Discurso durante a 30ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

A difícil situação de municípios brasileiros devido à queda do Fundo de Participação dos Municípios - FPM. (como Líder)

Autor
Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.:
  • A difícil situação de municípios brasileiros devido à queda do Fundo de Participação dos Municípios - FPM. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 20/03/2009 - Página 5799
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.
Indexação
  • CONCLAMAÇÃO, ATENÇÃO, GOVERNO FEDERAL, AGRAVAÇÃO, SITUAÇÃO, MUNICIPIOS, FALTA, RECURSOS, FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICIPIOS (FPM), RESULTADO, ISENÇÃO, IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI), AQUISIÇÃO, AUTOMOVEL, ALTERAÇÃO, ALIQUOTA, IMPOSTO DE RENDA, REDUÇÃO, ARRECADAÇÃO, IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS (ICMS), REGISTRO, ENCONTRO, PREFEITO, ESTADO DE GOIAS (GO), INFORMAÇÃO, DIFICULDADE, MANUTENÇÃO, FUNCIONAMENTO, ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL, IMPORTANCIA, PROVIDENCIA, GOVERNO, COMBATE, POBREZA, DESIGUALDADE REGIONAL, BRASIL.
  • COMENTARIO, LEVANTAMENTO, CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA, MUNICIPIOS, INSUFICIENCIA, MEDIDA PROVISORIA (MPV), RENEGOCIAÇÃO, PARCELAMENTO, DIVIDA, PREFEITURA, INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), AUSENCIA, SOLUÇÃO, PROBLEMA, ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL, IMPEDIMENTO, RECEBIMENTO, RECURSOS, CONVENIO, UNIÃO FEDERAL, DEFESA, ORADOR, AGILIZAÇÃO, BUSCA, COMPENSAÇÃO FINANCEIRA, COMBATE, FALENCIA, MUNICIPIO.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PREVISÃO, REDUÇÃO, JUROS, POSSIBILIDADE, RENEGOCIAÇÃO, DIVIDA, ESTADOS, MUNICIPIOS, UNIÃO FEDERAL, REQUISITOS, ALTERAÇÃO, LEGISLAÇÃO, RESPONSABILIDADE, NATUREZA FISCAL, REGISTRO, ORADOR, NECESSIDADE, DEBATE, SENADO.
  • SUGESTÃO, APERFEIÇOAMENTO, GESTÃO, ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL, MELHORIA, UTILIZAÇÃO, RECURSOS, REDUÇÃO, DESPESA, PERIODO, CRISE, SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL, IMPORTANCIA, ANALISE, DOTAÇÃO ORÇAMENTARIA, PREVISÃO, GASTOS PUBLICOS, CRIAÇÃO, PLANO DE AÇÃO, DEFINIÇÃO, PRIORIDADE.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Sr. Presidente, pelas palavras.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo esta tribuna na tarde de hoje para comentar a difícil situação dos Municípios brasileiros.

Faço essa constatação e chamo a atenção do Governo Federal para que esteja atento à situação de penúria da grande maioria dos Municípios brasileiros, que sobrevive apenas dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

Do repasse do FPM, composto pelo IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados - e o Imposto de Renda, após descontados os gastos obrigatórios com saúde e educação e as pesadas parcelas do INSS - dívidas antigas e parcelas atuais -, sobra pouco ou nada no caixa das prefeituras para honrar outros compromissos e realizar investimentos.

Estamos diante de uma grave crise mundial e isso é fato incontestável! Agora, se, por um lado, a isenção do IPI estimula o emprego, auxilia as empresas; por outro, interfere no repasse às prefeituras. O IPI é um dos tributos usados para o cálculo do FPM, o que acaba penalizando os Municípios menores. Então, o que temos aí é que estão cobrindo um santo e descobrindo um outro, porque, ao mesmo tempo em que o Governo isenta o IPI das empresas - que nós entendemos ser necessário neste momento -, isso prejudica as prefeituras com o FPM. Daí por que o Governo precisa achar um instrumento para compensar essas prefeituras neste momento de crise.

O mais grave é que o montante das dívidas leva as prefeituras a um estado falimentar. Se não for encontrada uma solução urgente, será iminente a falência dos Municípios, pois mais da metade da receita de cerca de 4,5 mil deles depende exclusivamente dos repasses do FPM.

Considere-se que esse Fundo teve queda de arrecadação devido - ao que aqui coloquei - às isenções tributárias, através do IPI, e no Imposto de Renda da Pessoa Física, com as novas alíquotas para a classe média.

A queda na arrecadação do FPM também está relacionada à desaceleração da atividade econômica, que reduziu também a arrecadação do ICMS, outra importante fonte de recursos para as prefeituras.

Conforme sabemos, a redução do IPI acarreta a redução do FPM. O ICMS é o imposto repassado do Estado para o Município e o ISSQN é o único imposto arrecadado pelo Município, gerando, portanto, pouca receita.

Srªs e Srs. Senadores, o Governo Federal enviou ao Congresso Nacional a Medida Provisória nº 457, de 2009, que pode beneficiar até 1.567 prefeituras do País ao reparcelar dívidas com a Previdência Social.

Um levantamento realizado pela Confederação Nacional dos Municípios mostra que o parcelamento das dívidas com a Previdência por vinte anos não resolve o problema dos Municípios. Segundo a entidade, o novo parcelamento soluciona uma questão emergencial, mas não traz uma solução definitiva para esse problema, que se arrasta ao longo de muito tempo.

A Confederação Nacional dos Municípios afirma que 28% das cidades brasileiras devem ao INSS. Por esse motivo, estão impedidas de receber recursos da União por meio de convênios. A dívida total é de R$30 bilhões, segundo a Receita Federal.

Segundo a Confederação dos Municípios, em dezembro de 2008, apenas 117 das 300 cidades que renegociaram sua dívida com o INSS continuavam com seus pagamentos em dia.

O jornalista Ribamar de Oliveira, no jornal O Estado de S.Paulo desta semana, informa que a forte queda dos juros projetada para os próximos meses pode provocar uma nova renegociação das dívidas dos Estados e dos Municípios com a União. Segundo Ribamar, “se a taxa ficar abaixo de 6% ao ano, em termos reais (descontada a inflação), como a maioria dos economistas já acredita que acontecerá, os governos estaduais e as prefeituras estarão subsidiando a União - ou seja, o custo das dívidas renegociadas será maior do que o Tesouro Nacional paga para captar dinheiro no mercado”.

Ele lembra que, atualmente, o custo da dívida renegociada é de 6% ao ano, mais correção pelo Índice Geral de Preços (IGP-DI), a inflação medida pela Fundação Getúlio Vargas.

Mas, para isso, o Governo teria de propor mudanças na Lei de Responsabilidade Fiscal. Lembro aos nobres pares que o art. 35 proíbe a realização de operação de crédito entre os entes federados, “ainda que sob a forma de novação (uma nova dívida para substituir a anterior), refinanciamento ou postergação de dívida contraída anteriormente”. Daí por que uma mudança na Lei de Responsabilidade Fiscal implica um debate amplo nesta Casa, o que poderia chegar num momento já muito tarde.

Senhoras e senhores, com a crise financeira mundial, as prefeituras terão que aperfeiçoar suas estruturas gerenciais. Se, por um lado, o Governo precisa buscar mecanismos para compensar essa perda neste momento, acredito também que, pelo lado das prefeituras, é preciso que os prefeitos comecem a verificar os fluxos de recursos municipais, os tributos, os repasses, dentre outros, de forma muito criteriosa, para evitar que essas prefeituras venham a chegar a um estado pior do que já estão.

Também é imprescindível verificar a dotação orçamentária aprovada e prever todos os gastos, com os respectivos reajustes, até o final de 2009. A exemplo do que está fazendo o Governo Federal com o Orçamento da União.

Uma outra sugestão é que seja negociada com o Governo Federal a redução, ou sua dispensa, da contrapartida na celebração de convênios. Isso porque o único fluxo de recurso ainda possível para os Municípios são os pequenos recursos das emendas individuais parlamentares, que poderão suprir as deficiências, principalmente na área de saúde, de educação e de assistência social.

É aconselhável que as prefeituras contratem administradores competentes para a gestão dos recursos públicos, para avaliarem principalmente a possibilidade de otimização de recursos e minimização de despesas, além de adequação de controles diários, desde a diminuição e uso racional de água, energia elétrica, telefone, até a utilização necessária de alguns equipamentos e suas manutenções preventivas e corretivas.

Outro ponto delicado nas prefeituras é a falta de profissionais que saibam montar e administrar projetos. Muitas prefeituras perdem verbas e projetos por falta de um profissional para gerir esses projetos.

Fazer um plano de ação nada mais é do que estabelecer as prioridades dentre as inúmeras demandas do Município.

Recentemente, estive reunida com prefeitos do meu Estado que relataram a situação difícil em que se encontram as prefeituras. A falta de recursos é tamanha que muitos disseram que estão prestes a fechar as portas. Esse é um problema de extrema gravidade e que merece total atenção e, principalmente, solução por parte do Governo Federal. Quero aqui chamar a atenção, porque essa situação das prefeituras vai formar um desemprego em cadeia, principalmente nos pequenos Municípios, onde vamos ter a retomada dos bolsões de pobreza e de desigualdade regional.

Sr. Presidente, é ali, no cotidiano do Município, que a vida de cada pessoa e de cada família se concretiza. A dinâmica do que acontece no Município é o microcosmo do que acontece na sociedade mais ampla. No seu espaço ocorre a finalidade maior da democracia, que é a promoção do bem-estar individual e coletivo.

Nós não podemos perder os avanços que tivemos em relação ao combate à pobreza no nosso País. Esse é um esforço que vem sendo realizado há mais de quinze anos e que precisa ser preservado. É preciso que o Governo esteja atento para que essa situação das prefeituras não venha a agravar esses bolsões de pobreza e, principalmente, as diferenças, as desigualdades regionais.

Muito obrigada, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/03/2009 - Página 5799