Discurso durante a 23ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração dos cento e oitenta e seis anos da Batalha do Jenipapo, ocorrida em Campo Maior, Estado do Piauí.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Comemoração dos cento e oitenta e seis anos da Batalha do Jenipapo, ocorrida em Campo Maior, Estado do Piauí.
Aparteantes
Geraldo Mesquita Júnior.
Publicação
Publicação no DSF de 12/03/2009 - Página 4448
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, PRESENÇA, AUTORIDADE, ELOGIO, INICIATIVA, JOÃO VICENTE CLAUDINO, SENADOR, REALIZAÇÃO, SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO, LUTA, MANUTENÇÃO, INDEPENDENCIA, BRASIL, MUNICIPIO, CAMPO MAIOR (PI), ESTADO DO PIAUI (PI).
  • CRITICA, GOVERNO ESTADUAL, FALTA, CONTINUAÇÃO, OBRAS, PORTO DE LUIS CORREA, AUSENCIA, CRIAÇÃO, ZONA DE PROCESSAMENTO DE EXPORTAÇÃO (ZPE), CONSTRUÇÃO, ECLUSA, USINA HIDROELETRICA, ESTADO DO PIAUI (PI), REPUDIO, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, GOVERNO FEDERAL, VALORIZAÇÃO, BENEFICIO PREVIDENCIARIO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Heráclito Fortes, que preside esta sessão em homenagem à histórica batalha do Jenipapo, são tantas as autoridades presentes - recebi uma lista da competente Secretária Executiva da Mesa - que teria de citar todos, mas poderia esquecer alguns nomes, o que seria imperdoável. Então, peço permissão para saudar as autoridades no nome daquele que faz o Poder Executivo do Piauí, S..Exª o Governador do Estado; digno e honrado Prefeito de Teresina Sílvio Mendes, tão bem representado pelo digno e honrado Vice-Prefeito; o nosso Prefeito de Campo Maior, e o Prefeito, Líder de todos, o médico Dr. Francisco Macedo.

Na Câmara Federal, tão bem representada aqui, Heráclito, agora são quatro, mais do que nós na Mesa, mostrando a pujança e a grandeza dos nossos Deputados Federais. Eles são bravos. E uma homenagem toda especial ao nosso Ciro Nogueira, pela galhardia com que ele representou o Piauí nas últimas eleições da Câmara Federal. Foi assim, ô Ciro, como a batalha do Jenipapo, que vamos recordar. Estão aqui um, dois, três, quatro, o Marcelo e o Átila. E gostaríamos de falar que é com muita emoção ...

O SR. PRESIDENTE (Heráclito Fortes. DEM - PI) - Senador Mão Santa, eu pediria permissão a V. Exª para registrar a presença do quarto Senador piauiense, que é Adelmir Santana, nascido em Tucuns, no Município de Uruçuí, mas que se sofisticou colocando na certidão de nascimento como tendo nascido em Nova Iorque, no Maranhão. Apenas para dar charme, mas ele é de Tucuns, em Uruçuí.

Feito o registro, agradeço a V. Exª.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Temos falado muito em muitos lugares, mas, neste auspicioso instante, falo com muita emoção.

Quero dizer que este aqui, nesta tribuna, que tem uma afetividade, cada um de nós tem uma bela história. E a Câmara Legislativa aqui está bem representada. São tantos valorosos Deputados Estaduais. E a gente tem que decidir. E eu decidi citar Kleber Eulálio, por ele e muito mais pelo pai dele. Severo Eulálio foi um dos autênticos na história do PMDB. Eram só 17 bravos que inventaram a anticandidatura. Eles tinham que ter um piauiense. E quis Deus... E esta tribuna aqui é minha cara. Tudo é o Piauí. Nós somos a cara do Piauí, todos nós.

Votei, caro Heráclito, em João Baptista Figueiredo para Presidente da República. Petrônio Portella me colocou delegado. Eu não sei nem como. Eu acho que foi - política tem disso - para fazer uma raivazinha em Alberto Silva, porque eu não entendo por que eu era delegado. Eu era muito jovem. Não era nem Deputado. Eu sei que eu votei. E por que eu estou aqui, e é caro. Este é o 984º pronunciamento que faço desta tribuna. Falo por mim e por outro que reputo um dos mais grandiosos líderes do Piauí: Dirceu Mendes Arcoverde. Está ali o filho dele, genético. Eu sou político.

Então, Marcelo, você sabe? O João Baptista Figueiredo estava ali naquele salão preto, recebendo os cumprimentos. O Petrônio mandou votar e eu votei. Dirceu Mendes Arcoverde era o Governador, e, de repente, o Djalma Veloso, que era o vice dele, teve uma enxaqueca. O Afrânio Nunes, acho que pela idade, também. De repente, o nosso Governador estava só, com um ajudante-de-ordens. E eu não era nem Deputado Estadual. Aliás, a campanha foi com Dirceu, Senador. Não queria ser, só me candidatei para ajudar Dirceu Mendes Arcoverde, que foi contra Alberto Silva na minha cidade.

Não queria, não desejava, porque o meu mundo era a Parnaíba, os braços da Adalgisa, Fortaleza, o Rio. Todo ano ia comprar livros em Buenos Aires, porque não havia livros de Medicina em português, muito poucos. Esse era o meu mundo. No El Ateneo em Buenos Aires. Não imaginava! Meu mundo era este: Fortaleza, Rio, Buenos Aires. Não tinha nada a ver. Mas é o destino, e cedi para ajudar Dirceu Arcoverde.

Eu sei que eu com um copo de uísque... É bom não andar bêbado. O Sebastião Leal, quando era minha oposição, dizia: “Esse Mão Santa fala da gente, mas bebe também.” Eu não bebia o uísque dele, que era o Royal Salute, mas bebia nem que fosse o Old Eight.

Então, eu com um copo de uísque ali, na festa do Figueiredo, chego... Olha, falam agora do Senado, mas havia uma mordomia boa, uns tira-gosto bons! Aí, de repente, eu vi o Dirceu, daquele jeito pacato, subir essa escada e adentrar, e eu não podia deixar ele vir sozinho, ele só, o Governador, os companheiros dele tinham saído.

Ele entrou aqui, e eu ali, 9h30 da noite mais ou menos, isso, mais novo, lindo, sem nenhum funcionário. Olha o que é o destino: sem nenhum funcionário. E eu até tinha... Para quê? Ali é que está bom, está secando aqui meu copo, e lá embaixo é que tem. Eu fiquei ali, balançando o copo; aí, o Dr. Dirceu entra aqui, de noite, só nós dois. A homenagem era ali. Aí, ele, naquela maneira dele, olha para cima, para o céu, sobe aqui, e eu ali. O Marcelo, que é psicólogo, podia interpretar. Eu digo: mas você faz bem, eu quero entrar lá, eu estava já com o copo vazio de uísque. Ele parece que não gostava de beber de jeito nenhum. Ele adentrou, subiu e pousou aqui. Eu, com meu copo balançando, voltou, nos encontramos ali, e ele olhou para cima, que é bonito, era mais bonito, isso era mais novo, de noite, só nós dois, olhou assim e disse: ”Mão Santa, esse Juscelino Kubitschek era louco, né?”

Aí fomos lá, aquelas frases de letras metálicas, vai nascer... Aquelas do Juscelino. Sim, Dirceu foi eleito, eu fui eleito. E, no primeiro pronunciamento, defendendo os seus pensamentos da saúde, ele tombou nesta tribuna. Então, eu tenho que agradecer a Deus que, nesta tribuna, defendendo - e tenho aqui quatro anos - o Piauí, o Brasil, a democracia, este é o pronunciamento de nª 984 que eu faço.

         Aqui, ô, João Vicente, todos os anos, 2003, 2004, 2005, 2007, 2008, eu fazia pronunciamentos, muitas vezes secundados pelo bravo companheiro irmão camarada Heráclito Fortes, mas era só. E o João Vicente, aquela pessoa que o Piauí conhece, de êxito genético empresarial, mas eu quero dizer que Deus me inspirou que o fiz meu Secretário de Indústria e Comércio. Não conheço ninguém mais cuidadoso com a coisa pública que João Vicente.

E quero dizer que ele entrou e já organizou e, hoje, estamos numa festa bem mais bonita. Quer dizer eu esbravejando aqui era como Leonardo Castelo Branco, como Simplício Dias, como Tiradentes. Hoje o Senado da República busca os seus melhores filhos e aqui estamos para mostrar a este País a grandeza da nossa gente.

Então, o que eu queria dizer era o seguinte: os nossos cumprimentos ao João Vicente. Eu e o Heráclito já estávamos aqui há muito tempo lutando, e ele veio com esse idealismo e esse sangue jovem e deu essa brilhante idéia de festejar.

Mas eu já dizia no passado o seguinte: era muito fácil falar, não por mim, nós somos iguais, o Piauí era muito organizado.

O Piauí era tão organizado que nós todos ficamos bem dotados. Está ali o Professor Santana. Eu sei um bocado de história; mas não é por mim, não. Eu me lembro da Professora Maria da Penha Fontes Silva; eu me lembro do Dr. Benedito Corrêa e dos mestres. Então, sempre foi muito fácil, porque nós, piauienses, somos muito bem dotados. Eu defendia, e está aqui.

Eu me lembro que Pedro Simon - e o meu milésimo discurso vai ser sobre Pedro Simon... Eu já anunciei. O Pelé não fez mil gols? O Romário não fez mil? Pois eu vou fazer mil pronunciamentos em defesa do Brasil, da democracia, da decência, da ética, da vergonha. Aqui, aqui, aqui.

Então, Pedro Simon, porque ele foi... Mas aqui está um trabalho feito pelo Senado. Não pelo meu método, mas pela competente equipe do Senado, principalmente Pedro Rogério Moreira, um dos funcionários, que fez uma síntese. E eu hoje li. Cada ano está aqui marcado. Eles sintetizaram: “Jenipapo...” Está aqui, no dia 14, e pediram uma refinaria.

Eles fizeram a parte deles. Nós temos de fazer a nossa. Nós louvamos o exemplo. Este País - e o Brasil tem de saber. E esta é a sétima vez que eu brado aqui destes 984. Esse é o sétimo. Quero dizer que o Brasil é uno, é grande por nós.

Dom João VI - não é também como a história diz -, um homem de muita competência, de muita inteligência. Veio ao Brasil porque Napoleão ia tomar mesmo, entrou em Portugal, ia prender. Ele buscou o auxílio da Inglaterra, veio e trouxe. E mostrou a este País. Desde 1808 que nós temos grandes governantes.

É ignorância audaciosa e atrevida pensar que o Brasil começou agora. Em 1500 foi descoberto. Mas esse negócio de sesmaria, capitania hereditária já melhorou com os governadores gerais. Dom João VI foi uma bênção. Ele trouxe a cultura dos modelos civilizados da Europa. Os reis. Era isso que tinha, e ele trouxe. Abriu logo os portos. Isso é a globalização. Na Bahia, criou a Faculdade de Medicina, fez a burocracia, e treze anos de progresso.

Vou te dizer eu. Não. No Brasil, cada um teve a sua missão. E ele disse apenas o seguinte... Não é mérito meu, é dos meus professores. Todo o mundo sabe que ele disse: “filho, antes que algum aventureiro coloque a coroa na cabeça coloque”. Esse aventureiro a que ele se referia era Simón Bolívar, el libertador, que estava libertando e derrubando tudo o que de tinha rei, espanhóis, de origem espanhola. Era ele.

Então, mas filho, fique com o sul, e o norte vai ficar comigo, com Portugal. Essa é a história. E o que aconteceu? Mandaram para cá o seu sobrinho e afilhado João Fidié, preparadíssimo.

Chegou em agosto com esta missão: dividir. O nome do país era Maranhão - Maranhão era aliado a Portugal. E Fidié, chegando, viu. Está ali o Antonio Neto, extraordinário Secretário da Fazenda do nosso Estado, como muitos o foram ao longo da vida.

Quero dizer, então - e ele sabe a história -, que, naquele tempo, Parnaíba era o maior entreposto comercial. Muito dinheiro. Havia um rico, Domingos Dias da Silva, que mandou seu filho, Simplício Dias da Silva, Simplição, estudar na Europa. Tem um livro.

Atentai bem! Ele tinha tanto dinheiro que estudou na Universidade de Porto. Ele chegou, cá pra nós, a ser expulso, porque, quando chegava a mesada dele, era Carnaval, Porto. Mas aí ele foi para a Espanha, conheceu Simón Bolívar. Daí as ideias da época.

Está no melhor livro, que todos devem ler - temos que fugir da ignorância; “afaste de mim esse cálice”: As Barbas do Imperador.

Quando governei o Estado do Piauí, tive uma visão: o ensino universitário, que fiz mais crescer no País e, talvez, no mundo. E fui buscar a Fundação Getúlio Vargas para coordenar, para tomar conta, para qualificar.

Os ataques que recebemos são maldade, mas a intenção era essa. E eu estava lá, Dr. Antonio Neto.

Aí, Alberto Costa e Silva disse que esse era o melhor livro. E eu o comprei: As Barbas dos Imperador.

Heráclito Fortes, lá, em As Barbas do Imperador, Parnaíba era tão rica, tão rica que o pai de Simplício José da Silva... Meu avô era rico, mas esse era mais; João Claudino era rico, mas este era mais: Domingo Dias da Silva. Quando você à praça da Parnaíba tem duas igrejas: uma em que ele foi enterrado com a família e outra, há 50 metros, dos escravos, a Igreja do Rosário.

Três andares. Ele pegava os negros escravos e mandava-os em um dos seus cinco navios para estudar música - ó, já temos artista muito antes de você; mas muito antes, você tem que saber disto!

Então, está lá. O País só tinha quatro orquestras: uma era de Simplício Dias da Silva. Mandava os músicos. “Pode fazer mais, muito mais”. Simplício mandava.

Quero só dizer a grandeza: Fidié chegou e viu onde estava o dinheiro. E o que ele fez? Quem aqui já foi Governador? Só o Wellington; eu; tem outro aqui; o Kleber foi, devia ter sido mais, mas foi rápido! Então, esse negócio de delegado é um inferno! Todo dia é briga, e tem que prender um adversário.

Eu me lembro - são coisas boas; vou fazer um livro bonito - que, com dois que cheguei, já foi com regeneração. Nome do PMDB, está aqui o nome deste aqui: Sargento. Eu digo: “Mas por que, logo entrando aqui?”

“Porque Sargento disse que vai dar um tiro, vai dar na cara do Deputado Xavier Neto”. Era assim. Estou dizendo um quadro. “E ele é do PMDB, já foi do tempo do Alberto Silva.” Aí, olhei assim - Deus sempre me iluminou -, chamei o comandante e disse: “Qual é o melhor major que o senhor tem? O melhor mesmo, o melhor.” “Vou mandar o melhor major. Você não pode, você está pedindo o Sargento para sua cidade.”

Quero dizer que isso é velho! Então, nosso amigo, que veio com a missão, Fidié. Parnaíba tinha dinheiro? Ele veio no começo de agosto. “Vamos mudar o Delegado Joaquim Timóteo.” Mandou mudar. Os parnaibanos, vereadores, vereadores bravos, não aceitaram. O rico era amigo do Joaquim Timóteo. Está aí a confusão!

Quer dizer, agosto é antes de setembro. Aquela ignorância, os imbecis aí, aloprados! “Vamos mudar a história do Piauí, não tem nada a ver!” Só faço esta pergunta aos aloprados: agosto não é antes de setembro? “Não. Quando Parnaíba deu 19...” Não sabiam nada.

O primeiro ato foi não aceitar a mudança do delegado, que foi em agosto. Em 7 de setembro, também a notícia não chegou, porque uns dizem: “Não! Dezenove de outubro foi depois de sete de setembro.” Não sabia, não tinha comunicação. E os vereadores fizeram.

Aí, Fidié, sabendo que era capital econômica, que tinham dinheiro... Ele matava mil bois por mês. Talvez, hoje, entraríamos em decadência. Tinha cinco navios para exportar charque! Quer dizer, lá já tem rico há muito tempo, antes do meu avô; antes do teu pai, João Vicente!

Então, é o seguinte: Fidié saiu, porque foi desobedecido. Mas eles não eram burros; eles eram preparados, eles estudaram na Europa. Quando vinha... o João Vicente disse a data. Estava ali, preocupado. Aquilo era a pé e a cavalo. A cavalo só os superiores. Demoraram a chegar à Parnaíba, para sufocar. E, em 19 de outubro, a Câmara se reuniu, independentemente de grito: a independência do Piauí. A ignorância tão audaciosa, que quer mudar os ignorantes. Isso foi feito por um Deputado Federal, José Auto de Abreu. Culto, Deputado Federal, que botou o Dia do Piauí. Não fomos nós, parnaibanos, não. Foi José Auto de Abreu.

Então, a história não se faz com uma data. Tem agosto, do delegado; tem 19 de outubro, quando a Câmara se reuniu; tem, antes disso, 24 de janeiro do nosso amigo Marcelo dos Tapetinhos, lá de Oeiras, porque, quando ele saiu de lá, o povo bravo de Oeiras tomou o Palácio. A Independência do Brasil não foi feita numa data. Tem o Dia do Fico, tem o Tiradentes, têm muitos movimentos.

Então, nossa história é bonita porque é isso. Não é um dia. A ignorância é audaciosa e atrevida.

É uma sequência, e eles se correspondiam. O 24 de janeiro Parnaíba homenageava - o melhor clube de Parnaíba era Cassino 24 de Janeiro, onde fica hoje o prédio da Telepisa -, porque reconhecia como uma data dos oeirenses. Eles tomaram o Palácio do Fidié.

Então, Fidié invadiu a Parnaíba. O homem era rico, Simplício Dias, levou os que pôde e foi para o Ceará. Granja, Viçosa, recrutou ali homens. Eu até anotei o nome. Você disse aí o Comandante, um que tinha experiência de batalha. Não! Leonardo, não. É um nome popular. Saiu aí. Mas não interessa. Um cearense eles contrataram - quem pagou foi Simplício Dias - para ter guerra. Ora, se em eleição não tem dinheiro, avalie em guerra, não é verdade, doutor?! Então, quem tinha dinheiro era Simplício Dias da Silva.

Parnaíba foi invadida. Os maranhenses, com o brigue Infante Dom Miguel, invadiram a Parnaíba. E eles foram. Quando ele voltou com os cearenses, alguns de Piracuruca, o Leonardo Castelo Branco, houve a Batalha de Jenipapo, que - não vou mais perder tempo - V. Exª descreveu. Ele foi vencedor, lógico, mas sentiu que não tinha condições de voltar para Oeiras. O povo de Oeiras. Então, 24 de janeiro é uma data importantíssima.

Tem o 19 de outubro. Quem botou isso foi José Auto de Abreu, que não nasceu lá. Foi um homem de cultura. Tem o 24 de janeiro. Tem o 13 de março.

E vai ter esta data hoje.

O que eu entendo? Eles fizeram. Tanto o Maranhão... Ele foi para o Maranhão, para Caxias. E ele era um bravo. Quando ele voltou para Portugal, foi chefe da escola militar - o Fidié. Na sua aposentadoria, ele exigiu do Governador que colocasse lá - Antônio Neto sabe, porque ele era pagador - o pagamento da Batalha do Jenipapo, na qual tinha sido vitorioso. Está na aposentadoria de Fidié. E o Governo pagou. Essa eles fizeram - a dele. Que bela história!

Os baianos também tiveram uma batalha sangrenta. Agora, quero render uma homenagem a isso. Deus coloca assim. Está ali Antônio Araújo, bem ali, aquela figura. Petrônio foi grandioso, mas olhem o “cirineu” de Petrônio. Olhem o anjo da guarda de Petrônio: Antônio Araújo. Petrônio, extraordinário. Somos sempre os melhores. No momento da nossa ditadura militar, para cá veio Petrônio Portella mostrar nossa fibra e nossa grandeza. Eu estava do lado dele com Antônio Araújo quando mandaram fechar este Congresso. Petrônio Portella só disse uma frase: “Este é o dia mais triste da minha vida”. Aprendi ali que autoridade é moral. Aprendi ali. Não disse nada, esbravejou:

“Este é o dia mais triste da minha vida”. Eu, do lado do Petrônio, escolhido pelo Petrônio. Ecoa, o Presidente Geisel manda abrir este Congresso e nós estamos aqui.

E, naquele período negro, não foi só ele, não. O melhor do Poder Judiciário, piauiense, Evandro Lins e Silva, é um incomparável a Rui Barbosa, presidente feliz dessa Corte Suprema, que não precisa buscar exemplo na história, noutros países. No Piauí, Evandro Lins e Silva. Na ditadura, ele soltou os presos políticos.

Eu vi, meu amigo Miguel Arraes me contou, Heráclito: Fernando de Noronha, encantadora era a cadeia. Quem leu Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere, retratando a ditadura de Vargas, viu. Miguel Arraes me disse que estava na cabeça dele que ia ser comido ali pelo tubarão, pelo peixe, que não tinha volta, quando recebeu a ordem de Evandro Lins e Silva para soltá-lo.

Desses jornalistas que estão aí, olhe a grandeza do Piauí, no momento mais difícil da ditadura, atentai bem, só um teve a coragem, a grandeza e a inteligência, Carlos Castello Branco, Castelinho, de trazer ao País, de fazer aflorar os sentimentos da liberdade. E essa é a nossa tradição. E eu quero crer que, com esse sentimento, nós todos, a Câmara Federal, os extraordinários deputados federais, querendo lamentar a ausência daquela mulher que foi a maior líder do Piauí, Trindade, que lutamos juntos, aquele que foi o mais bravo que comigo combateu o crime organizado, Afonso Gil e, por último, Mussa Demes, o conciliador. Ele era o nosso representante ao longo dos tempos. E nós continuamos e nos será fácil porque os exemplos estão aí.

Aqui estamos nós três, em uma Mesa de sete, nunca antes. A união, o .respeito, unidos pelo amor e pela grandeza do Piauí. E mais, somos é maioria mesmo, nós é que mandamos mesmo. De três, tem sete e vocês dirão: o Mão Santa perdeu. O Antônio Neto é duro na matemática, nos números. Não, o Sarney está ali porque nós fizemos acordo. O avô dele é piauiense de Valência, o Assuero. Então, esse é o predomínio da nossa gente.

Mas nossas palavras vamos encerrar por aqui, mas quero dizer: Piauí terra querida, filha do sol do Equador. Pertence-te nosso sonho, nosso amor e nossa vida. Na luta, o teu filho é o primeiro que chega, mas nós não fizemos a nossa parte, não. Eles fizeram. Nós estamos para homenageá-los.

Porto de Luís Correia é a maior indignidade, a maior imoralidade, a maior vergonha! Iniciado por Epitácio Pessoa. Ontem eu falava aqui e trouxe um livro de 1920. O engenheiro, em 1918, já estava lá. Olha, que vergonha, que mentiras, que demagogia!

As ZPEs, Sarney assinou há mais de 20 anos, eu prorroguei, com Heráclito e João Vicente, e já vão se acabar.

A estrada de ferro, que vergonha! Pensei; por isso, tenho minhas razões: o homem é o homem e suas circunstâncias. Deus me deu esse saber de entender as coisas, de ter visão do futuro. A estrada de ferro... Vi compromissos, promessas. Eu vi! Dois meses, Luís Correia; quatro meses, Teresina. Marcelo, não trocaram nenhum dormente. Dormente é aquele pau do trilho. É uma obra que não precisa jurema, para sucesso fazer. Até mestre-de-obras faz, porque é uma planície.

A hidroelétrica, temos meia hidroelétrica - meia! -, sonhada pelo bravo Milton Brandão. Juscelino, o Castello terminou. Faltam as eclusas. Vi a navegabilidade do rio da Parnaíba.

Uma ponte, piauiense, que é uma vergonha. Aquilo é a ponte da vergonha. E eu digo isso porque eu tive a coragem e a inspiração de Deus de buscar um engenheiro do Piauí, Lourival, uma construtora do Piauí, dinheiro do Piauí, e fiz no mesmo rio uma ponte em 87 dias, contratei. Heráclito, que me deu o exemplo - Padre Antônio Vieira disse que o exemplo -, fez uma ponte no mesmo rio em 100 dias.

Essas coisas, eu não aceito. Eu não aceito tomarmos casas de pobres. Não aceito, não aceito. Eu governei por seis anos, dez meses e seis dias, não tomei uma casa; fui Prefeito, e o Governo está errado. Eu votei em Luiz Inácio; eu já votei no Wellington Dias. Está errado, ninguém me compra. Eu sou como Leonardo, eu sou como os homens do Jenipapo, que apanharam, sofreram dificuldade. Mas é roubo; o que estão fazendo com os aposentados no Brasil não existe. Eu sei história. Olha, eu estudei muito. Vocês conheceram o Governador. Eu perguntei ao Tasso Jereissati, quando vínhamos, ô Heráclito. Ele disse: “Mão Santa, o que é que você está achando?” Vínhamos no corredor. Eu disse: “Rapaz, eu estou achando que isso aqui é como um pós-graduado”. Ele olhou assim... Olha, nós saímos de uma aula, era a CAE, está ali, o diretor era o Sarney, buzinando, tem presença e tal. Então, a gente está estudando aqui. E eu me preparei muito, muito, muito. E quero dizer que não aceito... Estudado, é artista? Eu também dou autógrafo. Porque eu não aceito os velhinhos... Os velhinhos fizeram um contrato, tiveram um sonho...Ô Frank, John Lennon é melhor do que você. John Lennon disse que a vida é o que acontece enquanto sonhamos, enquanto planejamos, enquanto fazemos um programa.

Olha, eles sonharam, pagaram, trabalharam trinta, quarenta, cinquenta anos, Deputado Kleber, e descontaram para a aposentadoria. Os que recebiam dez salários mínimos estão recebendo cinco; os que recebiam cinco, estão recebendo dois. Isso não existe, não existe. Nós somos contra isso.

Então, Marcelo - ô, Marcelo, V. Exª é muito inteligente, Professor de Psiquiatria, aprendi muito com V.Exª -, Rui Barbosa está ali porque disse: “A Pátria é a família amplificada”. A nossa família brasileira está toda destruída. Isto é importante. Deus não botou Cristo desgarrado não: botou numa família. A família está destruída sabe por que, ô Frank?

Barack Obama tem dois livros. Eu li o primeiro, da política, e ele disse que o melhor é o da vida.

Cadê o meu Zeca de Deus? Sinto saudade vendo o irmão dele...

Mas Barack Obama disse: “Eu não fui maconheiro porque fui educado por meus avós”. Barack Obama, a nossa esperança da democracia: “Eu não sou maconheiro por causa dos meus avós, que me educaram”.

Os avós brasileiros, Luiz Inácio, meu querido Presidente - ele é o nosso Presidente -, estão é se suicidando. Os avós são bons, são corretos - e digo isso porque sou avô. O Senado é para os pais da Pátria, é isso o que penso.

Eu sou muito melhor avô do que pai, e vou dizer por que penso assim. Trabalhei muito, muito, muito. Chegava em casa de madrugada. Operava dez, doze, quase todos de graça. Antônio Neto, quando eu chegava, os meninos estavam dormindo, foi Adalgisa que os criou. Agora não: o avô é mais disponível - agora mesmo arrumei para uma neta estudar no Rio Grande do Sul.

E os avós do nosso Brasil? Este Governo acabou com eles. Eles estão é se suicidando, porque são honrados, são honestos. Eles fizeram um planejamento, mas não estão podendo dar aquilo que se comprometeram a dar: o estudo do neto, a roupa do neto, o sapato do neto eles não podem comprar.

São essas as nossas palavras.

Nós temos de nos inspirar na coragem daqueles que participaram da Batalha do Jenipapo e conquistar aquilo que acreditamos ser a riqueza.

É o estudo que leva à sabedoria. Sou muito preocupado, mas muito. Antônio Neto está atento - tinha de ver, se deseja ser Governador, isso. Eu me preocupo.

Em 1990, sobre este País, o MEC apresentou uma estatística: das dez melhores universidades, sete eram públicas e três eram privadas. Em 2000, quando eu era Governador do Estado, a estatística era: das dez melhores do País, sete eram privadas e três eram públicas. Fiquei decepcionado, preocupado, mas a do Piauí era a terceira melhor universidade pública.

Atentai bem: vai sair uma aí uma estatística que mostrará que as dez melhores são privadas. Está aqui o doutor...

Eu estudei em faculdade do Governo, fiz pós-graduação em instituição do Governo. Um estudante de Medicina hoje, no Nordeste, paga R$4 mil por mês! Eu estou preocupado com o apartheid: no futuro, não será negócio de negro e branco não, a Princesa Isabel resolveu isso - o mais querido aqui é o Paim; não temo. Só vai ser doutor o rico: um mês de Medicina, R$4 mil!

Essas são as nossas preocupações.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Senador Mão Santa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Geraldo Mesquita, figura extraordinária do Parlamento. Nesta Casa, ele é o que mais se aproxima, na firmeza dos direitos, de Rui Barbosa.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Senador Mão Santa, muito obrigado. Quero, antes de mais nada, agradecer ao Presidente Heráclito, que liberou o microfone para um rápido aparte, do qual eu não poderia fugir. No ano passado, recebi um convite generoso do Senador Mão Santa - e tenho certeza de que ele falou em nome do Senador Claudino e do Senador Heráclito - para visitar Parnaíba. O Senador Mão Santa canta em prosa e verso, quase que diariamente aqui, a Parnaíba querida dele. E, no caminho, uma emoção: ele me fez conhecer o local onde se travou a Batalha do Jenipapo. Passamos um bom momento lá: eu, o Senador Mão Santa, Dona Adalgisa e as pessoas que nos acompanhavam. O Senador Mão Santa relatava o que ali havia acontecido. Antes de mais nada, se ninguém aqui disse isso, eu gostaria de dizer que a bancada do Piauí aqui é uma das maiores bancadas. Pode parecer estranho o que eu estou dizendo, porque normalmente os Estados têm três Senadores, mas o Governador sabe disto: a bancada do Piauí é uma das maiores bancadas aqui, porque incorpora companheiros valiosos, como o Senador Adelmir. A bancada do Piauí e a bancada do Ceará são as duas maiores bancadas que nós temos nesta Casa. Como eu disse, eu não podia fugir a este aparte. E abro aqui o bem elaborado prospecto que vocês distribuíram, prospecto que traz informações preciosas acerca do ato que estamos aqui relembrando e reverenciando. E eu vejo aqui: “A história da Independência do Brasil não se resume ao 7 de setembro de 1822”. E eu diria mais, eu diria que não se resume àquele momento específico a história da independência deste País: ela se estende ao longo dos anos e ao longo dos séculos. Ao lado da Batalha do Jenipapo, eu coloco aqui como importantes episódios do processo de independência deste País, no mesmo grau de importância, a revolução ocorrida no meu Estado, a Revolução Acreana; eu coloco Canudos; eu coloco uma série de episódios, muitos deles sangrentos, revolucionários, que, ao longo dos séculos, ocorreram em nosso País. Esses episódios, como o ato simbólico da Independência ocorrido em 1822, significam, e significarão sempre, atos que, no seu conjunto, aí sim, construíram as bases para a independência deste País. Portanto, quero, mais uma vez, agradecer a oportunidade deste rápido aparte, render as minhas mais sinceras homenagens ao povo do Piauí, povo bravo. Tive o maior prazer, a maior satisfação de conhecer o local onde se travou aquela batalha que nós hoje aqui relembramos. Tive o maior prazer. Incorporei esse fato ao rol de fatos que compõem o meu conhecimento acerca do nosso País. Que coisa bonita a gente tomar conhecimento ou travar contato pessoalmente com sítios, com regiões, com áreas onde ocorreram esses atos heróicos, bravos, de resistência de um povo corajoso, como é o povo brasileiro, espalhado por este País afora, do Acre, do Piauí, do Rio Grande do Sul e por aí vai.

Portanto, as minhas homenagens àqueles que representam o Piauí nesta Casa, àqueles que representam o Piauí em qualquer instância. Estado que tem o bem-querer do povo brasileiro, Estado que produz incansavelmente inteligências e pessoas altamente capacitadas para participar de qualquer instituição, de qualquer atividade neste País. Parabéns ao povo do Piauí e as nossas mais sinceras e profundas homenagens à luta travada não só naquele sítio, que hoje lembramos, mas ao longo dos tempos como vem fazendo o povo do Piauí. Muito obrigado.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradeço e incorporo todas as palavras de Geraldo Mesquita, em respeito ao Acre, que também é um Estado que não é dos grandes do Brasil, mas de uma gente brava. Eles chegaram até a ser país, mostrando a bravura de gente. Então vamos terminar mesmo.

Peço que os meus aplausos se somem aos seus aplausos em homenagem à maior data da história do Brasil, o 13 de março, a Batalha do Jenipapo, que garantiu a unidade do Brasil, o Brasil ser grandão.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/03/2009 - Página 4448