Discurso durante a 32ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro da atividade política de S.Exa. no último final de semana. Destaque para atividade suprapartidária realizada em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, que reuniu cerca de cinco mil aposentados, exigindo a aprovação de diversas matérias em favor da classe.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL. ATUAÇÃO PARLAMENTAR. ELEIÇÕES.:
  • Registro da atividade política de S.Exa. no último final de semana. Destaque para atividade suprapartidária realizada em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, que reuniu cerca de cinco mil aposentados, exigindo a aprovação de diversas matérias em favor da classe.
Aparteantes
Adelmir Santana, Mão Santa, Tião Viana.
Publicação
Publicação no DSF de 24/03/2009 - Página 6115
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL. ATUAÇÃO PARLAMENTAR. ELEIÇÕES.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, MUNICIPIO, SÃO LEOPOLDO (RS), ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), REIVINDICAÇÃO, EXTINÇÃO, FATOR, NATUREZA PREVIDENCIARIA, RECUPERAÇÃO, VALOR, BENEFICIO, IGUALDADE, REAJUSTE, SALARIO MINIMO, ELOGIO, SUPERIORIDADE, MOBILIZAÇÃO, IDOSO, ENTIDADE, DEPOIMENTO, ORADOR, GESTÃO, CONGRESSISTA, DIVERSIDADE, PARTIDO POLITICO, OBJETIVO, APROVAÇÃO, MATERIA.
  • DETALHAMENTO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, VISITA, INTERIOR, CAPITAL DE ESTADO, ESPECIFICAÇÃO, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, ORADOR, ABDIAS DO NASCIMENTO, EX SENADOR, CANTOR, DIA INTERNACIONAL, COMBATE, DISCRIMINAÇÃO, SOLICITAÇÃO, TRAMITAÇÃO, ANAIS DO SENADO, DISCURSO, VALORIZAÇÃO, POETA, BIOGRAFIA, INICIO, VIDA PUBLICA, SINDICALISTA, VITORIA, MOVIMENTO TRABALHISTA, ELEIÇÃO, CONGRESSISTA, PARTICIPAÇÃO, CAMPANHA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, BALANÇO, ATIVIDADE, LEGISLATIVO, HOMENAGEM POSTUMA, DEPUTADO FEDERAL, POVO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), PRESENÇA, MÃO SANTA, SERGIO ZAMBIASI, PREFEITO, AUTORIDADE FEDERAL, AUTORIDADE ESTADUAL, TRABALHADOR, EMPRESARIO.
  • SOLIDARIEDADE, TIÃO VIANA, SENADOR, INJUSTIÇA, ACUSAÇÃO, FALTA, ETICA.
  • APOIO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PREPARAÇÃO, CANDIDATURA, DILMA ROUSSEFF, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL, SUCESSÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, VIDA PUBLICA, DEBATE, IMPORTANCIA, LUTA, MULHER, NEGRO, PARTICIPAÇÃO, POLITICA NACIONAL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Senadora Serys Slhessarenko, Senador Tião Viana, sempre Líder do nosso Partido, Senador Mão Santa, que esteve lá no meu Rio Grande nesse fim de semana, Srªs e Srs. Senadores, eu gostaria, em primeiro lugar, de destacar uma grande atividade que aconteceu lá no Rio Grande na sexta-feira, Senador Tião Viana. Foi uma atividade que reuniu cerca de cinco mil aposentados e pensionistas em São Leopoldo, terra em que o Prefeito é o meu amigo Ary Vanazzi, do Partido dos Trabalhadores.

Um ato suprapartidário, intersindical, que teve como objetivo essa manifestação que acabou interrompendo o trânsito na principal BR que liga São Leopoldo, Esteio, Canoas, Sapucaia a Porto Alegre. Houve um congestionamento de cerca de 10 quilômetros, porque os aposentados pareciam aqueles moleques, aqueles meninos - moleque no bom sentido; atravessaram a via, dizendo palavras de ordem, homens e mulheres de cabelos brancos, de 70, 80, 90 anos exigindo a aprovação do fim do fator, a reposição das perdas pelo número de salários-mínimos e também que o aposentado receba o mesmo percentual que é dado ao salário-mínimo.

O evento foi organizado pela Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap) - estava lá o seu Presidente, o Sr. Warley Martins Gonçalves; pela Federação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas do Rio Grande do Sul (Fetapergs) - estava lá o Sr. Osvaldo Fauerharmel, que é o Presidente; e também pela Associação de Trabalhadores Aposentados e Pensionistas de São Leopoldo (Atapen-SL) - estava presente o Presidente da entidade, o Sr. Erlon Caetano Pinheiro de Souza.

Srª Presidente, estavam lá cerca de 40 caravanas do interior do Estado, exigindo a aprovação dos três projetos que o Senado já aprovou, por unanimidade, e que agora estão na pauta da Câmara dos Deputados.

Falei em nome dos Deputados Estaduais, Federais e também dos Senadores. Depois da fala dos Presidentes das entidades dos aposentados e pensionistas, encerramos o evento, explicando, detalhadamente o que é o fim do fator, aquele que reduz em 40% o vencimento na arrancada da aposentadoria, e a importância da recomposição pelo número de salários mínimos e também, como eu dizia antes, o reajuste percentual a todo aposentado igual ao mínimo.

Informei que estivemos com uma delegação de todos os partidos, Senadores e Deputados - o Senador Mão Santa esteve lá - com o Presidente Michel Temer e ele se comprometeu a botar a matéria em votação logo após conseguir destravar a pauta devido às medidas provisórias.

No mesmo dia, houve evento em São Paulo, em Santa Catarina, no Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo e no Paraná. Foi uma data chamada “Pára para refletir, Brasil.”

Eu peço a V. Exª que considere esse pequeno pronunciamento, embora o outro pronunciamento seja maior. Como eu disse, Tião Viana, o Senador Mão Santa estava lá. Esse foi o pronunciamento que fiz sobre a atividade política de Porto Alegre, quando era celebrado lá, simbolicamente, o aniversário não só meu, mas também do Abdias do Nascimento, que fez 95 anos agora, no mês de março, e também no dia anterior, 21 de setembro, que é o Dia Internacional da Luta contra o Preconceito. Nós transformamos uma homenagem ao cantor, compositor e campeão, eu diria, da música nativista do Rio Grande, que foi o cantor César Passarinho. Ele estaria completando, porque já faleceu, no dia 21, 60 anos de idade. Eu completei 59 e ele estaria fazendo 60 anos de idade.

Também nesse fim de semana, antes dessa atividade, Srª Presidente, eu estive em atividades em Canoas, na posse do Prefeito Jairo Jorge, que estabeleceu coordenadorias por setor. Estive na posse da Cida, da Igualdade Racial; estive na posse da Drª Oni Terezinha, que assumiu a coordenação do setor de idosos e pessoas com deficiência; estive em Alvorada, debatendo o Dia Internacional da Luta contra o Preconceito; estive em um grande congresso em São Lourenço; estive nessa atividade em São Leopoldo e, depois, fiquei em Porto Alegre.

Senador Mão Santa, que também esteve lá, iniciei a minha fala demonstrando - porque gosto mesmo - todo o meu carinho, todo o meu respeito, toda a minha admiração aos poetas, pela forma de agir, pela sua sensibilidade, pela sua maneira, eu diria, apaixonante de passar a sua mensagem, a maneira provocativa e, ao mesmo tempo, sentimental que faz com que a gente entre no campo da reflexão e da razão.

Eu dizia lá e repito aqui: o poeta tem o dom de ensinar de forma mágica ao som das palavras, que são transformadas em verso. Repito aqui: posso dizer que essa paixão dos poetas me embriaga e me é muito, muito, prazerosa.

Mas, para não dizer, como a gente fala, que só falei de flores, eu falei um pouco da minha infância, Senador Mão Santa. E me refiro mais uma vez a V. Exª porque V. Exª estava lá. Contei um pouco a história daquele menino de calça curta, que começou amassando vaso em uma fábrica com oito anos, foi para a feira livre, e o momento mais bonito foi quando consegui entrar em uma escola técnica, o Senai, que me deu base para a minha vida pública sindical, partidária, estudantil, enfim, para chegar hoje aqui ao Senado.

         Falei de momentos de luta. Falei de como foi bonito cada momento da história de que participei, quer seja na caminhada de Canoas a Porto Alegre, a pé, em plena ditadura, com mais de 20 mil pessoas; na ocupação do Guajuviras, onde felizmente hoje vivem milhares de pessoas com sua casa própria. Tive alegria de, naquela noite, dizer a eles: “Entrem, façam seu jardim, arrumem suas casas, porque ninguém jamais os vai tirar daí.” Falei também da histórica greve de Candiota, 12 dias, uma greve em defesa da vida; falei do polo petroquímico; falei, e não podia deixar de falar, da música histórica de Geraldo Vandré, cantada por Claudinha e Dante:

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer.

É a canção que norteava as nossas atividades na época.

Falei, Senador Tião Viana, da minha alegria no momento em que me elegi Deputado Federal Constituinte. Vim para Brasília morar com o hoje Presidente Lula e com o ex-Governador Olívio Dutra. Todos fomos Constituintes, e, com certeza, foi um momento muito rico de minha vida. Falei também da importância das eleições de 2002, quando viajei o Estado todo acompanhado pelo hoje Ministro Tarso Genro, candidato a Governador, por Miguel Rosseto. Fomos a mais de 400 cidades - eu poderia dizer. Eu disputava uma vaga para o Senado, acompanhei Emilia e acabei me elegendo ao Senado. E elegemos, aceitando todos os desafios, um operário nordestino, que é o companheiro Lula, naquela oportunidade, à Presidência da República.

Fiz lá, Senador Tião Viana, a leitura de uma carta que eu escrevi aos militantes pela sua história, pela sua vida bonita, e a dediquei ao nosso inesquecível Adão Pretto, um lutador das causas populares.

Um aparte ao Senador Tião Viana.

O Sr. Tião Viana (Bloco/PT - AC) - Senador Paulo Paim, apenas para externar a minha alegria e lamentar não poder ter estado na sua festa de aniversário para dar-lhe um abraço afetuoso, porque sei que estaria dando um abraço num grande brasileiro, num missionário da causa trabalhista deste País. E V. Exª é incrível: até numa festa de aniversário, reúne a luta política, a coerência, os desafios, as grandes diretrizes de mudar a condição efetiva do cidadão trabalhador brasileiro. Então, fico feliz que o Senador Mão Santa tenha usado da sua agradável e inusitada oratória para manifestar o carinho deste Senado e do Brasil pela figura de V. Exª.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Permita-me dizer que o Senador Mão Santa e o Senador Zambiasi usaram a palavra e falaram em nome do Senado.

O Sr. Tião Viana (Bloco/PT - AC) - Eu fico muito contemplado por isso e quero dizer que V. Exª é assim: mesmo nos momentos de festa, num momento que poderia ser privado e familiar, abre os braços para todos os amigos, para receber o carinho e dividir os compromissos do dia-a-dia da sua vida, que são, de fato, com a classe trabalhadora. A sua política tem como olhar a classe trabalhadora brasileira.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Senador Tião Viana, eu iria fazer no final, mas aproveito para fazer agora: eu quero também registrar, aqui, a minha total solidariedade a V. Exª. Eu acho que foi qualquer equívoco, V. Exª, para mim, é inatacável. É inatacável. Por isso, acho que foi um equívoco, e será explicado devidamente, porque conheço a sua vida e a sua história. Permita-me dizer isso. Eu fui Vice-Presidente da Casa, V. Exª também foi Vice-Presidente, e V. Exª, pela primeira vez, foi reconduzido por unanimidade de novo a Vice-Presidente, porque essa foi a posição do nosso Partido. Como também V. Exª foi indicado para ser candidato a Presidente.

Então, acho que há algum equívoco aí. Com certeza, a sua vida é inatacável. A nossa solidariedade.

Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Paulo Paim, eu tenho a oportunidade, por meio desta TV Senado, da rádio AM, da FM, do jornal, da Hora do Brasil e das outras, de dizer o que eu vi ao País todo. Interessante essa campanha contra o Senado da República, mas eu tenho dito e tenho afirmado: este é um dos melhores Senados da história dos 183 anos e do mundo. Nós nos conhecemos. Mas um quadro vale por dez mil palavras, Serys, pois se fala que Senador... Eu vi, Porto Alegre viu; o Rio Grande do Sul... Eu fui os olhos desta Nação lá do Nordeste...

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - E foi aplaudido, como o Senador Zambiasi.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - O encantamento que o povo tem ao seu Senador. Essa é a imagem, Serys, que nós temos do Senado. Outro dia, citei aqui aqueles que morreram, que nos deixaram saudade, por quem eu vi o povo chorar. Lá do seu Estado, o Jonas; o Antonio Carlos Magalhães; o Ramez Tebet e o Jefferson Péres. Aí disseram: “Não, mas os que morreram”. O Paim vivo! Olha, aquilo Paim. Partido não era, que tinha gente de todos os partidos.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - De todos os partidos.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Eu traduzo aquilo e interpreto - e interpreto bem - como uma festa, um culto à amizade. A amizade é um sentimento de muita valia. Os povos antigos faziam da amizade deusas. Inteligentes, eles eram representados por mulheres, que mulher é mais pura, mais firme. Os romanos e os gregos, cada um tinha sua deusa da amizade. Era uma mulher, vestida de branco, pureza. Entre os romanos, essa mulher estendia a mão esquerda querendo soerguer uma árvore que foi abatida por um raio, mostrando que a amizade está no infortúnio, na dificuldade. Para os gregos, era uma mulher com a mão e dois corações entrelaçados, dizendo que a amizade é mais do que amor, que sustenta o amor, que entrelaça. E nós - permita-me dizer assim -, gaúchos, que somos brasileiros, que sintetizam a nossa... não somos nem gregos e nem troianos. A amizade é simbolizada com um gesto daqueles. Eu vi o povo: festa, espontaneidade, organização, trabalho. Olha, tinha até uma taxa - está ouvindo Senadora Serys? Era um negócio bonito. Pagaram. Mas, quando eles identificaram...

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Eram R$10,00 e...

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - ...e essa televisão favorece isso. Nós somos figuras hoje conhecidas em todo o Brasil. Aí foi identificado o Mão Santa chegando. Cheguei com esposa, uma filha e neto. “Não, ele não paga.” Quando eu vi, estava lá no palco junto às lideranças mais... Eu abraçado com o Ministro Tarso Genro, ouvindo, aplaudindo; saímos abraçados, juntos. Não tem nada demais, a causa era maior.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Deram autógrafos juntos, os dois.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - E os aposentados, Paim... Tirei centenas - e ele também, não vou dizer só eu - Tarso Genro foi aplaudido lá. E eu tirei centenas... Os nordestinos que não são muitos, porque o nordestino, pelo clima, fica em Brasília, que tem 13 mil piauienses ou até São Paulo e é raro um nordestino estar lá, mas os que tinham vieram se apresentar, os nordestinos que tinham as famílias dependentes. Mas, o mais importante de tudo foi a esperança que vi nos rostos dos velhinhos, dos aposentados, ao nos abraçar com a certeza de que sairemos vitoriosos naquela que é uma das suas mais belas passagens - não vou citar toda porque estenderia demais o meu aparte. Mas eu quero dizer que aquilo foi muito importante e Deus escreve certo por linhas tortas no momento em que dizem que o Senado é isso... Nada disso. Olha, Paim, andei em vários ambientes lá e recebi aplauso, carinho e emoção. Então, atentai bem, não adianta, o povo sabe separar o joio do trigo. Somos o trigo dessa democracia. Então, aquele quadro, no aniversário - não é uma cidade mas um país todo que rendeu homenagem a V. Exª - traduz um pouco a imagem que o Senado representa na crença do povo do Brasil.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Muito obrigado Senador Mão Santa. Agradeço muito a sua presença lá e V. Exª tem razão. Lá estavam líderes de diversos Estados que fizeram questão de estar lá naquele almoço, e também delegações do interior do Estado do Rio Grande do Sul, espontaneamente, cada um pagando o seu ônibus, o seu almoço e levando um quilo de alimentos que foram doados à entidades carentes. Foi um momento bonito.

Permita-me, Srª Presidente, dizer que também fiz uma homenagem ao povo gaúcho naquele momento. Eu disse que não tinha dúvida de que o povo gaúcho marcou sua história seja na ponta da lança, seja nos argumentos, no campo das idéias, no cenário nacional. É claro que foram quatro páginas que resumi para o povo gaúcho. Eu as escrevi e as deixo registradas aqui. Peço a V. Exª que conste todo esse meu pronunciamento nos Anais da Casa.

Fiz uma saudação aos meus familiares e pedi desculpas, em público - Senador Mão Santa, vivemos na vida pública -, a meus filhos, porque, quando percebi, eles já eram adultos. Eu estava em São Paulo, eu estava no Rio, eu estava na Câmara, eu estava aqui. Uma das minhas filhas me escreveu uma carta - e eu a li lá -, dizendo que havia momentos em que, quando ela era criança ainda, quando caía chuva, com raios e trovões, ela chorava, e eu não chegava, pois eu estava participando das greves, das passeatas, das caminhadas.

Enfim, foi um momento bonito de encontro de corações, e terminei falando ao meu Rio Grande. Tenho certeza de que o Rio Grande vai caminhar junto, unido, com lenços vermelhos e brancos, com chimangos e com maragatos, na construção de um Rio Grande cada vez mais forte, do Rio Grande idealizado por nossos pais, mas que, neste momento, está em situação muito, muito difícil.

Fiz uma análise resumida das cerca de 1.436 matérias apresentadas por mim, entre projetos, propostas de emenda à Constituição e propostas, no Congresso Nacional. Falei do Fundo para a pequena e média empresa; falei do Fundeb para o ensino técnico profissional; falei dos aposentados, dos pensionistas e de fatos que aqui já relatei; falei da importância do ProUni; falei do Estatuto para Pessoas Portadoras com Deficiência, do Estatuto do Idoso, do Estatuto da Igualdade Racial e do Estatuto do Profissional do Volante, Estatutos de minha autoria.

Senadora, falei também da crise, criticando duramente os juros bancários, dizendo que é uma verdadeira agiotagem o que acontece no Brasil, pois banqueiros que, até ontem, só sorriam não querem hoje baixar os juros, penalizando o povo brasileiro. Falei da luta contra os preconceitos, enfatizando a importância da aprovação do Estatuto da Igualdade, em que ninguém, por motivo nenhum, seja discriminado, por raça, por cor, por etnia, por procedência, por origem, por religião, por ser católico, apostólico ou evangélico ou mesmo por não praticar religião alguma. Critiquei a discriminação por parte daqueles que não aceitam a livre orientação sexual.

Terminei meu discurso, como não poderia deixar de ser, falando em 2010. Falei com muita tranquilidade que nossa geração aprendeu a respeitar Gandhi, Nelson Mandela, Barack Obama, o operário nordestino Luiz Inácio. Somos da geração, sim, de Chico Mendes, de Adão Pretto. Citei minha Senadora Marina da Silva, pela luta em defesa do meio ambiente. Falei também que as mudanças estão acontecendo no mundo, não só aqui no nosso continente. Lembrei da figura de um índio que se elegeu Presidente da Bolívia. Lembrei a luta das mulheres que chegaram ao poder no Chile e na Argentina.

Falei também, minha Líder Serys Slhessarenko, da nossa Dilma Rousseff, que poderá ser a primeira mulher Presidente da República do nosso querido País, do nosso Brasil. Falei um pouco da vida dessa mulher Dilma Rousseff, combatente de caráter, que foi torturada durante a ditadura militar e que, hoje, pela sua competência, pela sua militância, é indicada pelo PT, por partidos aliados e pelo Presidente Lula para ser a candidata à Presidência da República. Recordei da Dilma nos momentos difíceis da minha infância. E por que falo da minha infância? Eu era jovem ainda quando ela panfletava nas portas de fábricas para me eleger Presidente do Sindicato de Canoas. Depois, ela andou comigo pelas portas das fábricas, pelas praças, pelas ruas, pelas construções, para que eu chegasse a ser Deputado Federal.

(Interrupção do som.)

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Lembro-me, na época, de seu esposo, Carlos Araújo, advogado trabalhista. Os dois andavam comigo. Cheguei a ser Deputado Federal num momento difícil de eleição no Senado, porque havia uma campanha muito forte em que se tinha de votar numa mulher para o Senado. Somos favoráveis a eleger sempre homens e mulheres combatentes, e a Dilma tinha de escolher entre mim e minha querida amiga, que também era candidata, Emília Fernandes. Ela teve de decidir. Aí decidiu apoiar o operário negro, o metalúrgico, e foi criticada por alguns, naquele momento. Ela disse: “Conheço a história do Paim, conheço a da Emília, ambos são excelentes candidatos, mas eu tinha de decidir”. E isso se deu numa assembléia no Cpers, onde a maioria é de professoras, é de mulheres, e ela defendeu nossa candidatura ao Senado.

Então, tenho lembranças da Dilma que só me deixam cada vez mais tranqüilo, porque, com certeza absoluta, ela vai ser uma grande Presidente. Eu dizia lá e repito aqui, para concluir, que somos da geração do Pró-Une, do Luz para Todos, do Pronaf, das quotas na universidade, do salário mínimo de US$200, do programa Bolsa-Família, do Pré-sal, da célula tronco, das energias alternativas, marcas deste Governo, em que Dilma desempenha papel fundamental. Senador Adelmir Santana, concedo-lhe o aparte.

O Sr. Adelmir Santana (DEM - DF) - Senador Paim, não vou naturalmente falar de candidaturas ou de possíveis candidaturas, mas quero falar de V. Exª. Este é um País, efetivamente, em transformação; é um País em construção; é um País jovem que permite essas mutações, como V. Exª disse, como a de um operário negro chegar à posição que V. Exª ostenta no País. Então, isso é salutar. É maravilhoso vivermos num País que permite essas mudanças, essas mutações, com tanta rapidez e com tanta freqüência! V. Exª é um exemplo vivo disso, como bem diz nessa tribuna. Eu não estava lá, mas Mão Santa já me contou do seu prestígio, da sua relação com o povo gaúcho e com o povo brasileiro, pelas bandeiras que V. Exª encampa e encampou na Câmara no passado e hoje no Senado, uma história voltada para o interesse dos menores, para a defesa das minorias. Eu queria me associar a todos os Senadores, parabenizando V. Exª, e dizer que é motivo de orgulho para nosso País essa possibilidade de mudanças sociais, dessas mutações que acontecem no Brasil. Aqui, há inúmeros exemplos - e não vou aqui também me incluir entre eles -, mas, certamente, em países já constituídos, com muitos anos de construção, provavelmente eles não ocorreriam. Então, quero dizer que isso só nos enche de orgulho. Nosso País é democrático e, hoje, permite que venhamos conquistar espaços que, antes, eram impossíveis. Parabenizo V. Exª e estou certo de que as homenagens recebidas fazem jus à sua brilhante carreira política e à sua carreira sindical de representante dos trabalhadores, hoje representando, nesta Casa federativa, o Estado do Rio Grande do Sul. Meus parabéns a V. Exª!

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Muito obrigado, Senador Adelmir Santana. V. Exª representa bem Brasília e, na minha visão, representa uma liderança considerada tanto pelos trabalhadores como pelos empresários, que também estavam lá - um setor do empresariado gaúcho - para me dar um abraço. Eu poderia lembrar aqui o Pedro Ernesto, o Coni e muitos outros que estavam lá, naquele momento, participando daquele ato.

Para concluir, Srª Presidente, quero dizer que não deixei de falar lá, porque sei que há uma onda positiva - a semeadura foi feita - de que o Brasil, um dia, poderá ter um Presidente negro. Mas lembrei a todos, com muito carinho, que não nos deveríamos esquecer de que, para eleger Barack Obama, nos Estados Unidos, na Guerra da Secessão, um dos eixos foi o fim da escravidão do povo negro. Não nos podemos esquecer de Rosa Parks, da sua luta para que brancos e negros andassem no mesmo ônibus. Não nos podemos esquecer de Malcom X, de Martin Luther King e de sua caminhada sobre Washington; ele foi assassinado por essa causa. Não nos podemos esquecer, dizia eu aqui, de Nelson Mandela, que ficou por 27 anos no cárcere. Tive a alegria de, em nome do Congresso Nacional, junto com Domingos Leoneli, com Benedita da Silva, com Carlos Alberto Caó, com João Hermann, com Edmilson Valentim, estar na África do Sul quando ele estava no cárcere. E recebi da mão de Winnie Mandela a “Carta da Liberdade” que coloquei em diversos pronunciamentos nesse fim de semana. Pude ver o quanto foi difícil, quanta gente deu a vida e tombou para que um dia Nelson Mandela virasse presidente daquele querido país, a África do Sul. Lembrei tudo isso.

Também lembrei aos meus amigos que estavam lá que, com certeza, o Brasil, depois do continente africano, é o País que tem a maior quantidade de negros. E não tenho dúvida de que vamos eleger uma mulher e de que, no futuro, como nos Estados Unidos, teremos também um presidente negro, de forma natural, aqui, na terra de Zumbi e de dois líderes gaúchos, Oliveira Silveira e Guarani Santos, e de muitos outros lutadores.

Fiz uma simbologia e lembrei-me de Garrincha, Senador Mão Santa - V. Exª acompanhou isso lá. Eu dizia que, para mim, era uma alegria ver o Garrincha driblando os adversários num mundo da alegria e chegando a fazer aqueles gols de placa. Eu dizia - e repito aqui: é claro que gostamos de samba, de carnaval e de futebol, que somos românticos, que gostamos da poesia, mas sabemos que o poder passa pelo viés político, e é pelo viés político do poder que a gente pode conquistar terra, salário, casa e saneamento básico, combater discriminações, enfim, aumentar a qualidade de vida de todo o nosso povo.

Terminei meu discurso, dizendo, Sr. Presidente, que tenho certeza de que, como as estrelas e a lua iluminam nossas noites, como o sol virá no amanhã, um dia, este País, que já teve presidentes brancos, terá uma mulher e, com certeza, um homem negro ou uma mulher negra na presidência. Citei uma música de que gosto muito: “Que homens são esses?”. O final da música é o seguinte:

Eu quero ser gente igual aos avós

Eu quero ser gente igual aos meus pais

Eu quero ser homem sem mágoas no peito

Eu quero respeito e direitos iguais

Eu quero este pampa semeando bondade.

Eu quero sonhar com homens irmãos

Eu quero meu filho sem ódio nem guerra

Eu quero esta terra ao alcance das mãos.

Com isso, fiz uma homenagem ao nosso querido César Passarinho, poeta e cantor, que faleceu. Ele cantava, como ninguém, essa canção.

No final, naturalmente, Senador Mão Santa, agradeci a todos que fizeram uso da palavra naquele evento. Agradeci ao Ministro Tarso Genro, que falou em nome do Governo Federal. Agradeci ao Presidente Olívio Dutra, do nosso Partido, que falou em nome de todos os partidos. Agradeci ao Senador Mão Santa, que está aqui, e ao Senador Sérgio Zambiasi, que falaram em nome do Senado da República. Agradeci ao Líder do Governo na Câmara dos Deputados, Deputado Henrique Fontana, que falou em nome da Câmara. Agradeci - e agradeço-lhes aqui também - a presença à Deputada Federal Maria do Rosário e aos Deputados Estaduais Fabiano, Marcon, Villaverde e Carrion.

Termino, agradecendo ainda ao Paulo Ferreira, que foi ao ato, representando a Executiva Nacional do PT, e ao Dr. José Pinto, que é meu suplente e que também estava lá. Em nome da Assembléia Legislativa do Estado, falou o seu Presidente, o meu querido amigo, o Deputado Estadual Ivar Pavan. O Prefeito Jairo Jorge, da minha querida Canoas, que recentemente foi eleito, falou em nome de todos os prefeitos gaúchos. Por fim, agradeci a todos. Agradeci às Centrais que se fizeram presentes lá, às dezoito Confederações que estavam lá, à Cobap e ao Mosap, enfim, a todas as entidades da sociedade organizada que se fizeram presentes, de forma carinhosa, naquele evento para me dar um abraço.

Agradeci ao Dante Ramon Ledesma, esse homem que só canta música de protesto. E, por fim, agradeci, de forma especial, àquela que apresentou o evento, Cláudia Quadros, e à sua banda, que me brindou com uma música de sua autoria, intitulada “Paulo Paim é possível, sim”, fazendo uma bela canção que eu deixei registrada aqui.

Agradeci muito ao grupo de pagode Doce Mistério, ao grupo Opsamba, aos Cavaleiros Lanceiros Negros, ao conjunto gauchesco de Canoas, ao Prefeito de Caçapava do Sul, ao Coronel Tiaraju e ao Macedinho, que fizeram uma trova inspirada na nossa luta ao longo desses quase sessenta anos.

Agradeço-lhe, Senador Mão Santa, esta oportunidade. Eu queria que V. Exª considerasse, na íntegra, meu pronunciamento desta tarde.

Com V. Exª na Presidência, só posso dizer: muito obrigado, Senador Mão Santa. V. Exª foi do Piauí para lá para me dar um abraço e fez, junto com o Senador Zambiasi, um belo pronunciamento. Em todos que falaram, vi uma sintonia que me foi agradável, porque muitos tinham o temor de que, naquele plenário que me abraçou, que me beijou, que me tratou com enorme carinho... Lá, vi um ato quase de protesto por eu não ser candidato a um cargo no Executivo. Todos que falaram, inclusive V. Exª, defenderam - e o plenário entendeu - a importância de eu continuar no Senado por mais um período. Por isso, em nome de todos que falaram, agradeço aqui a V. Exª.

 

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SEGUEM, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTOS DO SR. SENADOR PAULO PAIM.

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O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, fiz neste final de semana uma atividade política que teve como eixo o mês de março, quando aniversariamos eu, o ex-Senador Abdias do Nascimento e o cantor César Passarinho.

Falei lá e falo aqui:

“59 anos”

“Minha Vida, Nossas Lutas”

            Meus amigos e minhas amigas,

            Meus caros Senadores, Deputados Federais, Deputados Estaduais, Prefeitos, Vices e Secretários, Vereadores, Líderes Sindicais, Representantes dos Partidos, Representantes dos Movimentos Sociais, do CIPP, do Cantando as Diferenças, dos 19 Conselhos Políticos Regionais do Gabinete, Representantes dos movimentos dos negros, índios, estudantes, aposentados e pensionistas, pessoas com deficiência, idosos, mulheres, da juventude, lutadores pela liberdade de orientação sexual e religiosa, militantes das causas populares, enfim, faço uma saudação especial a todos.

            Quero dizer que é com muita emoção e alegria que divido este momento importante da minha vida com vocês, estou profundamente honrado por estar ao lado de tantos amigos e amigas queridos.

             Meu respeito aos poetas

            Neste espaço que é nosso, tomo a liberdade de declarar o meu amor pela poesia, pelos versos, pelas rimas e minha enorme admiração pela ousadia, rebeldia e valentia dos poetas.

            O poeta, com toda sua sensibilidade, consegue ser também provocador, apaixonante. Consegue chamar para a reflexão da razão e do coração.

            Ele nos faz viajar pelo lindo mundo das águas, por florestas e montanhas misteriosas. Nos brinda com o brilho do universo. Vai nos mostrando que defender o meio ambiente é defender a vida. É defender o ar, da poluição que fere as nossas cidades, que tira o encanto das praças que deveriam enfeitá-las.

            O poeta tem o dom de ensinar, de forma mágica, ao som das palavras transformadas em versos.

            Por tudo isso eu gostaria muito de ser um poeta, de ter a sua força, de saber falar para vocês com cumplicidade, com sentimento e emoção tudo o que se passa no meu coração e na minha alma.

            Posso dizer que essa paixão que me embriaga é muito prazerosa.

            Gostaria muito que minhas palavras soassem como notas musicais.

            Que bom seria se eu pudesse ter voz para cantar. Gostaria de transmitir, em forma de melodia, toda verdade que vai dentro do meu peito, toda verdade que carrego com amor por vocês, ao longo dessas quase seis décadas.

            Falando em cantor, lembro que César Passarinho teria completado 60 anos ontem, pois nasceu no dia 21 de março. Dia Internacional de Luta Contra o Preconceito Racial.

Ele nos deixou no dia 14 de maio de 1998. Lembro-me como se fosse hoje. A rádio Gaúcha informava a morte do cantor norte-americano Frank Sinatra. Foi então que ouvi a jornalista Ana Amélia Lemos dizer: “Quero informar a todos que no dia de hoje faleceu um cantor da mesma grandeza de Frank Sinatra: César Passarinho, o herói das Califórnias, que com sua voz emocionou multidões”.

Meus amigos, chamo ao palco Dante Ramon Ledesma e a Sra. Eva Silveira Escouto, viúva de César Passarinho, e seu filho, Sr. César Escouto Filho. Dante, cante para nós a canção com a qual César Passarinho venceu a 13ª Califórnia, em 1983, Guri.

(...) Quero gaita de oito baixos pra ver o ronco que sai

Botas feitio do Alegrete e esporas do Ibirocai

Pra que digam quando eu passe saiu igualzito ao pai

E se Deus não achar muito tanta coisa que eu pedi

Não deixe que eu me separe deste rancho onde nasci (...)

Neste momento entrego à família, em nome do Senado Federal, Voto de Aplauso e Lembrança pela vida de César Passarinho.

Que este dia seja uma homenagem a ele e àqueles cantores que durante suas vidas demonstraram às novas gerações que um novo mundo é possível.

Peço a vocês, humildemente, que aceitem meu texto e que pensem nele como algo que fiz dando o melhor de mim, como algo feito especialmente para vocês.

Fui buscar as palavras dentro do meu coração, são recordações de um passado nem tão distante, mas com um olhar no presente pensando no futuro.

Fazer aniversário é sempre um momento muito especial. Parece com um renascer, com uma enorme porta que se abre e de onde se vêem diversos caminhos.

A gente gostaria que todos eles fossem só de flores mas alguns se apresentam com espinhos. Mas, o bom é que esses espinhos nos fazem parar e olhar com cuidado para o local ferido, refletir sobre a melhor medida a ser tomada.

Tal qual os frutos, vamos amadurecendo com o tempo. O tempo, sim, o tempo, ele, e somente ele, é o senhor da verdade.

            Minha vida é isto, um misto de flores e espinhos, de semeaduras e de colheitas e também de tempestades, mas eu posso afirmar, sem dúvida, que, ao percorrer esta estrada encontrei muito mais alegrias do que tristezas.

A Infância

Foi assim desde a minha infância. A família a qual eu fui destinado foi o meu primeiro grande presente. Meu pai Ignácio, com sua sabedoria e simplicidade, minha mãe Itália, com seu carinho e dedicação, meus nove irmãos com seu companheirismo, foram um imenso abrigo seguro e confiável, onde aprendi o valor da vida, do respeito ao próximo, da luta diária, dos gestos de amor.

Na poesia desta vida lembro, ao olhar para trás, de um menino de calças curtas.

Vejo, como se fosse o repeteco de um filme, do qual sei que sou o personagem: um menino chamado Paulo Renato Paim, que aos oito anos amassava barro numa fábrica de vasos na cidade onde nasceu, Caxias do Sul.

Mais tarde esse menino passou a vender quadros e foi também marceneiro e aos dez anos foi fazer voz de gente grande na feira livre da capital, Porto Alegre.

Meus amigos e amigas, eu sabia fazer voz de gente grande, mas eu trazia um coração de menino, eu era apenas um menino, um piá. Graças à educação que recebi, consegui ficar atento ao que se passava ao meu redor, eu trazia olhos de ver e meu olhar pousava sempre sobre as pessoas. Eu me indagava se eram felizes ou não, sobre suas vidas e seus sonhos.

Então um dia, quando contava 12 anos, vi meu pai apontar ao longe na feira e corri para os braços dele. Eu sabia que corria para o futuro que me esperava, sabia que era o início de uma vida nova. Abri os braços como se estivesse a voar.

            Isso me faz lembrar de César Passarinho, em uma canção de Elton Saldanha chamada “Os Cardeais”, que diz:

            E o campo se fez casa para o canto dos cardeais “(...) Você ainda não sabe o que cabe nesta paz

            Quando a gente, abre as asas nunca mais, nunca mais (...)”

            Muito mais que ler esta belíssima letra, chamo a cantora e compositora Cláudia Quadros para interpretá-la.

E foi assim, minha gente, que segui em direção ao meu pai, que o abracei, apertei com força e ouvi as palavras que tanto desejava: - “Filho, você foi chamado para a vaga que disputou no concurso para o SENAI, em Caxias do Sul. Você agora vai voltar para junto de mim, de sua mãe e de seus irmãos”...

E desta forma eu voltei para casa e a estrada de 40 Km que percorria a pé ou de bicicleta diariamente para chegar ao SENAI foi se fazendo estrada da vida, de muito estudo e aprendizado, de consciência do mundo dos adultos.

Daí nasceu a minha paixão pelo ensino técnico profissionalizante que em 2009 completa 100 anos de existência, que fez com que apresentasse, no Congresso Nacional, o FUNDEP...

Gostaria muito que tivéssemos pelo menos uma escola técnica nas 5565 cidades do país, abrindo novos caminhos para a nossa juventude.

Depois que deixei a escola técnica fui trabalhar como metalúrgico profissional, no Eberle.

Durante a noite eu estudava e fui presidente do Grêmio do Ginásio Noturno para Trabalhadores e do Ginásio Estadual Santa Catarina. Lembro da passeata em defesa da democracia, fato que provocou minha retirada da presidência e do Ginásio pela força da ditadura da época. 

            Momentos de luta

Depois, um pouco mais velho, fui buscar emprego em Porto Alegre e mais tarde em Canoas onde decidi morar.

Foi lá que comecei a minha história sindical e partidária. A política estudantil ficou em Caxias do Sul.

Ao longo da estrada fui conhecendo as dificuldades que a maioria dos trabalhadores, dos aposentados e dos desempregados tinha que enfrentar diariamente, os direitos que eram tão esperados, mas que muitas vezes ganhavam asas apenas nos sonhos desses homens e mulheres que lutavam para sobreviver.

Eu também, como os poetas, tinha meus sonhos. Queria torná-los reais, e o maior deles era melhorar a vida de toda aquela gente. Não sabia muito bem como fazê-lo mas tinha marcado em meu coração o desejo de fazer acontecer.

E foi com esse desejo que na década de 80 fui me envolvendo cada vez mais no movimento sindical até tornar-me Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas, da Central Estadual de Trabalhadores (CET) e Secretário Geral e Vice-Presidente da CUT Nacional.

            A fundação das Centrais também foi, sem dúvida, uma experiência ímpar.

Sinto orgulho de ter sido convidado para participar dos congressos de todas as Centrais Sindicais, bem como das Confederações de Trabalhadores e Aposentados, buscando sempre a unidade na ação da classe trabalhadora.

Grandes enfrentamentos marcaram aquela época, enfrentamentos necessários e que exigiam coragem e determinação. Tive companheiros inesquecíveis nessa jornada. Muitos, muitos deles estão aqui.

Tive vivências que jamais sairão da minha memória. Por exemplo, a greve de Candiota, lá em Bagé, uma greve pela vida, onde muitos trabalhadores morriam em acidentes na obra. No final a greve foi vitoriosa e recebi um painel, feito de papelão, com o desenho de São Sebastião e mais de seis mil assinaturas registradas nele.

Abaixo, no cartaz, dizia: “Você é o nosso São Sebastião”.

Em cada flecha cravada no seu corpo estavam escritas palavras como: “salário, vida, emprego, segurança, aposentadoria, educação, saúde, habitação”, e assim por diante.

Eu guardo esse painel até hoje e cada vez que olho pra ele faço uma viagem no tempo, na certeza de que valeu a pena.

A caminhada de Canoas a Porto Alegre, para mim é inesquecível, iniciou com 5000 trabalhadores e terminou com mais de 20.000 exigindo emprego, liberdade, igualdade, justiça e o fim da ditadura.

Diziam que nós seríamos metralhados na ponte que divide Porto Alegre e Canoas e que hoje, por projeto de minha autoria, é chamada de Ponte Luiz Carlos Prestes. Não nos intimidamos, vencemos o medo e entramos pela Farrapos, com chuva de papel picado jogado dos edifícios. E os estudantes, nossos queridos estudantes, dizendo: “Abram alas para os trabalhadores passarem”. As forças armadas pararam e nós fomos para o Palácio Farroupilha.

A noite da ocupação do conjunto habitacional Guajuviras, em Canoas, foi algo memorável. Como foi bom poder dizer aos trabalhadores: “Entrem em suas casas, façam o jardim, plantem flores. Ninguém jamais os tirará daí”.

Hoje ando por lá e vejo as crianças da época, pais de família, idosos, avôs e avós, homens e mulheres que jamais esquecerão aquele momento. Lá moram, fruto deste movimento pela casa própria, milhares de pessoas.

Eu vivi cada instante daqueles intensamente e guardo na minha memória as imagens da nossa gente que cantava, embalada na música de Geraldo Vandré: “Vem vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer...”.

Era a canção da época, a canção da justiça. Faria tudo de novo, se preciso fosse.

As greves do Vale dos Sinos, na grande Porto Alegre, na região carbonífera, as mobilizações na Serra e a ocupação da fazenda Anoni em Ronda Alta são marcos desta história. Nós estávamos lá.

Num desses momentos em que a sensibilidade mexe com as entranhas da gente, com o que há de mais nobre dentro de um ser humano, foi que eu escrevi a “Carta aos Militantes”.

Foi um gesto de respeito e de admiração para com você, militante das raízes, que não esperava nada a não ser coerência por parte das lideranças que você ajudou a construir.

Dante, gostaria que você, com sua voz que também por si só já é uma poesia, declamasse essa carta para nós.

            Carta aos Militantes

Companheiros e Companheiras,

Resolvi escrever esta carta a vocês.

Para você, militante das causas populares.

Você que com sol e chuva, de panfletos na mão defende o que vai no coração.

A bandeira é a da emoção, é da razão.

Quanto mais me debruço sobre a sua história, militante,

Heróico, que está sempre à frente do seu tempo,

Mais o respeito.

Você tem um sorriso fácil, o olhar de esperança, de mudança, do sonho.

Nos momentos mais difíceis de nossas caminhadas,

demonstra sempre a garra e a sensibilidade dos grandes líderes.

Militante, você é um anônimo,

mas sem você, que seria de Che Guevara,

de Gandhi, de Zumbi, de Mandela ou Lula?

O Militante pulsa o coração do povo.

É terno, é sábio e é generoso.

É um guerreiro, é um valente.

Eu poderia ficar horas falando de você,

que luta contra os preconceitos, defendendo, com a força de um gladiador ou de um grande pensador,

os idosos, os negros, os índios, as pessoas com deficiência, as mulheres, as crianças, os desempregados, a livre orientação sexual e religiosa

os assalariados, os sem teto, os sem terra, os desgarrados, os condenados.

Parabéns a você, Militante, por tudo o que representa,

pela causa que defende.

Em tempo de guerra ou de paz, o seu amor pelo povo

nos embriaga com a energia carinhosa que paira no ar

Muito obrigado militante, meu amigo.

Nós passamos. A sua causa não, ela é eterna!

Obrigado Dante por nos emprestar sua voz neste momento tão importante, como o fez em tantos outros!

E assim, meus amigos, fui seguindo minha poesia e a cada nascer do sol, fui me tornando mais consciente.

Posso afirmar para vocês que meu coração jamais esmoreceu ao longo da minha vida estudantil, sindical e partidária, sobre se era ou não momento de parar.

Não, não era e não é! O momento é sempre de seguir adiante. Não existem direitos demais para os trabalhadores, existem sim, trabalhadores que necessitam e merecem mais direitos.

A luta da Assembléia Nacional Constituinte foi um dos momentos mais bonitos da democracia. Lá estavam vocês, lá estava eu, lá estávamos nós. Viver aquele momento foi outro dos muitos presentes que Deus reservou para mim.

Foi a minha 1ª eleição para deputado federal, do total de quatro mandatos. Fui para Brasília morar com o Lula e o Olívio, todos constituintes. O tempo passou e Olívio Dutra elegeu-se Governador do Estado, Luiz Inácio Lula da Silva tornou-se Presidente da República e eu virei Senador.

Em 2002 viajei o estado na campanha “Tarso Governador, Miguel Vice”. A companheira Emilia e eu concorríamos ao Senado.

Nas eleições de 2004/2008 percorri mais de 400 cidades gaúchas e é com muita alegria que digo: Fui muito bem recebido por todos os candidatos e Prefeitos. Vejo a presença de muitos deles aqui.

A eleição e reeleição de um operário chamado Luiz Inácio Lula da Silva para presidente do Brasil foi o grande V da vitória. Tornamos o impossível, possível. Como valeu a pena acreditarmos que poderíamos chegar lá.

            O povo gaúcho

A luta por uma vaga no Senado foi árdua, mas ela veio pela mão da maioria, com a marca da rebeldia do povo gaúcho. Povo símbolo de gente guerreira, que escreveu sua história sempre sem dobrar a espinha para o poder central.

Foi assim na Revolução Farroupilha em 1835, da qual participaram os lanceiros negros; na Marcha da Coluna Prestes entre 1925 e 1927, na Revolução de 1930 com Getulio Vargas, , na Legalidade com Leonel Brizola em 1961, na vida e no exílio do Presidente João Goulart por causa do Golpe de 64 e, aqui vale mais um parêntese para lembrar César Passarinho em “Canto Livre” onde ele diz: “de que me adianta um par de asas, se falta o céu para voar?”

Esta gente enfrenta os desafios, ama com intensidade, se lança ao encontro daquilo que acredita, sabe transformar sonhos em realidade, quer seja na ponta da lança ou com a força dos argumentos que marcaram a nossa história.

A vida desse povo pode ser contada em versos e poesias. Deus sabe dos nossos entreveros com conquistas e derrotas. Mas, sabe também, do nosso amor às causas pelas quais peleamos.

Queremos um Rio Grande forte e independente. Queremos o Rio Grande idealizado pelos nossos antepassados. Queremos um Rio Grande com lenços vermelhos e brancos entrelaçados.

Queremos um Rio Grande com a força de seu povo tendo o destaque que ele deve ter no cenário nacional. Queremos um Rio Grande que valorize os empreendedores mas também os trabalhadores.

Não queremos que ninguém reprima a liberdade de expressão e de ação dos movimentos sociais no Rio Grande do Sul, como acontece atualmente. Ditadura nunca mais! Nunca mais!

Queremos um Rio Grande onde os atos de corrupção não sejam soprados pelo minuano como vergonha nacional.

Queremos um Pacto Federativo com responsabilidade social. Os estados e municípios tem que ter mais recursos, mas aumentando os compromissos, construindo agendas sociais focadas na melhoria de vida e bem estar da população com o devido corte das diferenças.

Queremos um Rio Grande unido onde prevaleça a solidariedade e a fraternidade entre todos. Vamos caminhar juntos!

Um dia, ao falar sobre estes gestos e o significado deles para mim, um amigo muito querido me disse “são gestos nobres que vieram das mãos daqueles que nasceram plebeus mas que, mais do que os reis, souberam ser generosos e abrir os ouvidos ao clamor de sua gente.”

Disse a ele que todas essas pessoas com as quais tenho me entrincheirado, numa luta permanente, são a razão do meu viver.

            Meus familiares

Meus amigos, gostaria de agradecer aos meus familiares, que são a extensão da minha vida, alegria dos meus dias, corações entrelaçados diretamente ao meu coração apesar da distância física, fruto desta minha vida.

Muitas foram as vezes em que eu tive que pedir a eles que tivessem compreensão se eu não me fazia mais presente em suas vidas. Eles sempre compreenderam e me apoiaram, reafirmando o amor que nos une.

A eles, neste momento, não peço perdão porque faria tudo de novo, mas agradeço pelo apoio e creiam: dei a todos o melhor que podia dar.

Numa assembléia dos metalúrgicos, por exemplo, em plena greve um de meus filhos estava nascendo e eu pedi ao secretário geral do sindicato que fosse ao hospital ver se estava tudo bem.

Eu ficaria no piquete, pois julgava que meu filho não era melhor que o filho dos meus companheiros. Muitas crianças choravam pela distância de suas mães e pais que estavam ali, comigo.

Outro momento foi quando uma de minhas filhas fazia quinze anos. A festa foi na Sede do Sindicato. Ela me esperava na porta. Eu estava negociando com os empregadores e empregados motoristas a greve em Porto Alegre. Falei aos negociadores que estavam na mesa: “Me dêem uma hora, vou a Canoas dançar a valsa dos 15 anos com minha filha e volto. Todos, em silêncio, se levantaram. Eu fui, ela estava aos prantos, dancei a valsa com ela e seus olhos brilharam como se tivesse ganho um presente.

Voltei em uma hora. A negociação avançou e terminou com um acordo. 

Minha mãe, já fraquinha, com mais de 80 anos, me dizia: “vai em frente Renato. Quero te ver senador antes de me encontrar lá no céu com teu pai, o meu Ignácio.

Dito e feito. Hoje ela está lá com certeza cavalgando ao lado do seu herói, o domador de cavalos, Ignácio Paim, meu pai.

Em outra ocasião o meu irmão mais velho, Ariovaldo Paim, que chamávamos de Bolo, faleceu. No dia do enterro o salário mínimo estava sendo votado no Plenário do Senado. Não vim ao Rio Grande do Sul. Fiquei no Senado, defendi e aprovamos o novo salário mínimo, ultrapassando a barreira dos U$ 100 dólares. Hoje ele é de U$ 200 dólares.

E disse: “Tenho certeza que lá do céu os meus irmãos Bolo e Marlene, estão felizes por esta conquista dos trabalhadores” Meus irmãos todos ficaram solidários e disseram: “Renato, nós entendemos, esta é a sua vida” Nos reunimos na Missa de 7º dia com muita saudade no peito, muito choro, mas todos cientes do dever cumprido.

“Desculpe Bolo”, que Deus ilumine vocês cada vez mais!

A carta que recebi de uma das minhas filhas, traduz a falta que fiz em momentos em que ela mais precisava. Ela escreveu que a chuva batia na janela. Ela ouvia os trovões e via os raios.

Chorando de saudade e de medo ficava esperando que eu chegasse, mas eu não chegava. Estava em passeatas, greves e reuniões. Sinto muito filhos, por não ter estado mais presente. Quando percebi vocês já eram adultos.

Mas, a verdade é que, meus amigos e minhas amigas, eu sinto essa grande necessidade de estar com o povo, essa é a minha poesia. É esse sentimento, que nasceu comigo, que me toma por completo, que me faz defender os ideais que me acompanham vida afora.

Ideais que me dão força até mesmo de votar somente com a minha consciência, fruto da vida de vocês.

            Foram 1436 projetos...

Pelos projetos que apresentei e as idéias que defendo lá no Congresso Nacional, muitos dizem que eu sou o último dos Moicanos. Nunca me esqueço de um artigo do Senador e Vice-Governador do Ceará, Beni Veras, publicado na década de 90, cujo título era “a luta de um homem só”

Era um texto onde ele falava como se eu fosse um Dom Quixote. Dizia: “lá vai ele sozinho, mas não se deixa abater, pois está numa luta que exige determinação e coragem”

Falando em artigos, lembro-me do artigo do escritor e historiador Décio de Freitas, já falecido, cujo título era: “Um Zumbi no Senado”, uma das análises mais lindas do nosso trabalho.

Na verdade, todos os projetos que apresentei nasceram de um olhar atento à minha gente e se transformaram em idéias colocadas no papel, como se estivessem fecundando a terra, na esperança da colheita.

Foi assim com o Estatuto do Idoso, O Estatuto das Pessoas com Deficiência, o Estatuto do Motorista, o Estatuto da Igualdade Racial, o centro de referência em todas as comunidades quilombolas (Quilombos do amanhã), a campanha nacional Preconceito e Discriminação Zero “o alvorecer de uma nova consciência”, o Ensino Técnico (FUNDEP), o Salário Mínimo, o reajuste integral para aposentados e pensionistas, a recuperação das perdas sofridas em seus proventos, o fim do Fator Previdenciário, investimentos na saúde, o projeto que proíbe o uso de gorduras trans, postos de trabalho, fim do voto secreto, a PEC que proíbe que os recursos da Seguridade sejam usados para outros fins, a punição para os crimes de colarinho branco com o confisco dos bens, o ensino gratuito, casa própria, terra, o FAT Rural que beneficia os trabalhadores e trabalhadoras rurais, a participação dos trabalhadores nos lucros, a estabilidade para todos os sindicalistas.

O mesmo aconteceu com a ampliação do seguro desemprego, combate a todos os preconceitos, o projeto da Senadora Patrícia Saboya que amplia a licença maternidade para seis meses e que eu tive a alegria de ser o relator e de estender esse direito também para as servidoras públicas, e tantos outros.

O Estatuto do Idoso já é Lei. Foi aprovado em 2003. Com certeza ele trouxe benefícios imediatos para mais de 25 milhões de brasileiros.

O Estatuto da Pessoa Com Deficiência já aprovei no Senado no ano de 2008. Está pronto para votação na Câmara. Ele trará benefícios para cerca de 30 milhões de pessoas.

O Fórum Social Mundial realizado recentemente, no Pará, aprovou Moção exigindo a aprovação deste projeto até dia 21 de setembro, Dia Nacional de Luta da Pessoa Com Deficiência. Esse dia foi transformado em Lei, de minha autoria, e fiz isto inspirado na primavera, pois ela começa em setembro. Não tem estação mais bonita do que essa.

Um projeto importantíssimo. Costumo dizer que a natureza respeita as diferenças. Precisamos fazer o mesmo, destacamos o projeto Cantando as Diferenças.

O Estatuto do Motorista, além de garantir aposentadoria especial a todo trabalhador do volante, limita a carga horária em defesa da vida.

Eu que sou um apaixonado pela natureza não poderia deixar de destacar duas iniciativas que tomei neste sentido. A primeira visa assegurar que os três Poderes, União, Estados e Municípios só utilizem papel reciclado.

A outra incentiva todos a investir cada vez mais no Emprego Verde. Ela gerará trabalho e ao mesmo tempo promoverá a defesa do meio ambiente.

Meus amigos, esses projetos acalentam o nosso sonho de construir um mundo melhor para todos. Esta é a causa que embala a vida dos poetas. Martin Luther King, que para mim também era um poeta, disse: “Um homem que não descobriu uma causa pela qual ele poderia morrer não entendeu o sentido da vida”

A vida, meus amigos, é uma poesia e ela brota das nossas intenções, das nossas veias, da nossa verdade, dos nossos sentimentos.

Viver em perfeita harmonia uns com os outros, viver fazendo da nossa poesia uma luz que reflita ânimo, coragem, alegria, destemor, caridade, solidariedade é o que cabe a cada um de nós.

Querer que todos tenham uma vida digna faz parte desta poesia. Não posso entender um mundo onde poucos tem tanto e tantos, não tem quase nada.

Alguns não aceitam este meu jeito rebelde de ser. Eu sempre digo: “tudo bem, é preciso respeitar o direito deles pensarem diferente” Mas eu vou continuar lutando!

            A crise - Preconceitos

Neste momento estamos em meio a uma crise econômica mundial. Uma crise que ninguém pode negar. Os salários estão arrochados. Os bancos não querem abrir mão de seus lucros.

Tenho esperança que a crise pode passar. As medidas fiscais e financeiras devem ser ousadas, capazes de reverter as expectativas adversas e frear a evolução desse ciclo recessivo.

É preciso também diminuir o lucro dos bancos, um lucro abusivo, o maior de todos os tempos.

A taxa de juros no Brasil é uma verdadeira agiotagem.

Há poucos meses, quando os lucros eram exorbitantes os banqueiros só sorriam. Agora, durante a crise, querem manter estes mesmos lucros mandando a conta para a população.

Esta minha posição dura, em defesa do nosso povo e contra os juros bancários, talvez tenha tudo a ver com a data do meu aniversário, 15 de março, Dia Mundial em Defesa do Consumidor.

Devemos sim, é garantir o fim do fator previdenciário, a reposição das perdas dos aposentados e que seja estendido a todos, o mesmo percentual de reajuste dado ao salário mínimo. Tão importante para mim, quanto foi fazer greve de fome na Câmara dos Deputados exigindo o reajuste do salário mínimo, que por sinal conseguimos, foi fazer, no Senado da República, uma vigília de três noites para que os projetos em favor dos aposentados e pensionistas fossem votados por unanimidade.

Os três projetos já foram aprovados no Senado e aguardamos que a Câmara dos Deputados faça a sua parte.

Meus amigos, eu sei que a batalha em defesa dos trabalhadores e aposentados é uma guerra, é uma luta desigual de Davi contra Golias, mas creiam, tal qual a história, nós venceremos. Nós que combatemos tanto todas as discriminações lembramos aqui do Estatuto da Igualdade Racial.

Ele é aguardado com ansiedade por todas as pessoas de bem do nosso País. Vocês sabem que o Brasil foi a última nação a abolir a escravidão. Nós temos uma dívida para com os negros.

O Estatuto é a verdadeira carta da liberdade e de direitos que não veio em 13 de maio de 1888. Precisamos colocar esse instrumento de direitos ao alcance da nossa população que já sofreu demais.

            Neste momento voltamos ao meu querido César Passarinho para ouvirmos na voz de Dante Ramon Ledesma, “Negro de 35”, de autoria de J Rufino Aguiar e Clovis Souza,

            Negro de 35

            A negritude trazia a marca da escravidão

Quem tinha a pele polianga vivia na escuridão

Desgarrado e acorrentado, sem ter direto a razão

Castrado de seus direitos não tinha casta nem grei

Nos idos de trinta e cinco, quando o caudilho era o rei

E o branco determinava, fazia e ditava a lei

Apesar de racional, vivia o negro na encerra

E adagas furavam palas, ensangüentando esta terra

Da solidão das senzalas tiraram o negro pra guerra

(Peleia, negro, peleia pela tua independência

Semeia, negro, semeia teus direitos na querência)

Deixar o trabalho escravo, seguir destino campeiro

As promessas de igualdade aos filhos no cativeiro

E buscando liberdade o negro se fez guerreiro

O tempo nas suas andanças viajou nas asas do vento

Fez-se a paz, voltou a confiança, renovaram pensamentos

A razão venceu a lança e apagou ressentimentos

Veio a lei Afonso Arinos cultivando outras verdades

Trouxe a semente do amor para uma safra de igualdade

Porque o amor não tem cor, sem cor é a fraternidade

(Peleia, negro, peleia com as armas da inteligência

Semeia, negro, semeia teus direitos na querência)

Esta música que ouvimos e que fala em liberdade, direitos iguais e combate aos preconceitos, passa pela reforma tributária, porque quem paga tributo neste país são os mais pobres, são os trabalhadores.

Reforma Tributária sim, queremos, mas não com o nosso povo pagando a conta. Reforma Tributária, sim, mas não retirando os recursos da Seguridade Social que podem inviabilizar a saúde, a assistência e a previdência.

Também me preocupa muito o desemprego que avança em todas as regiões do país. As micro e pequenas empresas cumprem um papel fundamental na geração de postos de trabalho, por isso entendo que o BNDES, como papel de banco de fomento, deve focar seu olhar muito mais para este setor.

Apresentei em 2008 o PLS 376, que Institui o Fundo de Financiamento para Micro, Pequenas e Médias Empresas - FFMPME.

No mundo inteiro, as micros, pequenas e médias empresas são as principais responsáveis pela criação de empregos, bem como têm importante papel na sustentação da demanda agregada, na introdução de inovações mercadológicas e na geração de renda.

Se queremos combater as demissões e a concentração de renda vamos reduzir a jornada de trabalho, sem redução de salários. Apresentei projeto que cria incentivo fiscal no âmbito do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica. A empresa que reduzir a jornada e não reduzir os salários poderá deduzir este gasto com impostos a pagar.

Nós podemos vencer a crise. Temos que nos unir e enfrentar as adversidades oferecendo nossas idéias para ultrapassar esse momento.

            Eleições 2010

Minha gente, nós somos de uma geração que aprendeu a respeitar Gandhi, Nelson Mandela, Barack Obama, o operário nordestino presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva.

Somos da geração de Chico Mendes, de Adão Preto, de Marina Silva, de Abdias do Nascimento que completou, este mês, 95 anos de idade.

Somos da geração que viu um índio chegar à Presidência da Bolívia, Evo Morales e as mulheres chegarem ao poder no Chile, na Argentina e na Itália.

Somos da geração que também poderá ver uma mulher presidente no nosso País.

Essa mulher pode ser Dilma Rousseff, combatente, de caráter, que foi torturada durante a ditadura militar e que hoje, pela sua competência e militância é a indicada pelo PT e pelo Presidente Lula para ser a 1ª mulher Presidente da República do Brasil.

Recordo da Dilma nos momentos difíceis em que ela me ajudou a ser presidente do Sindicato, a ser Deputado Federal e Senador.

Ela é firme como são os Líderes, mas jamais perdeu a ternura.

A Dilma me faz lembrar que somos da geração ProUni, Luz para Todos, Pronaf, Cotas nas Universidades, Bolsa Família, Pré-Sal, células tronco e tantas outras iniciativas que são marcas do nosso Governo.

Meus amigos e minhas amigas, com certeza estaremos juntos em 2010, elegendo os nossos deputados federais, estaduais e um governador comprometido com a nossa gente. O Senado, creio eu, deverá ser, com o apoio de vocês, o meu campo de batalha. Somaremos todas as nossas forças para reeleger o nosso projeto nacional. VAMOS PARA O TRI!

            Um Presidente negro

Quero dizer para vocês que as causas dos movimentos sociais estão acima de siglas partidárias e dos nomes. Para mim vocês são os sujeitos da história. Vocês são os meus heróis.

A nossa geração viu um homem negro, Barack Obama, ser eleito Presidente dos Estados Unidos. Mas, não esqueçamos que lá, um dos pivôs que levou à Guerra da Secessão foi a escravidão. Não esqueçamos das ações afirmativas, não esqueçamos da Marcha sobre Washington pelos direitos civis, não esqueçamos da professora Rosa Parks e sua resistência...

Não esqueçamos de Malcolm X, de Martin Luther King e, tantos outros que deram a sua vida para que esse momento acontecesse.

Já passei pelos cinco continentes, Europa, África, Ásia, América e Oceania. E afirmo com certeza, nós somos a maioria da população negra fora do continente africano.

Estive na África do Sul, em 1990, com Benedita da Silva, Carlos Alberto Caó, Edmilson Valentim, Domingos Leoneli, João Hermann, exigindo em nome do povo brasileiro, a liberdade de Nelson Mandela. Foi quando li a “Carta da Liberdade” que me foi entregue por Winnie Mandela. Posso afirmar: foi o momento, talvez, mais bonito da minha vida. Naquele mesmo ano Mandela foi libertado.

Lembro a todos que Mandela passou 27 anos no cárcere combatendo o apartheid na África do Sul. Não devemos esquecer dos milhares de heróis anônimos que tombaram em nome da liberdade até elegê-lo Presidente.

O momento de eleger um Presidente negro na América Latina, virá.

Será no Brasil.

Será aqui na terra de Zumbi, de Oliveira Silveira e Guarani Santos. Lutadores pela liberdade e igualdade, que estarão sempre entre nós.

Nós veremos a verdade e a vontade popular serem vitoriosas. Não sei como e quando. Só sei que vai acontecer.

Me vem à mente, neste momento a ousadia e a coragem de um Garrincha driblando com alegria os seus adversários. Mostrando que gostamos sim de futebol, de samba, de carnaval.

Somos românticos, somos poetas, mas somos também agentes políticos e sabemos que política é Poder e esse Poder pode levar à nossa gente saúde, educação, segurança, emprego, salário decente, casa própria, direito à terra, saneamento básico, políticas de combate à fome, à miséria, à discriminação, enfim cidadania e qualidade de vida.

Avançaremos com o nosso time, pelos campos, pelas estradas, pelos estádios, praças e palcos, conquistando os aplausos e votos de todos, negros, brancos e índios. Nesse dia elegeremos um negro Presidente. Faremos com certeza, um gol de placa.

Parabéns a todos que estão construindo essa proposta. Ela está viva, caminhando com certeza a passos largos para o futuro.

O gesto de vocês marcará para sempre o coração da nossa gente. Não importa o que aconteça, o importante é a certeza de que o sol virá no amanhã, como a lua e as estrelas virão iluminar nossas noites.

Meus abraços a estes guerreiros e guerreiras que tiveram a mesma ousadia de Zumbi na resistência, no Quilombo dos Palmares.

Meus amigos e amigas queridos, no ano que vem vou completar 60 anos. Aprendi desde guri que os olhos tem que mirar o horizonte e não os próprios pés. Para os homens livres o céu é o limite.

Enxergo, com meu coração ansioso por paz, por amor à natureza, por dedicação as pessoas, um futuro glorioso onde homens, mulheres, crianças vivam o presente em perfeita harmonia, em perfeito sentir a vida, em desejo de fazer o bem, de plantar a semente que pode gerar os sonhos de cada um quando sonhados pelo bem de todos.

O horizonte que se agiganta a nossa frente é uma estrada que espera ser trilhada com firmeza, por corações iluminados, com boa vontade e com fé.

Fé em Deus, fé em todas as possibilidades que o Criador colocou em cada um de nós, fé na união que nos levará a seguir adiante com esse projeto que é a razão de nossas vidas.

Que Deus nos ajude a continuar dizendo SIM para nossa gente para que a vida de cada ser humano possa ser escrita com lindos versos. Versos que somados uns aos outros formem a mais linda poesia. Uma poesia chamada AMOR.

            Até logo... até breve... 60 anos

Tenham certeza de que foi uma honra falar para vocês, nesta tarde, sobre alguns momentos da minha vida.

Quero lhe dizer...

Obrigado pelo seu abraço, obrigado por ter estendido sua mão pra mim e ter aceito a minha. Obrigado por ter escutado o que eu tinha para lhe dizer e por ter me deixado compartilhar com você os meus andares!

Vida longa ao povo gaúcho!

Viva o Brasil!

Que o caminho e a vida dos poetas façam com que a gente encontre o caminho da igualdade e da paz!

Vida eterna aos lanceiros, negros e brancos, que morreram lutando pelo solo gaúcho!

Vida eterna a todos cantores, trovadores, compositores, poetas, nativistas e militantes do passado e do presente que fizeram da sua voz instrumento de busca da liberdade e da justiça.

Vida eterna à história desses homens e mulheres cujas vidas e canções me inspiraram ao fazer este pronunciamento.

Eu só posso dizer obrigado. Como é bom saber que no mundo existem pessoas iguais a vocês.

Muito obrigado, César Passarinho! Sua voz e suas canções são eternas! Sim, eternas!

Termino com a canção “Que homens são esses”, escrita por Francisco Castilhos e Carlos Moacir. Que ela seja como uma oração em homenagem ao grande e inesquecível intérprete desta letra, o negro, César Passarinho.

Vamos cantá-la juntos. Convido a você, Dante Ramon Ledesma e você Claudinha para serem os maestros dessa música, que é um hino dos homens e mulheres livres... livres... livres...

Que Homens São Esses

            Que homens são esses

            Que fogem a luta

            Será que não sabem as glórias do pago

            Que homens são esses que nada respondem, que calam verdades, que reprimem afagos

            Que homens são esses que trazem nas mãos o freio, o cabresto, a rédea e o bucal

            Que homens são esses que tem o dever de fazer o bem, mas só fazem o mal

            Eu quero ser gente igual aos avós

            Eu quero ser gente igual aos meus pais

            Eu quero ser homem sem mágoas no peito

            Eu quero respeito e direitos iguais

            Eu quero este pampa semeando bondade

            Eu quero sonhar com homens irmãos

            Eu quero meu filho sem ódio nem guerra

            Eu quero esta terra ao alcance das mãos

            Que sejam mais justos os homens de agora

            Que cantem cantigas, antigas e puras

            Relembrem figuras sem nada temer

            Procurem um mundo de paz na planura

            E encontrem na luta, na força e na raça

            Um novo caminho no alvorecer

            Desperta meu povo do ventre de outrora

            Onde marcas presentes não são cicatrizes

            Desperta meu povo liberta teu grito

            Num brado mais forte que as próprias raízes

            Eu quero ser gente igual aos avós

            Eu quero ser gente igual aos meus pais

            Eu quero ser homem sem mágoas no peito

            Eu quero respeito e direitos iguais

            Eu quero este pampa semeando bondade

            Eu quero sonhar com homens irmãos

            Eu quero meu filho sem ódio nem guerra

            Eu quero esta terra ao alcance das mãos

            Vida eterna a você, César Passarinho!

            Vida eterna a todos vocês, militantes das causas populares.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria de registrar que estiveram presentes neste evento, neste almoço, cerca de três mil pessoas, onde cada um pagou a sua!

            Quero de público agradecer a todos que prestigiaram este evento. Agradeço ao Ministro da Justiça, Tarso Genro que falou em nome do Governo Federal, ao Presidente do Partido dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul, Olívio Dutra que falou em nome de todos os partidos lá representados, uma vez que foi um evento suprapartidário e intersindical.

            Fizeram o uso da palavra os Senadores Mão Santa e Sergio Zambiasi, que falaram em nome do Senado da República.

            O Líder do Governo na Câmara dos Deputados, Deputado Federal Henrique Fontana, falou em nome daquela Casa.

            Agradeço também a presença da Deputada Federal, Maria do Rosário, dos Deputados Estaduais Fabiano, Marcon, Villaverde e Raul Carrion.

            Recebi com satisfação também, os cumprimentos, naquele momento, de Paulo Ferreira, representando a Executiva Nacional do PT e do Dr. José Pinto da Mota Filho, meu suplente ao Senado.

            Em nome da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul fez uso da palavra o seu Presidente, Deputado Estadual Ivar Pavan.

            O Prefeito Jairo Jorge, recém eleito em Canoas, pronunciou-se em nome dos Prefeitos gaúchos. Agradeço pois estiveram lá dezenas de Prefeitos e Vereadores.

            Enfim, como não posso citar todas as autoridades lá presentes, fica o meu carinho a todos que deram sua contribuição nesta data tão simbólica.

            Quero agradecer a todos os oradores que usaram da palavra e enalteceram nosso trabalho como Senador e disseram que trabalharão muito para que em 2010 a nossa reeleição aconteça a fim de continuar esta obra que é de todos nós aqui no Senado da República.

            Agradeço muito à Casa do Gaúcho, local onde aconteceu o evento.

            E também à COBAP, MOSAP, às Centrais, Confederações, Sindicatos, Associações de Servidores e dezenas de setores organizados da sociedade.

            Meu agradecimento especial à família do cantor e compositor César Passarinho e às delegações que vieram do interior do Rio Grande do Sul e de outros estados. 

            Agradeço ao cantor Dante Ramon Ledesma, pelas músicas que interpretou.

            Agradeço ao grupo de pagode Doce Mistério, ao grupo OP Samba, aos Cavaleiros Lanceiros Negros, ao conjunto gauchesco de Canoas, ao Prefeito de Caçapava do Sul, Coronel Tiaraju e Macedinho que o acompanhou em uma trova que fizeram para mim.

            Agradeço muito à cantora, compositora e apresentadora do evento, Cláudia Quadros e sua banda, que me brindou com uma música de sua autoria e de Edivaldo Guterres, que fala do nosso trabalho aqui no Senado.

            Ela chamou a música de:

             “COM PAULO PAIM É POSSÍVEL SIM!”

            UM HOMEM COMO TODOS NÓS

            QUE FEZ OUVIR A SUA VOZ

            NA LUTA CONTRA TODOS OS PRECONCEITOS

            FAZENDO VALER NOSSOS DIREITOS

IDOSOS, NEGROS, BRANCOS, ÍNDIOS, MULHERES E DEFICIENTES

            REPRESENTAS A LUTA DE UM POVO

            NO SENADO OU ENTRE A GENTE

            SEMPRE A LUTAR POR UM PAÍS DIFERENTE

            REFRÃO

            PARABÉNS QUERIDO COMPANHEIRO

            TEUS SONHOS SÃO TAMBÉM NOSSOS SONHOS

            E JUNTOS REALIZAREMOS

            CONSTRUIR UM BRASIL MELHOR

            ONDE A VERDADE SEMPRE PREVALEÇA

            É O QUE TODOS NÓS QUEREMOS

            COM PAIM, SIM, "NÓS VENCEREMOS"!

Era o que tinha a dizer.

            Apêndice: O hoje Senador, Paulo Paim nasceu em Caxias do Sul, no dia 15 de março de 1950. Foi eleito deputado federal por quatro mandatos. É filho de Ignácio Paim e Itália Paim. Ambos ganhavam um salário mínimo e criaram dez filhos. Dois de seus irmãos já são falecidos, Ariovaldo Alves Paim (o Bolo) e Marlene Paim de Lima.

            César Passarinho nasceu em 21 de março de 1949, na cidade de Uruguaiana. Era o cantor símbolo da Califórnia da Canção, o músico da pilcha. César Scoutt era chamado de Passarinho, uma referência ao pai, que tinha a alcunha de gurrião (pardal). O filho do pássaro se transformou em passarinho. Só em Uruguaiana ganhou quatro Calhandras de Ouro e conquistou sete prêmios de melhor intérprete. Lançou seis LPs e se preparava para o sétimo. Faleceu em 14 de maio de 1998.

            Abdias do Nascimento nasceu em 14 de março de 1914, na cidade de Franca. É poeta, ativista do Movimento Negro, ator (criou em 1944 o Teatro Experimental do Negro) e escultor. Foi deputado federal de 1983 a 1987, e senador da República de 1997 a 1999. Colaborou fortemente para a criação do Movimento Negro Unificado. Recebeu o título de Doutor “Honoris Causa” da Universidade de Brasília. Foi Professor Benemérito da Universidade do Estado de Nova York e doutor "Honoris Causa" pelo Estado do Rio de Janeiro.

 

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, na sexta-feira passada, eu participei de um ato público, na cidade de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, em favor dos direitos dos aposentados e pensionistas deste país. Foi uma verdadeira aula de cidadania. 

O evento foi organizado pela Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap), sendo o seu presidente, o Sr. Warley Martins Gonçalves; pela Federação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas/RS (Fetapergs), que tem como presidente o Sr. Osvaldo Fauerharmel; e também pela Associação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas de São Leopoldo (Atapen-SL), sendo o seu presidente, o Sr. Erlon Caetano Pinheiro de Souza.

Sr. Presidente, 40 caravanas do interior do estado se fizeram presentes no ato. Mais de 5 mil aposentados e pensionistas exigiram a aprovação de três projetos de nossa autoria e que beneficiam a categoria.

            São eles: o que recompõe as perdas salariais (PL 4434/08), o que acaba com o famigerado fator previdenciário (PL 3299/08) e o que concede às aposentadorias e pensões o mesmo percentual de reajuste dado ao mínimo (PL 1/07).

Esses projetos já foram aprovados pelo Senado Federal e, atualmente, tramitam na Câmara dos Deputados. Recentemente, o presidente Michel Temer, afirmou que, assim que a pauta for destrancada, os três projetos serão votados.

No mesmo dia, outros estados realizaram também atos públicos pedindo que a Câmara dos Deputados aprove os projetos. Como exemplo, cito Santa Catarina, Rio de Janeiro e Pernambuco. Da mesma forma, a Cobap e as federações estaduais deram total apoio.

Era o que tinha a dizer.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/03/2009 - Página 6115