Discurso durante a 72ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração do centésimo aniversário da Universidade Federal do Amazonas - UFAM.

Autor
Jefferson Praia (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
Nome completo: Jefferson Praia Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ENSINO SUPERIOR.:
  • Comemoração do centésimo aniversário da Universidade Federal do Amazonas - UFAM.
Publicação
Publicação no DSF de 15/05/2009 - Página 17102
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ENSINO SUPERIOR.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, PRESENÇA, AUTORIDADE, SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, CENTENARIO, UNIVERSIDADE FEDERAL, ESTADO DO AMAZONAS (AM), COMENTARIO, FORMAÇÃO, ORADOR, OPORTUNIDADE, ACOMPANHAMENTO, LUTA, JEFFERSON PERES, EX SENADOR, PROFESSOR UNIVERSITARIO, DEFESA, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, ETICA, REESTRUTURAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
  • COMENTARIO, HISTORIA, FUNDAÇÃO, UNIVERSIDADE, ESTADO DO AMAZONAS (AM), PERIODO, EXPLORAÇÃO, BORRACHA, INICIATIVA, TENENTE, CORONEL, OBJETIVO, FORMAÇÃO PROFISSIONAL, MILITAR, COMPROMISSO, PROGRESSO, POPULAÇÃO, INTERIOR, REGIÃO, REGISTRO, EXTINÇÃO, INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL, ENCERRAMENTO, EPOCA, BORRACHA NATURAL, INFORMAÇÃO, REABERTURA, UNIVERSIDADE FEDERAL, LEI FEDERAL, AUTORIA, PAI, ARTHUR VIRGILIO, SENADOR.
  • ELOGIO, OBRA LITERARIA, AUTORIA, PROFESSOR, HISTORIA, UNIVERSIDADE FEDERAL, ESTADO DO AMAZONAS (AM), AGRADECIMENTO, CONTRIBUIÇÃO, SERVIDOR, MAGISTERIO, ESTUDANTE, MANUTENÇÃO, SUPERIORIDADE, QUALIDADE, ENSINO SUPERIOR, REGIÃO NORTE.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. JEFFERSON PRAIA (PDT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Bom-dia a todos.

Cumprimento o Presidente desta sessão especial, Senador Arthur Virgilio; cumprimento o Magnífico Reitor da Universidade Federal do Amazonas, Sr. Hidembergue da Frota; cumprimento a Exmª Srª Deputada Federal Vanessa Grazziotin; cumprimento o representante da Reitora Marilene Correa, da Universidade do Estado do Amazonas, o Professor Osail Medeiros de Sousa; cumprimento a Magnífica Reitora do Centro Universitário UniEuro, Srª Myriâm Christiano Maia Gonçalves; cumprimento a Professora Márcia Perales Mendes, Pró-Reitora de Extensão da Universidade Federal do Amazonas e futura Reitora da Universidade Federal do Amazonas.

Quero cumprimentar, também, os demais professores e professoras aqui presentes. Cumprimento o futuro Vice-Reitor da Universidade Federal do Amazonas, Professor Edinaldo Lima; cumprimento os atuais Pró-Reitores Edmilson Bruno e Bruce Osborne; cumprimento a Professora Maria Omar, Diretora da FES; o Professor Eduardo Nagau, Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas; o Professor Jamal Charr, Diretor do ICE; Lucídio Rocha, Diretor da FEF; Maria Menezes, da FCF; Ricardo Nogueira do ICHL; Professora Rosa Brito; Professora Rosana Parente; Professor Ideline Ribeiro, Presidente da Comvest; Professora Célia; Professora Regina Marinho; Helen Derzi, Secretária dos Conselhos.

Sejam todos bem-vindos a esta Casa, que é a casa do povo brasileiro.

Magnífico Reitor Hidembergue Frota, é um prazer tê-lo aqui conosco.

Foi com o carinho, o orgulho e o entusiasmo, Sr. Presidente, de um “filho” amoroso e agradecido, que tomei a iniciativa de requerer a realização desta homenagem ao primeiro centenário de minh’alma mater: a Universidade Federal do Amazonas.

Sim, porque há muitos anos permaneço nessa Instituição. Foi na Ufam, então UA, que concluí dois cursos de graduação: Agronomia e Economia. Foi lá, também, que ingressei na vida pública pelo movimento estudantil, tendo exercido os mandatos de Tesoureiro e Secretário-Geral do Centro Acadêmico e Cultural de Agronomia (Cuca), de Tesoureiro e Presidente do Centro Acadêmico e Cultural de Economia (Cacec), de Representante Estudantil ao colegiado do Curso de Economia, do Conselho Departamental da Faculdade de Estudos Sociais e do Conselho Universitário da UA.

Nesse período, entre aqueles muitos encontros com colegas, amigos e mestres que costumam marcar para sempre a vida do jovem universitário e influir decisivamente nas suas escolhas, na sua trajetória futura, tive a felicidade de conhecer o saudoso Senador, líder e amigo de toda a vida, Jefferson Péres. Coube-me a honra de haver sido primeiramente discípulo, depois colega de docência, e mais tarde correligionário do grande homem público amazonense.

Muito tempo depois, a mão implacável do destino levou-se a sucedê-lo - jamais substituí-lo, porque insubstituível Jefferson Péres foi, é, e sempre será - na cadeira senatorial por ele transformada em trincheira de defesa do desenvolvimento socioeconômico sustentável e justo do Estado do Amazonas, do povo amazonense e de toda a Região Amazônica. Desta cadeira, Jefferson Péres fez igualmente um púlpito da sua incansável pregação pela ética na política e pela regeneração dos costumes públicos de nossa Pátria.

Neste Plenário, aquele eterno educador prosseguiu em sua missão pedagógica, levando sua voz a todos os recantos do Brasil, uma voz que era ouvida, porque sua palavra tinha peso, pois, excelente professor que foi, Jefferson Péres sabia que o melhor discurso é a ação, e que nenhuma lição fica mais indelevelmente gravada na memória do que aquela que se apoia na força do exemplo.

Sr. Presidente, minhas senhoras e meus senhores, fico imaginando o orgulho, a satisfação, a felicidade que o professor Jefferson Péres, nosso Senador, memorialista de merecida reputação literária, expressaria, com a eloquência de sempre, se tivesse a oportunidade de ocupar esta tribuna para saudar os cem anos da Ufam. Afinal, diplomou-se Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela veneranda Faculdade de Direito, retornando à Universidade para a o exercício sagrado do magistério por longos anos a serviço da formação não simplesmente profissional e técnica mas humanística, integral, de tantas e tantas gerações de estudantes, inclusive a minha, que tiveram privilégio de contar com sua orientação.

Faltam-me, é claro, os dons oratórios do meu antecessor; por isso mesmo, invoco sua memória a fim de me inspirar para o pronunciamento desta homenagem à Universidade, que ele tão dignamente serviu e amou. À sua lembrança, dedico, pois, estas minhas palavras de saudação à nossa centenária Ufam.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Srªs e Srs. Deputados, Deputado Lupércio Ramos e demais Deputados aqui presentes, a história da Ufam começa em 17 de janeiro de 1909, portanto, durante o ciclo da borracha, com a criação da Escola Universitária Livre de Manaós.

Imaginem quanto idealismo, quanta energia, quanta coragem, quanta fé no futuro e quanto amor ao saber, à ciência e à cultura impulsionaram os fundadores da primeira instituição universitária brasileira em pleno coração da Amazônia, no período em que o País mal havia saído do século XIX e a República ainda se achava em plena adolescência.

Como catalisador de todo esse entusiasmo construtivo e líder dessa empreitada audaciosa, destaca-se a figura do Tenente-Coronel Joaquim Eulálio Gomes da Silva. Foi ele o idealizador e Diretor honorário perpétuo da escola. Por que teria cumprido um militar essa honrosa iniciativa? Porque a ideia inicial tivera origem no Clube da Guarda Nacional do Amazonas, fundada em 5 de setembro de 1906. Seus estatutos previam a criação de uma escola prática militar destinada ao desenvolvimento profissional dos sócios do clube e ao cultivo da arte da guerra.

No curto espaço de dois anos, a Escola Militar Prática do Amazonas, destinada primordialmente à instrução dos oficiais da Guarda Nacional e de outras milícias - mas, desde o seu início, aberta a qualquer cidadão - passou a se chamar Escola Livre de Instrução Amazonas e, em seguida, Escola Universitária Livre de Manaós.

Os estatutos, elaborados por Eulálio Chaves, além dos cursos modelados segundo o Programa das Escolas do Exército, previam também os de Engenharia, Agrimensura, Agronomia, Ciências Jurídicas e Sociais, Ciências Naturais e Farmacêuticas e Letras. Futuramente, deveria ser criado o curso de Medicina.

Em 1913, a Escola ganhou novo nome: o de Universidade de Manaós. Seu primeiro Diretor-Geral, Dr. Astrolábio Passos, foi eleito diretamente com os votos dos docentes das unidades constitutivas da nova Universidade: as Faculdades de Ciências Jurídicas e Sociais, de Medicina, de Ciências e Letras e de Engenharia.

Desde aqueles primórdios, evidenciou-se o compromisso da Instituição com a comunidade e, sobretudo, com o progresso social e econômico do interior do Estado. O apoio financeiro à sua implantação veio não apenas do Governo Estadual e da Prefeitura de Manaus, mas também de Maués, Parintins, Coari, Lábrea, Benjamin Constant, Manicoré, Humaitá e Codajás.

Na verdade, todas as forças vivas da sociedade amazonense participaram daquele momento fundador do ensino universitário no Amazonas: desde o simples cidadão ao mais próspero seringalista, todos irmanados no orgulho de colaborar para aquela emocionante aventura do saber a serviço do bem comum.

Infelizmente, o declínio da borracha decretaria o fim da pioneira experiência universitária. A Universidade de Manaós, com apenas 17 anos de vida, extinguiu-se em 1926. Ela se desagregou em unidades isoladas de Ensino Superior mantidas pelo Estado: as Faculdades de Direito, Odontologia e Agronomia. Com a descontinuação dos dois últimos cursos, restou apenas o de Direito, com seus primeiros bacharéis formados em 1914. E foi justamente a Faculdade de Direito que serviu de elo e de fio de continuidade histórica com a atual Universidade Federal do Amazonas.

Minhas senhoras e meus senhores, a sociedade amazonense daria mais uma prova de sua determinação de prestigiar o conhecimento, a ciência, a tecnologia e a cultura ao fundar novamente a universidade, 36 anos após a sua extinção. Isso foi possibilitado pela Lei Federal nº 4.069-A, de 12 de junho de 1962, de autoria do saudoso Senador Arthur Virgílio Filho, pai do nosso ilustre Senador Arthur Virgílio. Rebatizada de Universidade do Amazonas, constituiu-se pela reintegração das instituições de Ensino Superior então em funcionamento no nosso Estado.

Finalmente, com a Lei Federal nº 10.468, de 2002, de autoria do nosso ilustre Senador Bernardo Cabral, assumiu, nesse momento, seu nome atual: Universidade Federal do Amazonas.

Sr. Presidente, todos os lances desta história institucional combativa e gloriosa, com a memória de seus personagens e seu legado, até hoje estão brilhantemente documentados e ricamente ilustrados na obra Cem Anos da Ufam, da Professora Drª Rosa Mendonça de Brito, da Academia Amazonense de Letras e autora de numerosos livros e artigos publicados no Brasil e no exterior.

A minuciosa pesquisa e a cativante narrativa da Professora Rosa nos mostra como a Ufam, graças à dedicação, à criatividade e ao talento de sucessivas gerações dos seus corpos docente, discente e técnico-administrativo, foi capaz de se reinventar a partir de uma tradição centenária.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Magnífico Reitor Hidembergue, minhas senhoras e meus senhores, é impossível enumerar aqui, ainda que sucintamente, as conquistas da última década. Por isso, gostaria de enfatizar alguns poucos aspectos suficientes para patentear o duplo compromisso da instituição com as prioridades da excelência acadêmico-científica e da interiorização do conhecimento.

No primeiro caso, ao longo dos últimos oito anos, registrou a Ufam um crescimento de 700% nos seus programas de pós-graduação stricto sensu, passando de cinco cursos de mestrado credenciados pela Capes em 2001 para os 31 cursos de mestrado e 8 cursos de doutorado. Tal expansão quantitativa é respaldada na consolidação qualitativa de sua política de pesquisa e incentivo à produção científica, com destaque para os programas Pró-Congresso, Nhengatu, Tucandeira e Caxiri.

A preocupação com a qualidade aliada à democratização das oportunidades de acesso à educação superior se reflete também na graduação. O aumento do número geral de vagas nos cursos de bacharelado e licenciatura chegou a 170%, enquanto nos cursos noturnos essa expansão atingiu a marca de 250%. A implantação do Centro de Educação a Distância permitiu a incorporação de mais de 2 mil alunos espalhados pela imensidão do nosso querido Estado do Amazonas. É motivo de orgulho para todos nós que os resultados do Enade - Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes Universitários - atestam sistematicamente a posição conquistada pela Ufam entre as melhores instituições de nível superior da região Norte.

Finalmente, Sr. Presidente, a interiorização da Universidade traduziu-se na Ufam Multicampi, com cinco unidades acadêmicas instaladas nas regiões do Alto Solimões, Médio Solimões, Médio Amazonas, Baixo Amazonas e Vale do Madeira.São 30 novos cursos de graduação distribuídos entre o Instituto Natureza e Cultura de Benjamin Constant; o Instituto de Agronomia e Ambiente de Humaitá; o Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia de Itacoatiara e o Instituto de Ciências Humanas, Educação e Zootecnia de Parintins.

Assim foi e é a Ufam de Jefferson Péres, a minha Ufam, a Ufam de todos nós, de todos aqueles que passaram e continuam a cada dia contribuindo com aquela Instituição, que aos cem anos de vida mantém-se jovem e dinâmica, pois encontra na bela tradição do seu passado a energia para construir seu presente e a confiança para projetar seu futuro, sempre em benefício do progresso espiritual, material, social e ambiental do Amazonas e dos amazonenses desta e das próximas gerações.

Para finalizar, Sr. Presidente, quero aqui agradecer a todos aqueles que contribuíram com essa Universidade, a todos os professores que passaram pela Universidade, a todos aqueles alunos que passaram pela Universidade, a todos os funcionários e também a todos os que estão lá, contribuindo: professores, alunos e funcionários, que fazem com que a Universidade Federal do Amazonas se torne, a cada dia, uma grande instituição de ensino no nosso País.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/05/2009 - Página 17102