Discurso durante a 86ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre o congresso do PMDB realizado no Rio Grande do Sul, oportunidade em que se discutiu a tese de uma candidatura própria à Presidência da República em 2010, proposta esta defendida por S.Exa. Considerações sobre a CPI da Petrobras.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.:
  • Considerações sobre o congresso do PMDB realizado no Rio Grande do Sul, oportunidade em que se discutiu a tese de uma candidatura própria à Presidência da República em 2010, proposta esta defendida por S.Exa. Considerações sobre a CPI da Petrobras.
Aparteantes
Alvaro Dias, Cristovam Buarque, Gilberto Goellner.
Publicação
Publicação no DSF de 02/06/2009 - Página 21084
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.
Indexação
  • REGISTRO, RECEBIMENTO, SUPERIORIDADE, NUMERO, CORRESPONDENCIA, APOIO, DECISÃO, CONGRESSO ESTADUAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), REIVINDICAÇÃO, CANDIDATURA, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, SAUDAÇÃO, IGUALDADE, POSIÇÃO, DIRETORIO ESTADUAL, ESTADO DE GOIAS (GO), DISPOSIÇÃO, ORADOR, VISITA, ESTADOS.
  • COMENTARIO, VISITA, UNIVERSIDADE, BUSCA, DEBATE, ESTUDANTE, DIFICULDADE, FALTA, DIRETRIZ, ATUAÇÃO, JUVENTUDE, ETICA, CLASSE POLITICA, OPINIÃO, ORADOR, NECESSIDADE, MOBILIZAÇÃO, COBRANÇA, REFORMA POLITICA.
  • REPUDIO, FALTA, IMPARCIALIDADE, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), ATUALIDADE, DISPUTA, POLITICA PARTIDARIA, NEGLIGENCIA, INTERESSE PUBLICO, ESPECIFICAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).
  • CONCLAMAÇÃO, CIDADÃO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), REJEIÇÃO, MANIPULAÇÃO, DIRIGENTE, TROCA, CARGO PUBLICO, PREJUIZO, DEMOCRACIA.
  • ANALISE, VANTAGENS, ELEIÇÃO, ANALISE PREVIA, ESCOLHA, CANDIDATO, SUCESSÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, SEMELHANÇA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), PROVOCAÇÃO, DEBATE, PROGRAMA DE GOVERNO.
  • COMENTARIO, LICENCIAMENTO, PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), OBJETIVO, EXERCICIO, PRESIDENCIA, CAMARA DOS DEPUTADOS, CONCLAMAÇÃO, INDEPENDENCIA, ATUAÇÃO, SUBSTITUTO, FAVORECIMENTO, DEBATE, CANDIDATURA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, conforme salientei aqui, meu Partido, no Rio Grande do Sul, realizou um grande congresso, em que, por unanimidade, insistiu em que o PMDB tivesse um candidato à Presidência da República neste País. Decidimos mandar a decisão à Presidência e à Executiva Nacional, aos Parlamentares da Câmara e do Senado, aos Presidentes e aos Dirigentes dos Diretórios Estaduais e ao Presidente da Câmara e do Senado, companheiros nossos do PMDB.

Falei desta tribuna noticiando nossa decisão, e é impressionante, Sr. Presidente, o volume de correspondência que recebi de pessoas entusiasmadas com a importância dessa posição de o PMDB ter seu candidato à Presidência da República. É impressionante! Não apenas dirigentes partidários, Vereadores, Deputados Estaduais, Prefeitos, mas também pessoas das mais variadas condições, pessoas de outros partidos que não o PMDB e pessoas sem partido não entendiam e faziam um apelo para que essa decisão fosse acatada. Alguns usaram expressões mais duras com relação ao comando nacional, mas todos eles exigiram a presença do PMDB na candidatura à Presidência da República.

O nosso congresso ocorreu em Porto Alegre, Sr. Presidente. A querida Deputa Íris é, hoje, a Presidente Nacional do PMDB, com a licença do Presidente do Partido, que está na Presidência da Câmara dos Deputados. É incompatível, pelo menos na prática, ocupar as duas posições, pois uma posição é a do Presidente da Câmara dos Deputados, que tem de defender a Câmara, a moral, o princípio, o trabalho, a convivência da Câmara; a outra posição é a do Presidente do PMDB, que tem de defender os interesses do PMDB. Por isso, seria absolutamente inconcebível assumir as duas posições. Nesse sentido, S. Exª se afastou, não renunciou, como alguns imaginavam que aconteceria. Já que seu mandato como Presidente do Partido termina antes do seu mandato como Presidente da Câmara dos Deputados, achava-se que S. Exª renunciaria à Presidência do Partido para se dedicar à Presidência da Câmara e para permitir que sua substituta na Presidência efetiva do Partido pudesse dinamizar, trabalhar, avançar com o Partido com mais autonomia. Mas S. Exª se licenciou. E lá está a Presidente Íris, que, nessa condição, tivemos a honra muito grande de receber em Porto Alegre, com pronunciamento muito firme, muito categórico. S. Exª, diga-se de passagem, é uma grande Parlamentar que já honrou este Congresso e este Senado, que honra agora a Câmara dos Deputados e que tem uma posição muito correta e muita digna na Presidência Nacional do PMDB.

Nesse fim de semana, atendi a um compromisso na Universidade Católica de Goiânia, para pronunciar a aula do cinquentenário daquela universidade. Tive uma sensação muito emotiva ao ver, na reitoria, um gaúcho da minha região, de Paim Filho. Ele é reitor há quase oito anos da universidade.

Tive oportunidade - é o que venho fazendo, Sr. Presidente - de visitar várias universidades do Brasil. Não tanto quanto gostaria, atendo aos convites intensos que tenho recebido. Eu o faço dentro do possível. De modo especial, tenho ido às universidades, para debater com os jovens essa situação que vive o Brasil. E fico impressionado, profundamente impressionado, eu diria, com a situação de interrogação. Desde criança, eu me dediquei à vida estudantil, à vida universitária, à vida da mocidade. Embora velho, continuo, de certa forma, a conviver com esses jovens. Nunca vi uma situação de interrogação quanto ao que fazer como essa.

Os jovens sempre tiveram a oportunidade da luta, do trabalho, da garra contra a ditadura, contra a guerra, contra o nazismo, contra o fascismo, contra o arbítrio. Na ditadura militar, com uma atitude fantástica, espetacular, os jovens foram os grandes responsáveis pela redemocratização deste País. Mas, hoje, eles se perguntam: aonde vamos? A interrogação com relação ao terceiro mandato do Presidente Lula era impressionante nas perguntas feitas: pode? Não pode? Está certo? Está errado? Essa confusão em torno do Congresso Nacional, eles não conseguem entender. E me vi muito mal ao dar as respostas sobre auxílio-moradia, sobre sei eu mais o quê. Realmente, as respostas eram muito difíceis e muito complicadas.

Lembrei a eles o que está acontecendo na Inglaterra. Na Câmara mais tradicional do mundo, na Câmara dos Comuns, a de mais prestígio, a de mais história, a de mais biografia, coisas que nunca se imaginavam estão acontecendo. Mas isso não ajudou muito, não ajudou. Fiz questão de salientar ali o que venho dizendo desta tribuna: a reação tem de partir dos jovens, a reação tem de vir dos jovens. Esperar do Congresso Nacional? Esperar da classe política?

Os jornais do fim de semana deixam tudo muito claro. As pesquisas feitas com relação aos Parlamentares, com relação ao que querem nas reformas, deixam tudo muito claro. Fidelidade partidária? Sim, deve haver fidelidade partidária. Mas sempre há uma janelinha para, no final, no acerto de cada campanha, cada um pular para onde quer. Verba pública de campanha? Sim, deve haver verba pública de campanha. Mas isso vem junto com o fundo partidário, para o comando partidário usar como bem entende e onde bem entende. Meus irmãos, parece que a reforma política não terá muito jeito, se depender de nós, se não houver reação da sociedade e, de modo especial, da mocidade.

Foi um bom debate com a mocidade. Eu me emocionei, porque senti que eles estão na expectativa. E, a rigor, o Brasil está na expectativa de uma movimentação que não seja o debate triste e cruel que estamos vivendo.

O Senador Alvaro Dias pede uma CPI. Assinei a CPI. É importante analisar a vida da nossa Petrobras. Mas quem acompanha o noticiário de jornal em torno da instalação dessa CPI fica com vergonha. De um lado, o Governo diz: “Queremos examinar também o Governo Fernando Henrique”. Do lado de cá, diz-se: “Mas nós queremos o comando, a Presidência e a Relatoria”. Olhem, meus irmãos, se não houver seriedade, se não fizermos CPI na base de buscar a verdade...

Eu era Líder do Governo quando se fez a CPI dos Anões do Orçamento. Eu estava aqui, quando se fez a CPI do Impeachment, que não funcionava para buscar o impeachment, mas, sim, para averiguar as denúncias que Pedro Collor, irmão do então Presidente da República, tinha feito contra PC Farias. A gente escolhia os mais independentes, aqueles que, como a gente confiava, teriam uma atuação mais imparcial. Hoje, há as tropas de choque - a tropa de choque do Dr. Renan, a tropa de choque do Sr. Mercadante, a tropa de choque do Governo, a tropa de choque da Oposição -, para cada um buscar bater no outro e defender-se. Não vejo a busca da verdade, e isso tem chocado, e as manchetes têm levado para esse local.

Mas, em Goiânia, tive oportunidade, junto com o Prefeito Íris Resende... Que cidadão fantástico! Não consigo entender como é que o Senador Íris Resende consegue asfaltar 1,6 mil quilômetros de rua em Goiânia! Juro por Deus que é uma coisa fantástica. A informação que tenho é a de que Goiânia se transformou na segunda capital do mundo em área verde; perde apenas para uma cidade do Canadá. Realmente, é um trabalho fantástico.

Reunimos o Partido, todo o comando partidário. Por unanimidade, Goiás defende a existência de candidato do PMDB à Presidência da República. Isso se dá por unanimidade! Pela palavra da Íris, pela palavra do Prefeito de Goiânia, pela palavra do ex-Governador Maguito, pela palavra de todos, há unanimidade em torno do candidato do PMDB à Presidência da República.

Essa informação estou tendo em todos os recantos, em todos os recantos. Enquanto isso, o comando do PMDB discute o que vai fazer. A decisão mais simpática é aquela que dá ao Presidente da Câmara a Vice-Presidência da República, que não pode ser do PSDB, porque o candidato do PSDB é o Serra, e não podem ser o Presidente e o Vice de São Paulo, a não ser que ganhe o Governador de Minas. Se for o Aécio, poderá ser assim, porque aí o Presidente do PMDB é de São Paulo, e poderá ser a dobradinha café com leite.

O próprio Quércia está lá fechadinho com o Serra: Serra para Presidente da República e Quércia para o Senado. Quem diria?! O Serra e mais alguns saíram do MDB, fundaram o PSDB, racharam nosso Partido, por causa do Quércia. Agora, estão lá os dois amigões Serra e Quércia: um deles é candidato a Presidente; o outro, candidato ao Senado. Não é possível! Sinceramente, não é possível!

A Presidente Iris Araújo pretende viajar pelo Brasil, e eu pretendo atender a mais chamamentos, como o do Piauí, Presidente, para falarmos sobre a candidatura própria...

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Senador Pedro Simon, estou comunicando ao Líder maior do PMDB, João Madison, a sua disposição de votar no Piauí. Eu disse que levava o povo, e ele disse que leva a cúpula. Então, pode marcar a data com a Presidente.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Estaremos lá, no Piauí, e estaremos em todo o Brasil. E volto daqui... Esta TV Senado... Ah, meu Deus, como é bacana essa TV Senado! Olha, eu me lembro, quando eu estava aqui e vocês, que estão me assistindo, ainda não tinham nascido, que nós dependíamos de uma virgulazinha do Jornal Nacional. O projeto mais importante, o que tinha de mais significativo acontecia aqui, e, de 10 horas de debate, o Jornal Nacional publicava uma linha. Essa era a vida do Senado. Agora nós estamos aqui: 18 horas e 10 minutos. Ao contrário do que muitos pensam, muita gente está assistindo à TV Senado agora. E muito mais gente vai assistir à TV Senado à meia-noite, quando será repetido. Sou um dos que pode garantir, pelas impressionantes cartas e mensagens que a gente recebe.

A você, que está me assistindo, faço um apelo: redija! É gratuito. Redija a um Senador, a mim, a outro Senador, a Deputado, à Presidente do Partido, Deputada Iris. Diga o seu pensamento. Se você concorda que é importante um candidato do PMDB à Presidência da República, diga que é; se não concorda, diga que não é, mas se manifeste. Não deixe essa gente, usando o nome do Partido, levar a gente para um lado que não é o lado real! Manifeste-se.

O Ministro das Relações, Ministro Múcio, disse que já estamos no segundo turno, que já foi antecipado o segundo turno entre a Ministra e o Governador de São Paulo. As coisas são tão ridículas, os Partidos estão tão fora da realidade, que, a rigor, parece que se reduziu a isso!

Manifeste-se. Você, de qualquer cidade do Rio Grande, do Brasil, de qualquer canto, exija que o seu Município realize a reunião que está sendo exigida, que o Diretório estadual se reúna, que o congresso seja feito no seu Estado e que seja cobrada, em nível nacional, a convenção. Faça isso! Vamos fazer uma grande movimentação, uma grande arrancada no sentido de que as partes que falam, que têm poder, que têm vontade não sejam manobradas, como são, por meia dúzia de pessoas que, ocupando cargos e vantagens... Os Ministérios que o Fernando Henrique dava há anos e que agora o Lula está dando... Diretoria da Petrobras, Diretoria do Banco do Brasil, que antes deram e que agora estão dando a meia dúzia de cupinchas que estão ali, e usam isso a seu proveito, não a proveito do País, nem de ninguém, mas a seu proveito, para tirar vantagens. Vamos exigir que tenhamos direito a apresentar uma proposta.

Vamos botar uma terceira... A do PT... Serra, um belo candidato do PSDB; a Ministra, uma grande candidata, mas vamos botar um candidato do PMDB. Vamos colocar o trinômio, para não ficar nessa dupla, PSDB e PT, e não mais do que isso.

Senador Alvaro Dias.

O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Senador Pedro Simon, primeiramente, os cumprimentos de quem o admira de longa data, desde que V. Exª era Governador do Rio Grande do Sul e nós pudemos conviver, já que, ao seu tempo, também governava o meu Estado do Paraná.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Ambos pelo MDB.

O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Ambos pelo PMDB, dos bons tempos. Aliás, Senador Pedro Simon, V. Exª poderia ser o nome do PMDB. Seria um grande nome, sem dúvida. Não quero, evidentemente, interferir em assuntos da economia doméstica do seu partido, mas V. Exª seria um nome de grande respeitabilidade e, certamente, agregaria valor ao debate do pleito do próximo ano.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Senador, estou no índex do meu partido. V. Exª nem fale isso, por favor, que a única coisa que ainda falta é tentarem me expulsar do PMDB. E já discutiram até isso.

Não sabem qual é o motivo. Agora, eu, no comando do MDB, sou considerado uma palavra maldita. O que é mais interessante: isso me deixa muito bem com a minha consciência. Não fico nem um pouco triste com isso.

O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Senador Pedro Simon, determinados vetos fazem bem ao currículo, e deve ser o caso. Eu gostaria de me reportar à fase de seu discurso em que abordou a CPI da Petrobras. V. Exª tem razão no que diz respeito a essa tentativa de dominar a CPI, de torná-la um instrumento inócuo. Mas temos o dever, mesmo minoritariamente, de realizar todos os esforços para transformá-la em um instrumento produtivo. E acho que temos possibilidades. Já divulgamos, inclusive, a estratégia que pretendemos adotar de levar denúncias à CPI, buscar todos os instrumentos para aprofundar a investigação. Se esses instrumentos forem negados, representaremos junto à Procuradoria-Geral da República, junto ao Ministério Público. CPI, já dizia seu velho companheiro Ulysses Guimarães, pode prescindir de provas materiais e de provas documentais. Bastam os indícios. Ele dizia, Ulysses Guimarães: “CPI vai pelo cheiro”. Nós representaremos ao Ministério Público com a sustentação dos indícios fortes que poderemos encontrar em denúncias, as mais variadas, que já são, inclusive, do conhecimento público. E, se nos forem negados todos os atos possíveis em uma CPI para uma investigação completa, recorreremos ao Ministério Público. Ao encaminhar a representação em nome dos partidos de Oposição, estaremos convocando o Ministério Público a instaurar os procedimentos para a investigação judiciária e a responsabilização civil e criminal, oferecendo ao Ministério Público a motivação para a denúncia ao Poder Judiciário a fim de que possa julgar. Dessa forma, Senador Pedro Simon, mesmo distantes do fim da CPI, mesmo sem aguardar o relatório final, já estaremos gerando consequências jurídicas, e esse é o objetivo de qualquer CPI. Portanto, a Minoria, com criatividade, com inteligência, com coragem e com disposição, poderá transformar uma CPI fadada ao fracasso num grande sucesso. É o que nós imaginamos poder fazer. Espero que isso seja possível, porque sabemos que o Ministério Público tem boa vontade.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Senador, V. Exª está tendo uma atuação realmente muito brilhante nesta Casa, inclusive com uma repercussão muito grande. Talvez V. Exª seja dos Parlamentares que tenham mais presença nos jornais e na televisão, anunciando a sua fala. Seu pronunciamento foi muito importante. E eu o respeito, mas quero que V. Exª entenda o que vou dizer, pelo amor de Deus: fiquei muito machucado com o seu pronunciamento. Ele expressa uma realidade, V. Exª está dizendo o que é, mas não devia ser. V. Exª está dizendo o que está acontecendo realmente! Isso está sendo levado para um debate, e V. Exª está dizendo o que vai acontecer nesse debate, mas é uma pena começar assim. Concorda V. Exª? É uma pena começar assim, meu Deus do céu! Quando se fez...

Ouvi o pronunciamento de V. Exª e eu respeitei. V. Exª disse: “Vamos buscar, vamos debater.” Nós queremos conseguir a verdade. O presidente vem aqui, vamos discutir. Agora, começar assim... Eu entendo V. Exª.

O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - É a alternativa.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - No momento em que se diz: “Eu quero a Presidência, eu quero a Relatoria”... O ambiente é esse. O aparte de V. Exª está dentro do ambiente, mas que triste que o ambiente seja esse.

O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Não temos outra alternativa, Senador Pedro Simon.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu também concordo com V. Exª, mas é uma pena, porque nós deveríamos ter levado para um outro lado. Eu ainda pretendo, se me deixarem falar lá na Comissão... Eu acho que dá para ir, não é, o cara não sendo membro pode sentar. Pelo menos, se o PMDB não me proibir, eu pretendo ir lá, me sentar...

O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Falar, certamente, permitirão, Senador. Não permitirão é investigar, revelar nada. Agora, falar permitirão.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu pretendo ir lá, pretendo sentar, pedir a palavra e dizer que não é por aí. Não é por aí! Eu acho que o Presidente Gabrielli pode vir aqui, pode fazer a sua exposição, pode dizer o que é. Eu acho que erros podem ter acontecido, mas a tentativa não é de querer impedir a Oposição de investigar, não é de querer impedir o debate. Não é, daqui a pouco, querer colocar a Petrobras no banco dos réus, no sentido de que quem não gostar e pedir a CPI é inimigo dela.

O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Senador Pedro Simon, apenas para ficar claro: esse é o expediente de que lançaremos mão se, realmente, o que está previsto ocorrer, ou seja, se a maioria, se o chamado rolo compressor, se o tratoramento, se a CPI chapa branca, se isso tudo que está sendo anunciado... Porque foi feito o anúncio e não foi feito aqui, onde deveria ser feito. Foi feito lá no Palácio do Planalto. Ao invés de se discutir CPI no Congresso, se discute no Palácio do Planalto. É abrir mão de prerrogativas essenciais do Parlamento, é transferir ao Executivo atribuições nossas, especiais e fundamentais. Se isso que está anunciado - não nos permitirão investigar - for realmente concretizado, nós lançaremos mão desse expediente que, pode ter certeza V. Exª, será muito eficiente. O Ministério Público vai instaurar todos os procedimentos para completar a investigação, com base nos indícios que poderemos oferecer como sustentação à denúncia, à representação encaminhada ao Ministério Público.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu ainda tenho confiança de que não vai acontecer o que V. Exª está dizendo, porque o Governo vai entender que é melhor o outro caminho. O Governo vai entender que, ao invés de seguir esse rumo, o melhor rumo é abrir as portas, o melhor rumo é abrir as portas, o melhor rumo é debater, é explicar, o melhor rumo é caminharmos no sentido que todos querem.

         Ninguém, aqui, é inimigo da Petrobras, por amor de Deus! Eu sou o mais velho de todos, eu sou do tempo do “O petróleo é nosso”, eu sou do tempo em que, estudante, colocamos uma torre de petróleo na Rua da Praia, exigindo a criação. Eu sou do tempo em que nós festejamos, guris do secundário, a lei do Dr. Getúlio Vargas criando a Petrobras.

Ninguém quer o contrário da Petrobras, mas ninguém é dono da Petrobras. A Petrobras é um patrimônio nosso, de todo o Brasil. Não vamos esquecer que, para criar a Petrobras, o Getúlio foi buscar a assinatura de um Deputado Federal da UDN. O projeto que criou a Petrobras e que veio para o Congresso não era o do monopólio estatal.

O Dr. Getúlio Vargas, com competência, fez a manobra e, para conseguir, trouxe a assinatura de um ilustre líder da UDN da Bahia, que fez a emenda, e a emenda foi aprovada.

A Petrobras...

(Interrupção do som.)

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - ... é patrimônio de todos, de todo o Brasil. Então, eu creio que, na hora em que quiserem enxovalhar a Petrobras, ninguém vai encontrar ambiente nesta Casa. Mas não levem para esse lado, vamos levar para o lado de buscar a verdade. Vamos levar para o lado de buscar a verdade. Isso é o que interessa a todos nós.

Primeiro, o Senador Cristovam.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador Pedro Simon, o senhor estava falando, aí, no PMDB e o seu discurso vale para praticamente todos os outros Partidos. Na verdade, está-se falando tanto em reforma política, e eu acho que um dos itens da reforma era: não é Partido aquele que não lançar candidato a Presidente, a Governador e a Prefeito. Como é que um Partido é Partido e não tem uma proposta nítida, clara, num País que tem dois turnos? Se só houvesse um turno, Senador Mozarildo, está bem, que se fizesse a aliança, mas tem dois turnos. Não há razão para se ter aliança no primeiro turno. Mas o Brasil chegou...

(Interrupção do som.)

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Mas nós chegamos a tal ponto que, hoje, só tem um turno.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Só tem o segundo.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Só tem o segundo. Os Partidos já se arrumam de tal maneira que só tem o segundo turno. Nós já estamos no segundo turno.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - É.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Faltando mais de um ano e meio para a eleição, estamos no segundo turno, com dois candidatos e os outros Partidos caminhando para serem satélites. O seu discurso serve para todos os Partidos. E o pior é que a gente não sabe o que é que os candidatos que estão no segundo turno têm a dizer, para nós, do Brasil que eles desejam. Qual é a proposta dos dois candidatos para essas mudanças climáticas? Aliás, há pouco, a televisão dava que a principal suspeita para a queda desse avião foram as mudanças climáticas, que provocaram um tipo tal de efeito que causou a derrubada do avião.

(Interrupção do som.)

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - então, qual é a proposta que têm os candidatos para os grandes problemas nacionais? Eu não sei. Eu não sei quais são as propostas da Ministra Dilma para os grandes problemas nacionais, salvo o PAC. Eu não sei quais são as propostas do Serra para os grandes problemas nacionais, até porque, na campanha anterior, ele se concentrou na economia apenas. Nós temos de criar espaços para debates. O Senador Mão Santa tem insistido quando ele lembra que o Obama era um simples senador por Illinois, até que despontou nas prévias, porque se permitiu o debate. Nós temos de provocar esse debate. Eu fico satisfeito quando eu vejo o senhor...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Ele entrou nas prévias para fazer uma promoção para o futuro.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - É verdade, é verdade.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - E terminou derrotando a favorita total.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - E por que derrotou? Porque ele trouxe...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Ideias concretas, objetivas e novas.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Ideias concretas para um Estados Unidos novo.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - É.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Ele trouxe a ideia de um Estados Unidos que estava nascendo e que o establishment, a situação tradicional, tentava impedir que nascesse. O Brasil tem um país nascendo dentro dele hoje. Hoje, há um Brasil nascendo, mas a política está impedindo que nasça: é o Brasil da indústria do conhecimento, é o Brasil do meio ambiente equilibrado, é o Brasil que busca a igualdade de oportunidades, é o Brasil que busca honestidade em todos os aspectos da sua vida social, especialmente na política. Esse país quer nascer. O que a gente sofre hoje, quando lê o jornal, são as dores do parto desse novo Brasil, mas a gente não vê um parteiro para isso. O parteiro é o candidato a Presidente, o parteiro vai ser o próximo Presidente ou Presidenta, mas a gente não o vê se preparando para ser parteiro de um novo Brasil. É como se tudo estivesse bem e só precisasse de mais dinheiro...

(Interrupção do som.)

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador, é como se tudo estivesse bem e só precisasse de mais dinheiro para fazer o mesmo, e não de mais habilidade, competência, firmeza, princípios para fazer o novo. Por isso, eu lhe parabenizo não só pela cobrança de que o PMDB tenha candidato, sobretudo pelo grande Partido que é, mas também pela sua pré-disposição de andar por este País pregando o que seria um programa de Governo. E, aí, eu complemento: se o senhor quiser, eu quero ir junto com o senhor. Às vezes, um só de nós não atrai tanta gente, porque não tem um debate. Seria bom até mostrar as discordâncias. Quando a gente colocasse a Heloísa Helena andando por este Brasil, acompanhada de mais outras pessoas que poderiam vir a ser pré-candidatas - mesmo que não venham a ser, como o senhor sabe que não será no PMDB, como eu, provavelmente, não serei no meu Partido -, simplesmente pelo fato de as universidades nos convidarem para debatermos propostas alternativas de Governo, acho que daria um sopro de esperança neste País. Agora mesmo estou indo, sozinho, debater aqui, na Universidade de Brasília sobre um tema específico: educação. Muito melhor se fôssemos eu e mais dois discutir qual é o Brasil que a gente propõe para o futuro. Então, eu gostaria de me juntar e sair por aí. Universidades para nos convidar não faltam, sindicatos para nos convidar não faltam, igrejas para nos convidar não faltam. A gente poderia criar um grupo. Às vezes iria um, às vezes iria outro, mas mais de um, sem pedir licença aos Partidos da gente, para debater que Brasil a gente quer fazer nascer, de qual Brasil nós queremos ser os parteiros.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Nós já debatemos essa matéria. Lamentavelmente, ela não foi como a gente queria.

As primárias seriam qualquer coisa de espetacular. Se nós conseguíssemos criar as primárias aqui, fazer o que fizeram os Estados Unidos... Nos Estados Unidos, a candidatura da Primeira-Dama era natural, natural; e não foi. No Brasil, tenho certeza absoluta de que nem saberiam o que iria acontecer. Vamos debater! Nós poderíamos até apresentar uma forma diferente: fazer uma primária em que reuniríamos os partidos, e os partidos, cada um, apresentariam seu candidato. Depois, buscaríamos a resposta. V. Exª pelo PDT, alguém pelo PMDB, a Ministra pelo PT, o Ciro pelo Partido Socialista. Vamos ver os candidatos, vamos debater! Aí apareceriam as ideias, aí apareceriam as propostas, aí apareceria a filosofia de cada partido. Aí a gente saberia.

Sabe por que o Serra não fala e sabe por que a Dilma não fala? Porque não é bom falar. Por que eles vão se comprometer? Para cada coisa que eles falarem, há dez a favor e oito contra. Então, não falam nada; então, não falam nada, deixa assim, vai levando! Igual ao Lula, que vai aumentando na pesquisa, não falando nada, não dizendo nada com nada.

Eu falo do fundo do meu coração: as cúpulas partidárias valem muito pouco neste País. Valem muito pouco neste País!

         Eu sou sincero. O Fernando Henrique foi o responsável pelos oito anos dele e o Lula é o responsável agora. Tanto um quanto o outro, na hora de buscar dentro do PMDB, foram buscar não as melhores laranjas, mas as laranjas que poderiam levar para o caminho que queriam - e isso até no PT. Onde é que está o Frei Betto? Onde é que estão os grandes nomes do PT, nomes tradicionais e que fizeram a história fantástica do PT: transformar um grupo de líderes sindicalistas e criar um partido de trabalhador e esse partido derrotar a ditadura, derrotar a imprensa, derrotar tudo e ganhar? Onde estão aqueles? Os que estão aí são os Meirelles; os que estão aí são os que pensam igual. Nada mais igual ao Fernando Henrique do que o Governo do Lula. São absolutamente iguais. Onde estão os que defendiam as ideias das grandes transformações?

É por isso que querem continuar igual. É por isso que os mesmos, os mesmos do PMDB que estavam juntinhos, abraçados, no mesmo quarto que o Fernando Henrique, estão agora com o Lula. É como disse o Ministro da Integração, que era o mais apaixonado pelo Fernando Henrique, o que batia mais no Lula. O que ele diz agora? “O que eu vou fazer se eu me apaixonei pelo Lula? Eu me apaixonei pelo homem”, diz ele. Nessa relação são os mesmos. São absolutamente os mesmos.

Por isso que nós não podemos, meu querido Presidente, ir atrás dessa gente. Ou nós nos rebelamos contra esse sentimento, ou nós não vamos a lugar nenhum.

O Sr. Gilberto Goellner (DEM - MT) - Senador Simon, vamos voltar ao caso da CPI da Petrobras. Eu vejo que nós temos muito a questionar à Petrobras. Apesar da capacidade com que a Petrobras se coloca hoje na extração do petróleo brasileiro, nos temos muito a desejar na qualidade do combustível, do óleo diesel principalmente. Deixam muito a desejar. Eu vejo que os brasileiros devem exigir, e a Petrobras deve produzir um melhor combustível, menos poluente, ao menor preço, e não oferecer o óleo diesel mais caro com a pior qualidade. Vou dar um exemplo. A Petrobras produz o S-1800 (S são as partículas de enxofre), mas deveria estar produzindo S-15, como o fazem os Estados Unidos e a Europa. Então, nós estamos longe; nós estamos muito longe. O melhor combustível deles é o S-500. Muito longe. E é por isso que nós temos este problema de efeito estufa, de aquecimento global. Dentro do questionamento da CPI, nós temos que exigir uma mudança: o enquadramento da Petrobras para que ela produza um óleo diesel de melhor qualidade e a preço viável. Hoje, se inviabilizam todas as grandes atividades do País, como o transporte rodoviário. A poluição urbana está aí demonstrando isso. Há necessidade de se substituir urgentemente esse combustível. Precisamos hoje substituir essa matriz energética, baseada no óleo diesel, por biocombustível, senão nós não vamos chegar a lugar nenhum. A Petrobras está sem capacidade de oferecer um combustível limpo e a preço barato para o povo brasileiro. Muito obrigado.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu agradeço muito a V. Exª o aparte.

Mas eu encerro, Sr. Presidente. V. Exª está sendo tolerante comigo e eu vejo que estou abusando de V. Exª. Eu encerro.

Eu quero apenas dizer: Presidente Iris, V. Exª é Presidente do Partido. Aja como Presidente. Aja como Presidente!

O ilustre Presidente da Câmara dos Deputados, presidente licenciado, tem que ter a discrição necessária para falar como Presidente da Câmara, não como presidente licenciado. Ele não pode comprometer o partido como Presidente da Câmara. Ele não pode ser um bom Presidente da Câmara e um bom Presidente do PMDB. O bom Presidente da Câmara tem que pensar na Câmara, na soma da Câmara. O bom Presidente do PMDB tem que pensar no PMDB.

Presidente Iris, assuma isso dentro do MDB. Vamos lá!

Senador Mão Santa, nós temos muita gente que aceita esse debate. Vamos lá. Vamos aceitar a tese de que o PMDB não é apenas o maior partido de mentirinha. Maior número de Deputados estaduais: PMDB; maior número de Deputados Federais: PMDB; maior número de Senadores: PMDB; maior número de Governadores: PMDB; maior número de Vereadores: PMDB; maior número de Prefeitos: PMDB. Na última eleição para Prefeitos, realizada ano passado, o PMDB: teve seis milhões de votos a mais do que o segundo lugar. Esse é o maior partido. E essa gente aí está transformando o PMDB na Rainha da Inglaterra. Ela está no jornal agora protestando porque não foi convidada para a festa da vitória. É que nem ela disse: ela lutou, menininha, lutou para a vitória, enquanto os três que estarão lá - o francês, o inglês e o norte-americano - não haviam nem nascido. Até a Rainha da Inglaterra quer ter vez. O PMDB tem direito, Sr. Presidente.

Eu agradeço a tolerância de V. Exª e peço novamente a ti, meu irmão espectador: você tem uma força muito grande. A Internet é uma coisa fantástica. Os meios de comunicação de hoje são revolucionários. Antigamente, tinha que se escrever uma carta, levava-se dois meses para ir para os Correios; não se sabia se ia, o que acontecia; para telefonar, levava-se dez meses para se ter um telefonema. Hoje não. Você, neste momento, vai e põe na Internet a sua manifestação. Diga o que você pensa, para que o Presidente do partido e a vontade do partido, que é a tua vontade, exijam que o PMDB tenha personalidade e tenha presença nesta eleição.

Obrigado, Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/06/2009 - Página 21084