução, para encaminhar uma solução possível para as expectativas que estão sendo colocadas na vida desses milhares de cidadãos que nos embalaram, Senador Paim, que nos embalaram, Senador Simon, que embalaram os nossos sonhos, que embalaram os sonhos de milhões de brasileiros e que agora querem apenas o direito de viver em paz; a esses, que estão agora de plantão na madrugada, trabalhando em tantas atividades, pois o Brasil não pára, o mundo não pára, Senador Papaléo, o mundo gira 24 horas, e são milhares e milhares de brasileiros que, nesta madrugada - agora, passam 37 minutos da meia-noite -, estão nos acompanhando.

Estamos, Senador Mão Santa, também sendo solidários com esses trabalhadores que, amanhã, quem sabe, já poderão beneficiar-se do fim do fator previdenciário, podendo aproveitar a sua aposentadoria de forma integral. E, quando vem o reajuste do salário mínimo - aqui está a diferença -, muitas pessoas ainda não entendem essa questão do fator previdenciário, Senador Expedito, as pessoas não sabem exatamente o significado do fator previdenciário, que é aposentar-se com dez salários mínimos...

O SR PRESIDENTE (Romeu Tuma. PTB - SP) - Senador Sérgio, se V. Exª me permite, preciso prorrogar regimentalmente a sessão por mais uma hora.

O Sr. Sérgio Zambiasi (PTB - RS) - E vamos ficar prorrogando até o horário previsto, 6 horas da manhã. É um desafio. Quem está no plenário não está com sono. À medida que a discussão vai avançando, a energia vai se renovando. É um negócio fantástico, Senador Mão Santa.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma PTB - SP) - Trouxeram a castanha-do-pará.

O Sr. Sérgio Zambiasi (PTB - RS) - São muitas coisas, inclusive a castanha-do-pará, com certeza, mas a solidariedade de todos e a energia que estamos tendo por defender uma causa. Estamos, Senador Mão Santa, defendendo uma causa, o que nos entusiasma, realmente, muito.

Então, apenas para completar. Uma das questões que preocupa realmente é o fim do fator previdenciário. Alguém que trabalha durante 30, 35, 40 anos e paga o seu INSS sobre dez salários mínimos, sobre cinco salários mínimos - vamos ficar em cinco salários mínimos, Senador Mário Couto; venho acompanhando a sua luta também, parabéns - quando vai receber o seu primeiro salário de aposentado, vem a primeira frustração: não são cinco salários mínimos; são quatro salários mínimos e meio. E, no primeiro reajuste do salário mínimo, 10% para o salário mínimo, 5% para os aposentados. Então, já vem o primeiro baque. No segundo, no terceiro ano, já não são mais quatro salários mínimos e meio; são quatro e depois três e meio. E aí vem o drama, Senador José Nery, aquele drama em que o sujeito, após cinco ou seis anos como aposentado, está aguardando o reajuste do salário mínimo e não o seu salário como aposentado. Então, essa é a injustiça que nós devemos corrigir aqui, permitindo que, ao cumprir o seu tempo de trabalho, esse cidadão possa usufruir o seu direito, conquistado pelas contribuições que deu ao INSS durante uma vida de trabalho. Essa é a luta, e, mais uma vez, quero deixar claro que, dos três projetos que o Senador Paim apresentou aqui, nenhum deles prevê que, amanhã, ao sancionar o projeto, já tenha que se reverter em benefício. Pelo contrário. Prevê uma solução programada, com prazo, de maneira que o próprio Orçamento se adapte e lá, à frente, talvez até a próxima geração finalmente possa usufruir desses benefícios. Esse é um fato que devemos deixar sempre claro aqui, para que as pessoas saibam que nós não estamos trabalhando com ilusões. Pelo contrário, são projetos com os pés muito no chão e que podem, com uma discussão democrática, como se está fazendo aqui, trabalhar por uma solução coletiva e que, finalmente, dê àqueles que cumprem uma vida inteira de trabalho o direito de viver os seus dias com segurança e com paz. Muito obrigado, Senador Mão Santa, por sua compreensão.

O Sr. Expedito Júnior (Bloco/PR - RO) - Senador Mão Santa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Expedito Júnior. Depois, o Senador Papaléo.

O Sr. Expedito Júnior (Bloco/PR - RO) - V. Exª está sendo generoso. Só para demonstrar o quanto o povo está acompanhando esta vigília e fazendo aquilo que estamos fazendo aqui também nas suas casas, não posso deixar de fazer agora, até por conta da admiração que o povo do meu Estado tem pela sua pessoa - V. Exª já esteve no meu Estado, já esteve na capital, Porto Velho, já viu o quanto o povo o admira, gosta de V. Exª e tem respeito por V. Exª -, o registro de várias pessoas que ligaram. Faço questão de registrar os nomes de algumas pessoas que, inclusive, pediram que eu o fizesse enquanto V. Exª estivesse na tribuna. Esse foi o caso do Carlos Renato, de Buritis, cidade do interior do nosso Estado, dizendo que também vai ficar até as 6 horas da manhã acompanhando esta nossa vigília; Fogoió, do Município de Vilhena, já no Cone Sul, na entrada de Rondônia, pediu que transmitisse um abraço a V. Exª. Da mesma maneira, o jornalista Raimundo, do jornal O Estudante, da minha querida cidade, Rolim de Moura, que também o admira muito; o Deputado Maurão de Carvalho, que é da igreja Assembléia de Deus, líder religioso, Deputado por três mandatos no meu Estado, que está junto com a esposa assistindo a esta sessão, pediu que eu transmitisse este abraço. O Presidente do Partido Verde, Antenor Kloch, do Município de Ariquemes, também pediu que eu trouxesse um abraço a todos os Senadores e disse que está torcendo por nossa luta. Por fim, o companheiro e amigo Ceará, do Município de São Francisco, já próximo à Bolívia - o Município é conhecido como Ceará da Emater -, pediu que transmitisse um abraço a V. Exª e a todos os Senadores que estão aqui em defesa dos aposentados brasileiros.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradecemos a participação do Senador Expedito.

Esses foram os e-mails que recebemos agora, depois que começou a vigília. Alguns já foram citados. Quer dizer, o Brasil...

Pedro Simon, que está ali, lembro-me de quando este País estava em dificuldade e eu, estudando Medicina, Papaléo, nas caladas da madrugada, ligamos o rádio: “Esta é a cadeia da legalidade. Rádio Guaíba”, lá do Rio Grande do Sul. E, de repente, o Brasil incorporou-se à cadeia da legalidade, e demos um avanço à democracia, mostrando o Rio Grande do Sul, que é da paz. Teve a Guerra da Farroupilha, mas foi pela liberdade dos negros, pelo nascer da República. A cadeia da legalidade entregou um homem da paz.

Aqui, o Rio Grande do Sul... Ô Zambiasi, telefone aí para a sua Rádio Farroupilha para lá irradiar - V. Exª, que lidera a comunicação - no País a cadeia da solidariedade. Que página bela vai escrever o Rio Grande do Sul!

Esses são e-mails de todo o País que agradecemos.

Com a palavra o Senador Papaléo Paes, que parecia, quando iniciou esta sessão vigília, diferente, o Auro de Moura de Andrade: “Está vaga a cadeira da Presidência”.

O Sr. Sérgio Zambiasi (PTB - RS) - Senador Mão Santa, só um complemento, mais uma informação. Estou acompanhando aqui, pela Internet, algumas notícias. Eis aqui a manchete desta quarta-feira do jornal Zero Hora: “Operações desmontam dois esquemas de fraude em aposentadorias no Rio Grande do Sul”. É seguramente uma forma de contribuir para que o Governo tenha caixa e reconheça que, realmente, está na hora de a gente melhorar a questão dos aposentados no Brasil.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agora queria, com todo o respeito ao nosso Presidente Luiz Inácio - votei nele em 1994 -, dizer que só há sentido para esta Casa se tivermos uma experiência para cooperar. Somos os pais da Pátria. Luiz Inácio, pague isso porque vai melhorar o País. Tenho a experiência.

Olhe aqui os que poderiam ser aposentados, são os melhores valores que nós temos, mas estão aqui nos dando exemplo Romeu Tuma, Pedro Simon, o nosso Dornelles, Paulo Duque, Cafeteira. Quero dizer ao Presidente Luiz Inácio por que este País está desmantelado. Eu posso dizer. Eu tenho a ensinar. Eu tenho uma vida.

Trabalhei, Papaléo, numa Santa Casa de Misericórdia. Operei e operei muito, muito mesmo. Acho que fiz mais operações do que o Pelé fez gols. E quase tudo para os pobres. Vou dizer o seguinte: por que, Papaléo? Chegou um senhor com 70 anos de idade, Sr. Ricardo Coimbra, português, representante da Brahma, da Volkswagen, da Fiat Lux, aliás, sócio do pai de Chagas Rodrigues, que foi Senador. Aposentou-se e foi dedicar-se à Santa Casa de Misericórdia.

Por isso que eu fui, e estou aqui, um brilhante cirurgião. Nunca me preocupei com nada e nunca faltou nada. Então, ele se aposentou com 70 anos, um português, porque as aposentadorias eram corretas e eram decentes, Luiz Inácio! Então este País está desmantelado, Luiz Inácio, porque surgiram essas ONGs, a “pilantropia”, e os homens... Em todos os países - vá aos Estados Unidos, vá à Suíça -, esses aposentados prestam serviços voluntários, com a experiência, com o amor e a tranqüilidade. Isso vai ser restituído.

Luiz Inácio, Átila, o rei dos hunos, disse: “Administrar é fácil: premiar os bons e punir os maus”. Ele está punindo os bons, os que trabalharam, os decentes, os dignos e honrados! Átila, rei dos hunos. Como é difícil liderar aqueles nômades! Premiar os bons e punir os maus. Ele está punindo os bons, os que trabalharam.

Com a palavra Papaléo Paes, Senador.

O Sr. Papaléo Paes (PSDB - AP) - Eu agradeço ao Senador Mão Santa o aparte que me concede, mas, antes de fazer meu aparte especificamente, eu quero aqui registrar, com muita honra para todos nós aqui, a presença do Senador Pedro Simon e a senhora sua esposa. Quero dizer que nós, que vivemos como Parlamentares... Eu digo até, Senador Expedito, jovem aqui, que tenho minha experiência de político. Eu sempre digo que aconteceu a política partidária na minha vida por um acaso.

Eu não sou um militante de Partido político, nunca fui. Sempre fui militante da minha área médica. Nessa militância, posso afirmar a V. Exªs que acredito ser muito mais importante essa escola que aprendemos no dia-a-dia, convivendo com a sociedade, com as pessoas, que é a militância que nos leva a olhar o social como o fundamental para fazermos justiça para uma sociedade, do que a militância de lermos cartilhas aqui, cartilhas ali, de aprendermos frases de efeito, e assim por diante. Assim, a minha militância na área social devo à minha profissão de médico. Então, nós temos de ter alguns exemplos para nos guiarmos. Por isso, a nossa conduta aqui, representando o povo, com as pessoas nos assistindo pela televisão, temos de ter cuidado e postura para podermos respeitar as pessoas que estão nos assistindo. Então, eu quero registrar, Senador Pedro Simon, que V. Exª sempre foi admirado por mim. Quando cheguei a esta Casa e o conheci pessoalmente, eu realmente me emocionei. Eu lembro que, quando passei, pela primeira vez, no corredor e V. Exª passava sozinho, com uns documentos na mão, eu não tive condições de chegar à sua pessoa e de pegar a sua mão, mas eu tinha vontade de pegar a sua mão e de abraçá-lo, pela imagem que tenho do senhor. Senador Romeu Tuma, V. Exª também representa para nós um exemplo de homem público neste País, que tem tanta carência de bons exemplos. Então, são pessoas como V. Exªs que fazem com que nós, que estamos aqui, tenhamos força, vendo os exemplos que V. Exªs nos dão. E temos que ter sabedoria suficiente para transformar esses exemplos que recebemos para outras pessoas, porque vivemos uma democracia onde a política partidária é importantíssima para a sociedade. E temos que fortalecer a base da política partidária na sociedade. Porque hoje, o que estamos vendo? Estamos vendo as pessoas a cada dia se distanciarem dessa representatividade do povo através de um mandato, de um voto. Então, a descrença é muito grande. Temos a obrigação de fazermos o povo voltar a crer que a democracia é exercida por alguém que vai nos representar e que vai receber de nós aquele voto. Então, aquele voto é sagrado, importante. Acredito que seja algo que tenha o mesmo poder de igualdade, independente de ser rico ou pobre. Isso não interessa. Quero fazer este registro e dizer que estamos aqui, nesta sessão, para representarmos a vontade que todo brasileiro tem de ver pessoas que prestaram serviços a esta Nação, pessoas que até não chegaram a completar, a atingir sua idade, mas que tiveram acidentes de trabalho, foram aposentados, que não têm qualquer meio de subsistência, senão a aposentadoria. É por essas pessoas, Senador Romeu Tuma, que está nos presidindo, que nós estamos aqui fazendo esta vigília. É sacrifício para nós? Não é sacrifício nenhum uma noite que passemos aqui para simbolizar este ato de alerta ao Governo, alerta à sociedade para a condição dos aposentados, não é sacrifício nenhum. Nós podemos ficar quantas noites aqui; nós temos um padrão social bom, temos um salário bom, nos alimentamos bem. Os que têm saúde, graças a Deus, continuem com saúde. Os que não estão bem de saúde, têm alternativa de procurar melhorar o seu estado de saúde, enfim, não é sacrifício nenhum. Mas o simbolismo deste ato de hoje é para chamar a atenção, principalmente, daqueles que usam o discurso fácil, no momento que estão há três meses de uma eleição, fazendo promessas indevidas, impossíveis de serem alcançadas para serem eleitos. E quando são eleitos desse jeito já vêm trazendo maus exemplos para a Casa, onde eles vão representar o povo. Faço uma lembrança aqui, Senador Mão Santa, da nossa luta quando nós chegamos aqui, nunca tinha tido experiência nenhuma de parlamentar; tinha sido prefeito por um acaso. Por um acaso que eu digo porque fui escolhido e fui eleito, muito bem, prefeito de Macapá; eleição por 55%, dois anos de filiação partidária. Então, o povo me deu aquele mandato pela minha condição de médico. E quando cheguei aqui, estreando no Parlamento, eu fui eleito pelo PTB, depois ingressei no PMDB, quando veio a reforma da Previdência. Nós sempre discutimos a questão dessa reforma. Achávamos que era uma reforma que foi mal debatida com a sociedade, seria injusta para a sociedade. E aí eu fui ver, Senador Mão Santa, eu estou aqui com pelos menos sete discursos que fiz naquela época. Eu era do PMDB mas dissidente do partido, porque a orientação da base era votar tudo a favor. Eu, o Mão Santa, o Senador Pedro Simon e Jarbas... Não, o Jarbas não era ainda. Tinha um outro Senador, Sérgio Cabral. Nós votávamos tudo contra, até que eu fui obrigado a sair do PMDB. Mas dentre esses discursos, eu quero ler o que ficou registrado no dia 18 de junho de 2003. Discorri sobre a situação e disse assim:

“Nada de dizer que a Previdência é deficitária, pois o Governo é o fiel depositário dos valores que deveriam existir nos cofres em favor da mesma e explicar [o Governo, no caso], como se deu a construção desta cidade, como se construiu Brasília, da Ponte Rio-Niterói, da Transamazônica, hoje abandonada, da construção das usinas atômicas de Angra dos Reis e outras obras. Sendo assim, convido os brasileiros que hoje detêm o mandato outorgado pelo povo a refletir sobre essas questões. E que não venham a sacrificar os que passaram a vida toda em sacrifício servindo em prol do bem público”.

Então, é isso que nós estamos fazendo aqui. Nós queremos é justiça para os aposentados. Não aceitamos as desculpas de déficit. O Governo - não estou dizendo o governo “a”, “b” ou “c” - brasileiro é responsável por esse déficit a que ele se refere e é responsável por nós estarmos com nossos aposentados sendo injustiçados há muitos anos. Então era isso que eu queria deixar registrado, Senador Mão Santa, e também reconhecer em V. Exª um bravo lutador pelas causas sociais e que realmente acredito que nós votamos muito bem quando passamos pela reforma da Previdência, em 2003. Parabéns a V. Exª.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - V. Exª é que merece parabéns, porque V. Exª, sendo da Mesa, foi quem se apresentou para presidir e iniciar esta sessão hoje da solidariedade. Mas esses e-mails foram de agora, quando estou aqui em cima, Paim, para nós, agora. Aqueles tinham sido anterior, e eu guardei um ligeiro, e, só no período que estou aqui, como o Brasil está vendo.

Mas, Papaléo, eu queria dizer ao Ministro José Pimenta que nós somos preparados. Quis Deus, com a ajuda de Pedro Simon, o Governo quis fazer uma política lá e, com dois anos de CAE, me deslocou, deslocou o Pedro Simon, porque nós contrariamos certos interesses da política do Partido dos Trabalhadores. Mas aí o Pedro Simon impôs que não saía, ele saía, mas que eu permaneceria lá e ainda hoje estou. São seis anos. Seis anos, Flexa Ribeiro, é que fiz a faculdade de Medicina e aprendi muito.

Então, José Pimenta, eu sei economia.

E, nesse imbróglio - por isso quiseram-me tirar de lá -, Paulo Octávio, Senador brilhante do Democratas, Vice-Governador, empresário que entende muito - além da consultoria que todos nós temos do Senado, que é muito boa, ele tem a própria de suas empresas - fez um projeto de lei demonstrando e provando que, se o dinheiro da Previdência ficasse numa conta da Previdência dirigida por ele, jamais, jamais, jamais seria deficitária. Eles pensavam, os aloprados, que, como eu tinha votado no Luiz Inácio... Mas sou do Piauí e, com a minha consciência, me apaixonei e aceitei o projeto de tal maneira que eles tiveram que mudar até o presidente. Na hora, empatou e enterraram.

Isso é balela. Previdência tem em todo o mundo e, matematicamente, é possível. É porque se tira o dinheiro da Previdência para outros interesses, para outros rumos, para outras politicagens que fazem. Essa é a verdade!

Então, nós queríamos passar a palavra agora - e é muito honroso para nós - ao símbolo maior, o Cícero nosso. Atentai bem: no Senado romano, Cícero dizia: “O Senado e o povo de Roma”. E nós podemos dizer, pois a presença de Pedro Simon revive aquela grandeza de Cícero: o Senado e o povo do Brasil estão aqui e vão falar por intermédio de Pedro Simon.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Meu querido Senador Mão Santa, vivemos hoje uma sessão muito importante. V. Exª, um apaixonado por essa causa; meu irmão Paulo Paim, grande idealizador de toda essa caminhada; Senador Sérgio Zambiasi, nós todos estamos aqui mostrando uma hora importante. Cá entre nós, nunca o Congresso Nacional esteve tão na vitrine negativa perante o povo brasileiro. Repare que um ato singelo como esta sessão faz com que o povo entenda que a organização, que a unidade, que o entendimento pode conduzir a uma resposta. O Congresso e, de modo especial, o Senado foi desconsiderado pelo Governo. O projeto do Senador Paulo Paim foi aprovado por unanimidade. Foi um dos dias mais bonitos desta Casa. Foi uma das decisões mais homogêneas, mais espetaculares desta Casa. O Líder do Governo, o Líder do PT, a Oposição, todos votamos a favor do projeto. Pensei que o Paim fosse explodir de felicidade tal era a quantidade de abraços e a alegria que nós todos recebíamos. De repente, não mais que de repente, vimos que tínhamos sido feito de bobos: “Não; não leve a sério. Deixe o Senado; o Senado é muito complicado. Aquela gente do Senado é muito metida. Vamos deixar que a Câmara derruba”. Missão ingrata para a Câmara; missão esta cruel para a Câmara. Não derrubar porque tem argumento contra, mas derrubar porque vai derrubar, e o Governo acha que tem maioria na Câmara dos Deputados. Então, esse nosso gesto hoje é uma solidariedade também à Câmara dos Deputados, no sentido de darmos uma força aos nossos companheiros, aos nossos irmãos para que eles tenham coragem. O doloroso é que os líderes, V. Exª, o Paim, os companheiros que estão à frente dessa caminhada, o Líder do PSOL... Há quantos dias estão conversando com o Ministro, com o Presidente do Senado?

O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Há três semanas.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Há três semanas estão debatendo. Vamos encontrar uma solução, vamos encontrar um entendimento. As pessoas, na melhor das intenções, querem encontrar um entendimento - e vamos ser sinceros -, estão doidas para encontrar um entendimento, uma fórmula que represente o entendimento. Se, afinal, nos reunimos e votamos, por unanimidade, aqui no Senado, por que não o entendimento? De repente, o Ministro manda dizer que nós estamos fazendo papel de bobos - e isso nos ridiculariza a todos. Não está certo; sinceramente não está certo! O Zambiasi falou muito bem, e fui um dos que foi para a tribuna lutar a favor da emenda do tributo sobre o cheque, sob o argumento de que iria explodir o País. O País explodiria e não tinha saída, não tinha solução, e a saída foi encontrada. E o Brasil está arrecadando hoje muito mais do que quando tinha o tributo sobre o cheque. Então, o terrorismo que está sendo feito, a guerra de nervos em cima do Senador Paim, porque ele é do PT... E digo que S. Exª é do PT e tem lutado tremendamente. Vejo hoje que é o único representante do PT que está nesta sessão. Não tem importância, S. Exª está aqui com, pelo menos, dois terços dos milhões de votos recebidos pelo Lula. E vou dizer mais, os milhões de votos que o outro candidato teve também estão com V. Exª, ou seja, a imensa maioria do povo brasileiro. Mas, numa hora que nem esta, o Paim está sendo firme, está tendo categoria, competência. Eu tenho muito carinho por ele. Eu tenho um amor profundo pela Heloísa Helena, pela política Heloísa Helena, mas briguei muito com ela. Disse-lhe que ela não devia ter aceito as provocações e saído do PT. E V. Exª estava comigo, Senador Paim. Dizia-lhe que ficasse no PT, não fizesse o que os outros queriam, porque os outros estavam doidos para que ela saísse, para que o Senador Paim saísse, para que as pessoas saíssem. Eu disse: fique no PT. O Paim está até hoje. Podem dizer o que disserem, mas não podem dizer que o Paim não cumpre uma vírgula do programa do PT, não cumpre a bandeira do PT, não cumpre os ideais da sociedade brasileira. E nós estamos aqui, o PSDB, o Democratas, o PDT, o PTB, o PMDB, todos os Partidos estamos aqui numa reunião que tem essa simbologia. Ninguém aqui está procurando nem manchete, nem bandeira. Mas que bom seria - e não precisa nem colocar as nossas caras nem os nossos nomes - se a imprensa dissesse: “Os Parlamentares, com o projeto, brigaram, lutaram e ficaram a noite inteira por uma causa positiva”. Não foi para aumento do salários dos funcionários nem dos nossos salários, nem vantagem pessoal, mas foi por uma causa altamente concreta e positiva. Olhe, Sr. Presidente, eu vim aqui com muita emoção. Hoje foi um dia em que este Congresso e esta Casa viveram dias e horas significativas. Estão realizando a semana a favor do menor de zero a seis anos e contra a violência. Uma semana feita pelo Senado Federal, com pessoas vindas de vários lugares do mundo. E, agora à noite, estávamos confraternizando com elas. Vim aqui com a minha mulher, porque eu disse: “Eu tenho que ir. Eu prometi ao Paulo Paim, ao Sérgio Zambiasi e à Bancada do Pará que eu iria lá e eu tenho que ir”. Vim para dizer que estou presente, para trazer a minha solidariedade, para dizer que eu sou solidário à luta e às questões do povo brasileiro. Foi dito aqui, com muita realidade, que, se fosse véspera de eleição, 90 dias antes de eleição, talvez fosse diferente. Não tem eleição. Mas nós estamos aqui. Nós estamos aqui, porque isso tem um significado. Se o Governo quer discutir com a gente, vamos discutir. O Paim e os companheiros sentaram para discutir. Mas debochar e ridicularizar? Não é por aí! Agora, o que eu vejo de simbolismo nesta sessão é que nós encontramos uma forma para fazer alguma coisa. Quando a gente quer, a gente faz. Este Congresso está sendo humilhado por este Governo - e não é somente este Governo, é este Governo, o Governo anterior, o outro e até aquele em que fui Líder - com as medidas provisórias, que fazem com que a gente não legisle mais, não vote mais.

A gente está aqui como uma Casa legislativa de mentirinha. Se nós fizermos uma reação lá também, se nos conscientizarmos do nosso poder, da nossa força, nós poderemos colocar o Congresso no seu devido lugar. Meus cumprimentos, meu querido Mão Santa. As gentilezas que o amigo faz comigo são ultra-exageradas, mas eu vejo com muita alegria, como disse o Zambiasi, o nome de V. Exª ser hoje uma referência nossa lá, no Rio Grande do Sul, pelo seu carinho, pelo seu afeto, pela sua liderança e pela sua garra em defender as grandes e as boas causas. Estamos aqui um dia. Como foi dito pelos coordenadores, se for necessário, logo ali adiante, dois dias; e, se for necessário, na outra semana, três dias. E haveremos de fazer isso porque nós estamos com uma causa justa. Que bom se o Presidente Lula parasse para pensar. Que bom se o Presidente Lula se aconselhasse. E ele tem bons conselheiros. O Ministro da Fome, o Ananias, é um grande conselheiro. Ele tinha um, que era o Frei Betto, que, lamentavelmente, saiu, mas ele tem muitos bons conselheiros, com os quais ele deve se consultar. Não é apenas o Presidente do Banco Central, não é apenas o Ministro da Fazenda, não é apenas a elite paulista que são os bons conselheiros. Eu mandei fazer um levantamento que considero muito importante: quero saber, nesses seis anos que o Lula é Presidente, quantos dias ele passou em São Paulo. Ele montou, ele tem um escritório... Nem na época do café-com-leite, nunca um Presidente da República montou um escritório da Presidência da República em São Paulo.

Pois hoje nós temos. Temos um escritório enorme, com gabinete, com equipe, em São Paulo. Há muito tempo os senhores não vêem o nome de um empresário paulista que vem falar com o Presidente em Brasília, de um político paulista que vem falar com ele em Brasília. Eles falam lá, em São Paulo. Pois eu acho que, além de ouvir a elite paulista, ele pode ouvir, dentro do seu partido e dentro desta Casa, pessoas que haverão de lhe dar esse grande conselho. Obama, a primeira bandeira que ele levantou, que ganhou a eleição, foi a questão da saúde. Quase 40 milhões de americanos lá, nos Estados Unidos, não têm plano de saúde. E quem não tem plano de saúde nos Estados Unidos não tem nada, porque lá não tem SUS, não tem absolutamente coisa nenhuma. Pois ele, no meio de todo o terrorismo que está acontecendo, da desgraça, da violência que está acontecendo, ele disse: “Minha primeira questão é a questão dos milhões de americanos que não têm um plano de saúde”. Pois eu acho que o nosso amigo Lula, que tem boa aposentadoria, deveria se lembrar dos milhões de colegas dele que, lamentavelmente, têm uma aposentadoria injusta e cruel. Encontrar uma fórmula, nós vamos encontrar; encontrar uma maneira de chegar lá, nós vamos encontrar, mas debochar e não fazer nada não é possível. Obrigado, meu irmão, meu querido Mão Santa - mão santa e cabeça santa também.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Quando aqui eu digo que este é um dos melhores Senados da República em 183 anos, isso se torna uma certeza com a presença de Pedro Simon. Pedro Simon é o ícone, é o símbolo da virtude da democracia em nosso País.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Senador Mão Santa, o senhor me permite?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois não, Geraldo Mesquita, é um prazer ouvir V. Exª.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Senador Mão Santa, quero me redimir de um pecado cometido na minha última intervenção, em que eu mencionei os servidores da Casa, mas esqueci que o povo brasileiro está vendo este programa através da TV Senado. Portanto, os nossos aplausos aos nossos companheiros da TV Senado que estão até agora transmitindo esta sessão histórica. Mas eu queria dizer também que esta sessão é interativa. Eu estou aqui com a minha caixa de mensagens aberta, de um em um segundo entra uma mensagem aqui. Enquanto o Senador Pedro Simon, nosso guru, falava, eu destaquei aqui a mensagem do Ivan Martins, do Paraná. Ele passou essa mensagem à uma hora e um minuto. Olha o que ele diz, Senador Simon, para todos nós:

         Estamos em vigília juntamente com os senhores, acompanhando pela televisão e remetendo esta mensagem de tempos em tempos pela Internet. Agradecemos o enorme esforço que os senhores estão fazendo para recuperar os direitos dos aposentados e pensionistas do INSS. Temos certeza que vosso sacrifício não será em vão. Estamos orgulhosos por estarmos sendo representados por uma equipe de Parlamentares que deixarão seus nomes gravados [...].

Ivan Martins é coordenador dos aposentados e pensionistas da Aerus no Paraná, Senador Simon, pessoal que tem passado baixo, o pessoal do Aerus. O Senador Simon sabe dessa história mais do que ninguém. Eu acho que o coração dele está um pouco mais pesado a cada dia por causa da história do pessoal do Aerus - o Senador Simon, o Senador Zambiasi e o Senador Paim, particularmente esses três Parlamentares. Dentro desse tema, desse assunto, dessa tentativa de solução, como disse o Senador Simon, não podemos esquecer, não podemos negligenciar o pessoal do Aerus, que foi enganado, tripudiado, para dizer o mínimo. É só para lembrar a todos nós e saudar, inclusive, o nosso mais novo companheiro, o Senador Wellington, que chegou há poucos instantes, com seu travesseiro embaixo do braço, para se juntar a todos nós. O Senador Wellington Salgado está esperando a sua vez de se manifestar e de prestar sua solidariedade a essa causa e a esse movimento. Obrigado, Senador Mão Santa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradeço e incorporo as palavras de V. Exª.Todos estamos recebendo muitos e-mails, mas quero ler o de Sylvia Macedo Serra: “Muito grata por sua luta por nós, aposentados. Que Deus, na sua infinita bondade, te ilumine”. Escrito em letras grandes. Outro: “Senador Mão Santa, professor do Senado, lembre a Luiz Inácio que um dia ele será velho”.

Senador, o sentimento do Francisco, de Minas Gerais: “Solicito que o senhor diga ao Sr. Paim para deixar o PT, pois o partido não tem respeito por ele”. Não acho que ele deva, não. O partido trabalhista faz parte da democracia. Estamos nesta luta pela democracia.

Esse do final vou dar para o Crivella, porque eu não sabia disso, e ele cita. É o Brasil.

            Ulysses Guimarães, que está encantado, dizia: “Ouça a voz rouca das ruas”. É isso! Eu não sabia desta de Rui Barbosa, Geraldo Mesquita - V. Exª, que sabe tudo ou quase tudo: “Dai-me, Senhor, força e coragem para mostrar-me digno de haver sido criado à Vossa imagem”. Rui Barbosa.

            Agora, repete-se muito. Este manda para mim e para o Mário Couto. Mário Couto, nós estamos associados aqui. Nós estamos aqui.

            [...] Mão Santa e demais Senadores que se encontram em plenário: no momento, encontro-me no meu leito de aposentado, chorando pelas injustiças que este Governo tem proporcionado aos velhinhos aposentados, como eu. Eu perdi 10 salários mínimos e cheguei a 4 salários. Vou chorar até ver o meu direito reconhecido por este Governo ingrato, injusto e parcial.

            Hamilton Almeida Gouveia.

Agora, um muito bonito. Assunto: “Momento histórico! Saudações [...]” e tal. É um e-mail que chegou agora, é grande, mas ele termina com Deus, Crivella.

            Que o Deus da paz esteja com todos, hoje e sempre!

Termino minha mensagem com este salmo, que com certeza é o clamor de milhões de brasileiros: “Não me rejeites no tempo da velhice; não me desampares quando se for acabando a minha força”. Salmo 71:9.

Juscelino Kubistchek dizia que a velhice é uma tristeza, mas, abandonada, é uma desgraça.

Para terminar, eu só diria o seguinte: o nosso Barack Obama, Presidente Luiz Inácio - ele, que está chamando a atenção -, atentai para a sensibilidade dele. Ele foi buscar, para se inspirar, uma velhinha negra de 106 anos. Aquilo é simbólico. Daí ele estar encantando o mundo, por esse reconhecimento, por essa solidariedade, por esse respeito aos mais velhos. Ele, então, fez aquela beleza de discurso.

Sei que o Paim fica muito preocupado com a minoria racial, com os negros. Eu, pelo menos, acho que esse problema Abraham Lincoln já resolveu lá nos Estados Unidos. Aqui, no Senado, houve Rui Barbosa. A Princesa Isabel sancionou a lei, e jogaram flores no Senado.

Mas, Paim, hoje falou-se de Zumbi dos Palmares. Atentai bem que o momento é pior, Pedro Simon. Eles podiam fugir, ter liberdade. Eram escravos e podiam fazer isso. Esses, não; esses não podem mais fugir. Eles já trabalharam. Assaltamos o que eles produziram com o trabalho deles. É muito mais vergonhoso.

Essa nossa campanha é tão ou mais bonita do que a de Joaquim Nabuco, que ficou solitário, defendendo os escravos.

Queríamos ver isso e nos lembrar daquele que teve a coragem de lançar estas palavras - Castro Alves, no Navio Negreiro -, “Ó Deus, onde estás...?” Então, temos que apelar: Ó Deus, ajude-nos! Ajude-nos! Inspire nosso Presidente da República. Sabemos que ele teve solidariedade e fez caridade com o Bolsa-Família. Ninguém vai ser contra a caridade - fé, esperança e caridade, do apóstolo Paulo -, que ele fez, liderado por nós. A valorização do trabalho, a melhoria do salário mínimo, fiel a esta Casa. Rui disse: “A primazia é do trabalho e do trabalhador. Ele vem antes, ele que faz a riqueza”.

Como melhorou! Nós nos lembramos. Fomos nós, não foram os aloprados; fomos nós, aqui, com o Paim. Eram US$70,00 quando começamos nosso mandato. Aí, tivemos um sonho, como Martin Luther King: eram US$100,00, e o sonho foi feliz. Houve a luta do Presidente Luiz Inácio, mas foi aqui que foi trilhado o caminho da verdade. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” Foi nesta Casa.

Fazemos nossas preces para o Presidente da República resgatar essa dívida. Só tem um sentido, ó Mário Couto, a luta do Paim desde 1997, aqui, quando começaram o sofrimento e a via-crúcis dos velhinhos aposentados. Atentai bem: onze anos, Pedro! Que sofrimento!

Esta luta, pela qual hoje estamos aqui, só tem um sentido: apagarmos essa nódoa e essa vergonha da história do Brasil.

Ó Deus, ó Deus, ó Deus, esta é a crença do povo cristão do Brasil!


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/11/2008 - Página 46195