O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Antes de encerrar os trabalhos, só quero aproveitar este momento para pedir que se registre nos Anais da Casa o artigo que escrevi sobre o combate aos preconceitos, que foi publicado no jornal News Flashes com o nome “O florescer de uma aquarela”. Nesse artigo, procuro demonstrar que o preconceito atinge a todos.

Lembro aqui que, no Brasil, a escravidão durou mais de trezentos anos; a ausência de política para os descendentes de escravos continua até hoje. Por isso o preconceito é tão forte não somente contra o negro - estou resumindo -, mas contra negros, bolivianos, chineses, japoneses, poloneses, italianos, alemães, judeus, palestinos, árabes, muçulmanos, dentre outros, enfim, que acabam ainda sofrendo a discriminação: as mulheres, a liberdade religiosa, a orientação sexual. Mas eu sonho ainda com uma sociedade em que todos possam ter os mesmos direitos e oportunidades.

Termino o artigo com parte da Carta da Liberdade, que recebi das mãos da Winnie Mandela, quando estive na África do Sul, pedindo a libertação de Nelson Mandela, e que foi encaminhada em nome do Congresso Nacional, naquele momento, ao próprio Presidente da África do Sul, em plena época do apartheid. E o que diz o final, que eu reproduzo aqui, da Carta da Liberdade? Só vou ler a parte final:

Quando o nosso despertar sentir que se não agirmos rápido o opressor de hoje poderá ser o oprimido de amanhã. Por isso, vamos cultivar a igualdade de oportunidade e de direito para todos. Assim, as futuras gerações desfrutarão do florescer da aquarela do Brasil.

Não esqueçamos nunca da Carta da Liberdade, do Congresso Nacional Africano (CNA), que, em um trecho, diz: apenas um Estado democrático, baseado na vontade de todas as pessoas, pode garantir a todos os seus direitos naturais inalienáveis, sem distinção de cor, raça, sexo ou credo.

E, portanto, nós, o povo da África do Sul, negros e brancos em igualdade, irmãos e conterrâneos, adotamos esta Carta da Liberdade.

E comprometemo-nos a lutar juntos, [não] poupando nem força nem coragem, até que as mudanças democráticas aqui definidas forem vencedoras. [sic.]

         Que todos caminhem juntos. Sonhamos com o dia em que, no mesmo parque, à sombra das mesmas árvores, brancos e negros brincarão, conversarão e estarão discutindo um novo mundo, porque é possível construir um mundo onde todos tenham oportunidades iguais.

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. PAULO PAIM EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do inciso I, § 2º, art. 210, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

-     “O Florescer de uma Aquarela” (Jornal News Flashes)

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