Discurso durante a 26ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comemoração dos cento e oitenta e seis anos da Batalha do Jenipapo. Cenário político atual. Desmandos no Estado do Piauí.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Comemoração dos cento e oitenta e seis anos da Batalha do Jenipapo. Cenário político atual. Desmandos no Estado do Piauí.
Publicação
Publicação no DSF de 14/03/2009 - Página 5147
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, DATA, ANIVERSARIO, HISTORIA, PARTICIPAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), LUTA, INDEPENDENCIA, BRASIL, SAUDAÇÃO, SESSÃO ESPECIAL, RECEBIMENTO, ORADOR, CRITICA, IMPRENSA, MOTIVO, APRESENTAÇÃO, REIVINDICAÇÃO, PROTESTO, INTERFERENCIA, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, NECESSIDADE, ATENÇÃO, FUNÇÃO, SENADO, DEBATE, BUROCRACIA.
  • REITERAÇÃO, RECLAMAÇÃO, GOVERNO, MANIPULAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA, INAUGURAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), OBRAS, ANTERIORIDADE, CONCLUSÃO.
  • DISTRIBUIÇÃO, PUBLICAÇÃO, HOMENAGEM, HISTORIA, ESTADO DO PIAUI (PI), CONTRIBUIÇÃO, LUTA, INDEPENDENCIA, BRASIL, IMPORTANCIA, RESGATE, MEMORIA NACIONAL, ATUAÇÃO, EXERCITO.
  • REPUDIO, ATUAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO PIAUI (PI), MEMBROS, PARTIDO POLITICO, DETALHAMENTO, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, CONCLUSÃO, OBRAS, REITERAÇÃO, PROTESTO, DESPEJO, FAMILIA, MUTIRÃO, CONSTRUÇÃO, HABITAÇÃO POPULAR.
  • COMENTARIO, ELEIÇÃO, PRESIDENTE, SENADO, IMPORTANCIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), OCUPAÇÃO, FUNÇÃO, COMBATE, DESEQUILIBRIO, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), DOMINIO, EXECUTIVO, QUESTIONAMENTO, POSSIBILIDADE, MANIPULAÇÃO, NOMEAÇÃO, MEMBROS, JUDICIARIO, MOTIVO, REELEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CONCENTRAÇÃO, PODER.

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O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Geraldo Mesquita, que preside esta sessão de sexta-feira, 13 de março de 2009, data do 186º aniversário da batalha do Jenipapo, quis Deus, o Geraldo Mesquita conhece, pois tive o prazer de receber a visita desse ilustre Senador no Piauí, mostrei-lhe os principais pontos e as principais cidades de Teresina ao litoral, e passamos por esse monumento e, pessoalmente, mostrei-lhe o significado.

Primeiro, quero dizer que o motivo de eu estar aqui é porque hoje é o 13 de março. Este Senado, pela primeira vez, realizou uma sessão, há dois dias, em homenagem a essa data, sessão idealizada por esse extraordinário jovem Senador João Vicente Claudino, com a participação minha e a do outro Senador do Piauí, Heráclito Fortes, assim como outros Senadores, e autoridades do Piauí. Realmente, a sessão da qual o Geraldo Mesquita participou, aparteando também o nosso pronunciamento, um aparte histórico, é como Shakespeare disse - eu digo que aprendi com o meu cirurgião, Mariano de Andrade -: “A ignorância é audaciosa”. É atrevida. Uma polêmica enorme, porque eu fiz, após as homenagens a todos os presentes, a todas as autoridades, inclusive ao Governador, ao Prefeito de Campo Maior, a todos os Deputados que eu homenageei, dando destaque àqueles que representaram com bravura, que faleceram nesse campo de luta, que é o Parlamento, a Deputada Trindade, do PT, ao Afonso Gil, rememorando a sua participação no combate ao crime organizado, e o nosso Deputado Mussa Demes, que conciliava a nossa Bancada. Então, Shakespeare, Geraldo Mesquita, disse que “Não há bem nem mal; o que vale é a interpretação”. É lógico que há a boa imprensa, os bons jornalistas, mas há aqueles puxa-sacos que disseram que eu quebrei o brilho porque fiz reivindicações. Olha! A ignorância é audaciosa, atrevida, e agora eu digo: burra. 

Porque é aqui. Lá, há 186 anos, os nossos antepassados cumpriram a sua missão histórica. Lá, eles. Nós louvamos todos eles, diferentemente do Partido dos Trabalhadores. Eu não vou dizer que vou excomungá-lo - como está aí aquela polêmica, que eu contestei, fui o primeiro a contestar, porque citei aqui a ética médica e o direito que eu vivi; fui o primeiro a dar solidariedade ao médico, e sou cristão. O meu nome é Francisco. Minha mãe era terceira franciscana. Contestei a minha Igreja, a base do Direito. Fui o primeiro, porque esta Casa é para isso. Agora, pautar as minhas ações é um atrevimento. Eu sou Senador da República. E fiz porque aqui é o lugar. É aqui. O nosso palco de batalha não é lá em Campo Maior às margens do rio Jenipapo, não. É aqui. É o Parlamento. É aqui a Casa. É aqui o nosso palco de luta. Nós não podemos nos acovardar, principalmente nós, piauienses, que tivemos o exemplo do sacrifício, numa luta desigual, numa luta que perdemos, mas eles lutaram. É aqui. O campo de batalha é aqui. Aprendam, aprendam, aprendam! É aqui que deve haver esse debate político. Aqui, nas assembléias legislativas, nas Câmaras Municipais, como a Câmara Municipal de minha Parnaíba, que se reuniu-se em 19 de outubro e, em ato legislativo, garantiu a independência do Piauí, do Brasil e a unidade. É aqui a luta. Foi da Câmara. Não tem ninguém não. É a ignorância audaciosa e atrevida. Pautar o Senador da República, o que eu devia dizer? Não. É aqui - devia dizer ali.

Tanto é que falaram oradores do Governo, o Sr. Mercadante, embora mal-informado, sem conhecer o Piauí, os seus problemas e as suas cidades. E eu, educadamente, parlamentarmente, deixei. Ele citava, como obra do Governo, a estrada que nós transitamos rumo à Parnaíba. Geraldo Mesquita, aquela estrada foi feita nos anos 70, quando Alberto Silva era Governador do Piauí, no período revolucionário. Aquela estrada. Então, ele lançou, e lançou também um tal de aeroporto lá. Atentai bem! O aeroporto de Parnaíba também é velho, eu estava na inauguração. O aeroporto de Parnaíba é idêntico ao de Teresina, é aquele modelo de arquitetura que parece um caixão.

Niemeyer foi apresentar esses modelos modernos e não foram aceitos. Então, o Governo militar fez dezenas de aeroportos similares. O de Parnaíba é idêntico ao de Teresina. Eu estive na inauguração. Era Governador Alberto Silva e Ministro o parnaibano João Paulo Reis Velloso. Diz ele que isso é obra, mas calei. A minha ética e o meu respeito ao Parlamento... Eu já tinha falado.

           Mas se houve também aí uma exacerbação, e com razão, não foi minha; foi do bravo Senador Heráclito Fortes. Porque também um Senador do Governo, o Senador Crivella, na sua defesa, atacou o Governo passado, dizendo que não obedecia à Justiça. Tinha um Procurador-Geral, que ele chamou daqui de engavetador de processo, que não tinha havido nenhum julgamento. E Heráclito, com a bravura dos piauienses, veio e contestou, porque aquilo não devia acontecer, não podia atingir o Governo que ele tinha servido, de que ele tinha sido líder. Mas isso passou. Agora, as reivindicações eu fiz.

           Distribuo aqui um folheto da batalha do Jenipapo a todos piauienses. Esse trabalho foi feito lá por um dos Senadores do Piauí, o Senador João Vicente Claudino. Ele me presenteou com alguns exemplares, e eu os passarei aos presentes e principalmente ao povo de Brasília: “Batalha do Jenipapo, um marco na Independência do Brasil”. Tem até um poema antigo, de um histórico escritor piauiense, Clodoaldo Freitas, de tradicional família - temos até uma cidade chamada José de Freitas.

            Combate do Jenipapo

Parda manhã de março, espessos nevoeiros

Cobrem o campo fatal de flores matizado.

Propaga o eco o som estrídulo e pausado

Das vezes de avançar em carga dos guerreiros.

Sou o clarim marcial num brado agudo e forte,

Os bravos impelindo às fúrias do combate.

O tropel dos corcéis mais brusco torna o embate

Dos férreos batalhões marchando para a morte.

Povo do Piauí, vaqueiros ou soldados,

Quando a pátria te chama, aflita, nesses dias,

Nessas horas fatais de transe desgraçados.

É que sabes mostra-te abnegado e valente

Se Fidié triunfou, tu, ao morrer, sabias

Que a nossa boa terra ficava independente.

Isso traduz, com a inspiração do poeta, a grandeza de nossa batalha.

O Senador Raupp, quando governava o seu Estado, nos visitou e foi homenageado, foi reconhecida sua competência administrativa pela companhia energética, que lhe deu uma comenda pelo interesse que Raupp tinha pela eletrificação do seu Estado e do Brasil. Não fui eu, seu companheiro, não; aliás, eu estou lhe devendo; você merecia. Eu quero dizer que foi por mérito de Raupp.

O que eu teria a dizer do nosso Estado é que o grande mérito dessa batalha surgir aqui foi por que desde 2003 eu tenho gritado para que o Piauí e o Brasil entendam essa participação. A unidade do Brasil hoje é graças a essa batalha. Ele ia ser dividido em dois. A metade do sul ficava com um filho - negócio de pai para filho - e o norte ficava com D. João VI, ligado a Portugal. Seria um país, Maranhão. Nós acabamos com isso.

Agora, o grande mérito de esta ser hoje uma data nacional nós devemos ao ex-Governador paraibano Alberto Silva. Ele, homem de visão, de futuro, é que fez aquele monumento que V. Exª conheceu, Geraldo Mesquita, relembrando lá, onde hoje o Exército nacional comemora. O Presidente Humberto Castello Branco, cearense, cuja família tem origens piauienses, tornou essa uma batalha Nacional.

Hoje é comemorada não a ação do Governador que eu fui, não a do Prefeito, mas a do Exército Nacional. A festividade é organizada pelo Exército. Foi incluída como uma batalha histórica que faz parte da nossa história, como a batalha da Farroupilha é orgulho de Bento Gonçalves, dos gaúchos e dos lanceiros negros. Não foi vitoriosa também a Guerra dos Farrapos, mas foi fundamental para a liberdade dos negros e para a República. A nossa também. Nós não ganhamos.

Então, foi Alberto Silva que teve aquela visão. E eu tive a minha participação, feliz participação na história do Piauí. Mostrei que a história não se faz em um dia. Mostrei que aquela luta tem três datas importantes e passei a comemorá-las: 19 de outubro, que é na Parnaíba, ato da grandeza da nossa Câmara Municipal; 24 de janeiro, porque quando o português, com o seu batalhão, veio fazer calar e derrotar as forças libertárias do norte, da minha cidade, Parnaíba, o bravo povo de Oeiras tomou o palácio. Por isso que Fidié, vitorioso na batalha, não pôde voltar à capital do Piauí e foi buscar socorro no Estado vizinho, Maranhão, que era aliado de Portugal nessa intenção de D. João VI.

Essa é a verdade. Então, nós - continuando - com a inspiração de Alberto Silva, nós pusemos na história do Piauí a valorização do 19 de outubro, que já tinha sido reconhecido como o Dia do Piauí pelo Deputado Federal José Auto de Abreu. E, no dia 24 de janeiro, outorguei várias comendas quando inaugurava a praça, a prefeitura num prédio tombado e outras com aquele extraordinário líder que é Antônio Tapety Neto. Lembro-me quando lá coloquei, Pedro Simon, no seu peito, em homenagem a 24 de janeiro lá em Oeiras, a comenda maior do Piauí, a Grã-Cruz. Então, nós temos essas três datas.

Essa é a minha participação. Agora, a do PT é triste, Raupp. Eu lamento V. Exª não estar aí na Liderança que eu ia lhe pedir como Líder. Sabe o que eles fizeram, apenas? Pintaram lá os portões, o arco, tudo, de vermelho. Isso é molecagem! Isso eu não permito! Eu não deixo! Pintaram aquilo. Fizeram um arco, uma entrada, de vermelho. Que palhaçada! Presidente Luiz Inácio, ali são aloprados, tresloucados. Pintaram de vermelho a entrada do monumento. Ignorância! Por isso que eu não me junto com essa gente; sou oposição. Raupp, a nossa bandeira é - eu acho - até mais bonita, ô Geraldo Mesquita, do que a do Brasil. Ela tem as mesmas cores, a bandeira do Piauí: o verde, o branco e o azul. É a bandeira do Piauí. Só se diferencia, Raupp, porque tem só uma estrela, e essa estrela é a bravura, é a coragem do homem do Piauí que hoje comemoramos. Essa estrela de coragem foi que levou o povo do Piauí a me fazer Senador. Eu sou filho do povo, do voto do povo. E as nossas cores, ó aloprados, são o verde, o branco, o azul. E mais, Raupp, por isso eu sou PMDB. Eu e Geraldo Mesquita aqui resistimos que não devíamos entregar a Presidência do Senado. Aí, fomos convencendo, convencendo e ganhamos. Teve hora quase de desespero. Geraldo Mesquita estava preocupado, e era só eu: “encosta tua cabecinha no meu ombro”. Mas nós ganhamos. A verdade ganha.

Essa eleição do Senado não foi por nada, não foi por ódio, foi por compreensão sobre a divisão de poder. Nós fizemos isso pelo Brasil, pela democracia. E Sua Excelência Luiz Inácio é o nosso Presidente, é o meu. Não foi preciso McCain ter ensinado a chamar o Obama de Presidente. Eu já tinha essa concepção, e o Geraldo Mesquita, a mesma.

Mas ele tem de aprender - e o Partido dele - que ele não é o Governo. Não é, Luiz Inácio. Não é, Raupp. Ele é o Presidente. O governo absoluto, uno, o povo acabou. Liberdade, igualdade e fraternidade. Caíram os reis e dividiu-se o poder. Aí, o governo não é mais uno, o governo somos nós. Então, é isto: um para frear o outro. Não podia, Raupp. O País nos deve. Nós passamos maus momentos, Geraldo Mesquita, só nós dois, entendendo e querendo. Houve momento no PMDB - V. Exª reconhece - que já tinham cedido ao nosso Presidente. O Presidente, num arroubo: vou fazer o Presidente da Câmara, do PMDB e vou dar o Senado para o PT.

Olha, não pode, Raupp. Tenho a satisfação do cumprimento da missão. Eu estou aqui, hoje, em situação difícil, como os heróis do Jenipapo passaram, mas o serviço que nós prestamos...

O Presidente da República já está ali, é do PT. O Judiciário, não sou contra, de maneira nenhuma. Acho que é uma inspiração divina, é mais do que nós. Deus deu as leis para Moisés. O Filho de Cristo: “Bem-aventurados os que têm fome e sede”. Mas a lei é feita por homens. E a nossa, Raupp? Também não vou criticar. Quem sou eu para criticar Afonso Arinos, Mário Covas, Ulysses Guimarães, Petrônio Portella, aqueles que foram Constituintes? V. Exª foi Constituinte, Raupp? Não vou. Mas eles, sensíveis ao povo, que é presidencialista, botaram um mecanismo que não existe; não existe; não existe. Não foi erro. “O homem é o homem e suas circunstâncias.” Não estou culpando, mas estou me comportando como o pai da Pátria.

O Presidente da República colocar a Corte Suprema a bel-prazer, não existe isso. Não existe, não existe. Está aí o Geraldo Mesquita e eu me curvo ao saber jurídico dele, à cultura dele em Português. Eu sei as minhas limitações, mas procuro estudar história e entender. Mas, Raupp, a Constituição era para quatro anos um Presidente. De repente, passa para oito, e o nosso Presidente, Sua Excelência, o Luiz Inácio, já nomeou sete. Tem gente com carteirinha do PT há mais de 20 anos. E aquilo impregna psicologicamente, eu sei, eu sou médico. E agora haverá duas vagas, vai nomear. São 9 de 11. Então, já está forte. Se déssemos isto aqui, Raupp, ele ficaria com os três Poderes, o PT. Está aí, Deus quis que estivesse um homem do Acre, um homem firmado no Direito, na luta, está aí na Presidência. E como está bonito!

Mas não poderia ser o Tião, porque não era ele, era o PT - entendeu, Raupp? - que ficava com os três. Porque aqui é o símbolo, daí a inveja, as metralhadoras contra o Senado da República. E quando os do Piauí disseram que eu não deveria ter falado e reivindicado pelo Piauí, eles é que não entendem o que é o Senado.

D. Pedro II, estudioso, gostava, curtia o Senado, adentrava, mas, antes, ele deixava na antessala a sua coroa e o cetro e sentava num dos assentos a ouvir os pais da Pátria. Essa é a verdade. E essa é fundamental, Geraldo Mesquita.

Vou dizer um fato, Raupp. Essa vitória foi nossa. O PMDB garantiu e aqui é que é. Vou citar um fato muito recente sobre Getúlio Vargas, Presidente. Daqui bradou Afonso Arinos: “Será mentira o órfão? Será mentira a viúva? Será mentira o mar de lama?.” E Getúlio saiu da vida e entrou para a eternidade. O Presidente Café Filho, ponderado, teve um infarto e internou-se no meu hospital, o Hospital dos Servidores do Estado. Entrou um mineiro, adversário de Juscelino, Carlos Luz. Rapaz, foi Carlos trovão, um relâmpago! Aí fez um movimento nascer aqui para não dar posse a Juscelino Kubitschek. Adentrou no maior navio guerreiro, o Tamandaré. Levou Almirante Pena Boto, o maior perito em artilharia, e os seus. Ia para São Paulo juntar-se com Jânio, para que não fosse permitida a posse de Juscelino Kubitschek. Essa é a grandeza desta Casa.

           E quem era o Presidente do Congresso? Nereu Ramos, que estava no lugar do Sarney, saiu daí, tirou Carlos Luz, num ato do Congresso, e assumiu o poder. Chamou Lott, o militar que garantiu o apoio das Forças Armadas e governou este País bem por noventa dias, e assumiu Juscelino Kubitschek. Foi assim. Então, não podíamos entregar.

Mas o que eu queria dizer é o seguinte: entendo, Geraldo Mesquita, que aqui é a Casa do debate. A Assembleia Legislativa é que tem de ser. Entendo que as câmaras municipais é que têm de ter. E o povo de Campo Maior merece muito respeito. Vou-lhe dar um exemplo: João Félix foi Prefeito de uma cidadezinha que eu criei, filhote: Jatobá. Não tinha nada, foi reeleito, saiu de lá e é Prefeito da capital - chamo de capital, porque é a cidade-mãe. Ele ganhou, e esse PT marchou para cima dele. V. Exª sabe como é quando o PT marcha: não tem regras, não; não tem leis, não; não tem coisa, não. E ele, reeleito com a bravura, porque, em Campo Maior, o povo é bravo. Aliás, se eu estivesse no lugar dele, largava isso tudinho - não hoje, 13 de março - e seria candidato a Governador do Piauí. Eu saí da Prefeitura de Parnaíba e cheguei. Ele já foi três vezes - a terceira já foi.

Então, as oposições terão candidatos. É isso que eu quero dizer. Política é “to be or not to be. That’s the question’. Ou é governo ou é oposição. Eu sou oposição. Agora, tenho de entender; e mostro Rui Barbosa. Ô, Raupp, ele foi governo? Foi e gostou de sê-lo. Foi do Deodoro, de Floriano Peixoto. Quando quiseram meter logo outro militar, ele disse: “Tô fora!”. E disseram-lhe: “Rapaz, nós lhe damos de novo o cofre, a chave do cofre, o Ministério”. Ele falou: “Não troco a trouxa das minhas convicções por nenhum Ministério.” E ele foi daí, então, à oposição. Ele foi mais oposição do que governo. E quem serviu mais à política democrática do que Rui Barbosa?

Então, nós somos Oposição. Mas não é pelo mal não. Então eu reivindiquei ao Partido que está no Governo, ao Governador, que é do outro lado, vinte obras inacabadas. É aqui a Casa. Eu vou reivindicar onde? Eu vou para Campo Maior pegar a baladeira, a espingarda, vou para lá lutar? Não. O palco da luta, hoje, é aqui. E eu reivindiquei. Tem vinte obras federais inacabadas. Que ofensa eu fiz ao Governador? A ignorância é audaciosa. Que ofensa? Aí a imprensa, aquela parte, disse que fui grosseiro. E eu fui reivindicar.

Mostre aqui, meu amigo. Este livro - um dos autores botou: “Ao Senador Mão Santa” - é O Rio São Francisco. Este livro foi publicado em 1920. Epitácio Pessoa! Epitácio Pessoa, em 1918, mandou o engenheiro, autor desse livro, Souza Bandeira - parece que é até meu parente, Francisco de Souza - estudar alguns pequenos portos marítimos do norte do Brasil, entre eles o rio São Francisco. Em 1918. Vai fazer um século. Está perto. Cem anos.

Então eu advertia ao Governador esse compromisso. Eu vi o Luiz Inácio tomar banho, dizer que ia terminar. Eu coloquei emendas, todas minhas emendas, há três anos que coloco, a dinheiro, porque uma vez três milhões; outra, dezessete; quarenta. Cortaram pela metade. O Delcídio. Mas tem dinheiro, não tem vontade política.

Quer dizer, desde Epitácio Pessoa tem esse investimento. Com US$30 milhões se termina isso. Então, foi isso que pedi. Ofendeu? “Em dia de festa, que não era...”! Não era o quê? Aqui é para isso. Só é para isso. O Senado só tem essa razão. Olha, o pai do nosso Governador de Alagoas, o Teotonio, o Senador, o pai dele, moribundo, disse para se compreender o Senado. Só tinha um valor: “resistir falando e falar resistindo”. É o que estou fazendo.

Então, isso aqui traz a estrada de ferro. É planície, é fácil, é simples. Eu ouvi o Luiz Inácio, Sua Excelência, e o Governador do Estado, do PT, e o Prefeito de Parnaíba dizendo que, em dois meses, o trem iria de Parnaíba a Luís Correia, praia, 15 km, e em quatro meses, de Parnaíba e Teresina. Isso eu ouvi há quatro anos. Nenhum dormente foi trocado. A ZPE, Raupp, que Sarney deu a gente, já caducou. Trabalhamos aqui eu e o Heráclito - João Vicente não estava ainda - para prorrogar. Já vai acabar. Nada. Só demagogia.

Tem uma ponte chamada Sesquicentenário, que mostrei para V. Exª. Ô Raupp, V. Exª foi Prefeitinho e Governadorzão. Eu construí uma ponte no mesmo rio em 87 dias: engenheiro do Piauí, Lourival Parente; construtora do Piauí; operários do Piauí; dinheiro do Piauí. Heráclito, no mesmo rio, em cem dias. Esta está há mais de oito anos. Era para 150 anos, já vamos no rumo de 160.

Nós pedimos aqui, embora o Governador - e eu nem citei em respeito - passou prometendo, Heráclito, cinco hidrelétricas. Mas não, eu disse que nós só tínhamos uma banda da hidrelétrica, e que conseguíssemos - não disse que ele nem tinha prometido cinco hidrelétricas - que ele terminasse a que foi sonhada por Juscelino, concluída por Castello Branco, a eclusa. O rio Parnaíba era navegável no sul. Então, que ele construísse.

E a Transcerrado. Levamos inúmeros homens do sul para plantar. E eles plantam soja. A Bunge foi nós que levamos. Mas as estradas, a hidrovia acabou, a ferrovia acabou. Pedimos um hospital universitário. Qual a ofensa que foi feita?

Hem Raupp? V. Exª participou e eu quero pedir permissão a V. Exª porque vou fazer - e eles me deram, e V. Exª me permita botar a imagem - um DVD do discurso para dizer a todos. E no fim, nós concluímos todos eles.

Mas lutamos também, porque não admito. Sou do direito, eu não sei. Ó Raupp, você me leva pela convicção. Fui o primeiro a assinar a lista para V. Exª ser o Líder do Governo. Podia não ter dado, eu era o primeiro. Eu e Geraldo Mesquita fomos os primeiros a juntos mostrarmos que o PMDB não podia abdicar. Citamos Rui Barbosa: “Quem não luta pelos seus direitos não merece viver”. Então, o que me constrangeu...Que me julguem, mas o líder da minha geração, Che Guevara, Geraldo Mesquita, diz: “Se és capaz de tremer de indignação por uma injustiça, onde houver, és companheiro”. E eu sou companheiro.

Olha, eu estava trêmulo de raiva, mas apenas eu disse que não aceitava. Por isso que eu sou Oposição. O Governo cacareja aí um milhão de casas. Eu fiz 40 mil casas no Piauí, mutirão. Mas tem 100 mil. Este Governo está tomando as casas, e eu, Geraldo, eu quero até... Eu sei as minhas limitações, toda vez eu me curvo para V. Exª, Geraldo. Tem uma redação. Você escreve melhor do que eu. Geraldo, o direito, eu vou lhe fazer uma pergunta, mas eu tenho... Proust, Descartes, “se penso, logo existo”. Eu penso. Geraldo, dessas 40 mil casas que eu fiz, umas 20 mil foi regime mutirão. A coisa mais linda, as famílias. Então, o serviço social, que era dirigido... dava o cimento para a obra, o engenheiro da Cohab, mas a família trabalhava. Então, eu sei, pelos cargos que passei - o Raupp é mais engenheiro do que eu - que é mais ou menos, numa construção, 40% a mão de obra, no valor. Está aqui o nosso plenário, 40% foram gastos pagando gente. Foi isso o que eu aprendi nos Governos que tive. Então, Raupp, atentai bem, Geraldo Mesquita, se V. Exª disser que eu estou errado, eu recuo.

Então, estão tomando as casas que fizemos em mutirão. E eu pergunto: onde está a Defensoria Pública? Onde está o Ministério? Porque aquela gente que está lá pagou. Como é que vão tomar a casa dela? E a mão-de-obra? Estou pensando. Então, eu disse a esse Governador: eu sou contra, essas casas foram assim. Eu entendo que o Governo poderia até, porque está todo mundo desempregado, está todo mundo lascado...

No Piauí, eu recebi um e-mail que fecharam sete fábricas de cachaça, que a indústria de cana está para sair porque lá aumentou o imposto, o ICMS, para 25% - o Serra baixou para 12,5%. Estão tudo falindo. Camarão, tinham catorze; o Ibama foi lá e multou e fechou a maioria. Então, esse povo está com alguma dificuldade. Dizer que é marola?! Marola para nós, Luiz Inácio, que estamos no Governo. Está tudo muito bom para cá, mas para quem ...

Eu ouvi o empresário Joaquim Costa dizer: “Senador, a vida fora está difícil”, Vice-Presidente da Federação das Indústrias. Fora? Ele disse: “Fora do Governo”. É isso.

Então, o Governo está pondo para fora gente que construiu em mutirão. E o seguinte: anuncia um milhão e está tomando dos pobres do Piauí. Que pecado teve o Piauí em votar em Luiz Inácio, acreditar no PT e dar o Governo...? E mais, está aqui: “Sindicato aciona Ministério Público contra o BB”.

É isso! Este Governo é uma mentira. Lá no São Paulo mataram, roubaram, o Luiz Inácio diz, lá no Piauí eles ainda não mataram. Está ouvindo? Eu ainda não soube que eles mataram, mas que roubam, roubam; que mentem, mentem.

Isso aqui foi incorporado ao Banco do Estado, eu o dirigi, acomodava os excedentes na Secretaria de Fazenda, porque são funcionários qualificados. E nós? Eu, Heráclito e João Vicente votamos para ser incorporado, mas assumiram o compromisso de que iam respeitar os funcionários do Banco do Estado. Estão tirando todos os direitos deles. E quem vai denunciar isso?

Eu vou lá para a Batalha do Jenipapo pegar o facão, a foice e brigar? É aqui que estou... Então essas são. É nossa hora de lutarmos pelo Piauí. E eu convoco todos, todos, homens, mulheres, idosos e crianças, a reconquistarmos o Piauí. Os nossos antepassados morreram porque existia uma derrama, eram 20%, um quinto dos infernos que cobravam de impostos, e eles cobram muito mais, eles mentem muito mais e enganam. Então, eles cumpriram o seu dever e a sua história; nós temos que cumprir a nossa. O palco de luta é aqui, é o parlamento, como foi a Câmara Municipal de Parnaíba, como devem ser todas as câmaras municipais, assembleia e aqui.

Era o que eu tinha. Viva o Piauí! E o poeta, no Hino do Piauí, diz, traduzindo tudo: “Piauí, terra querida, filha do sol do Equador. Pertencem-te o nosso sonho, o nosso amor e a nossa vida. Na luta, o teu filho é o primeiro que chega”.

Eu cheguei primeiro nessa nova luta.


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