Discurso durante a 235ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Denuncia de apagão de energia elétrica em municípios do sul do Piauí. Salienta a importância do equilíbrio federativo exercido no Senado.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. POLITICA ENERGETICA.:
  • Denuncia de apagão de energia elétrica em municípios do sul do Piauí. Salienta a importância do equilíbrio federativo exercido no Senado.
Publicação
Publicação no DSF de 12/12/2008 - Página 51299
Assunto
Outros > SENADO. POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • IMPORTANCIA, FUNÇÃO, SENADO, REPRESENTAÇÃO, ESTADOS, GARANTIA, FEDERAÇÃO, DEBATE, ORIENTAÇÃO, PROBLEMAS BRASILEIROS.
  • LEITURA, TRECHO, NOTICIARIO, IMPRENSA, GRAVIDADE, CORTE, ABASTECIMENTO, ENERGIA ELETRICA, INTERIOR, ESTADO DO PIAUI (PI), PROTESTO, PROBLEMA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), NEGLIGENCIA, SITUAÇÃO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

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O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Romeu Tuma, que preside esta sessão de 11 de dezembro, quinta-feira, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros aqui no plenário e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, esta Casa é parte do Poder Legislativo que representa os Estados. No sistema democrático bicameral, a Câmara é que representa o povo. O número de Deputados é proporcionalmente ligado à população dos Estados. Aqui se mantém a Federação. Que o Estado poderoso e forte não engula os fracos. É aqui! São Paulo tem quase uma centena de Deputados. Tem Estados pequenos... Mozarildo, quantos Deputados Federais tem o Estado de V. Exª? Quantos?

O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Oito.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Oito. Roraima iguala-se a São Paulo, porque o número de Senadores é o mesmo de São Paulo, no Senado. Daí o Mozarildo vir aqui e agigantar-se ao ser o primeiro a denunciar as ONGs, e o Senado mantém uma CPI. Corrupção que compromete os princípios da democracia. E ele, lutando. E atentai bem: essa é a razão pela qual tem de existir o Senado. Acabou o absolutismo e dividiu-se o poder, mas os poderes têm que ser eqüipotentes, iguais, harmônicos, um para frear o outro.

O Poder que representa o povo e que deve ser maior é este. Somos nós, a quem a civilização chama de “pais da pátria”. O Poder Executivo, está certo, nasceu com a força do povo, do voto, mas nós também, e nós somos o povo.

Sei que o Luiz Inácio teve 60 milhões de votos, mas aqui temos mais de 80 milhões. Nós somos o povo e nós podemos falar como Cícero falava: o Senado e o povo de Roma!

Estamos aqui para dar ensinamentos. O Senador Mozarildo adverte há muito tempo sobre as ONGs, sobre os problemas indígenas, mas parece que não está sendo ouvido, e deve ser, aqui é que deve ser. Esta Casa só tem essa razão. Se nós não tivermos um preparo, Senador Pedro Simon, mais do que os outros, seremos soterrados. É aqui que o Luiz Inácio tem que buscar as luzes. Sempre foi assim.

Rui Barbosa é que foi essa luz, na República, ensinando, dizendo que só tem um caminho, uma salvação: a lei e a justiça. Dizia que a primazia é do trabalho e do trabalhador. Ele é que vem antes, ele é que faz as riquezas. E Rui Barbosa norteava isso tudo. E ele disse mais: “Justiça tardia é uma injustiça manifesta”.

         Mozarildo e o ensinamento para o País sobre a problemática dos índios!? Quem sabe, quem orientou a Pátria foi o iluminado Senador. Está aí, basta eles lerem. O Judiciário tem que ler, o Luiz Inácio, que não gosta de ler, tem que mandar gravar, pelo menos ouvir a conversa. Mas saiu daqui.

         Pedro Simon, não foi lá do Judiciário, não; a luz saiu daqui! Deus disse: “Moisés busque os mais sábios, velhos, responsáveis. Não desista, não quebre as leis. Eles lhe ajudarão a carregar o fardo do povo”. Foi aí que nasceu a idéia de Senado.

         Por aqui passou Darcy Ribeiro, que morreu e deixou, como eu repeti aqui, frases de Rui Barbosa. A luz foi e é aqui! Darcy Ribeiro, Senador, teve um câncer, no final de sua vida, e deixou o hospital, fugiu mesmo, achou que ia morrer logo. Mas, Leomar Quintanilha, ele foi para uma praia do Estado do Rio e não morreu logo, passou dois anos. E ele, ninguém mais do que ele, ninguém do Supremo Tribunal Federal, ninguém do Executivo... Ele é uma glória nossa, ele é o Senado, é a história. Ainda valem as mensagens de Rui Barbosa. As mensagens do Petrônio, do Piauí: não agredir os fatos.

         Só não muda, Pedro Simon, quem se demite do direito de pensar. Aqui, as mensagens de reflexões de Pedro Simon. Estão aqui, Pedro Simon. Eu estou lendo Obama e Pedro Simon. Eu sou mais Pedro Simon.

Mas, Senador Gilvam Borges, um tempinho aqui.

O Darcy foi lá para a praia e escreveu a maior obra, João Pedro. V. Exª tem que lê-la. V. Exª que tem que entregar para o Judiciário e para o Executivo o livro sobre a verdadeira formação do povo brasileiro. Ali é que temos que entender, é o Darcy. É o Darcy que orienta aquele imbróglio. Ele diz: “O Brasil é isto: os índios nos ensinaram a amar a natureza; os negros nos trouxeram a alegria, a música; os brancos de Portugal nos trouxeram a burocracia, o espírito cristão...” É por isso que está ali Cristo. Aí, o amor...

João Pedro, é o Darcy Ribeiro. Tem que aprender... É esta Casa que eu estou revivendo para orientar aquele imbróglio, aquelas danças, aquelas palhaçadas... Ele deixou a luz. Ninguém mais do que Darcy Ribeiro, que passou onze anos morando com os índios, com a mulher lá. Foi indigenista, formou essa universidade... O Darcy Ribeiro disse que o amor é que constrói, o amor que acimenta. Não tem mais negócio de negro, de branco, de índio, não. Nós somos uma raça só, nós somos ministros. Esse negócio de ninguém está mais separado...

Pedro Simon, vou ensinar agora aqui. Esse negócio de índio vem para cima de mim, eu vou ensinar.

Em 1980, eu era Deputado Estadual e fui indicado para um Curso de... Olha isso, Mozarildo, olha o índio... Eu estou é com Darcy Ribeiro. Ele é que é o mestre, ele é que é profundo. Mas eu também tenho para ensinar a essa gente.

Em 1980, eu fui a um curso de planejamento familiar. Eu era médico, novo, Deputado, o Governador era médico, o Dr. Lucídio Portella, Senador... “Vai, Mão Santa”. E eu fui. Era lá no México e terminou nos Estados Unidos. Aí tinha uma excursão de índios nos Estados Unidos e já tinha terminado. Eu estava com a Adalgisinha, sempre, né? Aí eu digo: “É negócio de índio, vamos ver índio”. Eu paguei a excursão, pois já tinha acabado o curso, lá na Flórida: “eu vou ver esse negócio de índio”. Olha aí, Mozarildo, ai eu fui à excursão. Naquele tempo era mais difícil.

(Interrupção do som.)

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Senador Mão Santa, eu queria apelar a V. Exª para a conclusão dessa primeira etapa do discurso de V. Exª, porque a Mesa precisará de V. Exª em seguida. Então, peço para poupar um pouco, a fim de chamarmos os outros oradores. Em seguida, chamo V. Exª para que possa continuar esse grande discurso...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Quanto tempo V. Exª vai me dar para concluir os índios?

O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - De quanto tempo V. Exª necessita?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - O Cristo fez o Pai-Nosso em um minuto...

O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - P) - Um minuto ou cinco minutos?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - (Inaudível. Fora do microfone.)

O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Então, dez minutos para V. Exª é o suficiente?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Dez é a nota de V. Exª que eu dou.

O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Então, vai mais um minuto para V. Exª.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Aí, fomos na excursão. Eu também nunca tive “mensalão” no Governo, Pedro Simon. Aí comprou e eu disse: “Não, vamos comprar um mais barato. Nesse negócio de almoço, a gente come um sanduíche”. Nos Estados Unidos, o cachorro-quente, rapaz, é uma lapa de cachorro-quente, é grandão. Aí, Pedro Simon, chegamos lá na aldeia dos índios. Era em frente a um hotel. Eu não tinha comprado o tíquete. Tinham um índio de cocar e outro menino, com flecha, com apito, com a cara pintada, vendendo os utensílios indígenas, arco, flecha, tanga, o diabo, negócio para meter na orelha e tal, e todo mundo comprando. Pedro Simon, os turistas compraram, pegaram aqueles balangandãs. Eu comprei também. João Pedro, eu não tinha comprado...

(Interrupção do som.)

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Entrou todo mundo para o restaurante e eu fiquei com a Adalgisa. Eu disse: “não pode entrar, ninguém comprou o negócio para comer, vamos aqui...” Eu fiquei ali, olhando.

         Pedro Simon, quando eu vi, um índio. Olha aí. Isso é a civilização de hoje. Quando eu vi, Mozarildo, o índio pegou aquela bugiganga todinha e meteu numa mala, parecia que era um baú. Eu fiquei olhando. Tirou o cocar, não-sei-o-quê, botou um óculos. Aí foi, entrou num carrão, aquela limosine, e saiu guiando. Esse é o índio do dia de hoje. É a cultura. Aí, nós fomos para taba e tudo, mas está tudo aculturado, está tudo civilizado, está tudo misturado!

É o amor, o amor... O amor é negro com branco. Você não vê na novela? É branco com índio.

Para terminar, para você não ficar, e é o seguinte...

Olha aqui, agora a desgraça é esse negócio de PT. Olha, não deixe ele entrar lá, não, Mozarildo. Dê graças a Deus. São melhores essas confusões. Mil vezes essas confusões de índio do que PT. Ele entrou no Piauí, e eu ainda ...

“Cidade do sul do Piauí ficou 27 horas sem energia elétrica”. Os jornais, vocês sabem que o Governo cerca tudinho, mas hoje há esses blogs, não é? Esses portais... Está aqui uma página todinha.

Olha, deu um apagão, deu uma desgraça: “Piauí lidera o ranking de pior distribuição de luz elétrica. Mais de 120 mil não recebem energia”. É o apagão lá. Está aqui. Agora, o apagão pior, pior - só dá luz quem tem luz, quem tem inteligência, quem tem cabeça...

Nós estamos seguindo o Paim nas leis. Está aí o Tião, está aí a professora Serys. Mas que tem muito aloprado tem. Temos de separar o joio do trigo, e o trigo pequeno. Então, está um apagão.

Eu votei em 94, mas não tem mais luz, não. Acabou. Há 78 cidades que estão de emergência. O Pronaf foi cortado em 100 cidades. Estão de emergência com a seca. E, aí, agora não tem luz. Não tem. Apagou. Apagão. Agora, mentira tem muita. Você pega as páginas dos jornais, e pega a televisão, e é isso.

Então, queríamos aproveitar esses seis segundos para dizer: Ó, Presidente Lula, nós estamos esperando...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Um minuto para terminar.

O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Quero convocar V. Exª para comparecer à Mesa, à Presidência. Quero ter uma conversa com V. Exª.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Peço mais um minuto para terminar.

O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Vou lhe dar mais um minuto.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Então, eu diria: “Ô, Pedro Simon. Castro Alves, do Navio: Ó, Deus! Ó, Deus! Onde estás? Ó, Luiz Inácio! Ó, Luiz Inácio! O Piauí está em apagão. Nós viemos pedir, com humildade, abrindo o Livro de Deus: “Pedi e dar-se-vos-á”. Mas o Estado, que já era pobre, está entrando, está acabando. Infelizmente, eu nunca vi, e todo o mundo, decepcionado.

Como a esperança é a última que morre, só não há jeito para a morte, nós ainda temos a esperança de que o Presidente Luiz Inácio agradeça ao povo do Piauí, que sempre votou nele.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/12/2008 - Página 51299