Discurso durante a 64ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Relato de viagem de S.Exa. por municípios do interior da Paraíba. Cobrança de socorro pelo Poder Público às vítimas das atuais enchentes. Voto de pesar pelo falecimento da Sra. Creuza Pires.

Autor
Cícero Lucena (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PB)
Nome completo: Cícero de Lucena Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Relato de viagem de S.Exa. por municípios do interior da Paraíba. Cobrança de socorro pelo Poder Público às vítimas das atuais enchentes. Voto de pesar pelo falecimento da Sra. Creuza Pires.
Publicação
Publicação no DSF de 05/05/2009 - Página 14753
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • COMENTARIO, VIAGEM, ORADOR, MUNICIPIOS, INTERIOR, ESTADO DA PARAIBA (PB), CONFIRMAÇÃO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, POPULAÇÃO, VITIMA, INUNDAÇÃO, DESABAMENTO, HABITAÇÃO.
  • COBRANÇA, GOVERNO FEDERAL, URGENCIA, EFICACIA, PROVIDENCIA, AUXILIO, POPULAÇÃO, MUNICIPIOS, ESTADOS, REGIÃO NORDESTE, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DA PARAIBA (PB), ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN), ESTADO DO PIAUI (PI).
  • HOMENAGEM, DIA, TRABALHO, OPORTUNIDADE, DEFESA, RESPEITO, VALORIZAÇÃO, TRABALHADOR, EFICACIA, SALARIO, GARANTIA, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, SEGURANÇA, APOSENTADORIA, IMPORTANCIA, EXTINÇÃO, FATOR, NATUREZA PREVIDENCIARIA.
  • HOMENAGEM POSTUMA, EMPRESARIO, ESTADO DA PARAIBA (PB), RELEVANCIA, PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, ASSISTENCIA SOCIAL, DEFESA, DIREITOS, IDOSO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. CÍCERO LUCENA (PSDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, aproveito a gentileza e a bondade do Senador Mão Santa para, após o discurso do Senador Garibaldi, com aparte do Senador José Agripino, trazer também a preocupação com essas chuvas que hoje ocorrem no Nordeste.

O poeta cearense Catulo da Paixão Cearense tem uma música que pedia para chover, mas pedia para chover devagarzinho. Sempre, no Nordeste, Senador Garibaldi, a gente pede para chover, mas que chova devagarzinho, porque, com a nossa estrutura, efetivamente, da maioria do tempo de convivência com a seca, nós não temos os investimentos necessários para enfrentar precipitações pluviométricas que fujam do cotidiano ou das repetições anuais que ocorrem nos nossos Estados. Por isso, o Rio Grande do Norte está com um número de desabrigados; o Piauí está; e a minha Paraíba, também.

Eu tenho uma grande preocupação, Senador José Agripino. V. Exª já foi Governador, como tantos outros Senadores aqui presentes, e sabe que nós precisamos ser ágeis. Eu me recordo - isto me marcou muito - de que, quando eu era Prefeito da cidade de João Pessoa, até em uma campanha, Senador Mão Santa, num dia de domingo, nós tínhamos uma carreata programada, que seria uma das maiores carreatas da nossa cidade. No sábado, choveu a noite toda. Às seis e meia da manhã, eu recebi uma ligação da então Secretária de Ação Social, Isa Arroxelas, dizendo que a lagoa Antônio Lins, no bairro de Cruz das Armas, estava inundada: várias casas haviam caído, muita gente estava desabrigada. Cancelei, então, a carreata e desloquei-me para a lagoa Antônio Lins, na cidade de João Pessoa. Chegando lá, Mão Santa, havia centenas de pessoas, para não dizer milhares, nas ruas, com água acima do joelho; suas casas, comprometidas; seus móveis, estragados, naquela dor, naquele sofrimento dos que perderam o pouco que tinham. E o povo, na rua, confiando que eu iria dar uma solução. Foi um dos momentos de maior emoção por que já passei. Aplaudiam-me por eu ter chegado, como Prefeito, na hora do problema, na hora da dificuldade. Basta dizer-lhe que, menos de um ano depois, toda essa comunidade estava urbanizada, com drenagem, pavimentação e com todas as casas devidamente recuperadas, enfrentando todos os invernos, daquela época até hoje, sem mais nenhum problema.

Por que estou relatando esse fato? Porque quero dizer que o Governo Federal, que faltou com o Rio Grande do Norte - conforme relatado pelo Senador Garibaldi -, faltou com a Paraíba - e o Governador Cássio, na época, fez muitas viagens atrás de recursos para enfrentar a cheia do ano passado -, que está vivendo mais um momento desses.

Estive, por exemplo, na cidade de Patos, Senador Mão Santa. Entrei nas casas. Visitei quase todas as casas que tinham sido atingidas naquela cidade. E dá dó. Dói no coração, porque você vê a simplicidade, a humildade daquelas pessoas, aceitando a fatalidade, mas algumas reclamando que ainda não tinha chegado nada. Para algumas poucas, tinha chegado um colchão de solteiro para uma família, tinha chegado uma cesta básica, mas não em todas as casas.

Então, o Poder Público, a burocracia precisa ter coração, precisa ter alma, ter sensibilidade, ter compromisso para com o próximo. E, no caso dessas enchentes, tem que chegar junto, através dos seus agentes, representantes, qualquer que seja o nível - estadual, federal, municipal - e socorrer, dar o apoio, ajudar essas pessoas que estão vivendo um momento tão difícil.

Por isso que me somo aos demais Senadores do Nordeste, dos Estados que estão sofrendo com essa cheia, para que se aja de uma forma rápida e eficiente. É aquilo que todos nós desejamos, que é o Governo trabalhar, principalmente, para aqueles que mais precisam.

Mas, Senador Mão Santa, eu queria aproveitar também para fazer a minha homenagem ao dia do trabalhador. No dia do trabalhador, desloquei-me até a cidade de Itaporanga, no vale do Piancó, na minha querida Paraíba. Participei, entre outros eventos, do maior torneio de pelada do Brasil, o Poeirão - é assim chamado naquela cidade. E, ao fazer a abertura, eu comentava que a maior homenagem que se pode fazer ao trabalhador é respeitá-lo, é pagar salários em dia, salários dignos, é se preocupar com a qualidade do trabalho, a segurança do trabalho, a garantia também para o trabalhador de que, na aposentadoria, ele possa ter tranquilidade.

Eu lhe confesso que, não só em Itaporanga, mas em todos os Municípios por que andei neste final de semana na Paraíba, não teve um sequer em que mais de um aposentado não me fizesse um apelo para que eu trouxesse a esta Casa: de que nos lembrássemos, no dia 13 de maio, e atendêssemos a essa grande demanda e a essa grande necessidade dos aposentados.

Então, eu acho que esta Casa - como V. Exª disse - vai ter a oportunidade ímpar de resgatar e de dizer que aqui nós existimos para fazer o bem e fazer justiça àqueles que precisam. A posição desta Casa e do Congresso, como um todo, em relação ao fator previdenciário será muito importante, e todo o Brasil vai estar acompanhando quem é verdadeiramente a favor do trabalhador no ato, na ação, no momento do voto, na prática do exercício da representação que nós temos, porque só assim nós estaremos fazendo justiça aos trabalhadores brasileiros, não só aos aposentados de hoje, mas ao trabalhador de hoje que amanhã também será aposentado.

Por fim, Sr. Presidente, eu encaminhei a esta Mesa voto de pesar pela morte de Dona Creuza Pires. Dona Creuza Pires, para a Paraíba, como um todo, foi um exemplo de perseverança e de humanidade.

Não foi à toa que a cidade de João Pessoa passou todo o dia de ontem sob uma chuva intensa. Foi como se chorassem os anjos. Afinal, perdemos um dos nossos maiores exemplos de fé, de perseverança e de humanidade. Morreu, neste domingo, aos 75 anos, a empresária, parlamentar, produtora cultural e ativista dos direitos dos idosos - que ela chamava carinhosamente de “melhor idade” - Dona Creuza Pires.

Paraibana de João Pessoa, Creuza dos Anjos Pires deixou o esposo, Adrião Pires Bezerra, seus filhos, Daniel, David e o advogado e amigo Marcos Pires, além dos demais paraibanos, com uma dor no peito e a certeza de que falta algo ao nosso redor.

Ela começou a trabalhar cedo. Aos treze anos de idade, já era vendedora, progredindo, na adolescência, para auxiliar de escritório e, posteriormente, formando-se no curso técnico em Contabilidade pela Academia Paraibana de Comércio. Antes do seu auge econômico, ela já impressionava a todos com o vigor empresarial de uma casa comercial que possuía na Rua Maciel Pinheiro. O marco do casal Creuza e Adrião Pires foi a inauguração da Granpires, na Lagoa, Parque Solon de Lucena, uma loja de departamentos, que, para se ter uma ideia, foi quem trouxe a primeira escada rolante para a capital paraibana.

Nos negócios, ela foi uma vencedora e, mesmo quando os revezes dos planos econômicos e das sucessivas crises do nosso País a impuseram momentos de muita dificuldade, Dona Creuza renasceu, servindo de exemplo de coragem, não se deixando abater por nada, mas por nada mesmo, porque sua fé em Deus sempre foi inabalável.

Empresária de muito sucesso, contribuiu significativamente para o progresso econômico e social do nosso Estado, não sendo raras as vezes em que, quando ainda não havia o Hotel Tambaú - que o Mão Santa gosta tanto, naquela cidade -, ela, na sua casa, na Rua Epitácio Pessoa, hospedava todas as autoridades que visitavam nosso Estado - Presidente da República, Roberto Carlos, quem visitasse, ela sempre os recebia em sua casa.

Em 1992, Creuza se elegeu Vereadora da nossa querida cidade João Pessoa e começou a participar ativamente de movimentos sociais e trabalhos em favor de idosos. A ex-Vereadora também atuou na área teatral, escrevendo e apresentando peças para os idosos, que foram encenadas em várias cidades do Brasil.

Sem que ninguém soubesse, Creuza Pires se submeteu a uma cirurgia para retirada de um tumor no intestino em 1967. Guerreira, como sempre foi, venceu essa batalha sem dar sinal de sofrimento. Dois anos atrás, um infarto quase nos levou a paraibana querida, que tanto fez pelos outros, mas ela resistiu mais uma vez.

Infelizmente, ontem, complicações após uma cirurgia para retirada de um linfoma acabaram vencendo a nossa guerreira, mas a obra social de Creuza Pires continua viva em todos nós.

A luta em defesa dos direitos dos idosos da Paraíba e do Brasil não vai parar, e a sua preocupação com as nossas crianças precisa ser uma prioridade dos atuais governantes do meu Estado e das nossas cidades.

Adeus, Dona Creuza Pires! Que o bom Deus a coloque no lugar que todos nós reconhecemos, como justiça, que deve ser um bom lugar.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/05/2009 - Página 14753