Discurso durante a 25ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro de audiência realizada hoje, com o Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Michel Temer, para tratar de votações de matérias de interesse dos aposentados, e de cerimônia realizada em Brasília, quando o Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul assumiu a gestão do INCOR-DF, em substituição à Fundação Zerbini.

Autor
Sérgio Zambiasi (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RS)
Nome completo: Sérgio Pedro Zambiasi
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL. SAUDE.:
  • Registro de audiência realizada hoje, com o Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Michel Temer, para tratar de votações de matérias de interesse dos aposentados, e de cerimônia realizada em Brasília, quando o Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul assumiu a gestão do INCOR-DF, em substituição à Fundação Zerbini.
Aparteantes
Paulo Paim, Romeu Tuma.
Publicação
Publicação no DSF de 13/03/2009 - Página 4876
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL. SAUDE.
Indexação
  • COMENTARIO, REUNIÃO, ORADOR, PRESIDENTE, CAMARA DOS DEPUTADOS, SENADOR, DEPUTADO FEDERAL, GARANTIA, PRESIDENCIA, AGILIZAÇÃO, VOTAÇÃO, PROPOSIÇÃO, MELHORIA, APOSENTADORIA, EXPECTATIVA, SANÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • REGISTRO, CERIMONIA, SUBSTITUIÇÃO, GESTÃO, HOSPITAL, CARDIOLOGIA, DISTRITO FEDERAL (DF), ENTIDADE, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), BALANÇO, ATENDIMENTO, CIRURGIA, TRANSPLANTE DE ORGÃO, PESQUISA, COOPERAÇÃO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), ELOGIO, CONVENIO, MELHORIA, QUALIDADE.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (PTB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Presidente Mão Santa. Obrigado, Senador Mário Couto, pela gentileza, e parabéns pela sua luta, pela nossa luta. Durante três noites, nós fizemos aqui neste plenário vigílias memoráveis com a participação dos Senadores Augusto Botelho e Jefferson Praia e mais tantos outros, sob a liderança do Senador Mão Santa e Paulo Paim, com a iniciativa de seus projetos.

Efetivamente, nesta manhã, tivemos um passo fundamental, decisivo, assim considero, para que os projetos de recuperação dos valores das aposentadorias sejam examinados pela Câmara dos Deputados. Que, finalmente, o Presidente Lula possa sancioná-los, corrigindo uma injustiça histórica em relação a homens e mulheres que contribuíram com uma vida inteira de trabalho para o Brasil, para este momento que estamos vivendo e para o momento futuro do País. Eles aguardam o resultado de todas essas lutas, como falei, lideradas com tanta coragem e determinação pelo Senador Paulo Paim; com tantas manifestações do Senador Mário Couto, cobrando de forma incisiva tantas vezes, e do Senador Mão Santa, com a sua experiência de médico e humanista. S. Exª, aliás, nesta manhã, nos comoveu com uma história que realmente emociona e choca. Era sobre um homem que, tendo sido líder de uma classe, ao aposentar-se sofreu o impacto das perdas, não conseguiu estabelecer um mínimo de dignidade para a vida de sua esposa doente e para ele. Com isso, optou por dar fim à própria vida, exatamente por não encontrar suporte na Previdência Social.

Esse é um fato chocante, Mão Santa, que emocionou a todos nós, à Mesa, naquele momento, a mim, ao Presidente Michel Temer, com certeza, aos Deputados presentes, aos demais Senadores, ao Senador Mesquita, ao Senador José Nery, que compuseram conosco a Mesa nesta manhã.

Eu entendo que realmente o Presidente Michel Temer teve uma atitude digna ao anunciar que ele colocaria em votação todos esses grandes projetos. Não vou chamar de projetos polêmicos. São grandes projetos que vão provocar grandes debates com a sociedade, permitindo ao Parlamento até o seu resgate nessa relação de intermediação entre os Poderes. É este realmente o papel do Parlamento: a representação que fazemos entre os Poderes. Eu me senti privilegiado, feliz, por estar presente nessa hora histórica, Senador Paim, hoje pela manhã.

O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Zambiasi, permita-me.

O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (PTB - RS) - Pois não.

O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Eu vou usar uma frase, só para cumprimentá-lo. V. Exª estava em um compromisso fora. Eu sabia da posição do PTB. V. Exª me disse: “Olha, estou fora, mas pode ter certeza de que eu vou aí para deixar o meu depoimento aos aposentados”. É só isso. Meus cumprimentos.

O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (PTB - RS) - Obrigado, Paim. Efetivamente, o PTB, já em decisão anterior, fechou questão a respeito desse assunto. Assim como nós votamos aqui no Senado, a posição da bancada na Câmara dos Deputados é fechada. Todos os Deputados do PTB assumiram, em documento, o fechamento de questão nesses projetos aprovados pelo Senado que tratam da questão da recuperação das perdas dos aposentados e pelo fim do fator previdenciário.

Nós entendemos que é uma questão de justiça, de equilíbrio, para que o trabalhador da iniciativa privada, finalmente, alcançar um parâmetro que possa equilibrá-lo com o servidor público, que, felizmente, através de todos os seus movimentos e mobilizações, conseguiu garantir que o seu salário o conduza com dignidade até os últimos dias de sua vida. Nós queremos que o trabalhador da iniciativa privada possa ser tratado nessa relação de equilíbrio, de respeito e de justiça. Por essa razão se fazem essas lutas, e a bancada do PTB fechou questão a respeito desse assunto e não abre mão; não voltará atrás.

A minha presença aqui na tribuna, Senador Mão Santa, também se deve a outro motivo muito especial, Senador Paim, que traz o nosso Rio Grande do Sul aqui para Brasília. Trata-se de uma cerimônia que se realizou na semana passada, aqui na Capital federal, no nosso Instituto de Cardiologia, que é tão bem cuidado - e de forma competente - pelo Dr. Ivo Nesralla e sua grande equipe de cardiologistas. O Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul assumiu, na semana passada, a gestão do Incor-DF em substituição à Fundação Zerbini. Isso também é uma mostra da referência em saúde de alta complexidade do Rio Grande do Sul, o que realmente nos orgulha muito. Até então, a Fundação Zerbini, Senador Mão Santa, era a responsável pela gestão do Instituto. Porém, havia dificuldades para manter a estrutura aqui em Brasília.

A Fundação Zerbini mantinha, desde 2004, uma unidade hospitalar independente da unidade do Incor de São Paulo aqui em Brasília, por meio de parceria com o Ministério da Saúde, o Ministério da Defesa, o Governo do Distrito Federal, o Senado Federal e a Câmara dos Deputados.

As instalações do Incor-DF estão situadas no Hospital das Forças Armadas e mais um prédio anexo, onde funcionam a unidade de emergência, consultórios, hemodinâmica e diagnóstico de alta complexidade em Cardiologia. O hospital tem capacidade instalada para manter 100 leitos, 1,1 mil cirurgias, 5 mil procedimentos hemodinâmicos, 3.600 implantes de marca-passo, 4 mil estudos eletrofisiológicos e 50 mil consultas ambulatoriais, entre outros procedimentos em Cardiologia e cirurgia cardíaca e torácica de alta complexidade.

Só para se ter uma idéia, em 2006, o Incor-DF realizou 547 cirurgias, 1,2 mil procedimentos hemodinâmicos, 149 implantes de marca-passo, 93 estudos eletrofisiológicos e 12,5 mil consultas ambulatoriais. Nesse mesmo ano, o hospital foi responsável pela totalidade das cirurgias cardíacas de alta complexidade em crianças recém-nascidas realizadas no Distrito Federal.

O Incor-DF é o único hospital de Brasília credenciado para realizar transplante de coração e fígado. Em 2007, foi responsável pela realização do primeiro transplante de coração em adultos aqui em Brasília e pela retomada do programa de transplante de fígado, com a execução do primeiro procedimento em vários anos.

A exemplo do Incor-SP, o Incor-DF desempenha papel de destaque no ensino e na pesquisa. Desde de 2006, o instituto é a unidade conveniada da UnB - Universidade de Brasília - para estágio de graduação e residência médica em Cardiologia, com reconhecimento do Ministério da Educação. Atualmente seis médicos realizam residência no Incor-DF pela UnB e mais 180 alunos de graduação dessa Universidade deverão ter a sua formação vinculada à instituição neste ano. O Incor-DF mantém pesquisas em andamento com células-tronco, dentro do projeto multicêntrico do Ministério da Saúde, e diversos estudos em parcerias internacionais.

Sr. Presidente Mão Santa, V. Exª, que é médico, sabe que uma estrutura grandiosa como essa não poderia simplesmente deixar de atender a população de Brasília, que já é carente de assistência e acesso à saúde também, e que graças ao Incor passou a ter acesso a atendimento de excelência no tratamento de doenças do coração, que, diga-se de passagem, somente em 2005, mataram cerca de 50 mil pessoas no Brasil, segundo dados da publicação, “Saúde Brasil 2007”, do Ministério da Saúde.

         Ouço V. Exª, Senador Paulo Paim.

         O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Zambiasi, só mais uma frase para dizer que mais uma vez concordo na íntegra - é 99,9%, alguém está dizendo - porque na segunda-feira, como eu sabia desse movimento - V. Exª detalha o potencial do Incor -, fiz lá um check-up. O tratamento é de primeiro mundo. Muito obrigado Senador Sérgio Zambiasi.

         O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (PTB - RS) - Graças a Deus, nós temos, portanto, o Incor-DF e o Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul - lá nós chamamos de Instituto de Cardiologia -, que cuidam de todos nós, também.

         Diante da ameaça de perdemos esse local de excelência da saúde, houve uma mobilização no âmbito do Governo Federal, do Governo do Distrito Federal e do Poder Legislativo para buscar uma solução para a questão. Graças a essa mobilização, o Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, Senador Romeu Tuma, aceitou o desafio de dar continuidade à profícua e corajosa iniciativa do Incor de São Paulo ao trazer para cá o Incor do Distrito Federal.

Referência nacional em Cardiologia, o Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, ao longo dos seus quarenta anos, tem-se destacado por seu pioneirismo, como a primeira cirurgia de revascularização do coração com ponte de safena feita no Brasil em 1970 e a realização do primeiro transplante cardíaco realizado no Rio Grande do Sul em 1984, dando um novo impulso...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Não vai faltar tempo para V. Exª, pelo assunto de relevância, principalmente agora que adentra, para participar desse debate, Romeu Tuma, símbolo maior da história da Polícia Federal do Brasil.

O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (PTB - RS) - Coisa boa ter aqui o meu companheiro de Partido, meu colega e amigo, Senador Romeu Tuma, que também tem uma belíssima história com o Rio Grande do Sul. Para quem não sabe, o destino escolheu o Rio Grande do Sul para receber o pai do Senador Tuma em 1911. O pai do Senador Tuma, inclusive, chegou a fazer a sua primeira experiência futebolística, aqui no Brasil, em Pelotas, no Rio Grande do Sul, no nosso querido Esporte Clube Brasil de Pelotas. Então, não tem como não agradecer a presença do Senador Tuma em plenário. S. Exª, com certeza, tem, como eu, essa relação de responsabilidade com a saúde, como todos nós, e sabe o que significa para o Brasil o Incor de São Paulo e eu sei o que significa o Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, para todos nós.

Senador Tuma.

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Primeiro, eu queria cumprimentar V. Exª e aproveitar, se me permitisse, para cumprimentar Mário Couto, Augusto Botelho, Mão Santa, Paulo Paim e outros que participaram das vigílias em benefício dos aposentados. Na Convenção do PTB, V. Exª já fez uma referência... A vigília também, liderou a vigília. O grito diário é do Mário Couto, que, dando soco na mesa, sempre assusta um pouco mais. Durante a Convenção Nacional do PTB - V. Exª referiu-se a isso - foi fechada a questão e registrada em ata da reunião. O Presidente Roberto Jefferson pediu que nós tentássemos convencer os demais Parlamentares para que os seus partidos também fechassem questão, para, por unanimidade, ser aprovado o projeto do Paulo Paim. Então, esse é um ponto. O outro ponto é o Incor. Desde o início da Fundação Zerbini, que cuidava com mais intensidade do Incor, da parte financeira, dedicação exclusiva e da evolução médico-tecnológica de ciência, trazendo experiências de vários países, que sou do Conselho do Incor. Quando Antonio Carlos Magalhães, cuja memória nos traz muita saudade, foi internado no Incor - lá eu fui várias vezes -, numa UTI nova, muito bem montada, ele proporcionou o acerto entre o Congresso Nacional, Câmara e Senado, de apoio a uma extensão do Incor no prédio do Hospital das Forças Armadas. Foi demorada a sua composição e também o início do trabalho. Bons médicos vieram e começaram com todas as pesquisas e com a realização de cirurgias de alto risco que V. Exª descreveu. Tivemos um período difícil, porque não houve como comprovar algumas contas junto ao Congresso. Então, foi suspenso o repasse de verba. E o Governador Serra, infelizmente, segundo ele, foi obrigado a não mais financiar o Incor de Brasília. O Dr. David Uip me disse, há poucos meses, que havia um instituto do Rio Grande do Sul - um grande instituto de Cardiologia - que ia assumir esse hospital e, assim, estaríamos tranquilamente bem servidos em Brasília. Então, queria cumprimentar V. Exª, que fez essa comunicação sobre o Instituto, e registrar a certeza da continuidade do trabalho de alta produtividade do Incor, com cirurgias de casos gravíssimos. Conheci um rapaz em Cleveland, no hospital de Cardiologia, aonde vou uma vez ao ano para fazer revisão - fui operado no Incor, sou assistido no Incor; portanto, sou um cliente permanente -, que não pôde ficar no Incor de São Paulo, então, veio para Brasília e está trabalhando com alta tecnologia cirúrgica no Incor de Brasília. Então, houve uma amargura profunda com a ameaça de se fechar o Incor de Brasília. V. Exª sabe que fizemos aqui várias manifestações procurando achar um caminho para que isso não acontecesse e V. Exª, com a luminosidade do seu Estado, encontrou o caminho.

O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (PTB - RS) - Obrigado, Senador Tuma, por sua manifestação, que realmente vem complementar meu pronunciamento.

Já estou encerrando e agradeço a paciência de todos os colegas. Ao encerrar, quero cumprimentar, então, outro gaúcho, o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, que foi um interlocutor extremamente importante, um dos responsáveis pela convocação do nosso Instituto de Cardiologia para que viesse a Brasília assumir o Incor. Cumprimento o Governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, que se mostrou incansável também na luta pela sobrevivência dessa unidade em Brasília; o Secretário da Saúde do Rio Grande do Sul, Osmar Terra; e muito especialmente toda a equipe médica do Instituto de Cardiologia de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, e seu diretor-presidente, realmente incansável, um homem que consegue multiplicar as 24 horas do dia para que elas possam render mais não só para o Instituto de Cardiologia, mas para todos e para o Rio Grande do Sul, Dr. Ivo Nesralla. Com certeza, ele não só vai dar novo fôlego de vida ao coração do Incor-DF, mas também vai fazer dele um espelho do exemplo de sucesso na atividade da saúde de alta complexidade que é a cardiologia.

É exatamente o exemplo do IC do Rio Grande do Sul, que agora se instala também em Brasília.

Obrigado, Senador Mão Santa.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/03/2009 - Página 4876