Discurso durante a 44ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa e explicações sobre as acusações divulgadas pela imprensa a respeito de gastos de S.Exa. com viagens.

Autor
Tasso Jereissati (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/CE)
Nome completo: Tasso Ribeiro Jereissati
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Defesa e explicações sobre as acusações divulgadas pela imprensa a respeito de gastos de S.Exa. com viagens.
Aparteantes
Alvaro Dias, Arthur Virgílio, Eduardo Azeredo, Flexa Ribeiro, Garibaldi Alves Filho, Gilberto Goellner, Heráclito Fortes, Jarbas Vasconcelos, Jefferson Praia, José Agripino, Lúcia Vânia, Marco Maciel, Mozarildo Cavalcanti, Mário Couto, Mão Santa, Patrícia Saboya, Pedro Simon, Renato Casagrande, Rosalba Ciarlini, Sergio Guerra.
Publicação
Publicação no DSF de 03/04/2009 - Página 8702
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, AUSENCIA, VERDADE, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DENUNCIA, ILEGALIDADE, UTILIZAÇÃO, ORADOR, COTA, PASSAGEM AEREA, ESCLARECIMENTOS, MANUTENÇÃO, ETICA, MORAL, VIDA PUBLICA.
  • REGISTRO, COSTUMES, CONGRESSO NACIONAL, UTILIZAÇÃO, COTA, PASSAGEM AEREA, PAGAMENTO, FRETE, AERONAVE, AUSENCIA, EXCLUSIVIDADE, VIAGEM, ORADOR, ESTADO DO CEARA (CE), RECEBIMENTO, CONVITE, PARTICIPAÇÃO, DISCUSSÃO, ESTADOS, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DE RORAIMA (RR), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), NECESSIDADE, FRETE AEREO, CUMPRIMENTO, HORARIO, INEXISTENCIA, AUTORIZAÇÃO, FAVORECIMENTO, CONGRESSISTA.
  • ESCLARECIMENTOS, AUSENCIA, EXCESSO, UTILIZAÇÃO, ORADOR, COTA, PASSAGEM AEREA, APRESENTAÇÃO, NOTA FISCAL, EXISTENCIA, ATO, COMISSÃO DIRETORA, SENADO, REGULAMENTAÇÃO, BENEFICIO, CRITICA, ALEGAÇÕES, ALTERAÇÃO, NOME, REQUERIMENTO, RETIRADA, CULPA.
  • MANIFESTAÇÃO, DISPOSIÇÃO, PAGAMENTO, COTA, PASSAGEM AEREA, POSSIBILIDADE, ORADOR, PREJUIZO, SENADO, CRITICA, AUSENCIA, VERDADE, ALEGAÇÕES, JORNALISTA, INTERNET, UTILIZAÇÃO, VERBA, GASOLINA, AERONAVE.
  • CRITICA, SITUAÇÃO, SENADO, CONTROLE, GRUPO, SENADOR, DESRESPEITO, ETICA, MORAL, DIGNIDADE, CONGRESSISTA, DEFESA, ORADOR, EFICACIA, TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA, CONGRESSO NACIONAL.
  • AGRADECIMENTO, APOIO, SENADOR, CONFIANÇA, ETICA, VIDA PUBLICA, ORADOR.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Marconi Perillo, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, eu gostaria de dizer a todos os meus colegas Senadores que este é um pronunciamento dos mais dolorosos que tenho de fazer nesta Casa.

Desde minha primeira participação na vida pública do meu Estado e na vida pública brasileira, Senador Perillo, tive a maior preocupação, o maior zelo, pela conduta honrada, pela ética, para que não se viesse, em momento algum, a ferir meu nome, minha história e, principalmente, o povo que eu representava, o povo do Estado do Ceará. Construí toda essa carreira - foram doze anos como Governador do Estado do Ceará; fui, por três vezes, Governador do Estado do Ceará - sem que fosse, Senador Jarbas Vasconcelos, levantada uma dúvida sequer sobre minha conduta, seja no plano ético, seja no plano legal. Até meus inimigos mais ferrenhos, que me criticaram e me combateram com muita violência durante todos esses anos, todos eles admitem que minha conduta sempre foi pautada pela honestidade e pela ética - não apenas pela honestidade, mas pela honestidade e pela ética.

Fui surpreendido, desde ontem, com uma série de insinuações e de questionamentos que desembocaram em reportagem publicada hoje pelo jornal Folha de S.Paulo e que visaram, objetivamente, a manchar toda essa vida e toda essa história que tenho como um dos meus bens mais sagrados.

Eu queria dizer, Sr. Presidente do Senado, Srªs e Srs. Senadores, meus amigos, meus companheiros, que não vou admitir que essa história, essa biografia seja manchada, principalmente com acusações falsas. Não vou dizer que me surpreendi totalmente - e, depois, vou explicar por que não me surpreendi totalmente. Já havia notado, há algum tempo, uma série de insinuações sobre o tema que agora passo a descrever. Faço questão de fazer isso, Senador Perillo, e vou pedir a V. Exª que me dê o tempo necessário, porque está em jogo aqui algo muito sagrado na minha vida.

O jornal Folha de S.Paulo, numa reportagem do jornalista Fernando Rodrigues e Fábio Zanini, diz o seguinte:

         O senador Tasso Jereissati (PSDB - CE) [e aqui quero defender ponto a ponto todas as acusações que foram feitas] tem o hábito de usar parte de sua verba oficial de passagens aéreas para fretar jatinhos que são pagos com recursos do Senado. O ato da direção da Casa que regula o benefício não permite esse tipo de procedimento, mas o tucano diz ter obtido autorização especial para fazer as suas viagens.

Eu gostaria, primeiro, de dizer que não tenho o hábito de fazer isso. Na verdade, moro no Estado do Ceará e sou, devido aos meus encargos como Senador e como político, obrigado a viajar não só para o Ceará todas as semanas, mas também para outros Estados do Brasil. Todos nós, Senadores, recebemos convites do Brasil inteiro para participar de discussões, de palestras, de seminários. E termino sempre no Estado do Ceará, que é minha casa, que é meu lar. Quando há necessidade de fazer fretamentos, eu os faço e assim ajo em função de eu não utilizar uma cota de passagens de viagens que todos nós temos, não somente os Senadores, não somente os Parlamentares desta Casa, mas também os Deputados da Câmara Federal. Todos nós, Senadores, temos direito a esse tipo de cota de viagens. Utilizei a cota que me cabia, saldos de cotas não utilizadas por mim mesmo, para fretar avião no caso de viagens mais difíceis de serem feitas. Quero dizer que esse não é um hábito: são sete viagens feitas nesses seis anos de mandato, ou seja, em média, quase uma por ano nesses seis anos de mandato.

Por outro lado, agora, com mais ênfase, quero dizer aqui algo em relação a esta passagem da reportagem: “...mas o tucano diz ter obtido autorização especial para fazer as suas viagens”. Não é verdade isso. Não sei de onde o repórter tirou essa idéia. Estive com o repórter ontem e disse a ele, claramente, que nunca pedi autorização especial nenhuma.

Mais adiante, é dito na reportagem que tive contato com o Senador Efraim, Primeiro-Secretário à época. Nunca conversei com o Senador Efraim sobre esse assunto. A primeira vez em que com S. Exª conversei sobre isso foi ontem.

Apenas utilizei a burocracia normal, pública, transparente, fazendo ofícios ao Diretor-Geral, perguntando e colocando que a minha cota de viagem naquele mês respectivo fosse paga à empresa TAM, Transportes Aéreos Marília, para fretamento de viagens. Fiz isso com toda clareza e com toda transparência, usei a parte não utilizada de minha cota de viagens.

Nunca, Srs. Senadores, usei um tostão sequer acima da minha cota de viagens. Pelo contrário: se forem examinar a minha conta hoje, verão que eu tenho saldo não utilizado, um saldo grande de recursos não utilizados. Sempre utilizei menos do que a cota me dá direito.

Depois, diz a reportagem também que existe um ato da Direção da Casa que regula o benefício. V. Exª acabou de ler uma resposta oficial da Direção- Geral desta Casa dizendo explicitamente que o ato foi legal, perfeitamente legal, que seguiu todo o processo burocrático de forma inteiramente legal, de maneira transparente e pública. Nada foi feito às escondidas. Tanto é assim - há certas coisas que nos surpreendem em algumas matérias - que a própria nota fiscal que aparece no jornal hoje foi dada por mim; não foi descoberta pelo jornal nem pelo jornalista: foi dada por mim ao jornalista que me pediu para ver essas notas fiscais - mandei entregar a ele no escritório do jornal.

Tudo foi feito de uma maneira muito pública e muito transparente.

Eu não tenho nenhuma obrigação de conhecer todas as normas que regem esse assunto desde 1988. Quem teria a obrigação de glosar ou não aceitar seria a Direção do Senado se, por acaso, eu estivesse fazendo alguma coisa que viesse a ser irregular, mas não foi esse o caso. Essa prática não é irregular há muito tempo, isso não é novidade.

Não sei por que fui pinçado, Senador Pedro Simon. Eu pedi para fazer um levantamento sobre essa prática do fretamento. Fui para trás, fui para trás, e constatei que, pelo menos há vinte anos, vários Senadores desta Casa, várias vezes - e ainda é assim - usam essa cota. Tive o cuidado de ver na Câmara também: na Câmara é utilizada por vários Deputados, sempre dentro dos respectivos limites.

Então, não entendo por que eu teria de pedir autorização especial. E não pedi, isso é mentira do jornalista que colocou isso, que disse que eu pedi. Não pedi porque não teria de pedir, não é meu hábito pedir. Não sei se o Senador Efraim está aqui; talvez possa até comprovar e ser testemunha, dizendo se alguma vez telefonei para ele pedindo ou fazendo algum tipo de pleito dessa ordem.

Depois, a reportagem diz, ainda dentro dessa linha, que as brechas foram autorizadas pessoalmente pelo 1º Secretário da Casa, Efraim Morais, entre 2005 e 2008, sem consulta à Mesa Diretora.

Não desconheço que isso seja uma brecha, porque, como eu disse, porque ela é utilizada e é facílimo. Quem investigou com tanta facilidade todas as minhas contas de todos os jeitos, de todas as maneiras, é facílimo verificar se em 1999, 7, 6, 8, 2000, 2001 havia outros casos de fretamento e se isso era fora de praxe nessa Casa.

Portanto, não existe brecha nenhuma, não pedi e nem ninguém utilizou brecha nenhuma.

Adiante, diz a reportagem:

O Senador afirma que, em 2005 e 2006, o uso de jatos fretados foi alto. Há nove registros de pagamento. Em parte, porque na época ele presidiu o PSDB. Admite-se, assim, ter usado a verba de passagem do Senado para viagens partidárias”.

         Eu coloquei para o jornalista exatamente aquilo que vou colocar aqui. Porque, mais adiante, a reportagem diz também:

“Apesar de ele ser do Ceará, em três oportunidades os pagamentos do Senado foram para que o tucano viajasse no trecho São Paulo - Rio - São Paulo”.

Eu quero dizer que coloquei para o jornalista exatamente aquilo que vou colocar aqui: a vida de um Senador da República não se resume - as suas atividades - a viagens entre Brasília e o seu Estado natal. E aqui eu falo também dos Deputados. E aqui eu peço o testemunho de todos os Senadores.

         Há quinze dias, estive fazendo uma palestra em Roraima, participando de uma discussão sobre um assunto que é palpitante nesta Casa, inclusive já conversando, porque sou Relator, sobre a questão da Venezuela. Na próxima semana, está programado para eu ir a São Paulo discutir a questão do crédito, sobre o qual estamos conversando.

         Com certeza, todos os Senadores nesta Casa viajam e são obrigados a viajar para outros Estados, além do seu Estado. Quanto mais a viagem for triangular, quem conhece um pouco deste Brasil, mais difícil fica se fazê-la em curto prazo de tempo usando a aviação regular. Às vezes, temos de ir a São Paulo, Rio, Rio Grande do Sul, Roraima, Mato Grosso, Amazonas, não interessa, faz parte da nossa atividade parlamentar.

         É uma hipocrisia tentar dizer que o Senador ou o Parlamentar só pode e só deve fazer, dentro daquilo que é constituído legalmente, viagens entre o seu Estado natal e Brasília.

         A seguir, no final da reportagem, o jornalista coloca:

A partir de julho de 2007, a descrição muda:[está falando sobre a publicação da nota no Senado] pagamento da nota fiscal referente ao fretamento de aeronave pelo Senador. Não aparece mais o nome do congressista, mas trata-se de Tasso, como o próprio tucano reconheceu ontem.”

Claro que eu reconheço, eu assumo tudo aquilo que eu faço. Não existe a possibilidade de eu não assumir aquilo que eu faço.

E eu reconheço porque eu que fiz. E fiz porque era legal e reconheço porque é legal. E fiz dentro de uma ferramenta que é colocada à disposição dos Senadores. Se essa ferramenta deveria ser colocada ou não é outra discussão. Mas essa ferramenta é colocada à disposição dos Senadores justamente para que possam se deslocar com facilidade. E reconheço.

Agora, a insinuação que de repente muda não tem nada a ver com a legalidade ou a ilegalidade. No meu caso, os tipos de requerimentos que eu fazia à Direção-Geral do Senado são exatamente os mesmos, iguaizinhos, do primeiro ao último requerimento. Se nos últimos requerimentos, a publicação do Senado é feita de uma maneira diferente, não tenho ideia do porquê. Não sou da Mesa, nunca fui da Mesa, não sou nem presidente de comissão, não faço ideia por que a publicação deve ser mudada diariamente. E não sou informado disso, e evidentemente nenhum Senador é informado disso. Colocar a mudança da publicação, como o Senado fez, como uma coisa suspeita evidentemente que é de uma maledicência que não consigo aceitar.

E quero dizer, Sr. Presidente, que existem duas coisas fundamentais nesta questão, resumindo tudo aquilo que foi dito. Primeiro, se dei prejuízo, como Senador, ao Erário do Senado ou da União, se eu gastei, Senador Pedro Simon, em passagens aéreas, fretadas ou não, e não digo nem mais do que as minhas cotas, se gastei pelo menos igual ao que eu tenho direito, eu me proponho, como compromisso com a Mesa do Senado e com todos os Senadores, a repor em dobro aquilo que gastei. 

Se gastei, não a mais, mas pelo menos igual à quota que tenho direito nesses últimos seis anos, ou neste ano, eu me proponho a pagar em dobro, Senador Arthur Virgílio, falando aqui para todo o Brasil, se isso acontecer.

Eu, homem público, político, cearense, brasileiro, honesto, branco de olhos azuis, não sou responsável por essa crise causada no Senado. E ninguém vai pegar no meu pulso. E tem mais: essa é a primeira questão, se eu gastei mais do que poderia ou deveria gastar dentro das disposições e das ferramentas que são colocadas ao Senador, se dei prejuízo... Eu não dou prejuízo a esta Nação como Senador. Com certeza, ninguém vai pegar no meu pulso e me acusar disso.

Segundo: a outra questão. Se não dei prejuízo, é se houve ilegalidade. Se houve ilegalidade, se ficar, de alguma maneira, consensuado que houve alguma ilegalidade, também faço a mesma coisa: pago em dobro aquilo que foi colocado como eu tendo gasto fretando aviões, dentro da minha quota. Para deixar bem claro que, por ilegalidade e por usar recursos públicos, não vai ser comigo, não vai ser com esta minha carreira, não vai ser com esta minha biografia que vão pegar, porque não vou aceitar de maneira alguma que isso ocorra e vou lutar até o fim contra quem quer que seja que possa colocar o dedo no meu nariz.

Eu, no início, coloquei o seguinte: “você disse que não ficou totalmente surpreendido”. É verdade. Eu não fiquei totalmente surpreendido porque, já em outras circunstâncias, Senadora Patrícia, ainda sobre o mesmo tema... E, aqui, quero abrir meu coração, vou mais longe até do que a acusação que estão me fazendo. Em outras circunstâncias, dentro de lutas que estão acontecendo aqui dentro do Senado Federal, vi no blog de um jornalista, mais de uma vez, insinuações do tipo - e me lembro muito bem, Senadora Rosalba: uma das razões por que o Diretor-Geral Agaciel está sendo ameaçado de perder o seu cargo é que ele fez importantes inimigos durante a sua direção. E um desses inimigos, na linha do que foi dito, é o “Coronel’ Tasso Jereissati”, porque queria usar verbas do Senado para pagar o combustível do avião. Para notas como essa aqui vários amigos meus Senadores, como o Senador Jarbas Vasconcelos uma vez, chamaram-me a atenção; mas, na verdade, não dei maior importância, dado o tamanho da mentira, o tamanho da calúnia. Porém, já comecei a perceber que havia um levantamento sendo feito nas minhas contas no Senado para ver se poderia haver alguma coisa irregular, alguma coisa errada. Se olharmos a reportagem, ela está insinuando isso, Senado Marconi, em vários momentos.

A reportagem diz assim: “as notas fiscais...”

Lá pelas tantas, diz a reportagem: “Outra coincidência é o fato de o nome Tasso ter assumido o controle do Siafi...” Mas não é isso não. É outro trecho que diz que coincidente também é o fato de que esses fretamentos apareceram justamente na época em que eu comprei um avião da empresa TAM.

Então, é a matéria cheia dessas insinuações.

O que estão insinuando? E eu já vi diversas insinuações feitas, por vários amigos, de que esse dinheiro... Evidentemente, claramente, o que está sendo colocado aqui não é ilegal e não é aético e é feito há muitos anos por boa parte dos Senadores e Deputados.

O que eles queriam é, dentro da maldade e do espírito que permeou determinado grupo neste Senado, insinuar, ou tentar descobrir, que esse recurso não era para pagar propriamente a empresa de fretamento; eram recursos, com que eu faria uma tramóia, uma picaretagem, para desviar recursos para pagar o combustível do meu próprio avião.

Está claramente insinuado aqui como está claramente insinuado em várias outras colocações. Essa é absolutamente a mais ridícula.

Como foi investigado, alguém dessas ONGs disse que recebeu essa denúncia, que procurou, procurou, procurou e achou isso. A essa denúncia é que queriam chegar, mas não chegaram, porque não vão chegar nunca a nenhuma denúncia que cheire sequer a picaretagem, a malandragem feita por este Senador do Estado do Ceará.

Por essa razão, quero dizer que - e às vezes isso acontece - há aqui um claro objetivo. Existe uma luta clara aqui dentro. Todo mundo sabe. E há um grupo de Senadores que, há tempos, vem reclamando de um determinado grupo que se assenhorou desta Casa e montou uma máquina descontrolada de todas as possíveis margens e limites éticos, morais e administrativos, e aquele estava dizendo que chegou a hora de isso acabar nesta Casa. Evidentemente, quem faz isso fere, aborrece, cria inimigos e inimigos provavelmente de mau caráter em boa parte, de caráter muito duvidoso. E ficam colocando através...

Inclusive essa última nota colocada aqui, esse parecer dessa Nota nº 68, de 1988, de que nunca tinha ouvido falar na minha vida... Ora, e se tivesse esse parecer de aparecer, que aparecesse quando eu estava fazendo e mandassem dizer, então, isso.

Mas vai aparecer hoje na mão de um jornalista que, com todo o respeito que tenho pelo jornal e pela liberdade de imprensa - e até prefiro a imprensa desse jeito do que sem imprensa nenhuma -, de uma maneira maldosa, fez insinuações absolutamente descabidas nessa reportagem, e eu não aceito.

Várias pessoas me disseram: “Não faça referência a esse jornalista; não faça referência porque não é bom”. Mas não aceito ficar acovardado diante não de quem me acusa, mas de quem insinua qualquer tipo de malfeito meu. Eu não aceito ficar calado e não vou ficar acovardado diante disso.

Também não vou me calar. Confesso que me abato. Não gosto disso, ninguém gosta, principalmente um homem que primou durante a vida inteira por ter a sua reputação, por poder olhar seus filhos e netos de cabeça erguida, com orgulho pelo trabalho que faz.. Essa é a coisa mais importante. Isso abate, sim. Mas não vão me abater o suficiente para não continuar enfrentando todas as coisas que tenho enfrentado aqui, que estou dizendo, não fazendo parte de corriola nenhuma, não fazendo parte de grupo nenhum, sendo até um outsider dentro da administração desta Casa. Com certeza, não vou me abater a este ponto.

Vontade dá, Senador Jarbas, de ir para casa - porque isto aqui está ficando realmente insustentável, insuportável - e ir cuidar da minha vida, porque, ao contrário do que alguns pensam, aqueles que me conhecem bem sabem que isto aqui não me dá lucro, não. Quem me conhece, quem conhece a minha vida sabe que isto não me dá lucro; isto aqui me dá prejuízo. Faço porque realmente é um trabalho que me orgulha fazer. E me orgulhei a minha vida inteira. Vontade dá de ir para casa e dizer: vamos entregar isso aí, seja o que Deus quiser. Eu vou cuidar da minha vida e vou sair por aí passeando, fazendo as coisas que eu já devia ter feito.

Enfim, eu gostaria de dar apartes. Desculpe se, em determinado momento... Realmente, eu não posso dizer que estou me sentindo bem com o que está acontecendo.

Senador Jarbas.

O Sr. Jarbas Vasconcelos (PMDB - PE) - Senador Tasso, V. Exª, ao iniciar, disse que este era um momento doloroso e penoso para V. Exª. É para todos nós desta Casa ver uma pessoa, um político, um homem como V. Exª, correto, digno, honesto, ético, ter de ir à tribuna do Senado para uma explicação pessoal. Acho que a própria nota, em boa hora, emitida pela direção da Casa, ratificada inclusive aqui pelo seu 1º Vice-Presidente e pelo Senador Heráclito Fortes, 1º Secretário, já lhe deixava em uma situação confortável. Foi um ato da Mesa, da Casa, através do seu Diretor-Geral. Mas quem conhece V. Exª sabia e sabe que tal fato não seria suficiente para que V. Exª não viesse à tribuna da Casa e fizesse esse desabafo. O que a gente pode fazer nesta hora? O que a gente pode fazer neste momento de profunda mediocridade que vive o Senado da República e todo o Brasil, um país com um governo medíocre, mediocrizando a sua população, mediocrizando inclusive o que existe de melhor no País? O que a gente pode fazer neste momento? Emprestar a nossa solidariedade não a um amigo, a um correligionário, mas a um homem de bem, a uma pessoa que eu conheci. Já o conheci na política; sabia que V. Exª era um empresário bem-sucedido. Mas tive a oportunidade, lá de Pernambuco, como Prefeito da capital, Recife, depois por duas vezes Governador do Estado, sendo seu contemporâneo num desses mandatos, de conhecer todo o seu cuidado com a coisa pública, toda a sua honradez, a sua conduta como chefe de família, como empresário, o seu cuidado, às vezes ilimitado - repito -, com a coisa pública, o dinheiro. E todos nós estamos aqui. Não precisa ser tucano, democrata, peemedebista, a gente quer é dizer, de público, o que era o óbvio e o que é desnecessário e dar este testemunho da sua correção, da sua hombridade, da sua ética e da sua honestidade. É a única coisa que, neste momento, a gente pode fazer. E eu tenho certeza de que a Casa, não pela sua totalidade, eu tenho certeza, mas pela sua maioria esmagadora, ou está fazendo, neste momento, ou vai fazer, ou se não faz é por motivo de tempo, mas toda a Casa lhe tem um profundo respeito e uma profunda admiração.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador Jarbas. Saiba que sua solidariedade e o seu respeito valem muito para mim. Neste momento, principalmente, é muito importante nós termos dos amigos - menos dos amigos e mais dos homens sérios deste País - a solidariedade.

Senador Arthur Virgílio.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senador Tasso Jereissati, antes de mais nada, eu recebi um telefonema do Senador Tião Viana, ainda há pouco, dizendo que foi para o Acre antes de saber dessa matéria e, portanto, não teria como estar aqui em pessoa, mas mandou transmitir a V. Exª a sua solidariedade inarredável e incondicional. De minha parte, afirmando que a matéria não foi feliz, eu me prendo mais ao fato de que ela obteve algum tipo de informação, ainda que torta, aqui da Casa. Alguém da Casa passou uma informação para os dois jornalistas. Por um lado, eu me tranquilizo. Certa vez, eu tive um incidente com a Folha de S.Paulo, há muito tempo. Foi aí que começou uma amizade que me levou a ser amigo do Sr. Otavio Frias até o seu túmulo. Passei a gostar dele muito como ser humano, como pessoa. Eu, determinada hora, disse uma porção de coisas contra a Folha. Eu era Líder do Governo Fernando Henrique num momento de crise. Eu me lembro de que foi na porta do Palácio da Alvorada, enfim. Não só a Folha publicou tudo o que eu havia dito, como recebi do seu Frias uma proposta para fazer um artigo dizendo a minha opinião sobre a atitude da Folha. Aí eu disse, com palavras mais educadas, na própria Folha, tudo aquilo que eu havia dito na porta do Palácio da Alvorada. Eu passei a ter um enorme respeito por esse jornal, enorme carinho. O Sr. Frias é uma figura de quem sinto falta até hoje. Por isso eu tenho certeza de que haverá amanhã uma reparação, um espaço muito amplo para a sua posição. Mas eu quero fazer, se posso, uma espécie de sociologia deste momento. Nós travamos uma luta. Eu me lembro de mim próprio nesta tribuna relatando o tal caso da BMW e dizendo que era necessário trocar o Dr. Agaciel. Eu me dirigi ao Presidente Sarney dizendo das razões pelas quais nele eu não votaria. Indaguei: “V. Exª não vai trocar o Dr. Agaciel?” Dois meses - diz-me aqui o Senador Jarbas -, há exatamente isso. Eu estava despretensioso naquele momento, justificando as razões pelas quais eu votava no outro candidato, porque o outro candidato tinha se comprometido muito firmemente, muito cabalmente, conosco, com o nosso programa de moralização da Casa. E o fato é que havia um grupo que estava no poder, se eu consigo fazer a sociologia deste momento, há muito tempo, com raízes: pessoas e mais pessoas penduradas umas nas outras, fazendo favores umas para as outras. E a Casa virando um monstro administrativo, algo “inadministrável”, até a ponto de uma pessoa honrada como o Senador Garibaldi Alves ter dito que tantas coisas passaram sem que ele conseguisse modificá-las, apesar das inúmeras tentativas que fez de tentar modificá-las. É porque é um polvo. Você não consegue derrotar um polvo com tantos tentáculos assim em um ano como passou na Presidência o Presidente Garibaldi. Vamos, então, ainda nessa tentativa de fazer a sociologia do momento, procurar entender o que está acontecendo. De certa forma, começou a ser desmontado esse grupo que tomou conta do Senado, mas esse grupo não está derrotado. É um adversário que está vivo e que está atuando aqui dentro, seja através dos seus chefes, seja através dos seus comandados. Está aqui dentro. E aí, então, qual é a atitude que toma quem ainda está em condições de guerrear, para não perder os seus privilégios? É procurar enlamear V. Exª, procurar enlamear qualquer pessoa que seja. Outro dia, houve a história de que teriam mandado espionar o Senador Jarbas. Tudo isso para ver se, jogando todos na vala comum, fazem com que esta Casa decaia tanto que retornariam eles aos postos de mandos, talvez com outros nomes, não com os mesmo nomes, mas com nomes reciclados.

Digo a V. Exª, primeiro, que sei que todos que levantaram o microfone para aparteá-lo têm a noção exata da honradez de V. Exª, da inflexibilidade de V. Exª, quando se trata de defender a coisa pública. V. Exª está falando para o Brasil, não está falando para o Ceará, porque, no Ceará, não há alguém que possa duvidar da integridade de V. Exª. E acredito eu que, no Brasil, os brasileiros já o conhecem o suficiente para saber que V. Exª é de indubitável conduta. Mas vamos deixar bem claro: não fica assim; esse jogo de rato atrás de gato não vai ficar assim. Vou dizer uma coisa muito clara: digo a V. Exª, com o que possa haver de mais puro na minha alma, que tudo o que desejo é que o Presidente José Sarney - tenho confiança ilimitada no meu companheiro Primeiro-Secretário da Casa, Heráclito Fortes, mas o Presidente José Sarney é o comandante desse processo - traga, no prazo de um mês, que foi o prazo com que se comprometeu, a proposta de enxugamento rigoroso, de enxugamento radical desta Casa. Aquelas 183 indecorosas, imorais, pornográficas diretorias - diretor de picolé, diretor de picaretagem, diretor de briga de galo, diretor de não sei mais o quê -, para mim, têm de virar nove diretorias, as sete que existiam antes de 1994 e mais duas: uma para cuidar da Comunicação, TV e Rádio, e outra para cuidar da Universidade Legislativa e do Instituto Legislativo Brasileiro, e só. Vamos discutir. Pode ser que me comprovem que pode caber mais alguma, mas o fato é que estou esperando atitudes. Mas, com a paciência que está no chão em relação a essas coisas, tudo o que não quero neste ano de crise econômica é fazer aquilo que posso chegar a fazer se nos levarem ao extremo. Se continua esse jogo de pessoas de nenhuma reputação tentarem enlamear pessoas de toda reputação, chego ao ponto de fazer instalar nesta Casa uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o Senado, para investigar a administração do Sr. Agaciel Maia. E aí a gente vai ver quem de fato é podre, quem é que vai ou não vai se quebrar nesta Casa. Não é o que quero, não é o que desejo, não é o que pretendo. Este ano é ano para enfrentarmos, da maneira mais eficaz possível, a crise econômica que aí está, acreditando que a nova gestão da Casa vai ser capaz de dar conta desse recado, auxiliada pelos Líderes, auxiliada pelas Bancadas. Mas não vamos aceitar jogo de rato atrás de gato, não vamos aceitar esse jogo. De jeito algum, vamos aceitar esse jogo. Por isso, vou aqui recorrer, mais uma vez, ao meu pai. Meu pai me dizia coisas muito importantes. Sobre essa coisa de trocar de partido para lá e para acolá, ele falava: “Meu filho, em política, muitas vezes, o melhor movimento é ficar parado. Ou seja, não fique pulando que nem macaco de galho em galho, não”. Ele, que não viveu muito, também me dizia: “Meu filho, se você quer conhecer o caráter da maioria das pessoas da política, já que você está entrando nessa porcaria [foi o que ele me disse], você procure viver muito. Se você viver muito, vai ver um desfile de caracteres na sua frente, você vai ver muito striptease moral na sua frente”. E ele me dizia ainda: “Meu filho, há coisa que eu não aceito”. Ele aceitava cara feia de homem direito, antipatia de homem direito. Meu pai era uma figura muito inteligente, muito amada por mim e muito esquisita quando se definia. Ele dizia que, para ele, todo corrupto tinha de ser, necessariamente, simpático e que todo corrupto tinha de ser, necessariamente, covarde. E a coisa que mais irritava meu pai era ver um corrupto antipático e valente.

Aí ele ia à loucura. Ele ia à loucura, porque ele tinha de fazer o corrupto baixar o facho. Aquele sujeito tem de ter aquela mesinha com os retratinhos da família ali. Todas as vezes em que vi algum gabinete de corrupto, sempre achei que eu era um pai de família pior do que ele, porque, no meu gabinete, não há esses retratos todos e dedico-me tanto ao meu mandato, que há horas em que quase não vejo meus filhos. Mas o corrupto liga: “Melhorou da dor de cabeça?”. É aquela história toda, enfim. Meu pai era intransigente nisso. Ele dizia: “Não aceito corrupto valente, não aceito corrupto antipático”. Então, ele dizia: “Corrupto eu denuncio sempre, mas o denuncio com mais força quando ele passa por mim de cabeça baixa, com aquele riso amarelo de aeromoça. Então, que fique bem claro: que essa gente que se acha dona de algumas almas aqui se case com essas almas aqui! E que eles curtam a infelicidade moral conjunta deles onde eles quiserem, em qualquer recanto do próprio inferno moral de cada um deles! Não nos obriguem a um ato extremo, o que poderia tornar o Senado infrutífero do ponto de vista da sua ação administrativa. Mas, a prosseguirem - e não sou homem de blefe -, recolho assinaturas aqui em dez minutos para instalar uma CPI para investigar a administração do Sr. Agaciel Maia. E aí sei que não estaria investigando só o Sr. Agaciel Maia. Por isso, aqui, quero dar meu crédito de confiança mais cabal à ação firme do Presidente Sarney, que haverá de dar a satisfação que aqui estou pedindo em nome da Liderança do PSDB. Que nos entregue um projeto moral para a Casa dentro dos tais trinta dias, nem mais um dia! Que nos entregue um Senado enxuto!

Que não deixe mais essa confusão que humilha os funcionários corretos e que deixa com o peito estufado, e não têm como ficar com o peito estufado - aí eu encarno meu pai nessa hora - aqueles que estão aqui parasitando, aqueles que estão aqui trampolinando, aqueles que não estão aqui para engrandecer esta Casa, em qualquer nível. Portanto, a minha solidariedade a V. Exª é a do amigo, é a do companheiro e é também a do lutador da política, daquele que entende que tem uma luta clara, que foi deflagrada, talvez sem sabermos, quem sabe naquele momento em que, despretensiosamente, eu fiz aquele discurso. Talvez, não sei. Não sei se foi em algum outro momento, quando o Senador Jarbas disse determinadas coisas. Enfim, não sei. Eu sei que é uma luta. Eles querem luta? Eles vão perder a luta. Eles vão perder a luta porque não lhes assiste razão. Vão perder a luta porque não têm moral para lutar conosco. Vão perder a luta porque, para lutar conosco, têm que ser pelo menos direitos e têm que ser pelo menos valentes. E aí meu pai me disse para não aceitar corruptos valentes, e meu pai sabia que corrupto não podia ser direito ao mesmo tempo. Logo, saibam que vão perder a luta, porque nós temos um compromisso. Ou nós entregamos esta Casa a essa mazorca que se instalou nela, com o prejuízo para a democracia daí decorrente, ou nós devolvemos esta Casa ao respeito da população. E se é assim, que venham lutar do jeito que queiram, do jeito que bem entendam, e nós vamos responder, com armas que vão das mais simples até a mais extrema, que acabei de anunciar aqui, e sobretudo depositando crença e responsabilidade nas costas do Presidente desta Casa, que tem o dever de liderar a redemocratização desta Casa, a remoralização desta Casa, nos entregando um Senado que seja compreensível pelo povo, um Senado que não tenha diretor para copo d’água, diretor para bajulação, diretor para engraxamento do sapato de não sei quem, um Senado que mereça respeito e não a galhofa em que ele está mergulhado hoje pelos brasileiros. E não está mergulhado na galhofa por causa de V. Exª. Não está mergulhado na galhofa por causa de outros Senadores do seu calibre. Portanto, a matéria, que me pareceu infeliz, é um direito dos jornalistas de a terem escrito. Tenho certeza de que eles próprios haverão de repor a sua verdade. Agora, a luta entre dois grupos, essa luta não pode ser vencida por eles, não. Essa luta é nossa. Vamos vencer a luta. Essa luta é nossa. Privilégios encastelados há tantos anos vão ruir, estão ruindo. E quem perde privilégios não deixa de reclamar. Quem perde privilégios não fica quieto. Quem perde privilégios diz: puxa, mas estava tudo tão bem! Pense V. Exª em algo bem simples. Estou me alongando, e lhe peço desculpas. Pense V. Exª em algo bem simples. Se tivéssemos ficado como cordeiros, se tivéssemos feito a opção mais fácil, se tivéssemos ido na direção do oba-oba, que levaria a uma candidatura única, enfim, e não se tivesse mexido com nada? V. Exª acha que algum desses problemas teria vindo à tona? V. Exª acha que alguma coisa relativa a qualquer Senador teria vindo à tona? Ou seja, acho até que o que está acontecendo é muito bom, porque, disso aqui, tem que resultar... A não ser que alguém queira fechar o Senado. E aí chamo atenção da imprensa para a própria responsabilidade que ela tem, porque o dia em que esta Casa não funcionar, não funciona a imprensa livre também. A não ser que alguém queira fechar o Senado e a Câmara. Mas, se não é assim, disso tudo vai nascer uma Câmara mais viva, mais limpa, mais séria; um Senado mais sério, mais limpo, mais vivo. Isso só acontecerá se nós vencermos. E é por isso que vamos vencer. E é por isso que quero que eles ouçam meu pai, o velho Senador Arthur Virgílio: - Que recolham a falsa coragem e voltem a ter o sorriso de aeromoça porque também não aceito corrupto valente e não aceito também corrupto antipático. E não aceito corrupto que fica imaginando que vai voltar aos seus privilégios, porque não vai voltar. Não permitiremos. Haja o que houver, dê no que der, custe o que custar e doa a quem doer. V. Exª não foi ofendido em nada. V. Exª não tem nenhuma razão para ter qualquer tipo de vexame interno até porque externamente todos o conhecem, todos sabem da sua coragem, da sua correção, da sua generosidade, da sua solidariedade e, melhor do que eu, dará um depoimento disso o nosso Presidente Sérgio Guerra. Muito obrigado.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador Arthur Virgílio. É sempre muito bom tê-lo com a sua garra, com sua valentia e com a sua solidariedade junto de nós.

O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Senador Tasso.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - O Senador Alvaro Dias pediu porque vai ter que viajar.

O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Senador Tasso, primeiramente V. Exª não necessita de advogado; tem uma grande advogada que é a sua história e esta é imbatível. V. Exª exerceu cargo público executivo de relevância por vários mandatos no seu Estado do Ceará. Nem uma mancha, nem uma denúncia. V. Exª é um homem honrado, limpo, decente. Imagino a tristeza de V. Exª. Ferir um homem público, um líder da estatura de V. Exª é machucar a instituição e, sobretudo, a democracia. V. Exª adquiriu como patrimônio maior, nesse percurso exitoso na vida pública, o patrimônio da ética. Não vou me alongar, não preciso me alongar, mas não poderia deixar de me manifestar e dizer que estamos juntos. A nossa confiança em V. Exª é inabalável. Certamente fatos como estes nos animam a promover as mudanças que devemos promover, estimulam-nos a pressionar na direção de uma reforma radical com a adoção de uma gestão administrativa para esta Casa transparente, econômica, eficiente e em respeito à opinião pública brasileira. Que a Fundação Getúlio Vargas possa realmente oferecer uma proposta inovadora, modernizadora, capaz de nos animar a promover aqui as mudanças que se deseja. Eu vejo alguém que defende o fechamento do Senado. É bom dizer: o passo seguinte seria lacrar os veículos de comunicação no País, o passo seguinte seria acabar com a imprensa. Portanto, esse deboche à democracia ou essa mediocridade, essa infelicidade de se defender o fechamento desta instituição, não deve sequer ser considerada por todos nós, mas fatos como este, que repudiamos, certamente contribuem para ampliar a seleção daqueles que gostariam muito que uma instituição como esta, onde estão fincados alicerces básicos do Estado de direito democrático fosse realmente extinta, porque assim ganhariam os verdadeiros corruptos. V. Exª é resistência à corrupção. V. Exª tem uma vida pública exemplar e não pode ser, de forma alguma, ferido por insinuações maldosas como a que, lamentavelmente, aconteceram nesses dias.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador Alvaro Dias. Sei que V. Exª estava de viagem e ficou só para prestar esta solidariedade. É, realmente, sempre muito importante para este seu colega e companheiro.

Senador Sérgio Guerra.

O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - Senador Tasso Jereissati, desde manhã, nas primeiras horas de hoje, que eu sou perguntado, por algumas pessoas, sobre matéria publicada, ontem, na Folha de S. Paulo. Devo, desde logo, dizer o seguinte: a grande maioria das pessoas que me perguntaram, me perguntaram sobre esta matéria com imenso respeito pelo Senador Tasso Jereissati: jornalistas, pessoas da sociedade, algumas lideranças do Partido. Eu não vi, em ninguém, nem dez centímetros de condenação; ao contrário, vi muitos centímetros, senão metros, de solidariedade. A vida pública tem uma capacidade muito grande de expor as pessoas. É da natureza. Vida pública. Mas a população é capaz, no tempo - informada - de separar o joio do trigo. Neste Brasil: em Pernambuco, no Ceará, na Bahia, no Rio Grande do Norte, no Rio Grande do Sul, muitos homens brasileiros merecem respeito, homens públicos e políticos até... Um deles é o Senador Tasso Jereissati.

De maneira que homem público também tem de contar com situações como a que hoje o Senador Tasso teve de enfrentar, e ele fez muito bem fazendo-o logo hoje. Alguns amigos me perguntaram: “Não seria mais sensato que o Senador não falasse agora, que ele esperasse mais o que tinha a acontecer para responder a todas as coisas?” Não tem nada para acontecer. Não tem a que responder, nem neste caso, em que somos obrigados a, constrangidos, estar reunidos aqui hoje para condenar situações extremamente complexas e para aprovar a conduta de um brasileiro muito aprovado pelos brasileiros em geral, não apenas os do PSDB, não apenas os cearenses, que já o elegeram Governador muitas vezes, não apenas os do Nordeste, que o admiram muito, não apenas os brasileiros de outros partidos, de outras tendências e até da Oposição, que o respeitam, mesmo divergindo, muitas vezes, do Senador Tasso Jereissati. O fato é que era preciso que nós nos reuníssemos hoje para dizer alguma coisa, porque, entre nós e a rua, entre nós e a vida pública, há uma necessidade urgente de reconhecimento, há uma grande confusão instalada. A natureza dessa confusão é: todos parecem ser a mesma coisa. Lembro-me muito bem de uma primeira defesa feita sobre o episódio do “mensalão”, mais ou menos assim: “Isso é normal. É a mesma coisa. Todos os partidos fazem isso”. Estava o Presidente da República, sentado em uma cadeira, em Paris, dizendo isso ao Brasil inteiro. Qual é a noção? Todos são iguais. Todos estão misturados com a ampla gama de acusações e desvios de conduta. Não é bem assim. Hoje, é preciso que deixemos claro que o Senador Tasso Jereissati, mais uma vez, não se mistura com isso. Não se mistura com isso, primeiro, porque tem uma vida de muitos anos que prova isso, uma vida completamente limpa, pública e privada. Não se mistura com isso porque o Senador não gasta nem a verba dele. Da chamada verba de passagens para transporte e locomoção o Senador gasta um terço. Usa apenas um terço da verba quando poderia gastar a verba inteira, como muitos. Eu a gasto quase toda, mas muitos a gastam todinha e gastam até mais do que ela. O Senador sequer usa a verba de passagens que tem. O Senador tem um mandato que é diferente de grande parte dos mandatos daqui. Primeiro, porque ele é inteligente; segundo, porque ele é competente; terceiro, porque ele é informado; quarto, porque ele é trabalhador; e quinto, porque ele tem organização, organização para o desempenho do mandato. Essa organização tem a ver com estruturas, assessorias, consultorias, esforço intelectual organizado, planejamento. Isso tudo tem um custo, e eu não preciso provar a ninguém, porque é verdade. O Senador paga para ser Senador. Se o Senador estivesse na sua atividade privada, teria cinco, seis, sete, dez, vinte, cinquenta vezes mais resultado econômico-financeiro do que com esse mandato que lhe toma quase o tempo inteiro. Suas empresas estão com sua filha, com seus parentes e com gente que o senhor contratou; mas o senhor está aqui, defendendo não as suas empresas - ninguém aqui ouviu falar disso -, mas defendendo o Brasil, o Nordeste, mudanças profundas no Senado e a democracia. Na medida em que não separamos o joio do trigo, em que não entendemos que uma coisa é Tasso Jereissati e outra coisa são certas coisas que a gente vê acontecendo todo dia, nós comprometemos a democracia no Brasil, nós andamos para trás, nós afundamos o nosso conceito. É tudo muito estranho. De repente, partidos da Oposição são citados sem a menor razão, estranhamente. Está aqui o Senador José Agripino, está aqui o Senador Flexa Ribeiro. De repente, estão todos premiados com denúncias nos últimos dez dias. Para mim, isso tem um conteúdo mais geral. O Senador Tasso é, seguramente, uma das personalidades políticas no Brasil que mais enfrentam o statu quo, que mais afirmam o seu ponto de vista, que mais fazem o bom combate, que mais são capazes de enfrentar, com conhecimento, organização, liderança, situações que muitos de nós não têm capacidade de enfrentar. Temos que ter muita calma nisso tudo. Não temos que fazer o jogo daqueles que querem levar o Senado e o Congresso mais para baixo. Temos que fazer uma ação que levante o Congresso, que levante o Senado, que faça uma atribuição geral das responsabilidades, uma atribuição mais clara das diretorias que estão espalhadas pelo Brasil. É claro que ninguém defende as 150 diretorias daqui, mas é muito mais relevante prestar atenção a certas diretorias, que não são duas, três, quatro, cinco ou cento e oitenta, mas que, sendo uma, duas ou três, fazem a corrupção muito forte em grandes empresas estatais no Brasil, diretorias que estão comprometendo o País, que são, verdadeiramente, máquinas de corrupção. Aqui nós vivemos um clima irresponsável, um clima de “mediocrização”, a que se refere o Senador Jarbas Vasconcelos, ou de “cupinização”, como disse o Presidente Fernando Henrique. Vamos reagir a ele, da forma como foi dito aqui: com uma profunda reforma do Congresso, do Senado em particular. É claro que um Senado que reúna homens públicos que não podem se expor não merece ser Senado, não merece a confiança popular. É preciso um Senado que possa ser transparente, visto, observado por todos e é preciso que aqueles que trabalham aqui sejam respeitados, que não se confunda quem não trabalha bem com quem trabalha bem, quem quer ajudar o País com quem não quer ajudar o País. Dizer que o Senador Tasso é um homem honesto é dizer o óbvio; dizer que o Senador Tasso é um dos melhores homens públicos do País é dizer o óbvio; dizer que não há Senador aqui melhor que o Senador Tasso é dizer o óbvio; dizer que ninguém aqui é mais limpo do que o Senador Tasso também é dizer o óbvio; dizer que o Senador Tasso não usou a verba dele de passagens é, rigorosamente, a verdade. Dizer que o Senador Tasso usa o avião dele, como usou comigo... Certo dia, fui para um hospital com uma doença grave. Eu podia ter a ajuda do Senado com uma dessas ambulâncias aéreas, um desses aviões para transporte de doentes ou até daquele que tinha o meu seguro-saúde. O Senador Tasso não me permitiu uma vez que fizesse isso. Ele me levou uma, duas, dez, vinte vezes de um lugar para outro, porque achava que eu não poderia viajar em um avião comercial quando estava naquelas condições físicas de saúde. Não há companheiro aqui que não tenha a solidariedade do Senador Tasso. Político, ele representa o Congresso do Brasil em todo canto. Há um mês, ele estava nos Estados Unidos falando pelo País, por nós, pelo Congresso, pela democracia. Há quinze dias, estava em Roraima; depois de amanhã, estará em São Paulo... No Brasil todo, as pessoas chamam o Senador Tasso Jereissati, e ele vai ao Brasil todo. Isso não tem nada a ver com verba do Congresso, não tem nada a ver com verba de passagem, não tem nada a ver com privilégio; mas tem a ver com responsabilidade pública de alguém que fez opção pela vida pública quando poderia, perfeitamente, dela não participar. Uma opção clara, agora mesmo confessada pelo Senador, em um momento de dificuldade e constrangimento, de refletir, como já disse, de outra forma, estando implícito em sua entrevista, o Senador Jarbas Vasconcelos: será que vale a pena isso tudo? O Senador Tasso disse hoje: será que vale a pena isso? Eu me conduzo desse jeito, eu tenho essa atitude, eu combato o que está errado, eu tenho capacidade de enfrentamento, eu ponho em risco os meus interesses - como já ouvi várias vezes -, enfrentando poderosos, que podem afetar, inclusive, os seus interesses empresariais. O Senador assume o papel dele, não se afasta um centímetro. Ele é uma rocha, firme, como poucos são no Brasil e poucos eu vi na vida pública. De maneira que mais importante do que nossa solidariedade ao Senador, da qual ele não precisa, porque ela é natural, não somente dos que estão aqui, pois são milhares que estão solidários com o senhor, senão milhões, além de muitos dos que não estão hoje aqui, porque hoje é quinta-feira e já foram embora. Mas é fato concreto que o Senador Tasso tem de ser homenageado hoje, porque ele é um símbolo do que há de melhor no Congresso. Nós temos de separar o joio do trigo, temos de ter a coragem de dizer que uns são assim e outros não são exatamente assim; que uns servem ao Brasil e outros não, servem-se dele; que uns põem o negócio na frente da política e outros põem a política na frente de tudo, de forma quase suicida, como faz muitas vezes o Senador Tasso Jereissati. Então, o PSDB, Sérgio Guerra, Arthur Virgílio, Senadores do PSDB, Deputados do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Aécio Neves, Governadores do PSDB, Prefeitos do PSDB, Vereadores do PSDB, militantes do PSDB têm no Senador Tasso um símbolo, como os nordestinos, de uma maneira geral, também o têm. No meu Estado, Pernambuco, muita gente dizia “por que vocês não fazem em Pernambuco o que o Tasso Jereissati fez no Ceará”? Era até mote de campanha. Por que não fazemos todos o que o Senador Tasso faz no Senado: honrar o nosso mandato e fazer um grande mandato? O resto é especulação que o vento leva. O que vai ficar em pé são a imagem, o conteúdo e a presença do grande Senador Tasso Jereissati. Tenho tranquilidade sobre isso, e não temos que nos preocupar, apenas afirmar nossas convicções.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Senador Sérgio Guerra, eu realmente fico até emocionado com suas palavras e sei que elas são profundamente generosas, derivadas do carinho de V. Exª, da nossa amizade, muito mais do que dos méritos que, com certeza, V. Exª exagerou aí. Mas, de qualquer maneira, vale muito, como eu disse, quando a gente está realmente machucado isso vale muito.

Eu queria pedir permissão aos Senadores Casagrande e Flexa, ao Senador Pedro Simon para dar a palavra ao Senador José Agripino, que está com o avião saindo agora, neste momento, pois eu gostaria muito de ouvi-los também.

O Sr. José Agripino (DEM - RN) - Obrigado, Senador Tasso. Só queria dizer aos companheiros e a V. Exª que eu estava já a caminho do aeroporto, ligado na TV Senado, e vi que V. Exª estava falando. Dei meia-volta, e pode até ser que perca o meu avião, mas não poderia perder nunca a oportunidade de dizer o que eu quero dizer. Senador Tasso, eu o conheço há muitos anos, desde quando eu era Governador e V. Exª era empresário, já exitoso, do Ceará. Lembro demais: eu, Governador recém-eleito, em 82, e V. Exª era presidente de uma entidade de classe no Ceará e foi me receber no aeroporto. Fazíamos uma reunião de Governadores. E V. Exª ficou encarregado de me acompanhar, de conversar comigo. Depois, V. Exª cresceu, virou Governador, grande Governador do Ceará, virou o político que é. Mas eu não quero me referir a isso, não. Quero me referir à qualidade do Senador que V. Exª é. Veja: V. Exª está sendo obrigado a ir à tribuna porque usou sobra da sua cota de passagens para fretar avião pequeno, jato. Será que as suas atribuições não envolvem necessidade de agilidade? Um homem que, como V. Exª, teve a atuação que teve na Lei de Falências? Eu me lembro bem. A Lei de Falências que o Brasil produziu teve um pedaço da sua participação, que, Presidente de Partido, para cima e para baixo, estava presente nas discussões. A reforma tributária, que nós votamos aqui, que está empacada na Câmara, saiu por conta da presença de alguns Líderes, entre os quais a proeminente presença de V. Exª. A reforma da previdência. Agora mesmo, no grupo da crise, quem é que chamam? Chamam o Tasso. Chamam Marco Maciel. Chamam figuras exponenciais. Eu sei que todos somos iguais, mas cada qual tem aptidões especiais, particulares. E isso envolve necessidade de andar para lá e para cá. V. Exª é um homem rico? É um homem rico. Teve sorte, teve oportunidade, teve talento. É um homem competente a quem o Brasil deve, o Ceará deve? É claro que o é. Precisa movimentar-se. Tem que estar presente no Rio Grande do Sul para fazer uma palestra, no Amapá para fazer uma palestra? Tem. Aí, o estão condenando agora porque V. Exª contratou, com a verba de cota de passagens, com a sobra da verba da cota de passagens, um avião para se deslocar, por necessidade, como se isso fosse um pecado irrecuperável, como se fosse um pecado irrecuperável, como se isso lhe levasse ao pelourinho. Para mim, para o meu partido, não leva, não. O Senador Tasso Jereissati continua merecedor da nossa confiança, do meu respeito, do nosso apreço e continua a ser um símbolo do Senado, um homem sério que tem uma contribuição importante nos momentos importantes desta Casa. Quando se chama à discussão para resolver coisa séria, o nome Tasso Jereissati é lembrado imediatamente. E não se pode agora, com certos episódios, macular a imagem ou inibir a ação política de pessoas que têm uma contribuição importante a dar ao País. A indignação de V. Exª é moderada, eu a recolho e concordo com ela. Eu queria e fiz questão de voltar do meio do caminho para demonstrar a V. Exª o apreço que pessoalmente lhe guardo e o apreço que o meu partido tem por V. Exª. Vá em frente, Senador Tasso, não se deixe intimidar, não. Continue a ser o mesmo político, destemido, corajoso, talentoso, com espírito público, a quem o Brasil deve muito que se chama Tasso Jereisatti.

O SR. TASSO JEREISATTI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador José Agripino, pela generosidade e pela gentileza de arriscar vir a perder o seu avião e dar essa palavra tão forte e tão amiga no esclarecimento deste episódio.

Eu sei que há vários Senadores, estou vendo a Patrícia, mas eu já tinha os Senadores Casagrande, Pedro Simon e a Patrícia. Não é por ordem de beleza de jeito nenhum; é de Casa.

O Sr. Renato Casagrande (Bloco/PSB - ES) - Muito obrigado, Senador Tasso. Eu naturalmente não tenho dúvida com relação ao seu comportamento, Senador Tasso. E não precisaria nem usar da palavra porque seus companheiros de partido, correligionários, pessoas que conviveram e convivem há mais tempo com V. Exª já estão aqui fazendo seus depoimentos. Então, eu não precisaria me pronunciar com relação à confiança e com relação aos seus atos aqui no Senado. Mas eu quero me pronunciar porque, além e reafirmar a confiança, quero me pronunciar porque a diversidade que V. Exª está vivendo neste momento também nos dá a oportunidade de discutirmos as mazelas do Senado, os problemas que o Senado está vivendo. E é importante também que nós possamos reconhecer que, neste ambiente que estamos vivendo no Senado, não tem ninguém que se salva; não há nenhum Senador que se salva neste ambiente que estamos vivendo. A Instituição está fragilizada, correndo o risco de perder a sua capacidade de representar a equilíbrio federativo, correndo o risco de perder a sua capacidade de ser a Casa Revisora e correndo o risco de perder a sua capacidade de representar a população brasileira. Por isso que aproveitamos o momento, Senador Sérgio Guerra, Presidente do PSDB, para dizer que este é o momento de mantermos o debate, porque o tempo não pode se aliado das pessoas que querem manter a situação do Senado do jeito que está. Eu sei que há pessoas que apostam que, com o passar do tempo, com a vinda da Semana Santa, com matérias importantes que estão sendo discutidas no Senado, este tema da necessidade de modernização do Senado vai ficar esquecido. Quantas pensam assim! Nós não podemos mais argumentar a falta de conhecimento, que eu pude argumentar neste episódio, porque a quantidade de notícias que surgiram do Senado, de fato, não era do conhecimento de muita gente e de muitos Senadores aqui desta Casa, Senadores mais novos, como eu, e Senadores mais antigos, como o Senador Pedro Simon, que é o nosso decano no Senado. Então, não temos como argumentar mais a falta de conhecimento. Então, manter o debate é fundamental. E para que nós não fiquemos na situação que o senhor está agora, tendo que explicar para a Nação brasileira um assunto legal praticado por V. Exª, além de mantermos o debate para que esse assunto possa se manter na pauta do Senado, nós temos que ter clareza das normas que regem os nossos direitos aqui dentro do Senado. Nós não podemos ficar suscetíveis a ter que explicar por que uma norma não está bem redigida ou uma resolução não está bem feita. O Senador Heráclito Fortes tem-se esforçado para isso. É bom a gente reconhecer essa determinação do 1º Secretário, mas há que ficar claro qual a norma e o regulamento que nos dirigem e que nos regem aqui no Senado. A outra questão importante para nós aqui é a transparência. O Senado criou o Siga Brasil, que é importante, que tem dados do Executivo, do Judiciário, do Legislativo, e é um portal importante para o acompanhamento da execução orçamentária.

Mas eu estou propondo um outro portal, que é um portal específico do Senado. Temos que ter simplicidade na publicação dos dados para que a população possa acompanhar, porque a transparência é a principal arma para se combater os atos ilícitos, porque a transparência induz ao combate à impunidade. Então, ter transparência nos atos do Senado também é fundamental. Agradeço a oportunidade que V. Exª nos está dando de fazermos com que o debate se instale, neste momento, sobre um problema que V. Exª está vivendo; que se instale, neste momento, de novo, aqui no Senado. E para que possamos cobrar das demais instituições, como cobrou aqui o Senador Sérgio Guerra há pouco, e para que as demais instituições funcionem é fundamental que a nossa Instituição funcione, que seja moderna, que tenha uma gestão moderna, que não seja uma instituição privatizada para atender a meia dúzia aqui no Senado. É fundamental isso. Então, precisamos fazer a modernização desta Instituição, para que ela tenha condição de cobrar das demais instituições. Aproveito para manifestar não só a minha solidariedade a V. Exª, mas também a minha oportunidade de manter o debate, que é importante para o resgate da credibilidade desta importante Instituição, que já representou aqui o espírito de Rui Barbosa. Obrigado, Senador Tasso.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Senador Casagrande, muito obrigado pelo importante aparte.

Queria dizer-lhe que estou inteiramente de acordo com V. Exª. Devemos aprofundar o debate e não esconder o debate neste momento. O mais importante é que fiquem muito claros os direitos, os deveres e as obrigações de cada um de nós; quais são as ferramentas disponíveis; quais são aquelas que realmente serão e poderão ser utilizadas e como serão utilizadas pelos Senadores para desempenharem bem o seu trabalho.

Sou da opinião, sempre fui da opinião de que o melhor cenário para as Casas parlamentares, para as instituições públicas é a luz acesa. Sempre a luz acesa é o melhor remédio.

Ouço o Senador Pedro Simon.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Prezado Senador Tasso Jereissati, eu o conheço de longa data e tenho por V. Exª um respeito muito grande. Por uma feliz coincidência, sou seu vizinho no apartamento em Brasília e conheço V. Exª, sua esposa, seus filhos, sua família, o seu estilo e a sua maneira de ser. Lembro, lá no início, nos seus primeiros mandatos, quando V. Exª representou uma grande expectativa para o nosso País. V. Exª fez uma renovação no Ceará e no Nordeste, e V. Exª iniciou uma nova geração e uma nova forma de fazer política que até então não se conhecia naquela região. Eu me lembro - foi uma das vezes em que fiquei do lado do Presidente Sarney, contrário ao Dr. Ulysses - de quando o Presidente Sarney e muita gente achava que V. Exª é que deveria ser o Ministro da Fazenda. E acho que ele cometeu um equívoco muito grande; acho, com todo o respeito ao Sr. Bresser e aos erros que ele fez com os planos dele, que seria muito diferente a história do Brasil se V. Exª tivesse tido a oportunidade de levar adiante. Eu me lembro de V. Exª com os Governadores, quando nós nos reunimos para tentar salvar a política, salvar a vida pública brasileira. Com relação à integridade, à seriedade, ao respeito que todos temos por V. Exª, acho que não há o que dizer. V. Exª é um homem que se impõe ao respeito, à admiração, à dignidade, pela sua história, pelo seu caráter. É o que V. Exª disse em seu pronunciamento, e é a absoluta verdade. Os adversários mais radicais, mais duros que V. Exª teve, ao longo dos seus três mandatos como Governador e tudo mais, sempre reconheceram, por unanimidade, sua seriedade, sua altivez. Acho doloroso que V. Exª tenha que ir à tribuna fazer o discurso que V. Exª está fazendo. Acho, com toda sinceridade, que V. Exª não está diminuído; V. Exª está tendo oportunidade de ter a admiração, o respeito, o carinho, a confiança e a credibilidade de todos. Mas ter que fazer um pronunciamento que nem esse, ter que fazer esse tipo de explicação... Se V. Exª precisa, imagine onde está colocado o Senado! Acho que tínhamos que aproveitar, meu prezado e querido amigo Senador Tasso, esse episódio - e foi muito bem dito aqui pelo Senador que me antecedeu - não para esperar a Páscoa, não para esperar os próximos dias para que isso passe e, passando, sigamos adiante. Acho que temos que fazer uma profunda reflexão, uma profunda reflexão na nossa maneira de ser. Olha, Senador, de repente não sabemos se são 40 diretorias, se são 80 diretorias, ou se são 170 diretorias. Como vamos explicar isso à sociedade?

Como vamos explicar para a sociedade que o que aconteceu foi que de repente se deu um aumento, um plus de R$2 mil, R$2,2 mil para quem ocupasse o cargo de diretoria e, em vez de estender esse plus de R$2 mil a fulano, sicrano e beltrano, fez-se com que o encarregado do aeroporto fosse diretor, com que o encarregado da garagem fosse diretor. O cidadão com a mesma finalidade, ocupando a mesma posição, no mesmo lugar, de repente foi alçado a diretor. E realmente fica difícil explicar 190 diretores, como fica difícil, para mim, explicar no Rio Grande que estou aqui há 30 anos e não sabia que havia 190 diretores. Essas coisas não podem continuar! Não podemos, de repente, ser surpreendidos porque se decidiu que os mastros das bandeiras que estão aí não estão bonitos, têm que ser de uma madeira especial, e aparece uma licitação para comprar 27 mastros de uma madeira especial e não sei mais o quê. Não fica lógico e ninguém sabe quando, de repente, aparece uma obra para se fazer um túnel entre o Senado e o Palácio do Governo, e ninguém sabe quem foi ou quem não foi. De repente aparece uma verba para se construir um novo anexo, e ninguém sabe como é e como não é. Vou lhes ser muito sincero. Se V. Exªs me perguntarem qual o fato mais grave que há aqui, eu falo com a autoridade de ser o mais velho, o mais antigo e, portanto, o mais culpado: é a nossa omissão. Nós ficamos olhando, vendo e não fazemos nada, não nos preocupamos. “Não é coisa nossa; não sou da Mesa, não sou Diretor nem 1º Secretário; não sou Vice-Presidente, não sou Líder”. Acho que aí é que começa o nosso erro. Com toda a sinceridade, isso não pode continuar. Venho defendendo há longo tempo, Senador, uma tese: o Senado, com 81 Senadores, poderia realizar mensalmente uma reunião de trabalho, em que nós fecharíamos a porta e debateríamos, e tudo o que se passa no Senado passaria por essa reunião do Plenário. Nós não votaríamos, como disse o Senador Suplicy - e é verdade -, por exemplo, “está em votação a decisão da Mesa número tal”, sem sabermos o que é; votar sem sabermos, sem termos conhecimento. Eu acho, com toda a sinceridade, Senador, que alguma coisa nós devemos fazer. Eu acho que nós não podemos continuar trabalhando terça de tarde, quarta e quinta-feira de manhã. Eu acho que nós podíamos fazer uma pauta dos trabalhos, e essa pauta nós vamos fazer agora, neste mês, agora no dia que estamos vivendo - agora, é mentira; já estamos no dia 2 de abril. Mas, nos últimos dias do mês, fazer uma reunião plenária, e os Líderes e a Mesa dizem a pauta que nós vamos ter no mês seguinte. E aí nós ficamos aqui segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado, domingo, discutindo a pauta, votando a pauta...

(Interrupção do som.)

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Não que depois de votada a pauta eu encerre, não; o Plenário continua, mas aí não há mais sessão e cada um pode ir para seu Estado. Nós temos que tomar decisões. Com relação a essa verba de representação, está todo mundo caindo na gozação. A Mesa da Câmara agora tomou uma decisão muito importante: a partir de agora ninguém pode usar mais a verba de representação em empresa própria, nem em empresa de vigilância, nem em empresa do que quer que seja.

Então, a imprensa está dizendo: “Mas precisa dizer isso!” Será que não é a lógica do bom-senso, da ética, da moral? Ao natural, que eu não posso pegar uma empresa de segurança minha e pegar minha verba e fazer isso. Enquanto nós não tivermos regras claras, não é possível! E olha que nós estamos em uma situação muito estranha... O Congresso sempre esteve com os holofotes virados para cá. Inclusive, na época da Ditadura, era mais fácil bater no Congresso do que bater nos generais de plantão, que dava coisa séria. Mas o Senado sempre teve uma respeitabilidade. E, hoje, de certa forma, nós estamos na liderança da negatividade da opinião pública. Eu acho que nós devíamos aproveitar o pronunciamento de V. Exª, a mágoa correta de V. Exª, mas que não o atinge. No momento em que V. Exª está nesta tribuna, qualquer um de nós poderia estar aí, porque, se atinge V. Exª, nós estamos atingidos junto com V. Exª, porque não tem ninguém que sobra neste momento que V. Exª está vivendo. Vou fazer alguma coisa. Vamos tomar algumas providências. Não pode ser isso, Sr. Presidente. Não pode ser no sentido de o Primeiro-Secretário, ou o Secretário-Geral da Mesa, ou o Diretor não sei do quê, ou não sei mais o quê, ou não sei mais o quê, e ninguém mais sabe, realmente, qual é o caminho para onde a gente vai... Eu acho que o grande pecado desta Casa, a começar por mim, é a omissão. As coisas acontecem, e eu não tenho nada a ver com isso. Não! Eu acho que sou responsável. Meu carinho, meu abraço, admiração e respeito que V. Exª sabe que teve, tem e continuará tendo por parte deste teu amigo.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Senador Pedro Simon, V. Exª sabe que significa o símbolo do que ainda há de bom nesta Casa, personaliza em V. Exª a sua trajetória, sua vida e especialmente para mim a quem tive o privilégio de acompanhar politicamente desde muitos anos atrás, sempre representou uma referência também de vida pública. E essa sua palavra é especialmente importante e me diz muito. Muito obrigado, do coração.

Senador Heráclito, eu quero atender a todos, eu quero ouvir todos mas... Espero a compreensão dos que estão viajando.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Senador Tasso, eu vou...

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - A Senadora Patrícia fica para o fim, porque a mais bonita é a última, porque o resto é tudo igual.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Então, ela vai disputar no par ou ímpar com a Senadora Lúcia Vânia, com todo o respeito à sua preferência. Sr. Presidente, Senador Tasso Jereissati, eu quero começar respondendo a essa cobrança permanente que o Senador Pedro Simon faz da atuação do colega dele, o Primeiro-Secretário. Eu queria que o Senador Pedro Simon entendesse que eu tomei posse na 1ª Secretaria há 60 dias, Senador Pedro Simon. Tenho procurado tomar todas as providências que me têm chegado. Os fatos que ocorrem no Senado hoje são fatos históricos. Quando V. Exª aqui chegou há 30 anos, muitos deles já existiam. Agora, talvez, quando V. Exª fala em omissão, eu concordo. V. Exª foi convidado por todos os companheiros para ser o candidato a Presidente da Casa e não aceitou. Por que não aceitou? Não é verdade? Talvez esse tivesse sido o caminho que nos evitasse viver os constrangimentos que estamos vivendo hoje. E é verdade. O Senador Pedro Simon foi convidado por todos. Era um candidato de consenso. Eu mesmo alimentava esse sonho - e disse a ele, e vários colegas disseram - de vê-lo presidir esta Casa, mas aqui funciona...

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Por amor de Deus, Senador, por amor de Deus, quando eu falo...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Marconi Perillo. PSDB - GO) - Eu gostaria de solicitar ao Senador Heráclito Fortes que continuasse o aparte ao orador que se encontra na tribuna.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Não estou aparteando. Estou apenas prestando esclarecimentos.

O SR. PRESIDENTE (Marconi Perillo. PSDB - GO) - Não é possível o aparte ao aparte. Peço escusas ao Senador Pedro Simon.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - A verdade é que, como membro da atual Mesa, às vezes, me sinto constrangido quando querem cobrar dela soluções que o tempo ainda não permitiu. Todas as providências, à medida que tomamos conhecimento, Senador Pedro Simon, estamos tomando, estamos tomando e pagando um preço alto. Por isso, quero que entendam. Agora, muitas das providências, o Senador Marconi Perillo tem acompanhado, estão sendo tomadas de maneira silenciosa. Eu queria apenas dizer isso, para que não fique essa imagem de que não estamos agindo. Agora, são fatos históricos com os quais não colaboramos. Ele, com justa razão, porque nunca participou da Mesa, disse uma coisa clara: o método, a maneira de se administrar a Casa em determinado momento fez com que, inclusive, alguns membros de Mesa convalidassem algumas ações de que não tomaram conhecimento. Mas isso é coisa do passado. Nós temos de falar é do futuro, Senador Tasso, e eu acho que V. Exª foi vítima de um episódio, está marcado desde ontem, a Senadora Patrícia Gomes é testemunha, desde ontem que eu procuro, eu conheço bem V. Exª, sei o tanto que isso abalou V. Exª. Hoje, pela manhã, eu cheguei aqui preocupado. Encontrei-me com o Senador Tião Viana, que viajava para o seu Estado, lamentando o episódio, hoje às 8h30 da manhã. Eu chego no Senado cedo, mas acho que V. Exª vai servir para que se dê um basta nessa temporada de se tentar jogar lama em pessoas apenas para encobrir fatos ou então desviar foco de outros assuntos, de outros temas. V. Exª não cometeu absolutamente nada que fugisse às regras desta Casa. O Senador Praia, por exemplo, é do Estado do Amazonas. Vários Estados da Região Norte... Isso é para que o Brasil entenda o que é o auxílio de transporte prestado ao Senador. O objetivo desse auxílio é para evitar que o Senador, que o Deputado, se desloque às custas de passagens ou de caronas de empreiteiras ou seja lá o que for. Existem casos inclusive de ajuda para aluguel de barcos. Barcos! Porque... Não, não V. Exª. Estou contando um fato em tese de pessoas que precisam... Por causa da região de V. Exª, para que V. Exª entenda. Corredeira, barco, não é isso? Então, tem pessoas que têm necessidade; Parlamentares que têm necessidade. E quero lhe dar esse depoimento porque não foi sequer como Senador que vi isso. Eu vi na Câmara, pois fui Vice-Presidente da Câmara por algum tempo. Então, solicitava-se o ressarcimento ou a indenização desse tipo de deslocamento. É um deslocamento para o exercício da atividade parlamentar. Daí por que - estou atendendo um apelo do Presidente Marconi Perillo - cobramos do Secretário-Geral da Casa um esclarecimento, que foi prestado. V. Exª agiu absolutamente dentro de uma regra existente. Se o Senado amanhã modificar essa regra, tudo bem. Abolir, proibir e deixar os Parlamentares vulneráveis a esses convites e a esses oferecimentos, tudo bem! Mas, na regra atual, não há nada que demonstre qualquer sinal de ilegalidade. Senador Tasso, V. Exª tem uma vida que dispensaria, inclusive, esse sofrimento de ocupar esta tribuna. Eu até o aconselhei que não o fizesse, pensando mais no amigo e na repercussão que isso poderia dar. Porque vi o quanto V. Exª estava emocionado, atingido, sofrido e quis poupá-lo desse momento, que é confortante, mas é penoso, duro. V. Exª, por tudo que fez pelo Nordeste e pelo Brasil, não merece isso. V. Exª foi, para a minha geração, uma referência de bom administrador.

Uma referência de governo revolucionário; uma referência de mudança de métodos e de costume na administração. E quantos homens públicos surgiram da sua eleição, para governador, usando e tendo sucesso em usar exatamente o método Tasso Jereissati de governar e de administrar. Esse que é o exemplo que V. Exª vai carregar pela vida afora. Isso agora é um episódio, isso agora é um fato isolado, e nós sabemos que, por trás disso, estão interesses inconfessáveis e que V. Exª tem de passar por cima disso. Muito obrigado.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Senador Heráclito, muito obrigado. Eu gostaria de, inclusive, ser testemunha do esforço que V. Exª está fazendo, da dificuldade e do sofrimento que V. Exª está passando também, diante de um problema que vem se acumulando ao longo de vários e vários anos, pelo enfrentamento de maneira tão difusa, tão espalhada, da disposição e das dificuldades que V. Exª está sofrendo.

Passarei a palavra, então, à Senadora Patrícia Saboya.

Eu gostaria apenas de dizer que estou deixando, como os meus amigos colegas tucanos são os meus irmãos de Bancada, estou pedindo a permissão deles para deixar por último.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - V. Exª está adotando um critério: um bonito e um feio. Fui eu e, agora, a Senadora Patrícia.

O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Espero aqui até à meia-noite, mas quero me pronunciar.

A Srª Patrícia Saboya (PDT - CE) - Senador Tasso Jereissati, Srªs e Srs. Senadores, eu conheço V. Exª há muito tempo. E V. Exª está, se não me engano, se não me falha a memória nas minhas contas, há 23 anos com mandato na política, desde 1986, quando se elegeu pela primeira vez governador. Um grupo de jovens, comandados e liderados por V. Exª, achou que era possível mudar o Ceará. E de lá para cá, nós conseguimos, com muito sacrifício, - me incluo e digo nós, porque me sinto parte de todo esse processo -, com todo o amor pelo Ceará, com o cuidado e, acima de tudo, todos nós, cearenses, somos testemunhas do seu trabalho, da sua dedicação, da sua seriedade, do seu compromisso. E como V. Exª, por diversas ocasiões que talvez nem caiba aqui falar, e eu vi V. Exª preocupado com coisas tão minuciosas que, certamente, muitos de nós, ou talvez a maioria de nós, nunca se preocupasse. Mas V. Exª sempre teve o cuidado com aquilo que é público. Foi por doze anos Governador do Ceará. E poderia porque talvez seja natural e até humano que, quando se ocupa durante tanto tempo um mandato como Governador, como autoridade maior do Estado, pudesse se acomodar, ou, então, ceder a alguns encantamentos que o poder traz. Mas V. Exª sempre foi um exemplo para cada um de nós: para os homens e mulheres mais simples do nosso Estado; para os homens e mulheres mais intelectuais, com o poder aquisitivo grande, pequeno ou médio. Mas V. Exª sempre mostrou...E talvez o seu compromisso, a sua seriedade, o amor e a paixão com que governou o nosso Estado, tenha-lhe feito, hoje, ser uma das maiores lideranças do nosso País. Eu não digo isso apenas pelo carinho, pela admiração, por tudo que tenho na vida para dizer e aqui ficaria horas a falar e dar um pouco do meu testemunho. Mas eu, sinceramente, Senador Tasso Jereissati, fico constrangida em estar aqui, tendo que prestar solidariedade a V. Exª, porque isso não é natural. Não é natural porque eu o conheço, porque eu o vi, eu o conheci, quando tinha 18 anos de idade. E para mim é constrangedor ter que dar qualquer testemunho sobre a sua ética, sobre a sua moral, sobre o seu comportamento pessoal, público, porque nós o conhecemos e sabemos. E foi ao lado de V. Exª que eu pude crescer, foi ao lado de V. Exª que eu tive a oportunidade de crescer, de ingressar na política, de poder lutar por aqueles meus sonhos que eu sempre tive. E V. Exª sempre foi capaz de compreender isso, capaz de dar espaço para que as pessoas pudessem crescer ao seu lado. E, hoje, eu lamento muito que isto esteja acontecendo. Não quero aqui falar de avião, de passagem, porque, para mim, isso é tão absurdo, é tão pequeno diante dessa imensidão que nós estamos vivendo no País, no mundo... E aqui uma crise no Senado, resultado de uma briga, que infelizmente é uma briga podre entre dois grupos, que infelizmente acabou, para que cada um pudesse talvez se proteger das coisas, enlameando o nome de pessoas que são sérias, de pessoas que são limpas. Acho que nós temos a obrigação, como disse aqui o Senador Pedro Simon e tantos outros que me antecederam, de passar o Senado a limpo. Tudo deve ser dito, tudo deve ser esclarecido. Isso é democracia. Isso é transparência. Mas é preciso ter cuidado. Cuidado para não jogar na lama quem é sério, quem é honesto, quem cumpre as suas obrigações, quem tem responsabilidade. É preciso cuidado. Digo, Senador Tasso Jereissati, porque sou membro da Mesa também. Fui eleita como foram o Senador Marconi Perillo, a Senadora Serys, o Senador Mão Santa, o Senador Heráclito e tantos outros Senadores. E acho que agora é nosso compromisso, não só da Mesa, mas compromisso de todos nós passarmos a limpo. O que a Imprensa deseja saber precisa ser dito, para que nós não possamos correr o risco de que aqueles que são de bem, que os homens de bem que estão na política, que ainda sobrevivem na política neste País não se desencantem também de tal forma que só deixem aqui e em tantos outros lugares representando o povo brasileiro, a imundície, a bandidagem, os maus exemplos, que fazem o povo e a população desse País cada vez ter mais nojo da política e de nós que somos políticos. Eu sou como V. Exª, não quero me esconder; sou como V. Exª que mostra a cara. E isso é o que faz cada um de nós aqui respeitar V. Exª. É V. Exª vir para cá e enfrentar com transparência, com seriedade, com firmeza aquilo que é o seu maior patrimônio, que é a sua vida, aquilo que V. Exª construiu, não na sua vida pessoal, mas por um País e por um Estado dos mais pobres da nossa Nação. Senador Tasso Jereissati, eu sei porque conheço V. Exª. Sei como isso pode estar abatendo V. Exª, mas não vai derrubar, porque muitas coisas já aconteceram durante a sua trajetória na política e nenhuma foi capaz de derrubá-lo, porque no final todos nós fomos capazes de reconhecer a sua decência, a sua ética e a sua condução. E assim todos nós que estamos aparteando V. Exª, e certamente muitos que não puderam ou não puderam estar aqui, também pensam como eu.

Reparto, como o Senador Arthur Virgílio e outros que me antecederam que, na conversa, com muitos jornalistas aqui, todos lamentam também que esse episódio, ou que se for preciso passar a limpo o Senado, sejam apenadas pessoas tão sérias e tão decentes como V. Exª. Tem aqui o meu abraço, o meu carinho, a minha amizade, que não é só hoje, mas para o resto da vida.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Senadora Patrícia, muito obrigado - permitindo a informalidade aqui - V. Exª é minha irmã de tantas lutas e só tenho a agradecer essa generosidade, esse carinho de sempre ao longo das nossas lutas e das nossas dificuldades. Muito obrigado, Senadora.

Senador Garibaldi.

O SR. PRESIDENTE (Marconi Perillo. PSDB - GO) - Senador Garibaldi, Senador Tasso, eu pediria aos aparteantes que se restringissem um pouco com relação ao tempo, uma vez que ainda temos que iniciar a Ordem do Dia, e já temos aqui uma medida provisória que vai trancar a pauta. Eu quero, antes de ler a medida provisória, dar sequência à discussão e à votação de matérias importantes para o País. O tema dessa discussão é muito importante, todos nós devotamos ao Senador Tasso Jereissati um imenso respeito e gratidão pelo que ele representa na modernidade da política brasileira. É por isso que estamos, às vezes, nem marcando o relógio, o cronômetro, para que ele possa ter oportunidade de ser aparteado, de expressar a sua opinião.

O SR. TASSO JEREISSATI - Obrigado, Sr. Presidente..

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Sr. Presidente, com a sua permissão?

O SR. PRESIDENTE (Marconi Perillo. PSDB - GO) - Pois não.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - V. Exª vai ler logo a medida provisória?

O SR. PRESIDENTE (Marconi Perillo. PSDB - GO) - Não quero ler a medida provisória, quero primeiro votar as matérias que estão aqui pendentes, para que nós possamos depois fazer a leitura, e com isso dar sequência a uma série de PECs que aqui estão e que precisam de leitura.

De qualquer maneira, o tempo será suficiente para que todos os aparteantes possam participar desse pronunciamento histórico do Senador Tasso Jereissati.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Senador Tasso Jereissati, há um ditado que diz que, para um bom entendedor, bastam duas palavras. Com relação a V. Exª, eu poderia dizer mil palavras. Já foram ditas aqui muitas palavras, mas eu diria que V. Exª é um exemplo para todos nós. Aliás, isso já foi dito, estou sendo repetitivo. V. Exª é um homem íntegro, um homem puro, um homem que enfrentou interesses contrários quando Governador do Ceará, mas enxugou e moralizou o Estado do Ceará. V. Exª agora está nessa tribuna, acredito, com uma amargura muito grande, mas com a certeza de que só aqueles que não lhe conhecem poderiam pensar que V. Exª iria cometer qualquer irregularidade. Minha solidariedade a V. Exª.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Senador Garibaldi, Presidente, colega Governador do Nordeste, V. Exªs talvez não façam idéia da relevância que tem para mim essa solidariedade e esse apoio que estou recebendo de V. Exªs.

Eu não quero ser grosseiro, mas eu queria sugerir que, talvez... Eu gostaria muito de ouvir todos os Senadores. Não sei se conforme o Regimento, mas, se pudéssemos ouvir todos os Senhores...

O SR. PRESIDENTE (Marconi Perillo. PSDB - GO) - A Presidência vai assegurar a todos que assim quiserem o direito de aparteá-lo, Senador Tasso, pelo respeito que esta Presidência e esta Mesa devotam a V. Exª.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Obrigado.

Senador Jefferson Praia.

O Sr. Jefferson Praia (PDT - AM) - Senador Tasso, serei breve, até porque muitos já falaram sobre o comportamento de V. Exª como homem público. Eu entrei aqui num dia desses. Conheço V. Exª há pouco tempo, mas conheço a história de V. Exª pela mídia e tenho muito respeito por ela. Portanto, inicialmente, quero me solidarizar com V. Exª e também dizer o seguinte. Este momento é difícil - infelizmente essas questões todas estão acontecendo -, mas nós não podemos, como foi dito por outros oradores, deixar passar este momento sem colocar esta Casa no rumo correto. Estamos vendo muitas questões administrativas sendo tocadas. Tenho certeza de que V. Exª, assim como eu... Estou na vida pública e digo às pessoas: “Não quero um clipe, não quero nada com dinheiro público”. Estou sucedendo um grande Senador, o Senador Jefferson Péres, que não utilizava verba indenizatória. Eu também não a utilizo há dez meses, são R$150 mil. Dos recursos das passagens: eu viajei pelo interior do Estado do Amazonas também com a minha cota, aproveitando-a para alugar avião, que é a única maneira de ir ao interior do Estado do Amazonas. Não utilizo a verba indenizatória. Pode ser feito isso? Pode. Isso sempre foi colocado para todos nós e para mim também. Essa questão administrativa sempre foi tratada... Por exemplo, no meu gabinete, trabalho com a equipe do Senador Jefferson Péres, mantive toda a equipe do Senador Jefferson Péres. Toda a parte administrativa é decidida por essa equipe. Infelizmente, nós perdemos um grande Senador, e eu tive de entrar no lugar dele. Como eu digo para as pessoas, entrei num trem andando. Então, busquei rapidamente perceber onde eu poderia contribuir mais para o debate no contexto das grandes questões nacionais. Então, ficamos aqui sem saber, por exemplo, sobre as questões administrativas. Quanto a essa questão das horas extras, eu confesso a V. Exª que nem sabia que havia hora extra aqui - eu disse isso no gabinete. Eu falei também para os meus funcionários que, daqui para frente, nós vamos precisar ter mais atenção em tudo. Se tínhamos vícios administrativos, não podemos continuar com eles. Agora, eu gostaria de fazer uma observação. O Senador Heráclito, por exemplo, colocou que está em andamento um processo de verificação para corrigirmos todas as questões que estão acontecendo aqui no Senado. Eu gostaria de saber o que está em andamento. Por que o que está em andamento tem de ser uma coisa que não é transparente se nós estamos querendo transparência? Eu não estou entendendo isso. Eu quero transparência. Por exemplo, se eu cometi erros, quero saber. Eu cometi erros? Se eu os cometi, não foi por vontade de tirar vantagem disso ou daquilo. Eu não quero nada, não quero tirar vantagem nenhuma! Com V. Exª, tenho certeza, é a mesma coisa. Assim é também com os demais, com muitos que estão aqui, que não querem um centavo do dinheiro público. Quero saber, sim, de lutar pelos interesses da população que represento. A população nos cobra muito. Chego ao meu Estado, e as pessoas nos cobram: “Como está aquela Casa? O que está acontecendo lá?” Então, acredito que chegou o momento de agir - aí concordo plenamente com o Senador Arthur Virgílio Neto. Em trinta dias tem de ser apresentado um plano de ações. É preciso que digam: “Está aqui o plano de ações. Vai ser feito isso, vamos discutir isso”. Vamos discutir, por exemplo, passagens, o que pode e o que não pode ser feito nesse caso. Vamos discutir tudo o que, de certo modo, coloca-se como certo ou como errado. E já foi percebido, por exemplo, nessa questão das passagens, que não tem nada errado, V. Exª agiu corretamente. No entanto, há interpretações diferentes e, então, é necessário que façamos correções. Eu acho que Senador tem de ter direito a alguns benefícios dentro do mandato. Por exemplo, por que um Senador tem de ter direito a assistência médica vitalícia? Sou contra. No dia em que isso for posto em votação aqui, vou votar contra. Por que tenho de ter direito a essa assistência depois de passar o mandato? Ninguém me convenceu até agora. Sou contra. Durante os oito anos, tem direito. Depois, não tem direito nenhum. E o restante dos trabalhadores, como fica? Então, são coisas que eu gostaria de discutir. Eu gostaria que nós aproveitássemos este momento para corrigirmos tudo o que está aqui, tudo o que está acontecendo. Não dá para a gente ficar nesse lenga-lenga. Todo dia, sobe um, vai um à tribuna. Hoje é V. Exª. Outro dia desses, foram outros Senadores, e Senadores ao lado dos quais tenho orgulho de estar. Tenho aqui uma responsabilidade muito grande, a de estar sucedendo um grande homem. Não quero ser mais ou menos do que ninguém, quero representar o meu povo, o povo do Estado do Amazonas. Agora, não dá para não sabermos qual vai ser o desdobramento deste momento que estamos passando, isso não dá. Algo tem de ser feito urgentemente. Qual é o plano de ação? Vamos discutir tudo, vamos discutir todas as questões e tocar as grandes decisões que temos de tomar nesta Casa, Senador Marconi Perillo. Temos de fazer isso! V. Exª é o Vice-Presidente e percebemos, por seu trabalho, que tem vontade de realizar nesta Casa. Acredito que o Presidente Sarney também tem esse objetivo. O Senador Heráclito Fortes colocou-se muito bem, está agindo, mas precisamos ter urgência nisso, precisamos de urgência nas questões relacionadas a todos esses pontos que precisam ser esclarecidos. No mais, quero dizer que tenho a honra de participar de um Parlamento que conta com V. Exª e com muitos outros Senadores. Acredito que o caminho é esse. Vamos trabalhar, vamos exigir, não dá para ficar nisso. Esse processo precisa ser transparente. E o que quero dizer com isso? Não se trata de caçar bruxas não. Se é para levantar, se é para verificar o passado, vamos, como disse o Senador Arthur Virgílio Neto, levantar toda esta instituição; vamos fazer uma CPI para averiguar tudo nesta Casa. Acredito que não é esse o caminho. O caminho é corrigir, estabelecer as regras que precisam ser estabelecidas. É isso o que a população quer. Se é esse o caminho, nós temos dois caminhos. Acredito que não é esse o caminho. O caminho qual é? Corrigem-se, acertam-se as regras, o que tem que ser estabelecido - é isso que a população quer! No mais, vamos votar os projetos, vamos defender, vamos fiscalizar, como diz o Senador Mário Couto, porque o nosso trabalho é este: legislar e fiscalizar. Muito obrigado. Solidarizo-me - repito - mais uma vez com V. Exª, que engrandece este Parlamento. Obrigado pelo aparte. Desculpe-me por ter me alongado muito.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - De maneira nenhuma, Senador Jefferson Praia. V. Exª acaba de chegar a esta Casa, infelizmente substituindo um grande Senador e um homem de uma ética irretocável, de uma postura irretocável e até entendo a sua responsabilidade de fazer cumprir o seu mandato à altura do Senador que se foi. Eu até lhe agradeço porque V. Exª colocou aqui um ponto de franqueza inesperada: V. Exª disse: “Eu mesmo já usei fretamento de avião” para fazer suas viagens dentro do Amazonas, sem precisar fazer nenhuma coisa especial, nada especial. E o seu eleitor exige isso. V. Exª está fazendo o seu papel. V. Exª tem que percorrer o Amazonas e, como Senador, percorrer outros Estados. Parabéns pela franqueza e pela demonstração de caráter que V. Exª tem dado aqui nesta Casa.

Eu passaria a palavra agora, como gentileza, à Senadora Lúcia Vânia.(Pausa)

V. Exª vai precisar sair...

Senador Marco Maciel, V. Exª tem a palavra.

O Sr. Marco Maciel (DEM - PE. Com revisão do orador.) - Nobre Senador Tasso Jereissati, sua vida pública é conhecida de todo o País e, embora ainda seja um político jovem, tem uma trajetória que o coloca entre os melhores homens de Estado no Brasil. Isso, a meu ver, decorre de sua forma correta, honesta, proba de desempenhar os cargos públicos, que não foram poucos. Isso também é consequência de sua participação no Congresso Nacional, mormente no Senado Federal, contribuindo para fertilizar o debate político de nosso País, oferecendo propostas importantes para o desenvolvimento nacional. V. Exª é uma pessoa extremamente respeitada e acatada por todos nós. Há uma parêmia latina: Res, non verba (atos e não palavras) que se lhe aplica muito adequadamente, a quem age de forma correta e também o faz quando se manifesta aqui no Parlamento, ou fora dele, expressando seus pontos de vista. V. Exª tem nosso reconhecimento e, como já ficou explicitado pelo Encarregado da concessão de passagens, agiu rigorosamente de acordo com as práticas que são adotadas aqui no Senado Federal. Daí por que, considero sua atuação correta quando vem à tribuna e diz claramente o seu comportamento e mostra que ele esta compatível com as normas de funcionamento da Casa. Certamente demonstra, mais uma vez, como se conduz na vida pública do nosso País, de modo particular aqui no Senado Federal. Portanto, tem o nosso reconhecimento, eu diria mais do que isso, a nossa solidariedade. Quero, portanto, também cumprimentá-lo pela hombridade de vir aqui trazer todas as explicações e mostrar que estava agindo de acordo com os procedimentos adotados aqui na Casa.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Senador Marco Maciel, também V. Exª como o Senador Pedro Simon representam uma referência importante nesta Casa pelo papel ao longo de tantos e tantos anos prestado à democracia brasileira dentro do Senado, no Governo Federal, no Governo Estadual e esse depoimento é de um peso muito valioso para este Senador.

Eu queria passar agora a palavra à Senadora Lúcia Vânia em deferência às Srªs Senadoras, que aguarda há muito tempo.

A Srª. Lúcia Vânia (PSDB - GO) - Obrigada. Senador Tasso, as pessoas que convivem no dia a dia com V. Exª sabem o quanto é duro para um homem da sua envergadura, da sua correção, da sua honestidade estar nessa tribuna prestando esclarecimento de um fato que é legal, que é correto. No entanto, V. Exª faz isso. Sei o quanto V. Exª está sofrendo neste momento. Nós os seus amigos acompanhamos - eu pessoalmente acompanhei - tão de perto a sua disciplina como Senador nas questões mais importantes. Aqui foi dito pelo Senador José Agripino da sua atuação na Lei de Falências, uma lei que tem colaborado com o País neste momento; foram 54 emendas. V. Exª contratou uma consultoria por suas próprias custas. V. Exª trabalhou a reforma tributária quase em silêncio, juntamente com o Senador Dornelles, buscando a melhor proposta. V. Exª trabalhou uma questão fantástica para o País que foi a pesquisa com células-tronco, conduzindo a negociação com tanta serenidade, com tanta tranquilidade. V. Exª criou a Sudene. Então, tudo nos faz pensar, num momento como esse, que é muito duro para um político da sua envergadura ser colocado na vala comum. Dá-se a impressão de que nesta Casa todos são podres, todos são desonestos, todos contribuem para que o País fique cada vez mais antipatizado com esta Casa. Isso é muito ruim. Isso é muito triste para todos nós. Hoje, quando me levantei e vi essa matéria na Folha de S. Paulo, eu nem acreditei naquilo que eu estava lendo. Acredito que alguma coisa maior tem que estar atrás disso. Não é possível que estejam pinçando pessoas da envergadura de V. Exª, amanhã pinçam outro, para nivelar todos por baixo. Eu quero aqui prestar a minha solidariedade e dizer a V. Exª que, desde que cheguei a esta Casa, o meu modelo é a sua conduta: tranqüilo, um empresário bem sucedido que colocou a sua experiência em tantos temas complexos nesta Casa e que nos ensinou muito. Confesso aqui perante o senhor, neste momento doloroso, que sempre gostei muito de trabalhar ao seu lado, pela disciplina, pela correção. É o meu modelo. O modelo que todos nós queremos nesta Casa. Neste momento quero externar a V. Exª que estou chocada, triste e constrangida de vir aqui prestar esta solidariedade e dizer a V. Exª o quanto eu estou sofrendo junto com o senhor neste momento. Muito obrigada.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senadora Lúcia Vânia. Mais uma vez, acho que a generosidade e o carinho que temos um pelo outro supera até a razão, a verdade e os méritos. Sei que V. Exª sabe como é querida e sei que existe, por parte de V. Exª, uma amizade muito grande. Então, quero dizer, do fundo do coração, que fico realmente marcado por essas palavras.

Ouço o Senador Eduardo Azeredo.

O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Senador Tasso, fiz questão de aguardar, ainda que perdesse a companhia do Senador Sérgio Guerra, que também foi a Belo Horizonte, para manifestar a minha total solidariedade em questão não só minha, mas de Minas Gerais, do Governador Aécio Neves, de todos nós do PSDB mineiro. Eu, assim como a Senadora Lúcia, comecei a minha vida pública como Prefeito de Belo Horizonte. Desde aquele momento, no início inclusive do PSDB, como seu fundador que fui, sempre procurei me espelhar na sua atuação, no que V. Exª fez. Na campanha de 1994 para governador, repeti exatamente o que tinha sido feito no Ceará em termos de mudança de patamar, de um tipo de política antiga para uma política moderna. O que estamos assistindo é exatamente a uma criminalização geral, é uma tentativa de nivelamento por baixo, é uma busca de desmoralização do Congresso, que não serve a ninguém. O Senador Arthur Virgílio disse aqui outro dia, com muita propriedade, que a desmoralização do Congresso precede o fim das liberdades, precede os regimes autoritários, que vêm depois que se procura desmoralizar quem está na vida pública. É muito interessante, Senador Tasso, que se exija do Parlamentar que ele tenha um desempenho acima dos mais altos executivos do País, que ele saiba de tudo, que ele dê opinião sobre todos os assuntos. Exige-se dele, mas não se quer dar ao parlamentar as condições para que ele possa exercer o seu trabalho. Assim que, até para ter um mero mensageiro, um assessor, uma secretária, se critica, se faz a conta de quantos nós temos. É evidente que ninguém defende mordomia, ninguém defende exageros, mas aqui eu, seguramente, posso dizer que mazelas administrativas existem. Elas não são realmente gerais, não podem ser colocadas a todos, e elas devem ser corrigidas. Não tem o menor sentido o tipo de análise que se tem feito, especialmente no seu caso, em que se procura transformar uma ação legítima como se fosse uma ação incorreta. Eu acredito que nós temos de estar permanentemente alerta, sim. Nós outros já passamos momentos semelhantes. A sua indignação é extremamente justa. Eu consigo ver com muita clareza, porque eu o tenho não só como um colega, não, é como amigo mesmo, a sua justa indignação. Mas o que consola, Tasso, é que, lá em Minas, a gente tem um ditado muito bom que diz assim: “Atrás de morro vem morro.” É um ditado que nós gostamos de usar. A vida pública precisa de pessoas como V. Exª, de pessoas que não estejam largando a vida pública ao primeiro problema que surge. Minha total solidariedade.

           O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador Azeredo; meu amigo, um homem honesto, correto, conhecido por todos nós e vítima também de incompreensões.

Ouço o Senador Flexa. Estou tentando fazer uma ordem: Senador Mozarildo, Senador Gilberto, me desculpem, mas a gente tem...

O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Senador Tasso Jereissati, V. Exª teria, com certeza absoluta, o aparte dos 80 Senadores, se estivessem todos eles, hoje, no plenário. V. Exª é para nós um símbolo; um símbolo de político honrado, ético e competente. Eu quero dizer a V. Exª que, há muito tempo, muito antes de entrar na política, V. Exª já era um guia para o nosso caminho. Eu lembro que, no Estado do Pará, usava o exemplo de V. Exª à frente do Governo do seu querido Estado do Ceará, para mostrar como o político honrado, sério, ético e competente podia transformar um Estado que era, naquela altura que V. Exª o recebeu, um Estado totalmente ingovernável. Muito antes de o Presidente Fernando Henrique Cardoso criar a Lei de Responsabilidade Fiscal, V. Exª já a praticava no Estado do Ceará. Eu dizia que, no Pará, quando o grupo político nosso buscava assumir o comando do Estado, que era para fazer com que o Pará, a exemplo do que V. Exª fazia no Ceará, pudesse ir no caminho do desenvolvimento. Então, Senador Tasso Jereissati, V. Exª não deveria ter tido essa iniciativa de vir à tribuna tentar explicar aquilo que o Brasil inteiro já sabe: a forma correta é ética com que V. Exª faz a gestão do seu mandato de Senador pelo Estado do Ceará. É lamentável que as coisas venham à tona sempre buscando enlamear as pessoas corretas e honestas. V. Exª tem o reconhecimento não só do povo do Ceará, que já o elegeu três vezes Governador, Senador da República, mas tem o reconhecimento de todos os brasileiros que o conhecem, que já ouviram falar em Tasso Jereissati e sabem que V. Exª dá à Nação brasileira parte do seu tempo, da sua vida de empresário vitorioso. E aqui já foi dito e é verdade, Senador Marconi: o Senador Tasso paga para ser Senador da República. V. Exª gasta mais do que tem de proventos como Senador da República. Já foi lido pelo nosso Presidente Marconi Perillo documento da Direção Geral da Casa, mostrando que o uso da verba de passagem foi correta e legal. E V. Exª, como disse aqui, não faria nada que pudesse ser ilegal ou incorreto. Tenha a solidariedade de todos os seus companheiros. Tenha a solidariedade de todos os seus amigos, mas tenha a certeza de que V. Exª tem a solidariedade de todos os cearenses e de todos os brasileiros.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Senador Flexa, um guerreiro dentro do Senado, mais uma vez, muito obrigado pela sua palavra de apoio sempre presente, sempre presente.

Senador Mozarildo.

O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Tasso, meu pai, que também era um cearense, me ensinou muito cedo que uma das coisas mais difíceis da vida é a gente combater um bom combate. E eu fico preocupado - nem vou repetir aqui uma coisa que é óbvia para toda a Nação, pois V. Exª está acima dessas acusações mesquinhas - com a frase de V. Exª, quando disse que dá vontade de largar tudo isso aqui e cuidar da sua vida em termos individuais. Se realmente os homens de bem como V. Exª largarem isso aqui, como eu ouvi o Senador Jefferson Péres dizer pouco antes de morrer, nós estamos facilitando a vida daqueles que querem se aproveitar do Senado ou de qualquer cargo público para se servir. Então, quero dizer a V. Exª que, como bom cearense, portanto, e como bom nordestino, aguente esse tranco porque é para o bem do Brasil.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Senador Mozarildo, muito obrigado por sua palavra de estímulo. É um desabafo que a gente faz, mas eu acho que isso passa no coração e na mente de todos nós em determinado momento. Porque é fácil ficar do lado de fora curtindo a vida e falando mal dos outros. Tão mais cômodo! Essa sua palavra é muito estimulante.

Com a palavra o Senador Mão Santa.

Eu vou lhe deixar por último, porque sei que você é o mais enfático, concorda? Vai viajar? Não. É de propósito.

Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Tasso Jereissatti, quis Deus Piauí e Ceará....eu conheço a história de V. Exª. Eu comecei no Ceará quando a Nossa Senhora de Fátima chegou lá. A minha mãe é terceira franciscana. Desde lá estudei, me formei, votei em Carlos Jereissati para Senador da República. A história, a grandeza empresarial, o líder novo, o político - é uma história muito bonita a de V. Exª. Mas poderiam dizer que essa admiração é porque nós somos ali do Nordeste, somos vizinhos. Por isso, eu queria dar um testemunho aqui. Já conheci muitos políticos. O político mais honrado que conheci foi Mário Covas. Deus me permitiu ser Governador na mesma época que ele e que V. Exª. Entende Mozarilldo Cavalcanti? Ele teve um câncer. E o interessante é que depois, no Senado, teve caso semelhante e eu passei a ser conselheiro, pelo meu jeito otimista: “Você está engordando”. Ele dizia que gostava comer pastel. E, naquela fase, eu fiquei assim um médico conselheiro, sempre motivando aquele herói guerreiro. Mas eu quero dizer para o Brasil que aquele que, a meu ver é o mais honrado político...Bastaria dizer o seguinte. Reunião de Governador. Aí perguntavam: “O Mário Covas vai?” Está ali ele, está ali o nosso amigo do Rio Grande do Norte Senador Garibaldi Alves Filho para fazer.... Então, se ele não fosse, não tinha reunião. Quer dizer, ele era o símbolo. Mas, nessas confissões de doença, de tudo, ele externou que gostaria que V. Exª fosse candidato do PSDB à Presidência da República. Então, isso aí vale mais do que qualquer outra coisa. Eu apreendi, e minha mãe, terceira franciscana: “Você também vai lá”. E eu ficava...Quando Francisco, o Santo, diz: “Onde tiver erro, que eu leve a verdade”. V. Exª é essa verdade na política. Então eu quero dizer o seguinte - e eu ia buscar lá na história para simbolizar isso. Dizem que um filósofo, ô Mário Couto, um grego, andava com uma luz, toda noite, na velha Atenas. Aí perguntaram-lhe o que ele estava a procurar. E Diógenes diz: “Eu estou procurando um homem honesto.” Um homem honesto do Brasil está na tribuna e neste instante representa o Ceará e engrandece o Congresso. É o Senador Tasso Jereissati.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Meu querido amigo, colega de Governo, colega de Senado, Mão Santa, sua participação nesse episódio é muito importante e a sua lembrança da enorme afinidade com o nosso grande Mário Covas é uma lembrança muito relevante neste momento. Muito relevante. E eu lhe agradeço muito por essa lembrança, que tinha que vir de um grande amigo.

Senador Gilberto Goellner.

O Sr. Gilberto Goellner (DEM - MT) - Senador Tasso Jereissati, para mim, é uma oportunidade muito grande, muito boa, muito gratificante poder falar à Nação hoje desse seu episódio que lhe pegaram, colocando como se não estivesse usando corretamente a verba indenizatória. Ora, nós somos testemunhas, todos aqui, de que nós somente usamos aquilo que é possível, dentro das regras.No entanto, o que não se sabe, possivelmente, é facilitar essa regra, torná-la mais clara. Faço uma analogia. Estamos, aqui no Congresso, iguais à legislação ambiental do País. Há, hoje, mais de 1,6 mil normas e regras. É uma balbúrdia total. Não se tem clareza na parte da legislação ambiental, do Código Florestal, do Código Ambiental do País, e isso está premendo os produtores rurais. O homem da cidade, o homem do campo está sob pressão. Por quê? Porque não há algo claro, definido? O fato de usar gasolina para abastecer um avião para ir ao seu Estado, que é distante de Brasília, da mesma forma como Mato Grosso, justifica-se porque a verba que recebemos não é suficiente. Nós colocamos hoje num avião particular duas a três vezes mais por mês do que está previsto para gastarmos. Nós poderíamos estar usando 100% dessa verba indenizatória só para abastecer avião, porque precisamos deslocar-nos. No Estado do Mato Grosso, eu também me desloco porque sou convidado, diariamente, a visitar Municípios distantes mil e quinhentos quilômetros, dois mil quilômetros da sede de Cuiabá. Então, não há gasolina para abastecer avião que chegue. Não existe outro meio rápido de locomoção, porque se levam hoje, nas estradas do meu Estado, dois dias, às vezes, para chegar a algum Município. Então, o que quero propor à 1ª Secretaria, à direção da Mesa do Senado é que realmente se coloque uma norma clara, porque nós estamos usando de acordo com a possibilidade, com o tipo de gasto de cada parlamentar. Uns precisam mais de gasolina, outros gastam mais com assessoria, outros gastam mais com viagens internas, outros têm avião próprio e precisam utilizar o avião próprio, que é mais conveniente. E o outro testemunho que eu gostaria de dar à Nação brasileira: eu estou há um ano no Congresso e estou testemunhando o quanto se trabalha aqui, o quanto os Senadores se dedicam, o quanto este Congresso, este Senado é leal com a Nação brasileira. Nós desenvolvemos aqui dois, três turnos de trabalho. O Senado é incansável. Comparando a minha vida privada com a vida parlamentar, eu realizo três vezes mais trabalho, porque sou solicitado a toda hora, nas comissões, nos relatórios, nos pronunciamentos feitos à Nação, nos grupos de trabalho que se faz dos grandes temas brasileiros. Então, de uma coisa a Nação brasileira pode estar certa: este Senado está trabalhando, e muito. É competente, tem homens competentes, tem homens honrados, a exemplo de V. Exª. Meus parabéns pelo seu pronunciamento. Nós devemos mostrar isso aí à Nação. Muito obrigado.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador Gilberto, companheiro recente, que acabou de chegar a esta Casa, que tem feito um trabalho muito correto e que começa a ser admirado por todos nós também.

Mais uma vez vou pedir ao Senador Mário Couto para ficar porque sei que o Senador Mário Couto foi um dos primeiros que, quando soube da reportagem, me deu um abraço forte e disse: “O que precisa de mim?” Sei da veemência dele, quando ele pega no microfone, e eu gostaria de encerrar com essa sua veemência.

Em homenagem às mulheres, a Senadora Rosalba.

A Srª Rosalba Ciarlini (DEM - RN) - Inclusive, Senador Tasso, o Senador Mário Couto hoje já esteve na tribuna fazendo sua defesa - na realidade, a defesa de V. Exª é a sua história, sua vida, porque o conheci. Acho que praticamente o senhor me conheceu agora, quando cheguei ao Senado, mas já devia ter ouvido falar, porque sou de uma cidade muito próxima do Ceará, fica a apenas 50 quilômetros da fronteira com o Ceará. E temos uma ligação muito presente, muito forte. Na realidade, o senhor deve ter ouvido falar sobre a Prefeita de Mossoró, porque, lá em Fortaleza, não é tão estranho. Mas morei em Fortaleza. Fui para Fortaleza em 1961 e, desde então, conheço a família do senhor, o seu pai. Sei da forma como o senhor foi educado, sua formação cristã. Como político, aquele empresário, homem trabalhador, que de repente foi convocado pelo povo para prestar um grande serviço ao seu Estado. Acompanhei como V. Exª combateu a corrupção, as mordomias, as mudanças profundas que fez no seu Estado, para promover o desenvolvimento. Isso tudo marcou, e o povo o consagrou como grande líder pelo trabalho realizado, sério, honesto.Então, Senador Tasso, essa é a história que presencio desde 1961. Quando cheguei ao Ceará, naquela época ainda menina, já se ouvia falar da família Jereissati com respeito pelo serviço que prestava, não somente ao seu Estado mas à Nação, porque seu pai foi também Senador e prestou um grande serviço à nossa Nação. E V. Exª segue esse mesmo caminho, essa trilha, esse exemplo, e aqui está. Com essa história, o Ceará o conhece e reconhece. Mesmo aqueles que não são seus eleitores - o que é natural, pois não existe unanimidade - reconhecem o quanto o seu trabalho é sério, honesto. O homem, o político, o trabalhador Tasso Jereissati fez não somente pelo Ceará, mas pelo Brasil. Era esse o depoimento que gostaria de trazer de quem o conheceu não apenas como político, mas que acompanhou sua vida como cidadão de bem, sempre disposto a dar a sua contribuição pelo trabalho e pela honestidade.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senadora Rosalba, do nosso vizinho Mossoró, quase Ceará - e digo para ciúme dos potiguares: Mossoró é quase Ceará -, pelas palavras amigas. E gostaria realmente de lhe dizer que a manutenção desse respeito e dessa tradição ao nome da minha família é fundamental nos meus objetivos e filosofia de vida. Agradeço muito a sua palavra de estímulo.

Senador Mário Couto, gostaria, com muita honra para mim, que quem encerrasse esses debates fosse este grande amigo e guerreiro paraense.

O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Queria, Presidente, fazer o meu aparte de pé para mostrar ao Senador Tasso a minha admiração, o meu respeito por S. Exª. Senador Tasso, o início do meu trabalho de hoje foi exatamente este tema. Comecei falando, Senador Tasso, da minha indignação - fico até emocionado -, porque neste Senado estão querendo transformar coisas legais em ilegais. E já existe uma fábrica costurando exatamente isso em cima de Senadores da sua envergadura. E eu vou ser mais contundente: como não tenho absolutamente receio de nada na minha vida, Senador, pergunto por que tentaram macular a sua imagem. Esta é a pergunta que faço à Nação: por quê? Se a Nação vem observando o que está acontecendo aqui, neste Senado, no dia a dia, deve responder essa pergunta. V. Exª, junto com o Senador Arthur Virgílio, tem lutado pela transparência deste Senado. V. Exª chegou a essa tribuna e fez uma denúncia. Disse que não entendia... Começou aí, Senador Tasso! Começou aí! Os canhões se viraram em direção a V. Exª, exatamente por causa da luta pela transparência. Quando V. Exª chegou aí, nessa tribuna, e disse a todos: “Eu me admirei - palavras suas - de ver um carro de alto luxo na garagem deste Senado e perguntei a alguns de quem era aquele veículo”.

O SR. PRESIDENTE (Arthur Virgílio. PSDB - AM) - Nobre Senador Mário Couto, permita-me interrompê-lo, apenas para prorrogar a sessão por mais uma hora.

O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Pois não, Senador. E V. Exª, Senador Tasso, disse: “Pensei até que esse veículo fosse de algum Senador, e me disseram que era da secretária do Diretor”. Arthur Virgílio foi à tribuna e disse que não admitia mais que pudéssemos prosseguir com o Diretor que tínhamos naquela ocasião, porque se tratava de um homem viciado, que já acumulava vícios durante anos, anos e anos, e que se transformou, aqui neste Senado, Senador Tasso Jereissati, num homem poderoso, que fazia as coisas e até escondia do Presidente, escondia dos Senadores. Quantos Senadores já disseram hoje aqui e em outros dias, Senador Tasso, que não sabiam de horas extras! Quantos Senadores já disseram aqui que não sabiam como mostrar transparências porque não tinham normas para isso! E não se tem normas para isso. Tudo isso é proposital. Acumulou-se, então, ao longo do tempo, um homem poderoso, um homem poderoso, repito, que ainda dará muito trabalho a todos nós. Vamos limpar? Vamos. Tenho certeza que, com o Secretário que se tem hoje, um homem competente, um homem sério, nós vamos chegar a limpar a estrutura desta Casa e saber o que pode e o que não pode ser feito. Ora, Senador, perguntei no início da minha fala hoje à tarde se V. Exª estava errado. Nesta ocasião, tinha de 15 a 20 Senadores. Eu disse o que tinha acontecido e perguntei a todos: há algum erro no que o Senador fez? Ainda há pouco, um Senador disse que fez, outros fizeram. Outros fizeram! O Pará é grande, o Senador precisa se locomover. Eu já aluguei avião também - um monomotor - Senador Tasso, para me deslocar. Eu também tive autorização de alugar avião, como V. Exª teve. Eu também perguntei ao Secretário na época se poderia, e o Secretário disse que poderia. Que erro cometemos? Existe uma fábrica aqui dentro deste Senado que precisa ser fechada, uma fábrica de informações irreais, ilegais e maldosas. A imprensa quer notícias. Não importa que seja a sua. Melhor ainda! Pelo seu caráter, por sua capacidade, pelo que V. Exª fez por este País, pelo que V. Exª fez pelo Ceará, pelo conceito de respeito que V. Exª tem nesta Nação. Afetar um Tasso Jereissati é notícia nacional! A imprensa quer isso. Se fosse, talvez, de um Mário Couto, não, mas de um Tasso Jereissati...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Vou deixar aqui, neste momento, uma sugestão ao meu Partido: CPI é pesado, mas não se pode deixar barato, não se deve deixar barato. V. Exª não deve a ninguém. Faltaram-lhe com o respeito. Desrespeitaram um homem digno, um homem de que todos nós gostamos, um homem que o Brasil respeita, o homem que Fortaleza e o Ceará inteiro respeitam, por sua bravura, caráter, lealdade com o povo, trabalho pelo povo. Desrespeitaram esse homem. Desrespeitaram esse homem. O nosso Partido não devia deixar barato. Vamos buscar mais ainda a transparência, Senador Arthur Virgílio. A sugestão fica feita. Senão, daqui a pouco vão inventar outras histórias e nós vamos precisar fazer a mesma coisa que estamos fazendo hoje, mostrar à sociedade que nós somos limpos e que nunca vão nos afetar. Senador, vamos assinar um requerimento - esta é a sugestão - pedindo ao Secretário e ao Presidente da Casa que se investigue de onde estão partindo essas informações, principalmente, Senador Tasso, pela ilegalidade das informações, principalmente pelo caráter maldoso de destruir caráter de homens como V. Exª. Isso é uma falta de respeito ao nosso Partido e aos Senadores de caráter como V. Exª. Então, deixo aqui a sugestão: vamos apresentar um requerimento, assinado por todos nós, dizendo que queremos saber, por questão de transparência, quem é a pessoa que se incomoda quando são trazidas as notícias reais, como V. Exª trouxe, quem são aqueles que não querem ser fiscalizados, quem são aqueles corruptos que querem ficar “mamando” eternamente à custa do povo brasileiro, à custa do Senado Federal e que não querem ser denunciados. Quem são? São esses que prestaram informações ilegais contra V. Exª. Queremos saber! O Presidente e o Secretário da Casa têm o dever de apurar. É esta a sugestão que deixo. Conheço V. Exª há pouco tempo, mas V. Exª pode ter a certeza de que me sinto muito gratificado em ser seu amigo, e V. Exª é um exemplo para que qualquer homem que tenha dignidade na vida siga. Meus parabéns pela sua postura!

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador Mário Couto. Muito obrigado pela sua firmeza, pela sua solidariedade de sempre, por esse ano de atuação aqui no Senado Federal, o que nos dá a segurança de que temos companheiros para combater o bom combate.

O SR. PRESIDENTE (Marconi Perillo. PSDB - GO) - Senador Tasso Jereissati, antes de V. Exª concluir esse seu histórico pronunciamento, eu gostaria de dizer, representando a Mesa, como Presidente desta sessão e do Senado no dia de hoje, que o povo que não tem história não tem memória. O povo do Ceará, seu Estado, tem uma bela história porque se lembra que os governos de V. Exª significaram divisores de água para o Estado, para a história do povo do Ceará. O Ceará, certamente, em sua história recente, é um antes dos três governos de V. Exª e outro depois desses três governos que levaram, definitivamente, o Ceará a uma história de modernidade, de ética social, de responsabilidade social, de inclusão e, principalmente, de obras que o transformaram em uma das grandes referências brasileiras em termos de PIB, em termos de exportações, de crescimento econômico, de desenvolvimento sustentável, e, principalmente, na redução de todos os indicadores sociais que, à época, eram extremamente constrangedores para o seu Estado e para o seu povo.

V. Exª, como bem o descrevia Mário Covas, pois era o predileto dele para ser o candidato do nosso Partido à Presidência da República, foi e é um farol para todos nós da nova geração de políticos brasileiros. Eu, como Governador do Estado de Goiás, me inspirei muito em V. Exª, que estava, na primeira hora, ao meu lado. Tenho, portanto, muito carinho, muito respeito por sua história, pelo seu trabalho e pela sua ética pessoal e coletiva.

Eu gostaria de lembrar, antes de encerrar, que Rui Barbosa, certa vez, escreveu que, de tanto ver triunfarem as nulidades, a desonra, a mediocridade, a desonestidade, a incúria, chegará o dia em que o homem terá vergonha de ser honesto. Eu posso lhe assegurar, como pessoa que conhece bem a sua trajetória, que V. Exª honra esta Casa de Rui Barbosa, o Senado Federal.

Este o meu testemunho.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Muito obrigado, Senador Marconi Perillo, pelas suas generosas palavras...

O SR. PRESIDENTE (Marconi Perillo. PSDB - GO) - É importante dizer que estamos aqui há duas horas e quarenta minutos ouvindo o pronunciamento de V. Exª e os apartes exatamente pelo carinho e pelo respeito que todos nós lhe devotamos.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Estamos aqui há duas horas e quarenta minutos graças à generosidade de V. Exª, que cedeu este espaço, inclusive postergando a Ordem do Dia, fazendo com que fosse possível que eu pudesse me defender e tentar colocar aqui a nossa indignação diante de todos os nossos colegas, dos Senadores, e ao Brasil inteiro, que, com certeza, vê pela TV Senado. Sem a sua generosidade e seu apoio, isso não seria possível.

Muito obrigado, Sr. Presidente, por esta demonstração de amizade e de correção política.

O SR. PRESIDENTE (Marconi Perillo. PSDB - GO) - Antes de iniciar a Ordem do Dia, desejo dizer a todos, especialmente ao Senador Tasso Jereissati, que esta Mesa Diretora está determinada - eu, pelo menos, estou determinado e percebo isto no Presidente da Casa, o Senador José Sarney, no 1º Secretário e em todos os membros da Mesa - a garantir que o plano de regulamentação da utilização de verbas de passagens, verbas indenizatórias, isso tudo seja resolvido imediatamente. Aliás, a transparência, a publicação dos gastos da verba indenizatória já começou a partir do dia de ontem. Pelo menos esse é o compromisso da Mesa. Esperamos que todas as medidas sejam tomadas imediatamente e que a administração da Casa possa sofrer mudanças extremamente radicais e um choque de gestão de modernidade para que o Brasil possa voltar a respeitar o Senado. Nós precisamos de ter gestão política, mas sobretudo gestão administrativa. Esse é o propósito desta Mesa Diretora.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/04/2009 - Página 8702