Discurso durante a 30ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Solicitação à Polícia Federal que investigue suposto complô contra S.Exa., confessado por golpista preso no Mato Grosso do Sul.

Autor
Delcídio do Amaral (PT - Partido dos Trabalhadores/MS)
Nome completo: Delcídio do Amaral Gomez
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXPLICAÇÃO PESSOAL.:
  • Solicitação à Polícia Federal que investigue suposto complô contra S.Exa., confessado por golpista preso no Mato Grosso do Sul.
Publicação
Publicação no DSF de 20/03/2009 - Página 5905
Assunto
Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, EFICACIA, PROVIDENCIA, GOVERNADOR, SECRETARIO DE ESTADO, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), POLICIA FEDERAL, APURAÇÃO, DEPOIMENTO, PRESO, POLICIA RODOVIARIA FEDERAL, ACUSAÇÃO, ORADOR, AUTORIZAÇÃO, TRANSAÇÃO ILICITA, HABITAÇÃO POPULAR, CAPITAL DE ESTADO, INTERESSE, PREJUIZO, REPUTAÇÃO, SENADOR, COMENTARIO, SEMELHANÇA, DENUNCIA, VITIMA, DEPUTADO FEDERAL.
  • REGISTRO, ENCAMINHAMENTO, PRONUNCIAMENTO, ORADOR, AUTORIDADE, RESPONSAVEL, INVESTIGAÇÃO, DENUNCIA, VITIMA, EXPECTATIVA, AGILIZAÇÃO, ESCLARECIMENTOS.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. DELCÍDIO AMARAL (Bloco/PT - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Mão Santa, muito obrigado a V. Exª que me honra muito com esses elogios. V. Exª sabe do respeito que tenho por sua pessoa e pelo seu trabalho no Senado, pelo Piauí. V. Exª que fez uma carreira muito bonita não só como médico, mas também como Prefeito, como Governador, como Senador da República. Então, muito me honra vir aqui a este plenário e falar numa sessão presidida por V. Exª.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho aqui falar de uma coisa. Sou um Senador que normalmente fala só de projetos, de propostas; sou um Senador que sempre pauta a atuação discutindo os grandes temas brasileiros e aqueles que são importantes para o meu Estado do Mato Grosso do Sul, para o desenvolvimento do nosso povo, da nossa gente, para o crescimento de Mato Grosso do Sul, por uma vida melhor a todos os seus cidadãos e cidadãs.

Mas Sr. Presidente Mão Santa, Srªs e Srs. Senadores, venho aqui hoje para tratar de um assunto absolutamente exótico.

Fui surpreendido, na segunda-feira passada, com uma denúncia baseada no depoimento de uma pessoa que foi detida num posto da Polícia Rodoviária Federal, na cidade de Terenos. Para quem não conhece Mato Grosso do Sul, Terenos é uma cidade muito próxima à nossa capital Campo Grande.

Essa pessoa, no seu depoimento, tomado na Polícia Rodoviária Federal e depois ratificado na Polícia Civil, alegava que, em meu nome, transacionava casas populares, casas do Governo do Estado, do Governo Federal, na capital Campo Grande. Nesse mesmo depoimento, ele dizia - e eu estou sendo fático, o que estou dizendo está escrito e assinado pelos delegados, pela Polícia Rodoviária Federal, pela pessoa que foi detida; estou citando exatamente o que foi escrito, o que eu li - que operava em meu nome. Na verdade, nessa operação, havia um interesse político no sentido de criar constrangimentos ou prejudicar a minha imagem no Estado de Mato Grosso do Sul.

Sr. Presidente, estou a cavaleiro nesse quadro, nessa situação. Por quê? Fui surpreendido com um depoimento de uma pessoa que usava meu nome, mas que era manipulada por terceiros, cujo objetivo era desgastar-me politicamente. Aparentemente, essa operação que, segundo ele, tinha uma conotação política, depois se transformou numa atuação mercantilista, financeira, porque vislumbraram os membros da quadrilha que isso também poderia ser um grande negócio. Sr. Presidente, o que estou citando é exatamente, literalmente, o que ele disse, o que consta dos autos do processo.

Fiquei preocupado, Sr. Presidente. V. Exª é um homem experiente e vivido, e eu também. Diante de fatos como esses, jamais vou titubear. Tomei as providências devidas. Solicitei ao Governador André Puccinelli, ao Secretário de Segurança do Estado de Mato Grosso do Sul e, como Senador da República, à Polícia Federal que apurassem com rigor os fatos descritos.

É importante destacar que um homem sério, digno e que honra o seu Estado precisa fazer isso. Quem não deve, Senador Dornelles, não teme. Então, nada melhor do que esclarecer os fatos. Tomei as providências devidas como sempre faço quando alguém pretende fazer alguma gracinha comigo. Essa não é a primeira. Já passei por outras situações, que V. Exª sabe muito bem. Enfrentei desafios do mais variados possíveis quando fui Presidente da CPI dos Correios e, graças a Deus, hoje sou uma pessoa respeitada nacionalmente e que merece o respeito de todos os cidadãos e cidadãs, não só sul-mato-grossenses, do Estado onde eu nasci, da minha querida Cidade de Corumbá, mas brasileiros também.

Fiz o que todo homem sério faz: pede aos órgãos do Governo do Estado e à Polícia Federal providências. Quero registrar, Sr. Presidente, que as providências foram muito ágeis. O Governador André e o próprio Secretário de Segurança, que é um policial competente e experiente, pertence aos quadros da Polícia Federal, agiram muito rapidamente, como também a Polícia Federal. E não posso também deixar de considerar aqui a forma como a Polícia Rodoviária Federal, na apreensão, atuou. Registro o papel importante, republicano, sério que a Polícia Rodoviária Federal, de forma contumaz, executa. Não posso deixar de destacar essa questão também.

Então, Sr. Presidente, essa pessoa que foi presa é conhecida do meio político, inclusive conhecida minha. E isso, desde o início das denúncias, deixei muito claro para toda a opinião pública. Eu não tenho amnésia frente a problemas, eu assumo posições claras. Aqui mesmo no Congresso. Muitos escândalos aconteceram no Brasil e envolveram pessoas. Quando esses escândalos eclodiram, muita gente aqui com quem convivia não lembrava mais dessas pessoas ou simplesmente desconhecia que essas pessoas existiam. Eu não. Eu assumo a posição. E, quando tomei essa posição junto à imprensa do meu Estado e junto às autoridades federais e estaduais, deixei muito claro isto: é do meu conhecimento, do conhecimento de minha mãe, do conhecimento da minha família. E hoje forças cavilosas tentam fazer alguma identificação ou tentam iludir muitas pessoas querendo passar uma mensagem de que teria sido uma operação minha, dentro de um contexto político para prejudicar alguém. Não faço isso, meu caro Presidente. Assumo todos os meus atos. Minha postura pública é séria, digna, decente, transparente, cristalina. Não uso de subterfúgios, não uso de desvios. Não precisam procurar documentos, jornais, para tentar provar que eu o conheço. Eu sempre admiti que conheço essa pessoa que foi presa, como também ele transitava livremente no seio da classe política.

Hoje conversei com alguns jornalistas aqui. Somos o Poder mais democrático de todos. A porta dos nossos escritórios, nos nossos Estados, é aberta; elas estão sempre abertas. Os nossos gabinetes estão sendo abertos. Nós recebemos toda a população, todas as pessoas que nos procuram. Respondemos a todos os telefonemas que nos fazem. Esse é o processo democrático e a atividade de qualquer político. Portanto, não precisam começar a caçar isso aí porque, desde o início, coloquei essa posição de maneira muito clara, como coloquei, em escândalos maiores, que conhecia muitas pessoas que depois foram diretamente atingidas por processos e investigações. Não tenho medo disso porque a minha conduta é absolutamente clara. Minha conduta foi sempre uma conduta inquestionável, sob o ponto de vista ético e moral. Portanto, aquelas pessoas que estão açodadas, preocupadas com isso não precisam buscar fotografias nem jornais. Eu mesmo, desde segunda-feira, já disse isso, já disse isso à Polícia.

E por que falo, Sr. Presidente, que estou a cavaleiro nesse negócio, estou nadando de braçada, estou surfando?

Em outubro do ano passado, Senador Dornelles, Senador Crivella, como sou um político que anda, que conversa com as pessoas, que tem uma ação muito forte popular, comecei a ouvir na minha capital, na minha cidade Campo Grande, que estariam usando meu nome na aquisição de casas populares.

Imediatamente, quando percebi que as versões eram muito sistemáticas, denunciei o fato ao Secretário de Habitação, Secretário Marum, por meio de carta oficial. Conversei com o Secretário Marum na terça-feira passada, no dia 16 de março do ano de 2009, às 20 horas e 10 minutos, tratando desse assunto. Ele me confirmou claramente e confirmou as providências por ele tomadas para que a Polícia investigasse esse caso. Portanto, estou tranquilo. Cantei a bola no ano passado. E se é mentira ou se não é mentira de quem foi preso, a história dele bate, pelo menos com relação à utilização do meu nome, com aquilo que eu havia denunciado ao Secretário de Habitação em outubro do ano passado, ou novembro, melhor dizendo. Ao mesmo tempo - e isso é curioso - essa pessoa foi aprisionada com documentos falsos. Nós leigos dificilmente entenderíamos alguma coisa diferente ou perceberíamos alguma coisa diferente. Importante: isso aconteceu numa batida absolutamente normal da Polícia Rodoviária Federal, nesse posto avançado na cidade de Terenos.

Portanto, as condições colocadas são absolutamente claras. Denunciei lá atrás e infelizmente, se havia alguma articulação, Senador Dornelles - e esse caso me lembrou o Riocentro, a bolsa explodiu no colo do sargento -, se havia algo além de uma operação meramente policial ou criminal, ela foi implodida a partir do momento em que denunciei, em novembro, e a partir do momento em que esse estelionatário foi preso no domingo passado.

Portanto, Sr. Presidente, as coisas são absolutamente transparentes. Um homem de bem convoca toda a Polícia Estadual, toda a Polícia Federal para investigar a fundo o caso. Graças a Deus, meu caro Presidente, ocorreu essa apreensão no domingo, porque se algum leviatã pretendia fazer alguma coisa dessa operação no futuro, nós acabamos com o leviatã no domingo e agora a realidade está aí para quem quiser ver, claramente.

Portanto, Sr. Presidente, eu não poderia deixar de destacar isso. Esse assunto foi amplamente discutido ao longo dessa semana no meu Estado, e eu não poderia deixar, como é comum se fazer, é praxe do Senado Federal, de vir e explicar essas questões publicamente e para todos os meus companheiros e companheiras, Senadores e Senadoras, para deixar muito claro como essas coisas caminharam.

Ao mesmo tempo, um Deputado Federal de Mato Grosso do Sul, Deputado Vander Loubet, do meu Partido, também foi envolvido e agiu de uma maneira correta como qualquer homem sério atua, pediu providências da mesma maneira como eu. E nós agora, Sr. Presidente, esperamos com absoluta tranquilidade que a verdade venha à tona, para que eliminemos de uma vez por todas qualquer tipo de intriga que alguém, eventualmente sendo preso, pode trazer à baila e, ao mesmo tempo, que esse fato sirva para que, se politicamente, alguém, algum dia imaginar fazer alguma gracinha, ele encontre uma reação em que o feitiço acaba virando contra o feiticeiro.

Eu não poderia deixar de registrar, Sr. Presidente, esse fato. Perdi três dias esta semana com esse lero-lero mas, mais uma vez, Deus me iluminou e acabou com o leviatã com essa apreensão que foi feita no domingo e que eu já sinalizava em outubro do ano passado, tranquilamente, serenamente.

Sr. Presidente, tenho absoluta convicção, porque tenho conversado com o Dr. Jacine, tenho conversado com a Polícia Federal, de que há todo o interesse no sentido de encerrar de uma vez por todas com essa ocorrência que, infelizmente, veio à tona e nos fez perder tempo, mas que, no meu ponto de vista, e se as investigações assim confirmarem, indicam uma operação mistura de Inspetor Clouseau com Agente 86.

Então, Sr. Presidente, era isso que eu queria registrar. Não poderia deixar de falar sobre isso, e que isso sirva de alerta para todos nós políticos sobre os obstáculos que surgem. Às vezes, a utilização dos nossos nomes para objetivos escusos e, às vezes, a utilização dos nossos nomes, e eventualmente, acredito que não seja o caso, por razões políticas. Esse tipo de arapuca não pode existir na política.

A política tem que ser feita e tem que ser trabalhada com espírito público, com peito aberto, com sinceridade, com lealdade, com projetos, com propostas, porque o povo já não vota em baixaria; o povo vota em quem tem propostas, em quem tem projetos e em quem vai trabalhar por um futuro melhor para os seus filhos, para os seus netos, para a sua família.

Meu caro Presidente, para concluir, eleição, como jogo de futebol, não se ganha em vestiário, nem em gabinete. Eleição se ganha andando na rua, conversando com o povo e agregando no projeto de cada um de nós os projetos que vão trazer bem-estar, melhores perspectivas e um futuro promissor.

Solidariedade, fraternidade, cidadania!

         Sr. Presidente, peço que registre nos Anais do Senado este discurso, que encaminharei a todas as autoridades que investigam esse caso lamentável. Tenho certeza absoluta de que, pela competência da Polícia do meu Estado, esse caso será definitivamente encerrado em curto espaço de tempo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/03/2009 - Página 5905