Discurso durante a 59ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro do transcurso da Festa de Nossa Senhora da Penha, no dia 20 de abril corrente.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. IGREJA CATOLICA.:
  • Registro do transcurso da Festa de Nossa Senhora da Penha, no dia 20 de abril corrente.
Publicação
Publicação no DSF de 28/04/2009 - Página 13298
Assunto
Outros > HOMENAGEM. IGREJA CATOLICA.
Indexação
  • REGISTRO, FESTA, SANTO PADROEIRO, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), DEMONSTRAÇÃO, CRENÇA RELIGIOSA, IGREJA CATOLICA, POPULAÇÃO, COMENTARIO, HISTORIA, COMEMORAÇÃO, INICIO, PERIODO, COLONIZAÇÃO, BRASIL.

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O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, uma das maiores manifestações de fé, devoção e união popular do Brasil, que se repete todos os anos, a Festa de Nossa Senhora da Penha reafirma a devoção de mais de quatro séculos e meio do povo capixaba à sua padroeira.

Nesta segunda-feira, 20 de abril, não foi diferente. Centenas de milhares de fiéis participaram da celebração, que se encerra com uma missa e a subida da imagem da Virgem da Penha ao convento, em procissão luminosa. Bandas de congo, um ritmo típico do Estado, associações comunitárias, jovens e idosos, deficientes físicos, todos subiram a montanha onde está situado o Convento da Penha, para louvar a protetora do Espírito Santo.

Poucas manifestações religiosas têm uma tradição histórica tão enraizada, tão vinculada à própria existência do Estado. Vasco Fernandes Coutinho desembarcou em território capixaba no ano de 1535, para tomar posse e dar início à colonização das terras que recebera do rei de Portugal. Já em 1572, o padre José de Anchieta, em carta dirigida ao Colégio de Coimbra, referia-se à devoção a Nossa Senhora da Penha e à existência de “uma ermida de abóbada que se vê longe do mar e é grande refrigério e devoção dos navegantes, e quase todos vêm a ela em romaria, cumprindo as promessas que fazem nas tormentas”.

O culto à Virgem foi introduzido por frei Pedro Palácios, irmão leigo franciscano, espanhol nascido em Medina do Rio Seco, perto de Salamanca. Estudou na Espanha e em Portugal e chegou ao Espírito Santo em 1558. Dizem que, quando ainda morava na Europa, soubera de um lugar belíssimo, na Capitania do Espírito Santo, no cume de um monte em que duas palmeiras marcavam o lugar ideal para se construir um santuário a Nossa Senhora. Não viveu para ver seu sonho concretizado, mas deu início a ele.

Ermitão, Frei Pedro Palacios morava numa gruta ao pé do monte - onde se iniciaria, mais tarde, a edificação do Convento da Penha. Pouco de sua chegada, ergueu, sobre o morro, uma ermida dedicada a São Francisco de Assis, e nela colocou um painel de Nossa Senhora das Alegrias, que trouxera consigo. Mais tarde, mandou trazer de Portugal uma imagem de Nossa Senhora, que até hoje se encontra no Santuário do Convento.

A festa que comemorou a entronização da imagem, em 30 de abril de 1570, é considerada por muitos historiadores a primeira Festa de Nossa Senhora da Penha realizada no Espírito Santo. Dois dias depois, em 2 de maio, frei Pedro Palacios foi encontrado morto, ajoelhado, apoiado no altar. Dificilmente encontraremos exemplo de apego tão literal à doutrina cristã: frei Pedro vivia de esmolas, dormia no chão da gruta e se dedicava a evangelizar os nativos.

Em 1644, foi construída a nova capela e, em 1651, no topo da rocha, começou a construção do convento, que era pequeno, servindo para poucos moradores. Remodelado e completado em 1750, ele permanece até hoje tal como era naquela época.

O humilde franciscano espanhol é o responsável pelo vínculo imperecível de Nossa Senhora da Penha com os capixabas, e pelo Convento, obra-prima da arquitetura que se avista de longe, em Vitória e em Vila Velha - de dia, quando a luz do sol destaca o contraste entre o branco da edificação e o verde intenso da mata que recobre as encostas; e à noite, quando a luz artificial realça suas paredes alvas e parece fazê-lo flutuar no ar. É como se a Virgem, do alto da montanha, reiterasse seu amor pelo povo do Espírito Santo e sua disposição de protegê-lo e ampará-lo em todos os momentos.

Nossa Senhora da Penha foi proclamada protetora da terra capixaba em março de 1630, pelo papa Urbano VIII. A bula papal ganhou confirmação em 1908, por um plebiscito realizado em todas as paróquias da diocese do Espírito Santo. Em 1912, a escolha dos fiéis recebeu a aprovação do Vaticano.

A Festa da Penha nasceu do sonho de frei Pedro Palacios e dos continuadores de sua obra, os frades franciscanos. Em 1991, durante sua visita apostólica ao Brasil, que incluiu uma passagem por Vitória, o saudoso papa João Paulo II ressaltou, em seu “Ato de Confiança à Nossa Senhora da Penha”, que Maria, mãe de Jesus, “venerada pela Igreja sob tantos títulos e, neste solo capixaba, com o nome querido de Virgem da Penha”, é a “intercessora da junto a Deus em favor da humanidade”. Dela os habitantes do Espírito Santo recebem benevolência, auxílio e consolo, e é a ela que recorrem nos momentos de angústia e dor. Nada mais justo que a homenageiem com tanto afeto na festa que lhe é dedicada.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/04/2009 - Página 13298