Discurso durante a 38ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Em defesa das acusações divulgadas pela imprensa a respeito de assessor de S.Exa. Comentário sobre pesquisa que atesta a queda de popularidade do Presidente Lula.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Em defesa das acusações divulgadas pela imprensa a respeito de assessor de S.Exa. Comentário sobre pesquisa que atesta a queda de popularidade do Presidente Lula.
Aparteantes
Cícero Lucena, Geraldo Mesquita Júnior, Papaléo Paes, Valter Pereira.
Publicação
Publicação no DSF de 31/03/2009 - Página 7383
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • COMENTARIO, PERDA, AVALIAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, PREVISÃO, ORADOR, CONTINUAÇÃO, SITUAÇÃO, REGISTRO, ANTERIORIDADE, AVISO, ERRO, POLITICA SOCIO ECONOMICA.
  • REGISTRO, DIVULGAÇÃO, IMPRENSA, IRREGULARIDADE, ASSESSOR, GABINETE, ORADOR, ILEGALIDADE, ESCUTA TELEFONICA, TENTATIVA, INTIMIDAÇÃO, EXERCICIO, OPOSIÇÃO, GOVERNO, PREJUIZO, REPUTAÇÃO, SENADO, SUGESTÃO, ABERTURA, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), ESCLARECIMENTOS, ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
  • CRITICA, PROGRAMA ASSISTENCIAL, OBSTACULO, PLANEJAMENTO FAMILIAR, SIMULTANEIDADE, GOVERNO, FAVORECIMENTO, BANCOS, REDUÇÃO, RECEITA, FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICIPIOS (FPM), PREFEITURA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Senador Valter Pereira, que preside esta sessão do Senado da República nesta segunda-feira, iniciada às quatorze horas, Parlamentares presentes na Casa, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo Sistema de Comunicação do Senado, Agorinha, os radialistas, os jornalistas, os repórteres estavam nos perguntando, Geraldo Mesquita, sobre a pesquisa do Sensus. Cícero Lucena, eu disse que sou autoridade mesmo nesse negócio. Disseram que o Presidente caiu dez pontos, e eu vim ocupar a tribuna. Eu disse que sou autoridade mesmo nisso aí. Cícero Lucena, V. Exª é engenheiro, né? Olhe, eu conheço freio em bicicleta. Tem, não tem? Em moto, em trem, em avião. Carroça tem, carro de boi tem freio, homem tem freio, que a mulher bota - a Adalgisa bota o freio em mim, senão... -, mas em queda política não conheço, não. Começa a cair e cai, cai, cai, cai. Então, cai, cai, cai.

Eu avisava aqui, eu avisei. E o Senado é para isso. Eu cumpro a minha missão, Geraldo Mesquita. Por isso, estamos aqui. Aí, começa a querer responsabilizar. Aí, botam - é bom, quero sair é na Time Life, na Veja, um retrato - que tinha um diretor de segurança no meu gabinete e não sei o quê, que pegaram um telefonema de um assessor meu pedindo dinheiro. Eles pensam que vão nos intimidar. Geraldo Mesquita, a minha vida é limpa. Tenho 66 anos. Quero agora, meninos... Não vão me amendrontar, não!

O atual prefeito da minha cidade foi meu Secretário, mas não é do meu partido, ganhou as eleições... Eu peço uma CPI na Câmara Municipal da minha cidade, onde fui Secretário de Saúde, onde eu fui prefeito. Eu peço à Assembléia do Estado do Piauí, onde o Governador do PT tem domínio, uma CPI sobre a minha vida. Eu peço.

Geraldo Mesquita, V. Exª que sabe Direito, eu vou pedir para eu mesmo assinar. Você me dá o formulário. Essa palhaçada... Pensam que só porque nós somos firmes, fazemos oposição... Mas, Luiz Inácio, como Rui Barbosa fez, e está ali respeitado, reverenciado. Agora, somos pais da pátria. Daí a razão do Senado. Eu disse que iria ter esse problema na economia.

Outro dia o Professor Cristovam disse: O Mão Santa, médico-cirurgião, já previu há mais de ano isso aí.

Abraham Lincoln já dizia: Não baseie sua prosperidade com dinheiro emprestado. Nós, eu adverti o Luiz Inácio, esse negócio de dizer que veio de fora para dentro? Não. A culpa foi aqui. Assuma. Lá teve o problema deles lá. Os americanos, os banqueiros, fizeram altos investimentos em residências luxuosas. Eles eram ricos, em residências, mas nós fizemos os mesmos erros aqui, Luiz Inácio. Aqueles empréstimos consignados aos velhinhos? Eu adverti aqui para aquilo.

Enganaram os velhos. Exauriram os velhos. Está tudo no dinheiro... Fizeram um contrato, Geraldo Mesquita, com umas letrinhas pequenas. Os idosos ou têm catarata, ou tem vista cansada. Foram iludidos, e estão descontando dos velhinhos 40%. Eu disse.

Sou preparado mesmo. Estudei. Sou médico e tenho gestão pública na Fundação Getúlio Vargas. Senador Cícero...

Olha, como é que podia dar certo? Eu disse aqui, Geraldo, que esse negócio de tirar um carro em dez anos... Isso é loucura, Luiz Inácio! Eu disse. Dez anos? Em seis anos me formei em Medicina e foi útil e bom. Tenho 42 anos de médico. Dez anos? Paim, esse negócio de preto, de escravo, acabou. A princesa Isabel resolveu. A escravatura da vida moderna é a dívida. Um governo irresponsável desse que coloca um sujeito para retirar um carro por R$300... Eu disse isso aqui. Está gravado.

Então, o Governo errou. Tem que ter austeridade. Tem que gastar menos. Tem que economizar. Fui Prefeitinho. Fui Governador. Eu disse. Está aí o rolo. Dizer que isso é... Não!

Agora, do nosso Presidente, por onde ando, dizem - ouviu, Suplicy: “É o pai dos pobres”. Eu ouço. Sou verdadeiro.

Os pobres dizem. Mas eu disse que sou contra. Eu sou é preparado mesmo, e não é pouco não, é muito! Eu estudei muito! Que diabo é isso?

Então, olha, a maior imoralidade que eu adverti, ô Cícero Lucena... Todo mundo civilizado fala em planejamento familiar; todo mundo civilizado fala em paternidade e em maternidade responsáveis. Isto é o que eu acho que é o pior: um governo na contramão da civilização. Eu sou médico, fiz planejamento... Em 1979, o País me mandava, como Deputado Estadual, verificar o planejamento familiar... Em 1979, Senador Suplicy! Em 1979, eu fui representando este País em Bogotá, México, Estados Unidos.

Olha, planejamento familiar, paternidade responsável, maternidade responsável! Uma mulher do interior, pobre mulher, recebe no primeiro grito do menino, no parto, quatro salários mínimos.

Eu vou contar só um quadro, Senador Geraldo Mesquita: eu entrei uma fazenda no interior, nessa política rural, e vi uma senhora “barriguda”, minha amiga lá do fazendeiro, e um bocado de menino. Eu disse: vou mandar a senhora ligar essas trompas aí com o Dr. Francisco Pires - mais novo do que eu, da Santa Casa. Sabe o que ela disse: “Senador, esse não! Não, essa televisão aqui foi esse menino que eu comprei; esse aqui vai nascer e eu vou comprar uma moto para o meu marido.”(Pausa) É...

Outro dia, a Globo fez um programa, uma reportagem. Mulher com 21 filhos! Uma, com 20, queria desligar as trompas para ganhar esse dinheiro. Está tudo... Crescei e multiplicai-vos. Criança é bom. Vinde a mim as criancinhas. Mas, daqui a dez anos, doze anos, esses meninos? Então, o País está tomando isso. E como!

Então, Cícero, isso que está acontecendo agora. O País degringolou. Luiz Inácio é pai dos pobres? É! Está dando essa bolsa família. É caridade. Mas eu quero dizer aqui, ó Antônio Carlos Valadares, que ele é a mãe dos banqueiros. A mãe dos banqueiros! Mãe é melhor do que pai; é mais solidária. Eu, pelo menos, gostei muito do meu pai, mas minha mãe, no colo, desde a maternidade...

Cícero, você sabe muito engenharia, mas fisiologia sei eu. Fui professor. Então, tinha lá o catedrático, e eu, lá, assistente, nunca me esqueço dessa aula. E ele dizia - e eu moro assim, em frente ao mar caliente do Nordeste - assim, o Aluísio Pinheiro: quando a gente dá um mergulho, é voltar ao interior da mãe, ao útero, ao líquido amniótico. Atentai bem!

É a volta. E toda vez que eu dou um mergulho, eu me lembro da aula.

Então, mãe é isso, é essa proteção. Pois o Luiz Inácio é a mãe dos banqueiros. Nem um banco faliu, no Brasil; faliu lá fora. Pior ainda... Antonio Carlos Valadares! Preste atenção!, rapaz, tu estás nessa base aí! Os estrangeiros internacionais, Geraldo, que faliram lá, tiveram lucro no Brasil. Então, isso tudo foi bom para os banqueiros. Foram negócios seguros. Os empréstimos consignados que os velhinhos estão lascados, estão tirando 40% de suas aposentadorias, mas foram seguros por bancos, descontados no instituto e na feira.

Agorinha, as indústrias começaram a balançar, devolveram os incautos carros que não tinham o dinheiro para tomar, tirou-se o IPI que acabou com a receita das prefeituras. Então, é isso que está havendo. Essa é a verdade.

Nós queremos é que o Presidente da República se realinhe, encontre o caminho certo, tenha austeridade, tenha economia - estou dizendo - enxugue as más, demita seus companheiros, que 50 a 60 mil entraram pela porta larga, sem concurso. E vamos todos: austeridade no Poder Legislativo, no Poder Executivo, no Poder Judiciário.

Com a palavra Geraldo Mesquita.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Não, Senador Mão Santa, eu queria me referir ao início da sua fala, na tarde de hoje. E V. Exª, com a coragem e a simplicidade que lhe são peculiares, já cobra logo da Câmara de Vereadores da sua cidade, da Assembléia Legislativa do seu Estado e do próprio Senado Federal, como V. Exª mesmo chegou a dizer, uma CPI ou uma investigação, seja lá do que for, em relação a V. Exª. Isso mostra um desprendimento muito grande e retrata exatamente a pessoa que eu conheço, Senador Mão Santa, e que, há muito tempo aqui, nesta Casa, habituei-me a estimar, a respeitar. Somos vizinhos, moramos em apartamentos bem próximos. Eu me habituei a descer as escadas lá do nosso prédio e encontrar a porta da sua casa sempre aberta. A gente entra, toma um café gostoso, come o bolo da Chiquinha... V. Exª me convidou, certa feita, para ir a Parnaíba, sua terra natal. E lá, o que pude constatar é que a simplicidade que eu vi e vejo aqui, em Brasília, de seu comportamento é a mesma que vi lá, Senador Mão Santa. É para as pessoas saberem... Eu estou dizendo isso em razão de ilações que surgem e surgiram em relação à pessoa de V. Exª. Eu fico refletindo, Senador Mão Santa: a simplicidade, a modéstia é incompatível com certos procedimentos. O que eu observo de parte de V. Exª e me obriguei a permanecer aqui, no plenário, aguardando a sua fala para dar o meu testemunho pessoal do que eu sei de V. Exª, de como eu o enxergo, de como eu o vejo. A sua casa em Parnaíba é modestíssima e está sempre de portas abertas. É uma casa extremamente modesta. Aí V. Exª me diz: “Geraldo, vamos lá no delta do Parnaíba”. Fomos, passeamos e depois fomos ver a casa de praia de que o senhor tanto fala. Uma casa de praia, Senador Mão Santa, mais modesta ainda do que a sua casa lá no centro de Parnaíba. Uma casinha gostosa, aconchegante, mas uma casinha de madeira em frente de um lugar belíssimo lá em Parnaíba. Enfim, Senador Mão Santa, o que quero dizer, e digo com muita satisfação, é do apreço e do respeito que tenho por V. Exª. As pessoas podem achar um monte de defeitos em V. Exª: o Senador Mão Santa fala muito, o Senador Mão Santa é isso, é aquilo... Agora, o que eu observo há anos, o que eu vejo, a pessoa com quem convivo, a condição em que V. Exª está e vive é incompatível com a condição daqueles que usufruem de forma ilícita de algumas coisas, porque, do contrário, o que eu teria visto ao longo desses anos seria uma outra situação, o que não vi e não vejo. Digo com toda franqueza a V. Exª: deixa-me extremamente alegre e feliz conviver com uma pessoa como V. Exª, um amigo, uma pessoa que vai para qualquer lugar do País e é reconhecida, estimada e querida. Portanto, Senador Mão Santa, o modesto aparte deste seu modesto amigo, companheiro de legenda, é para dizer do respeito e da admiração que tenho por V. Exª e para dizer que tenho muito honra e muito orgulho de ser o seu companheiro aqui, no Congresso Nacional.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradeço pelas palavras vindas de V. Exª, que simboliza direito, justiça e firmeza.

Aí gravaram - pior é que os jornalistas dizem que a gravação foi ilegal, imoral - um assessor meu pedindo um dinheiro para campanha. Olha, em 1972, de peito aberto, antes de Ulysses, nós enfrentamos a ditadura e conquistamos a Prefeitura de Parnaíba. Todas as minhas contas foram aprovadas. Eu já fui duas vezes Secretário de Saúde, Prefeito, Governador do Estado.

É ignorância de quem... Todo partido tem o seu comitê, os responsáveis pela prestação de contas, que é publicada no TRE. Pedir dinheiro não é... O assessor pediu um... Pede-se, não é ilegal. Agora, recebeu? Passa e presta contas ao Partido. Grande coisa: “O Mão Santa, o assessor interceptado, pedindo dinheiro”! Grande coisa!

Agora, eu nunca fiz parte do comitê organizacional financeiro, porque eu sempre fui candidato, de peito aberto e de frente. Já na época da ditadura eu enfrentava. Então, tem um comitê para isso. É só perguntar ao Partido e olhar. E o pior... Olha onde nós estamos neste País. Atentai bem! O próprio jornalista disse: “É, foi uma gravação ilegal.” Quer dizer, é ilegal e está...

Com a palavra, com os agradecimentos a V. Exª, que é muito significativo, Senador Papaléo Paes.

O Sr. Papaléo Paes (PSDB - AP) - Senador Mão Santa, quero dar o meu depoimento sobre o conhecimento que tenho de V. Exª. Quando cheguei a esta Casa, uma das primeiras pessoas por quem senti empatia foi o Senador Mão Santa. Conheci a família do Senador Mão Santa, conheci e conheço a forma de vida do Senador Mão Santa, sua participação diária nesta Casa, sua participação como político no seu Estado, e quero dizer que V. Exª...

(Interrupção do som.)

O Sr. Papaléo Paes (PSDB - AP) - Quero dizer, não, digo que V. Exª é respeitado por todos nós pela sua honestidade. Lamento profundamente que algumas linhas, nos meios de comunicação, tenham citado seu nome de uma maneira, posso dizer, leviana, porque o que ocorreu com V. Exª, quando dizem que um assessor seu fez uma ligação para pedir apoio para campanha política, é normal. Depois que é cedido o apoio, parte do financiamento, isso é registrado, e não havia necessidade alguma de fazerem isso com V. Exª, como fizeram com outros Senadores. Isso é maldade. Há pouco eu conversava com um cidadão de bem que dizia: “Ah, mas eles sabem que isso não é verdade”. Mas não interessa. A verdade não chama muito a atenção. A mentira é que leva em frente o desgaste de uma instituição, de uma pessoa. Há uma pesquisa que diz que: cada verdade, cada notícia boa é levada por uma pessoa para outras cinco pessoas. E cada notícia ruim é levada por uma pessoa para outras dezessete pessoas. E você sabe que o comércio tem de sobreviver, tem de apresentar um bom produto para ser consumido. Então, infelizmente, envolvem pessoas como V. Exª. Lamento profundamente, Senador Mão Santa, que isso esteja acontecendo exatamente com V. Exª, que tem de nós...

(Interrupção do som.)

O Sr. Papaléo Paes (PSDB - AP) - ... que tem de nós o respeito. Senador Mão Santa, creia no que eu lhe estou dizendo, diante dessa situação por que já está passando o Governo Federal - os Municípios sofrendo e o Governo, como diz o Senador Alvaro Dias, acenando com o chapéu dos outros, com o chapéu dos prefeitos, diminuindo o repasse para os prefeitos, com a popularidade do Presidente descambando ladeira abaixo -, tem que surgir alguma notícia, neste País, para apagar, como se fazia no tempo da ditadura, o que o Executivo vai passar - e já está passando. Por isso, eu lhe dou um grande abraço, pela pessoa que V. Exª é - V. Exª é um ser humano de bem -, e presto minha solidariedade a sua família, porque V. Exª tem família, eu tenho, o Valter tem; agora, quem não tem não valoriza e calunia. Um grande abraço, Senador Mão Santa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Cícero Lucena.

O Sr. Cícero Lucena (PSDB - PB) - Senador Mão Santa, eu não sou mineiro para contar história - gosta muito o nosso povo mineiro, pela sua experiência e sua sabedoria -, mas eu faço questão de dizer ao Brasil que o conheci como candidato a Governador do Estado do Piauí, como diz V. Exª, em 1994. Tenho dois irmãos casados com piauienses, já morei no Piauí, há muito tempo, e naquela época, em 1994, eu cheguei à cidade de Teresina para a abertura da sua campanha, no segundo turno, como candidato do PMDB, candidato que não teve condição de visitar todos os Municípios do Piauí porque não tinha gasolina para abastecer sua Caravan, com a qual o senhor percorreu alguns Municípios daquele Estado. Mas sua mensagem, seu compromisso com o povo do Piauí ecoou em todo o Estado e lhe permitiram chegar ao segundo turno. Cheguei a seu lado, e você dizia naquele dia que não tinha um retrato sequer para iniciar o segundo turno, porque tinha lhe faltado combustível para abastecer sua Caravan e, por isso, não pôde visitar todos os Municípios. Então, Senador Mão Santa, não será um registro como esse que vai colocar qualquer mácula na sua vida pública, na sua história e no seu compromisso de trabalhar e defender o seu Piauí, com a sua preocupação também com o nosso País.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradeço a V. Exª, que representa com muita grandeza o Nordeste, companheiro de luta e que foi, sem dúvida nenhuma, o melhor Ministro de Integração Regional. Lembro, quando eu governava o Estado e houve uma grande enchente, que V. Exª chegou com US$5 milhões para acudir os piauienses.

Valter Pereira.

O Sr. Valter Pereira (PMDB - MS) - Senador Mão Santa, se V. Exª tivesse...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Dê um minuto aí para ele, Presidente.

O Sr. Valter Pereira (PMDB - MS) - Se houvesse sido noticiado, Senador Mão Santa, que V. Exª se valeu de dinheiro ilícito para sua campanha eleitoral; se tivesse sido noticiado que V. Exª fez algum negócio escuso para alavancar recursos a fim de conquistar o mandato legislativo; se tivesse sido noticiado que V. Exª valeu-se de recursos de caixa 2, 3 ou 4 para a sua campanha, resvalado, portanto, na ilicitude, eu não ia fazer este aparte a V. Exª. Todavia, o que foi noticiado? Sobre o quê? Que alguém ligado à sua campanha teria procurado arrumar algum recurso porque sua campanha certamente estava claudicando por falta de recursos financeiros. V. Exª tem que fazer o seguinte, Senador Mão Santa: faça menoscabo do que foi noticiado. O povo não é bobo, o povo sabe perfeitamente a conduta de seus homens públicos, e o povo está sabendo a notícia de que alguém ligado a V. Exª tentou arrumar recursos porque para a campanha de V. Exª faltavam recursos. Então, não leve em conta, porque todos conhecem o padrão de decência que orienta o mandato de V. Exª, como orienta...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. Bloco/PSB - SE) - Já se vão 30 minutos, Senador.

O Sr. Valter Pereira (PMDB - MS) - ...como tem orientado toda a sua vida pública. Minha solidariedade a V. Exª.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradeço ao Senador Valter Pereira.

E é o seguinte: acho que há uma campanha sólida contra o Senado da República. Querem acabar com isto, porque isto aqui significa a última resistência para a manutenção deste País democrático. E sou um dos mais. Fomos um dos líderes para enterrarmos a CPMF. Aliás, o PT não ganhou foi por culpa minha. Era eu e Geraldo Mesquita no começo, resistindo, como Valter Pereira; não abrimos. Foi um prêmio ao Brasil democrático.

Eu entendia que não podia ser o Executivo do PT; no Poder Judiciário, o Presidente da República já nomeou sete - não existe isso no mundo - e vai nomear mais dois, são nove. Se ele tivesse o PT aqui na Presidência, voltaríamos ao Mussolini, ao fascismo, ao poder total. E, por isso, essa insatisfação, que não me atinge. Eu terminaria com isso.

Lá na minha cidade, a minha mulher perdeu a eleição, mas não perdeu a vergonha e a dignidade. O prefeito foi desse grupo dominador, com dinheiro... Podem fazer uma CPI da minha vida lá. E o Governo do Estado está com o PT no Piauí. Eu peço. E aqui também eu gostaria que se fizesse, e não ficar pensando que vai nos intimidar.

Somos Oposição como Rui Barbosa o foi, com decência e dignidade, aprimorando a democracia neste País.

Obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/03/2009 - Página 7383