Discurso durante a 81ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Relato sobre Congresso realizado no Rio Grande do Sul, no último sábado, quando foi aprovada uma moção conclamando o PMDB a apresentar um candidato à Presidência da República.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.:
  • Relato sobre Congresso realizado no Rio Grande do Sul, no último sábado, quando foi aprovada uma moção conclamando o PMDB a apresentar um candidato à Presidência da República.
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 26/05/2009 - Página 19551
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, REALIZAÇÃO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), CONGRESSO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), SUPERIORIDADE, PARTICIPAÇÃO, MEMBROS, LEITURA, REGISTRO, ANAIS DO SENADO, DOCUMENTO, UNANIMIDADE, APROVAÇÃO, REIVINDICAÇÃO, CONVENÇÃO NACIONAL, APRESENTAÇÃO, CANDIDATO, ELEIÇÕES, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, ELOGIO, DEMOCRACIA, DEBATE, CONCLAMAÇÃO, ESTADO, IGUALDADE, MOBILIZAÇÃO, DIRETORIO ESTADUAL, JUSTIÇA, HISTORIA, LUTA, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA.
  • REPUDIO, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), NEGOCIAÇÃO, VOTO, OBEDIENCIA, GOVERNO, TROCA, FAVORECIMENTO, CARGO PUBLICO, QUESTIONAMENTO, LIDER, COMANDO, FALTA, COMPROMISSO, AUSENCIA, PARTICIPAÇÃO, TRADIÇÃO, LUTA, REDEMOCRATIZAÇÃO.
  • SOLICITAÇÃO, POPULAÇÃO, REMESSA, MENSAGEM (MSG), INTERNET, DESTINATARIO, COMISSÃO EXECUTIVA, LIDER, COBRANÇA, POSIÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB).

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, realizamos, no Rio Grande do Sul, um grande congresso no último sábado. Relembrava o velho MDB e a época da luta difícil do movimento militar.

Não foi uma convenção, foi um congresso. Todos os vereadores, deputados e prefeitos, os membros do setor jovem, do setor trabalhista, do setor feminino e os setores regionais foram convocados. Milhares de pessoas se reuniram, e nessa reunião, em que a querida Presidente Nacional do PMDB, a Senadora Iris lá estava, presidindo, nós aprovamos uma moção conclamando o PMDB a apresentar um candidato à Presidência da República. Leio, para fazer parte dos Anais, a moção, aprovada por aclamação - cinco minutos de aplausos. Foi aprovada por unanimidade. Mais de 60 pessoas fizeram questão de se manifestar, fazendo seus pronunciamentos, todos favoráveis.

O Senador Pedro Simon, Presidente do Diretório Estadual do PMDB-RS, por ocasião do Congresso Estadual do PMDB do Rio Grande do Sul, realizado na Assembléia Legislativa neste sábado, 23 de maio de 2009, comparece diante dos Companheiros e Congressistas para:

- considerando a proximidade de um novo pleito presidencial, em outubro de 2010, que definirá novos rumos para o país a partir do voto popular; 
Considerando a oportunidade histórica que se abre, outra vez, ao maior partido político brasileiro, num país de 190 milhões de compatriotas e de 130 milhões de eleitores;

- considerando o papel central do PMDB na luta pelo restabelecimento das liberdades, da democracia, das eleições diretas para todos os níveis de representação política;

- considerando o papel inexplicavelmente subalterno e acessório que o comando nacional do PMDB sempre reservou ao partido no momento supremo da escolha do presidente da República;

- considerando a necessidade imperiosa de restabelecer o papel digno e a posição destacada que merece ter o PMDB na eleição presidencial; 
- considerando a justa expectativa do eleitor brasileiro que, eleição após eleição, continuadamente, sagra e consagra o PMDB com as maiores bancadas de Senadores e Deputados Federais no Congresso Nacional, [Deputados Estaduais], com o maior número de Prefeitos e Vereadores [Governadores] em todos os Estados brasileiros;

- considerando a natural frustração que o eleitor brasileiro tem ao ver um partido do tamanho eleitoral e da grandeza histórica do PMDB, autoalijado, sucessivamente, da disputa pelo cargo de Presidente da República- considerando, por fim, o supremos interesses do povo brasileiro e a gravidade do momento histórico que vive o Brasil, venho propor a este Congresso Estadual a seguinte

MOÇÃO

Que o PMDB, na Convenção Nacional a se realizar nos próximos meses, em Brasília-DF, respeite a vontade das bases do Partido e dos eleitores brasileiros e consagre a apresentação de uma candidatura própria do PMDB à Presidência da República nas eleições de outubro de 2010, disputando com sua cara e sua história o cargo mais importante da vida pública brasileira.

Porto Alegre, 23 de maio de 2009.

Pedro Simon

Senador - Presidente do PMDB/RS

 

Essa foi a moção, aprovada por unanimidade. Sobre ela, manifestaram-se todos os setores.

Esse congresso, não foi um congresso realizado pela cúpula, mas foi um congresso preparado com seis meses de antecedência. Percorremos todo o Rio Grande. Andei pelo Rio Grande do Sul como nos velhos tempos, em todas as regiões, todos os Municípios, debatendo com toda a sociedade, exatamente prevendo essa convenção, ou melhor, esse congresso. 
Realizamos debates sobre as teses, fizemos uma extraordinária campanha debatendo os problemas do Brasil, as propostas que temos: educação, saúde, trabalho, segurança, ética, moral. Apresentamos todas as propostas de um plano que hoje a nossa fundação no Rio Grande do Sul está coordenando para apresentarmos, exatamente, um projeto a todo o Brasil.

Hoje estou me dirigindo, em nome do Rio Grande do Sul, a todos os diretórios estaduais do PMDB em todo o Brasil. A informação que tenho é que, em todos os Estados do Brasil, há uma ânsia pela aprovação dessa tese. Há um interesse enorme em que tenhamos uma candidatura própria. Nos Estados do Nordeste, nos Estados do Sul, no Centro, nos grandes e pequenos Estados, há um desejo dos jovens, dos trabalhadores, dos intelectuais, da mocidade, da sociedade brasileira no sentido de que essa tese seja aprovada.

Há um sentimento muito importante no País, inclusive, de que temos por obrigação de fugir desse binômio PT ou PSDB, dessa determinação de dois lados sem a busca de uma verdade geral. Uma nova opção, uma nova proposta, uma nova perspectiva que fuja do certo ou errado, deste ou daquele, deve ser apresentada. Nós achamos que, como disse o Governador Aécio, um ciclo está sendo completado. Começou com Itamar Franco, continuou com os oitos anos de Fernando Henrique e termina com os oito anos de Lula. Trata-se de um período importante, um período em que lá, começando no Governo Itamar, com o início do Plano Real, crescemos, progredimos, avançamos e estamos aí. Mas nós não podemos ficar nisso. Temos agora, com essa perspectiva de um país emergindo como uma das grandes lideranças dos países deste século, de debater, abrir, avançar e buscar uma grande perspectiva.

O PMDB é esse partido. Pela sua história, grandeza, representação e significado, o PMDB é esse partido.

No Rio Grande do Sul, do PMDB são 1.156 vereadores, a imensa maioria dos vereadores no Rio Grande do Sul; e 143 prefeitos. No Brasil, somos nove governadores - de cada três governadores, um é do PMDB. Somos 95 Deputados Federais; somos 19 Senadores; somos 1.201 prefeitos - um, em cada quatro prefeitos, é do PMDB; somos 8.497 vereadores no Brasil. 
Na eleição para prefeito, em 2004, nós fizemos 14 milhões de votos; na eleição para prefeito, em 2008, nós fizemos 18,4 milhões de votos - 6 milhões a mais do que o partido que está em segundo lugar. Este é o PMDB.

Nós lembrávamos, no congresso, das grandes jornadas que nosso partido fez em Porto Alegre. Na época triste e dura da ditadura, lá nos reuníamos. Para lá, levávamos lideranças de todo Brasil; algumas consideradas malditas pela ditadura, mas consagradas pelo povo. Lembro-me da figura dos intelectuais; lembro-me de Pedroso Horta; lembro-me de Sobral Pinto; lembro-me de Mário Soares; lembro-me de Fernando Henrique Cardoso - à época em que ele não pedia para esquecer o que ele tinha falado, à época em que ele falava o que devia falar -; lembro-me de Francisco Oliveira; lembro-me de Paul Singer; de Corbusier; do general Peri Constant Bevilacqua; lembro-me de Bolívar Lamounier, de tantos e tantos nomes das lideranças brasileiras.

Sim, lembro-me do nosso Instituto de Estudos e Pesquisas Econômicas e Sociais, o IEPES, onde formamos uma verdadeira academia. Hoje, é a Fundação Ulysses Guimarães, e amanhã uma universidade montada pelo nosso querido PMDB.

Sim, o PMDB tem uma longa história; uma longa história na trajetória deste País, uma longa história na consolidação da vida democrática neste País, uma história na consolidação do verdadeiro Brasil democrata.

O PMDB reuniu e o PMDB resistiu. Resistiu quando as forças eram as mais interrogativas. Alguns queriam a luta armada, a guerra civil, a guerrilha, o voto em branco, a dissolução partidária, a anarquia. Quantas pedras atiraram no PMDB! 
Houve aqueles que não aceitavam o PMDB com a tese da democracia e da consolidação da vida democrática como nós fizemos, mas o PMDB deu certo. O PMDB trouxe anistia. O PMDB trouxe a liberdade. O PMDB trouxe as Diretas Já. O PMDB destruiu o Colégio Eleitoral da ditadura com a eleição de Tancredo Neves. Esse é o PMDB, que foi e, mesmo com a tristeza da morte de Tancredo, convocamos, com José Sarney, a Assembléia Nacional Constituinte. Consolidamos a democracia, estabelecemos uma Constituição livre e soberana. Fizemos as primeiras eleições diretas e aceitamos o resultado, mesmo que um adversário nosso e do Presidente terminasse sendo eleito e empossado.  
Esse é um grande partido, esse é um partido que tem história, que tem vida, que tem nome. Esse partido não pode ficar agora só com a biografia. Não pode ficar esperando quem paga mais, com a interrogação nas manchetes: Para que lado vai o PMDB?

Eu tenho muito respeito pelo Lula e pelo PT e não nego a minha simpatia profunda pela Ministra Dilma. Tendo dito sempre: para se saber quem é a Dilma, tem que se dizer como era o governo antes dela, à época do Zé Dirceu, na chefia da Casa Civil, onde por pouco não se pregava o impeachment do Lula, e ver como ficou depois.

O PSDB tem grandes nomes, tanto o Aécio (governador de Minas Gerias, Aécio Neves) quanto o Serra (governador de São Paulo, José Serra). Tenho que reconhecer que são dois nomes respeitáveis. Mas o PMDB tem a história, tem os seus nomes, tem a sua biografia, tem a sua gente e tem as suas bases.

Ah, se pudéssemos reunir aqui em Brasília, assim como reunimos em Porto Alegre, milhares de pessoas, representando todo o Partido; se nós pudéssemos reunir aqui em Brasília as lideranças do PMDB de todo o Brasil. Os vereadores, os deputados, as lideranças do PMDB de São Paulo, para ver se o Presidente Nacional do PMDB falava as coisas que está falando.

Ah, se nós pudéssemos trazer aqui as lideranças do PMDB de todo o País, as bases, os jovens, os intelectuais, os trabalhadores, as lideranças sindicais, os vereadores, as mulheres, os que fazem a base do partido, se essa gente pudesse vir a Brasília para dizer o que pensa e o que sente, o que diriam desse comando nosso, que, com a maior falta de responsabilidade, dá declarações como essas que estão por aí? Nem acredito que sejam verdadeiras! O PMDB está disposto a, na CPI da Petrobras, ajudar o Governo, desde que pegue cargos no comando da Petrobras como a diretoria da pré-sal, que vai ser criada.

E com relação à eleição de 2010 o dilema da direção do PMDB é tentar se antecipar. Ganhará a Dilma, que receberá os 80% do prestígio que o Lula tem nas pesquisas, ou ganhará o Serra, com 45% na pesquisa para Presidente da República? A Dilma, se Deus quiser - e tenho rezado muito por isso -, haverá de vencer o problema da sua saúde - que não é mais essas coisas de que se falava antigamente. Hoje é rotina a doença e a cura. O PMDB estaria aí a jogar, a dançar, a fazer o jogo vulgar, ridículo, do quem dá mais, quem oferece mais? Aceitará uma troca de cargos? Um Ministério aqui, uma diretoria da Petrobras ali, uma diretoria do Banco do Brasil ali adiante, esse é o papel que alguns estariam reservando ao PMDB. Na eleição passada, há quatro anos, o PMDB chegou a fazer uma prévia, concorreram o Garotinho (Anthony Garotinho, ex-governador do Rio de Janeiro) e o Rigotto (Germano Rigotto, ex-governador do Rio Grande do Sul). Não discuto as fórmulas, nós não gostamos, mas na verdade ganhou o Garotinho.

A convenção não saiu! O PMDB chegou a fazer uma prévia, mas não fez convenção, porque na convenção sairia um candidato à presidência da República. Agora, o PMDB nacional convocou todos os diretórios estaduais para fazerem congressos estaduais. O PMDB do Rio Grande do Sul fez o seu. A rigor, faríamos de qualquer jeito, mas é importante salientar. O Comando Nacional do PMDB, a Executiva Nacional enviou uma circular a todos os diretórios estaduais pedindo que fizessem um congresso para discutir a matéria. Fizemos, e a informação que tenho é que está sendo feito em todo Brasil. E a circular, e a decisão do Diretório Nacional que recebemos diz “vão fazer cada Estado o seu congresso estadual para fazermos um grande congresso nacional para decidir”.

Espero que saia essa reunião. Espero que a convenção nacional saia. Ridiculamente, há quatro anos não saiu. Espero que saia agora, que a convenção nacional saia. E quero dizer que tenho certeza de que, dessa vez, faremos uma campanha. Nem que tenham de vir de ônibus, mas milhares de brasileiros de todo Brasil virão aqui. Não será essa mais uma convenção marcada que não sairá. Sairá sim, e vamos decidir.

Um dos avanços da democracia brasileira é o segundo turno. Que coisa boa o segundo turno! Lembro-me de quando a eleição era em um turno só, com três ou quatro candidatos. E o cidadão que ganhava, ganhava com a minoria. Às vezes, com 30% dos votos se elegia Presidente da República. Hoje, tem o segundo turno. 
O Partido Socialista, o PSB, já tem o seu candidato: Ciro Gomes. O PDT, em tese, já tem o seu candidato, o bravo companheiro Cristovam. Podem ir para o segundo turno. Eu tenho certeza de que o PMDB estará no segundo turno. Contra quem, não sei. Mas que nós estaremos no segundo turno, eu tenho certeza. Então, vamos debater e lutar para ganhar. Vamos discutir quem apoiar. Mas, não apresentar candidato no primeiro turno é um escândalo.

Eu acho difícil, na história do Brasil, nós encontrarmos, em qualquer tipo de agremiação partidária, alguém que tenha as bandeiras que o PMDB teve: Tancredo, Ulysses, Teotônio, Montoro. É verdade que hoje nós vivemos uma hora um pouco apática, digamos assim. Os nomes existem, e temos muitos; as lideranças existem, e temos muitas. Tenho dito e repetido: duvido que tenha um partido que apresente maior número de nomes em condições de ser candidato a Presidente da República do que o PMDB.

Mas, infelizmente, nós temos entre as lideranças, pessoas que não têm o amor pelo PMDB, que não têm a nossa história, não têm a nossa biografia.  
Se olharmos esses nomes que estão aí, vão perguntar: lá, em 64, onde é que eles estavam? Lá, na luta das Diretas Já, onde é que eles estavam? Na luta pela anistia, onde é que eles estavam? Na caminhada do Teotônio pelo Brasil, e na jornada do Dr. Ulysses pela Diretas, onde é que eles estavam? São pessoas que não têm a tradição, não viveram, não sentiram. Para eles o MDB é uma legenda, não mais do que uma legenda. Não é uma história, não é uma vida, não é a garra que se identifica com a hora mais linda e mais bonita da história do povo brasileiro. É por isso que eles não vibram, é por isso que eles não sentem. Sentam-se para discutir troca-troca: eu quero esse ministério aqui, tu me dás aquilo ali; eu apoio a CPI da Petrobras, mas quero também, lá no pré-sal, um cargo importante. Mas o que é isso? Isso não é o PMDB. Essa não é a nossa história. Hoje, o Correio Braziliense me destaca com uma fotografia enorme, que eu não mereço, mas me bota como um homem só, o solitário, o que sobrou. Eu tenho muito respeito pelo Correio Braziliense. O jornal nacional hoje é o Correio Braziliense. Obrigatoriamente, a gente lê o Correio Braziliense, e eu tenho muita admiração por ele. Mas não sei se ele foi justo ao dizer que eu sou um homem solitário. Tem muita gente no MDB. Talvez seja eu o que grita, embora reconheça que já esteja cansado. Talvez muitas pessoas olhem e ficam a perguntar o que fazer. Mas vale a pena. Se eu soubesse dessa pauta antecipadamente, convidaria o presidente dessa organização para assistir à nossa convenção lá no Rio Grande do Sul. Ele verificaria que MDB existe, o velho MDB da luta existe, embora o comando que está aí não se sabe de onde veio nem para que veio.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Pedro Simon...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Está aí um exemplo que é V. Exª, Sr. Presidente. Com muito carinho, eu lhe dou a palavra para ouvir o seu parecer.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador, eu desci ali da Presidência. Quis Deus voltou... e vamos gritar que o PMDB é Pedro Simon. Vou dizer por quê. Está ali o nosso Dornelles. Qual de nós vivos simboliza mais Tancredo do que V. Exª politicamente? Familiarmente, tradicionalmente, é o Dornelles, mas V. Exª é a luta com Tancredo. Ulysses Guimarães está encantado no fundo do mar. Qual dos vivos do PMDB tem direito, a alma e o espírito, a falar por Ulysses Guimarães senão V. Exª? Teotônio Vilela, seu irmão, moribundo, desta tribuna dizia: “Resistir falando e falar resistindo.” E Ramez Tebet? Quem que simboliza mais esses homens que fizeram a grandeza histórica do PMDB do que V. Exª? E Juscelino mesmo, que foi sacado, cassado, humilhado aqui, do PMDB, como Senador? Então, V. Exª, solitário não. V. Exª é solidário à História, à luta, a esses homens que não passaram, que ficaram nas nossas mentes. E eu quero dizer a V. Exª o seguinte: é grandioso, V. Exª já deu os números de filiados, eleitores, Vereadores, Prefeitos, Deputados Federais, Estaduais e Senadores, como nós. Está na hora e V. Exª é esse grande comandante. Eu me lembro, ó Dornelles, quando fomos à França. V. Exª me levou ao museu do Napoleão Bonaparte e eu vi uma frase lá. Ele disse que o francês é tímido, mas, com um grande comandante, ele vale por cem, por mil. V. Exª é esse grande comandante do PMDB de vergonha, do PMDB autêntico, do PMDB que fez renascer a democracia. Então, nós vamos valer. Eu quero dizer que pode ter muitos, mas um candidato nós já temos: V. Exª é o meu. Vamos dizer que o seu perfil hoje seja legislativo, seja como Rui Barbosa. Queremos um Governador? Está aí Requião. Eu não entendo, eu não entendo, eu não entendo! Há oito anos, na convenção, eu votei no Requião. Ele disputou, ele quis ser candidato a Presidente, aí o Partido... Mas o Requião foi. Eu votei nele. Há oito anos, eu o vi, dando o seu manifesto, as suas intenções, os seus propósitos, o seu programa de Governo. Aí, esse homem sai daqui e governa o Estado do Paraná, grandioso por oito anos. Foi reeleito. Então, ele desaprendeu? Ele não presta? Que negócio é esse? Nós temos candidato. V. Exª é um candidato que preenche todo mundo, como Rui Barbosa encantou. E Requião, com um perfil executivo atual, de hoje. Então, está aí uma chapa extraordinária. Eu quero dizer a V. Exª que, no PMDB do Piauí, eu sou o Vice-Presidente e o Presidente é o Dr. Alberto Silva. Eu vou levar esse manifesto para ele e pedir permissão para receber a caravana de V. Exª, de Iris, de Michel Temer, que também é um candidato bom a Presidente da República. Está aí, nós temos três: Pedro Simon, Roberto Requião e Michel Temer, para que, nessas primárias, o povo se manifestar e escolher e formar entre eles uma chapa. Então, V. Exª não é solitário, não; V. Exª é solidário à grandeza do PMDB. Então, meus aplausos. Mas quero ser - eu sei que isso aí é como um calvário e vai ter muita luta - como aquele Cireneu, que está atrás de V. Exª, nessa caminhada bela pela democracia.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Agradeço muito o aparte de V. Exª, Senador.

Outro dia eu estava vendo no jornal uma notícia de que estaria havendo um entendimento no Piauí e que V. Exª, que é um candidato natural a Governador ou ao Senado, não ganharia a legenda nem para Governador nem para o Senado e que fariam um acordo com o PT e não sei mais quem.

Eu disse que estou disposto a ir ao Piauí e a ficar o tempo necessário lá, para falar, em nome do Brasil, aos piauienses que seria um escândalo se isso acontecesse. Seria um escândalo se isso acontecesse, porque, na verdade, V. Exª é hoje um nome nacional.

Mas agradeço muito e farei um apelo. Recebo muitos, muitos e-mails. Agradeço muito e leio os e-mails que recebo permanentemente. É interesse como o pessoal me fiscaliza e cobra de mim. “Mas o senhor ainda não falou sobre isso. O que é isso? E o Rio Grande?” E essa coisa toda. Pois eu gostaria de receber e-mails agora. Eu peço aos meus amigos do PMDB de todo o Brasil que se manifestem a mim ou ao Presidente Nacional do PMDB ou ao Líder do PMDB sobre o que acham.

O PMDB deve ter candidato à Presidência da República? Manifestem-se. Você que é Vereador, você que é Deputado, você que é membro do setor jovem, você que é filiado, você que é simpatizante, manifeste-se. Mande uma manifestação; ela é gratuita. Mande para o Senado, para a Câmara, mande uma manifestação do que você acha. O MDB deve ou não deve ter candidato à Presidência da República?

Alguns acham que, no fundo, o Pedro Simon tem um pouco de Dom Quixote. “Esse Simon defende umas causas! Geralmente, está contra o óbvio. Quando é tão fácil ficar de um lado ou de outro, ele vai para um caminho e termina sozinho”. Mas não me arrependo de ter, em minha vida, uma linha reta. Muitas vezes, perdi; noutras, ganhei. Mas sempre procurei fazer aquilo que acho que deve ser feito. Foi assim nas más e nas boas horas.

Em momentos que poderiam ser de euforia, quando Brizola veio fazer o PTB, a revolução, uma maravilha, fiquei no velho MDB. Perdi a eleição, mas não me arrependo, porque estávamos no caminho certo. Quando colocavam o MDB contra a parede, fazendo exigências - “Vamos extinguir, vamos entrar na luta da guerrilha, vamos lutar na autodissolução” -, não aceitei. Sofri muito: Covarde, “medroso!” Mas o caminho estava certo, e terminamos ganhando.

O importante é ter um ideal e lutar por ele. Vejo agora, no Rio Grande do Sul, alguns jornalistas cobrando de mim. Acho que eles estão corretos. Cobrem de mim. Eles têm o direito de cobrar, e eu tenho o direito de responder. “Mas e o Simon?” Sim, e o Simon? “E o Rio Grande do Sul?” Minha posição é muito clara: com relação ao futuro, o PMDB tem candidato a Governador: o Rigotto, o Fogaça, o Sartori, o Schirmer.

Nós temos candidato a governador. A Governadora Yeda é candidata a governadora. Nós vamos desembarcar do Governo amanhã ou depois. Por que não hoje? Porque nós não podemos lançar o Rio Grande do Sul, num momento que nem este, numa catástrofe, sendo nós os responsáveis pelo boicote ao Governo. Uma coisa é buscar a verdade, outra coisa é querer desmontar, fazer uma oposição radical, por oposição. Mas nós queremos a verdade. Nós vamos buscar a verdade doa a quem doer, como sempre buscamos, no Rio Grande do Sul. Sempre! Sempre buscamos no Rio Grande do Sul.

Sair, vamos sair. A qualquer momento. Mas não nesta hora e não da maneira como querem.Saíram umas notícias com relação ao Ministro Tarso Genro. Eu tenho o maior respeito pelo Ministro Tarso Genro. E tenho dito isso. Inclusive, no debate entre ele e o Presidente do Supremo, eu fiquei do lado dele, porque acho a posição do Presidente do Supremo muito estranha, e acho a posição do Ministro Tarso muito corajosa, ao buscar a verdade. Mas cobrar posição do Pedro Simon é piada, porque sempre estive do mesmo lado. No Rio Grande do Sul e no Brasil, sempre estivemos no lado da ética, da dignidade, da seriedade e da responsabilidade. Eu até vou fazer um apelo ao Presidente da Associação Riograndense de Imprensa: vamos reunir os jornalistas e vamos convocar o Pedro Simon, cobrar o que quiserem. Vamos cobrar da vida do Pedro Simon. Nos cargos pelos quais passou, o que ele era, quem ele é, o que ele fez na vida privada, na vida pública, na vida financeira. O que quiserem. O Governo que ele teve, sem uma vírgula onde o Pedro Simon não agiu com a dignidade e com a seriedade. 
Eu sei que as posições que adoto, inclusive essa de cobrar internamente, dentro do PMDB, me deixa muitas vezes isolado. Não tem importância. Eu faço a minha parte. Com oitenta anos, sessenta de vida pública, continuo o mesmo. Mais pobre do que quando comecei. Não tenho nem metade daquilo que o meu pai me deixou; de próprio não tenho nada. Mas tenho a minha vida e a minha ação de ter uma linha reta, de não estar aqui e depois ali. Quando o Brizola se uniu com a Arena lá no Rio Grande do Sul, para me derrotar, o MDB ficou firme e ganhou. Em todos os momentos, mantivemos a dignidade e a seriedade. Não vai ser a esta altura que vou aceitar insinuações, ou seja o que for. Cobrem de mim o que quiserem. Estou à disposição. Sr. Presidente, a sorte está lançada! Começou o jogo!

O PMDB do Rio Grande do Sul, cumprindo determinação da Direção Nacional do PMDB, fez o congresso, lançou o candidato e está aqui, dirigindo-se a todos os diretórios estaduais, de todos os Estados do Brasil, para que o PMDB faça a convenção e indique candidato próprio à Presidência da República.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/05/2009 - Página 19551