Discurso durante a 84ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Solicitação de apoio a projeto de lei de sua autoria, que tem por objetivo transferir os feriados nacionais para as segundas-feiras.

Autor
Roberto Cavalcanti (PRB - REPUBLICANOS/PB)
Nome completo: Roberto Cavalcanti Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
LEGISLAÇÃO COMERCIAL.:
  • Solicitação de apoio a projeto de lei de sua autoria, que tem por objetivo transferir os feriados nacionais para as segundas-feiras.
Publicação
Publicação no DSF de 29/05/2009 - Página 20562
Assunto
Outros > LEGISLAÇÃO COMERCIAL.
Indexação
  • JUSTIFICAÇÃO, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, COMBATE, EXCESSO, FERIADOS, BRASIL, PREJUIZO, ATIVIDADE COMERCIAL, ATIVIDADE INDUSTRIAL, ESPECIFICAÇÃO, PONTO FACULTATIVO, REGISTRO, DADOS, ENTIDADE, COMERCIO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMERCIO (CNC), COMENTARIO, TELEJORNAL, ANALISE, ESPECIALISTA, AREA, ECONOMIA, JURISPRUDENCIA, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), INCONSTITUCIONALIDADE, CRIAÇÃO, DATA, PROIBIÇÃO, TRABALHO, DEFESA, TRANSFERENCIA, DIA, INICIO, SEMANA.
  • DEFESA, ATENÇÃO, SISTEMA, PRODUÇÃO, ECONOMIA, SIMULTANEIDADE, CELEBRAÇÃO, TRADIÇÃO, PAIS.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, agradeço a V. Exª o cumprimento do Regimento e a obediência à ordem dos inscritos. Relembro a V. Exª que sou do PRB, Partido do nosso Líder Crivella.

Sr. Presidente, Senador Mão Santa, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, gostaria de anunciar que estou apresentando hoje à Casa um projeto de lei que trata de uma questão que tem preocupado, há algum tempo, os comerciantes brasileiros. Eu me refiro, Sr. Presidente, à questão do excesso de feriados que caem em dias úteis, causando prejuízos importantes para a atividade comercial, especialmente aqueles que caem nas terças-feiras ou nas quintas-feiras. Esse tem sido o caso justamente deste ano de 2009.

Efetivamente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, o prejuízo do comércio com os dias parados é grande. A Federação do Comércio do Rio de Janeiro, para citar um exemplo, calculou que o prejuízo do comércio naquele Estado chegará a R$500 milhões por feriado. Em Belo Horizonte, a Câmara dos Dirigentes Lojistas calculou um prejuízo de R$300 milhões. Isso se agrava quando os feriados caem na terça-feira ou na quinta-feira, prejudicando também o movimento nos dias que ficam imprensados entre o final de semana e o feriado. Uma vez afetado o comércio, naturalmente a indústria também logo se ressente.

Em épocas de crise, como a que agora enfrentamos, com queda expressiva na produção e com ameaça concreta de recessão, tudo que não precisamos é que o calendário se torne mais um obstáculo ao crescimento econômico.

Muitas são as proposições tramitando nas duas Casas do Congresso Nacional que tratam sobre o assunto, uma vez que o art. 22 da Constituição determina que só lei federal poderá dispor sobre direito trabalhista.

Recentemente, a Comissão de Educação do Senado rejeitou propositura cujo escopo era transferir os feriados para as sextas-feiras, o que foi uma sábia decisão, porque os danos no comércio varejista seriam intoleráveis, de acordo com projeções do Clube de Diretores Lojistas (CDL) de diferentes Estados e Municípios brasileiros. Destaco aqui a abalizada contribuição do CDL da Paraíba.

O assunto tem aquecido discussões que extrapolam o segmento comercial, já que gera implicações para toda a sociedade brasileira. Não por outro motivo, importante emissora de televisão exibiu, recentemente, extensa reportagem em que especialistas provavam os prejuízos bilionários causados à economia pela multiplicidade de feriados nacionais.

Não é por outra razão, Sr. Presidente, que muitos pensam ser adequado transpor o dia feriado que cair em dia útil para um dos extremos da semana, na segunda-feira ou na sexta-feira.

Na Comissão de Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados, foi aprovado o Projeto de Lei da Câmara nº 774, de 2003, de autoria do Deputado Marcelo Castro. A exemplo da proposição rejeitada no Senado, esse Projeto determina que sejam comemorados por adiamento, nas sextas-feiras, os feriados que caírem nos demais dias da semana. Ora, Srªs e Srs. Senadores, o inconveniente dessa solução é que o prejuízo de um dia de atividade continua acontecendo. Não nos podemos esquecer de que o sábado é um dia de comércio aberto. Como acontece quando o feriado cai na terça-feira - o que acaba se refletindo no movimento da segunda-feira ou da quinta-feira, quando a sexta-feira acaba perdida -, se adiarmos os feriados para as sextas-feiras, continuaremos prejudicando o movimento do sábado.

Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), as perdas por dia parado, em 2008, foram da ordem de R$11,6 bilhões. Em 2009, o valor aumenta para R$12,9 bilhões, donde se conclui que, se mantidos os feriados como atualmente, o País perderia um Produto Interno Bruto (PIB) inteiro a cada vinte anos.

Há tempos, a CNC acionou o Supremo contra leis fluminenses que instituíam novos feriados. No final de 2008, o Procurador-Geral da República, Antônio Fernando de Souza, pronunciou-se pela inconstitucionalidade de novos feriados, considerando que “a multiplicidade desordenada dos dias proibidos de trabalhar resulta num agravamento dos custos suportados pelos comerciantes”.

A celebração de datas nacionais, sejam elas civis ou religiosas, reclama um ordenamento legal que harmonize os valores da população brasileira e a racionalidade do sistema produtivo. A harmonização entre as celebrações cívicas e religiosas e o sistema produtivo nacional - indústria, comércio e serviços - faz-se necessária, na medida em que, ao lado do respeito que se tem por tais tradições, não se pode comprometer o desempenho da economia.

De todo modo, acredito que é uma boa ideia adiar o feriado para outro dia, de forma a não desestabilizar o fluxo de movimento do comércio. Daí minha iniciativa de propor um projeto de lei nesse sentido. No entanto, diferentemente do que sugere o nobre Deputado Marcelo Castro, creio que o melhor para sanar definitivamente o problema é transferir o feriado para o início da semana, ou seja, para as segundas-feiras. Desse modo, o feriado seria posterior ao domingo, quando a maior parte do comércio já não funciona normalmente, minimizando os prejuízos causados pela quebra do ritmo do comércio.

Tal transferência dos feriados, além de não prejudicar as comemorações eventualmente associadas a eles, traz benefícios não apenas para os comerciantes, mas, creio, para todos, permitindo um uso mais adequado e racional do tempo.

Conto com a colaboração dos eminentes colegas para que esse projeto prospere, de modo a que possamos satisfazer essa reivindicação recorrente dos comerciantes brasileiros, cuja pujança é um dos motores mais importantes para o nosso bem-estar e para o bem-estar do nosso País.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/05/2009 - Página 20562