Discurso durante a 70ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação sobre a violência no País. Homenagem pelo transcurso, amanhã, do Dia de Nossa Senhora de Fátima e da assinatura da Lei Áurea.

Autor
Marisa Serrano (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MS)
Nome completo: Marisa Joaquina Monteiro Serrano
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA. HOMENAGEM. POLITICA DO MEIO AMBIENTE. SENADO.:
  • Manifestação sobre a violência no País. Homenagem pelo transcurso, amanhã, do Dia de Nossa Senhora de Fátima e da assinatura da Lei Áurea.
Publicação
Publicação no DSF de 13/05/2009 - Página 16769
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA. HOMENAGEM. POLITICA DO MEIO AMBIENTE. SENADO.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, JORNAL DE BRASILIA, DISTRITO FEDERAL (DF), DENUNCIA, ASSALTO, BANCO DO BRASIL, LOCALIZAÇÃO, QUARTEL GENERAL (QG), SETOR MILITAR URBANO (SMU), ORADOR, ROUBO, PREFEITO, MUNICIPIO, CAMPO GRANDE (MS), ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), SECRETARIA DE SEGURANÇA PUBLICA, ESTADO DE SERGIPE (SE), RESIDENCIA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), AMPLIAÇÃO, VIOLENCIA, MOTIVO, DESIGUALDADE SOCIAL, FALTA, EDUCAÇÃO BASICA, ATENÇÃO, FAMILIA, EXPECTATIVA, FUTURO, NECESSIDADE, QUALIDADE DE VIDA, JUVENTUDE, DEFESA, CONSCIENTIZAÇÃO, SOCIEDADE, CUMPRIMENTO, LEIS, COMBATE, IMPUNIDADE.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, POLICIA MILITAR, DEFESA, VALORIZAÇÃO, PROFISSÃO, COMENTARIO, DIA, SANTO PADROEIRO, ANIVERSARIO, ASSINATURA, ABOLIÇÃO, ESCRAVATURA, IMPORTANCIA, REDUÇÃO, DISCRIMINAÇÃO RACIAL, DESIGUALDADE SOCIAL.
  • REGISTRO, CALAMIDADE PUBLICA, INUNDAÇÃO, REGIÃO NORDESTE, SECA, REGIÃO SUL, MOTIVO, ALTERAÇÃO, CLIMA, DEFESA, AMPLIAÇÃO, DEBATE, PRESERVAÇÃO, BIODIVERSIDADE, ESPECIFICAÇÃO, COMISSÃO, MEIO AMBIENTE.
  • COMENTARIO, DEBATE, PRESIDENTE, CONGRESSO NACIONAL, ALTERAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, REESTRUTURAÇÃO, SENADO, EXPECTATIVA, RETORNO, CONFIANÇA, POPULAÇÃO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Senador Mão Santa. É sempre bom ver V. Exª relembrar um pouco a cultura brasileira e pensar no seu fortalecimento.

Mas hoje queria falar um pouquinho na violência que volta a assolar o País. Ela deve vir na esteira da crise financeira que o mundo todo acompanha e à qual o nosso País também não está imune. Por isso, nós temos o desemprego, as desigualdades, a falta de rumo no controle das políticas publicas. Tudo isso ajuda a agravar ainda mais a violência neste País.

Quero levantar alguns casos que me preocuparam. Primeiro, na última sexta-feira, dia 8, o Jornal de Brasília informou que dois assaltantes burlaram o esquema de segurança de um QG do Exército, no Setor Militar Urbano de Brasília e, em meia hora, renderam um general, imobilizaram um gerente da agência bancária que fica no local, retiraram o dinheiro do cofre e saíram tranquilamente.

Quero colocar, Senador Mão Santa, que, na minha cidade, em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, na terça-feira passada, o prefeito do PMDB, Nelsinho Trad, estava em casa sozinho, com segurança na porta e, mesmo assim, seis bandidos entraram, sem nenhum tipo de disfarce, sem capuz, sem nada, invadiram a casa, renderam o prefeito, amordaçaram-no, humilharam-no, roubaram o que queriam e saíram como se nada pudesse acontecer com eles, como se a impunidade fosse a meta deles.

Em Sergipe, a sala do departamento de rádio da Secretaria de Segurança Pública foi arrombada na madrugada do dia 6 de maio. Os bandidos levaram vários rádios transmissores e outros equipamentos eletrônicos. O que chama atenção é que o roubo aconteceu a poucos metros do gabinete do secretário de segurança do Estado.

E todos acompanharam que, em São Paulo, mais de 15 bandidos invadiram uma residência para roubar quadros valiosos. Acharam que eram amadores, porque cortaram as telas, mas, depois, perceberam que eram altamente especializados pois sabiam que as molduras dos quadros tinham chip. Assim, eles cortaram as telas para não serem identificados.

Todos esses casos que contei, que ocorreram de Norte a Sul do País, representam a audácia desses bandidos.

Tenho certeza de que todos os que estão me vendo ou ouvindo têm pelo menos um caso de violência de que foram vítimas, ou de alguém da família que foi vítima, ou já ouviu falar de algum caso nesses últimos tempos.

A gente fica imaginando o que leva uma pessoa a se tornar uma criminosa. Ninguém vai dizer que a criminalidade está no DNA das pessoas. Não está. É claro e evidente que a gente sabe dos casos de psicopatia. Mas se tornar criminoso neste País decorre da desigualdade social, da falta de políticas públicas audaciosas, da falta de uma educação de base, da falta de valores da família. Temos de voltar a ter, Senador Mão Santa, uma outra vida, em que as pessoas coloquem o sentimento de pertencimento na sociedade e digam: esta é a minha casa, esta é a minha vida, este é o meu mundo, e eu tenho que ajudar a construir um mundo melhor. E esse sentimento de pertencimento é que está faltando na nossa sociedade também.

As crianças hoje vão para a rua pedir alguma coisa, pedir uma ajuda e, passando o tempo, com o convívio com outros maiores ou com aqueles que não têm uma formação boa, tornam-se pivetes e vão arrolando no mundo do crime; E daí é difícil uma volta. Muito difícil.

Então, eu queria aqui fazer esta colocação: vivemos uma crise de identidade, com essa quantidade de jovens que não têm rumo e não veem o rumo, e nós não conseguimos dar a esses jovens a garantia de um futuro melhor, de esperança. Isso nos choca.

Eu queria dizer a todos aqueles que sempre mandam e-mails, que sempre se correspondem conosco, que, sobre essa falta de perspectiva no futuro, nós estamos buscando oferecer ao nosso jovem uma forma melhor de garantir esse futuro. Eu acho que é nisso que temos de cerrar fileiras.

Acredito que todos nós aqui no Senado, através dos debates que fazemos nas nossas Comissões, discutindo questões essenciais para a sociedade, temos procurado esse caminho. Mas toda a sociedade brasileira precisa achar uma forma de fazer com que a criminalidade seja residual naquilo que não pudermos atacar.

Alguns me dizem assim: precisamos de mais policiais na rua, faltam muitos policiais. Mas não dá para termos um policial para cada habitante do País, Senador Mão Santa. É impossível isso. Precisamos mesmo fazer com que a sociedade saiba que a lei existe para ser cumprida, que a impunidade não pode grassar no nosso cotidiano, que as pessoas sintam que os valores existem e que a família está ali sendo guardiã desses valores, que as escolas ensinem as nossas crianças a acreditarem no País, que possamos ter orgulho de sermos brasileiros e brasileiras.

São com essas formas de fazer que vamos ajudar a diminuir a violência no País, não será só aumentando o número de policiais.

E falando nos policiais, na garantia e na necessidade que temos do policiamento ostensivo e preventivo a curto prazo e, como eu disse, da formação do nosso povo em médio prazo, hoje, neste plenário, foi prestada uma homenagem aos policiais militares: 200 anos da criação da Polícia Militar no País. Foi Dom João VI quem a criou, em 1809.

É um orgulho podermos dizer que confiamos nos nossos policiais militares. Como os policiais de Brasília hoje deram uma demonstração da sua força, do seu amor a pátria, tenho certeza de que os policiais militares de cada órgão da Federação, de cada Estado, estão sentindo orgulho de comemorar amanhã, dia 13 de maio, os seus duzentos anos. É uma instituição neste País.

No entanto, quando o Banco do Brasil fez duzentos anos foi uma festa, o Banco do Brasil estava em todas as televisões, todo mundo falando dos duzentos anos de um banco. Mas nós devemos falar dos duzentos anos de homens e mulheres que trabalham com dificuldade, com extrema dificuldade, para garantir a ordem neste País e a segurança de todos os brasileiros.

Quero ainda falar que amanhã comemoraremos mais duas datas importantes. Uma delas é o dia de Nossa Senhora de Fátima. Todos aqueles que são católicos e que acreditam sabem que temos que pedir, devido a toda essa violência que estamos vivenciando no nosso País, muita fraternidade, muita paz, muita concórdia, a sensação mesmo de irmandade. E isso Nossa Senhora de Fátima nos traz. Eu, que sou filha de português, sei o quanto não só os portugueses, mas todos os brasileiros têm uma devoção grande por Nossa Senhora de Fátima.

E queria ainda dizer que há o Dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro, mas não podemos desconsiderar a assinatura da Lei Áurea no dia 13 de maio, que provocou uma mudança enorme neste País, deu-nos uma outra visão social e transformou gradativamente a sociedade brasileira. A inclusão dos negros fez com que este nosso País se tornasse o que é hoje, uma miscigenação, com o aculturamento de vários povos. Temos, sim, muito o que fazer ainda, mas também temos que comemorar aquelas boas notícias que nos chegam.

Mas, Sr. Presidente, quero terminar dizendo a todos que estão nos ouvindo que, além da instabilidade que estamos vivendo na área de segurança pública no nosso País, como eu disse há pouco, outras instabilidades preocupam-nos. Além da crise econômica, de uma epidemia de gripe que preocupa todo o mundo e também os brasileiros, há enchente do Nordeste.

Estive ontem na Paraíba, conversei com várias pessoas do interior do Estado. A gente sabe o que sofre uma comunidade que perde todos seus bens, sem condições de resgatá-los a curto prazo. A gente vê a cheia no Nordeste, mais de 200 mil pessoas desabrigadas, mais de 40 mortos; e vê o Sul do País passando por uma seca incrível. No sul do meu Estado, a agricultura teve perdas incríveis, estamos sofrendo com a seca.

Seca numa região do País, excesso de água numa outra nos dá a idéia de que o clima endoidou, não só no Brasil, mas no mundo todo.

É por isso que temos que trabalhar muito, Senadora Fátima Cleide, que faz parte comigo da Comissão de Meio Ambiente, discutir muito a questão ambiental no País, para que não soframos tanto como temos sofrido.

É também uma forma de angústia tudo aquilo que o Congresso Nacional e o Senado Federal têm passado nesses últimos tempos. Esperamos tudo aquilo de bom para a sociedade brasileira, mas para esta Casa também. E, hoje, vimos o Presidente José Sarney discutindo mudanças estruturais e administrativas no Senado.

E fico contente, pois é uma forma de mudar hábitos que, durante décadas, se instalaram aqui dentro, de fazer uma limpa, de mudar a face do Senado, principalmente para que a sociedade brasileira volte a ter orgulho dos seus políticos, volte a acreditar nesta Casa, volte a acompanhar os nossos trabalhos, volte a nos dar força para continuarmos lutando por aquilo que é importante para a sociedade brasileira em todas as áreas.

Acredito muito na reviravolta que estamos tentando empreender nesta Casa progressivamente. Queremos mudar os hábitos, tornar esta nossa Casa mais transparente, mais acessível, para que possa resgatar, como eu disse, sua dignidade, voltar a ser o palco das grandes discussões nacionais.

Temos de fazer com que a população sinta que esta é a Casa para a qual ela pode trazer as suas angústias, as suas preocupações, pois encontrará guarida. Estamos aqui para achar o melhor caminho, discutir com a sociedade, propor o que for melhor para todos.

Agradeço muitíssimo àqueles que me ouviram e ao Presidente, por me ter concedido mais tempo para concluir o meu raciocínio.

Muito obrigada, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/05/2009 - Página 16769