Discurso durante a 95ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Referências ao pronunciamento do Senador Papaléo Paes. Defesa do Senado da República. A corrupção no Governo do Piauí.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. POLITICA ENERGETICA. POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Referências ao pronunciamento do Senador Papaléo Paes. Defesa do Senado da República. A corrupção no Governo do Piauí.
Aparteantes
João Pedro.
Publicação
Publicação no DSF de 16/06/2009 - Página 23573
Assunto
Outros > SENADO. POLITICA ENERGETICA. POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, PRONUNCIAMENTO, PAPALEO PAES, SENADOR, MANIFESTAÇÃO, APOIO, ORADOR, NECESSIDADE, RECUPERAÇÃO, REPUTAÇÃO, SENADO.
  • CRITICA, SUPERIORIDADE, PREÇO, COMBUSTIVEL, BRASIL, COMPARAÇÃO, EXPERIENCIA, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, DEFESA, IMPORTANCIA, MOBILIZAÇÃO, POPULAÇÃO, EXIGENCIA, GOVERNO FEDERAL, REDUÇÃO, VALOR, NECESSIDADE, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).
  • DENUNCIA, CORRUPÇÃO, DEPARTAMENTO DE TRANSITO (DETRAN), ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), EXCESSO, COBRANÇA, MULTA, SUPERIORIDADE, VALOR, EMPLACAMENTO, IMPORTANCIA, REALIZAÇÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, REIVINDICAÇÃO, REDUÇÃO, SEMELHANÇA, PREÇO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Papaléo Paes, que preside esta sessão de segunda-feira, Parlamentares presentes na Casa, brasileiras e brasileiros que nos acompanham aqui no plenário e pelo fabuloso sistema de comunicação do Senado, essa emissora de televisão poderosa que leva a verdade e que encanta o povo do Brasil. É uma audiência descomunal, porque o povo busca a verdade. Não é negócio de dinheiro, não. Isso salta aos olhos. E há os outros órgãos de comunicação, Papaléo, como a rádio AM, a rádio de ondas curtas, a FM, o jornal diário, o jornal semanal e a Agência Nacional.

Então, realmente, Senador Colombo, são necessárias essas sessões de segunda e sexta, porque aqui o Senador defende suas teses e aqui ele é o tambor de ressonância do que ouve, do povo. Essas sessões são para isso. E nós temos uma tolerância. Por exemplo, hoje, pelo Regimento, o Papaléo Paes teria cinco minutos, porque S.Exª falou para uma comunicação inadiável. Está vendo, Colombo? S.Exª falou apenas 36 minutos! Rui Barbosa, que foi o maior símbolo da nossa história política, fez um pronunciamento aqui, no livro dele, que demorou quatro horas.

Então, é necessário. Aquele negócio de cinco minutos, da lei, aquela lei do Tião Viana, diminuindo... Quê? Quê?! Baixa a bola! Quem entende somos nós! Rui Barbosa tem um pronunciamento que levou quatro horas. Está vendo, Colombo? As teses.

E aqui segunda e sexta. Está aí ter se consolidado. Nunca, depois que iniciamos isso, falhou uma segunda-feira e uma sexta-feira. São as teses que, nos dias normais, deliberativos, de votação, impedem-se.

Por exemplo, o Papaléo, na lei, teria cinco minutos. Fez um pronunciamento, ô pronunciamento macho! Ô pronunciamento firme! Ô pronunciamento de um estadista! Um homem de moral. Vão ler. Eu estava atentamente ouvindo, Papaléo. V. Exª foi firme, profundo, ético, decente e abalou. Abalou!

Manda a imprensa meditar sobre as palavras, se têm coragem de ao menos ler; se eles têm ao menos coragem de ler o que foi dito, porque foi firme, foi contundente e foi verdadeiro. Então, 36 minutos. É isso que o povo quer. S. Exª se inspirou em um e-mail ou foi um contato pessoal mesmo do Francisco. Chorou, porque não tinha democracia sem isso aqui não, Brasil. Vocês já foram todos rendidos. Está tudinho aí, tudinho, todas as instituições; não tem mais nenhuma. Tem o Bolsa Família dos nossos amigos pobres que merecem; os outros todos têm ONG. Essa ONG foi a maior invenção da corrupção. Tudinho que está no estilo de instituição que tem moral não tem não. Moral é aqui; eles têm é ONG por trás. Eu os conheço. Eu sou Senador da República. Está tudinho aí calado. Venderam. Essas ONGs são para comprar. Calou o Brasil todo... Todas as outras instituições! Todas! Estão espalhados. Aqui não conseguiram. Daqui as pancadas no Senado. Erro administrativo. O que é que nós temos com isso? Pode fazer uma CPI aqui na vida de cada um de nós. Na minha, pode ser feita. O Prefeito da minha cidade é ligado ao PT. Faça, faça uma CPI sobre a minha vida lá na Assembléia Legislativa, é lá, cooptada no meu Partido. Faça uma CPI e faça... Aqui nós temos moral, Papaléo.

É isso que Rui Barbosa dizia que faltava. O que está faltando nesta República é moral, e nós a temos. E o Senado é para isso, e o Rui Barbosa era para isso.

Tem de ter bandeiras. Nós temos a nossa bandeira. Rui Barbosa pegou a bandeira de libertar os negrinhos. Foi ele mesmo. A Princesa Isabel fez a sexagenária, e depois aumentaram para 65 anos. Ele fez a Lei Áurea. Ela só fez assinar mesmo, jogando flores. Então, ele entrou na primeira bandeira: a Abolição, em que teve como companheiro Joaquim Nabuco, de Pernambuco.

Depois, ele entrou em outra bandeira. Tem que ser o que nós somos. A outra bandeira de Rui Barbosa tem de ser a República. Atentai bem! O Primeiro-Ministro era Ouro Preto, que o convidou para ser ministro.

Mozarildo, você revive. O Mozarildo é preparado. É aí que dói nesse povo. Não adianta. Nós o conhecemos. Se ele não fosse, eu ficaria calado.

Por que Rui Barbosa não o aceitou? Ele foi convidado para ser Ministro do Imperador Pedro II, o último, que não sabia se iria continuar. Mas foi lá, e o Pedro II agiu. Ele não aceitou. “Só aceito se estiver no programa do Governo a Federação.” E uma reforma eleitoral ele fez. Antigamente só podiam votar católicos, e ele tirou logo isso. Ele era maçom e tirou.

Imagina a confusão que deu! No primeiro Congresso, tinha sete padres Senadores. Eu sei que ele afastou a Igreja do Estado. Então, a Igreja nunca mais votou nele, né? Afastou! Mas atentai bem! E, quando ele viu que o Império não queria a Federação...

A Federação é os Estados, a Federação é o Senado. Tem a Federação porque tem Senado. Tem que entender as coisas. Se não tiver o Senado, acabou o Amapá! O meu Piauí já está acabado, porque tem um Governador do PT lá. Mas pode ter esperança de se salvar, não é, porque a Federação é esta igualdade. Aqui, tem três do Amapá, tem três de Rondônia. Se não tiver isto aqui, tiver só a Câmara, juntou São Paulo, que tem quase noventa; Minas Gerais, quase setenta; e o Rio de Janeiro, acabou, acabou! Eles ficam com todo dinheiro, com todos os orçamentos. Todo mundo sabe que o Brasil era o quê? Era Rio e São Paulo. Esta Federação, o nascimento desses Estados novos, que dividiu o bolo. Vem dali, vem o orçamento, a gente fica brigando até de madrugada, eu, o Heráclito, cada um, para dividir o pão. Então, o Senado é o que tem nos Estados Unidos, é a Federação. Os Estados Unidos têm cinquenta Estados. Ó que eles não mudam ali a divisão. Eles mudam tudo, mas aquilo ali não entra, não. A Constituição tem duzentos anos, e eles não mudam, não é, os colégios eleitorais? Então, acabou!

Mas Mozarildo, ele deixou de ser Ministro porque não garantiram a federação. E era assim. Tinha Senador, mas sabe como era, Mozarildo? Vinham eleitos três Senadores. No Piauí, tinha uma vaga. Cada vez vinham três para cada vaga. Aí o Imperador escolhia um. Ele que acabou com esse negócio aí. Agora a gente é eleito mesmo pelo povo. Ele...

Sim. Mas aí ele não foi Ministro. Os amigos deles ficaram até chateados: como é que deixa de ser? Abandona? Tal, tal...

Aí vem a República. Foi do primeiro governo o Ministro da Fazenda, uma cultura londrina extraordinária... Nos Estados Unidos formulou estudo. E aí o Vice...

Ah, ainda tem mais. Ele foi o primeiro Vice, talvez não saibam, ele foi o primeiro Vice de Deodoro. Aí, na reeleição do Deodoro, ele abdicou. Aí que entrou Floriano, porque ele queria o Senado para fazer a primeira constituição federativa garantindo os senadores, enfim...

Aí quando entrou o Floriano, o Floriano era mais bravo do que o Médici. O negócio era violento. Não era o Marechal de Ferro? Ih, fechou o diabo.

Aí foi o habeas corpus. O Rui Barbosa merece estar aí. Você hoje foi comparado com ele. Grave e mostre para os seus filhos e para os seus netos, que eu comparei espontaneamente.

Então, habeas corpus. Era...Tinha uns habeas corpus eles não queriam nem saber, eles eram injustiçados podia ser contra ele; ele “buf”. Aí, ele defendeu, no Supremo Tribunal Federal, Atentai bem! Aprendam, ô Ministros do Supremo Tribunal Federal, com Rui! Aí o Marechal de Ferro, que era brabo, não é, o Floriano Peixoto, acabou logo e fechou. Aí ele disse que ia defender um...Que ele tinha pedido, lá, umas pessoas o habeas corpus. Ia pedir para o Supremo Tribunal Federal. Ele Senador, não é? Aí sabe o que o Marechal disse lá? Vem cá: “E quem que vai dar habeas corpus para esses juízes? O Supremo. Está entendendo? O Floriano Peixoto. Colombo, os bichos todos se intimidaram. Tu sabes que é... Aí só um, só um - ele fez a defesa, tudo - deu direito ao habeas corpus. Quer dizer, ele perdeu, não é? Aí ele se eleva. O discurso todo o mundo ia ouvir. Que ele tinha a tese dos direitos individuais, da liberdade. Aí foi tomou a bênção ao cara que votou. Não é? Sim, mas aí houve outro pau aí que ele não tomou. Não estou lembrando aqui o nome aqui, mas tem...Houve uma revoluçãozinha para derrubar o Floriano Peixoto. Da Marinha aí, um almirante. Aí prenderam o negócio. Aí o Marechal de Ferro: ô lascado, não sei o quê. Aí ele disse: “Não”. Aí queriam julgar ele pelos militares, não é? Então, os homens estavam mortos. Floriano Peixoto era...o bicho era pai velho, vê a vida dele: prendia, capava, fazia o diabo. Hein? Aí o Rui Barbosa mexeu no Congresso. Porque eles tinham que ser julgados era no Supremo Tribunal Federal. Não é? Rapaz, ganhou por três votos. Aí o Floriano não perdoou ele, não é? Aí o Senado já tinha altivez. Puxou os líderes da Marinha, lá - um almirante, o nome até enrolado em inglês - e aí foi para o Supremo Tribunal Federal, Papaléo, esses rebeldes ao Floriano, oficiais, e ele ganhou. “Olhem, tem que tomar bênção àquele homem”. Estavam todos com medo do Floriano. Então, ele sempre lutou pelos direitos individuais.

Houve outra Revolução. Foram avisar ao Rui. Estava no jornal que ele devia embarcar num navio. Mas ele não foi. Foi para casa sozinho, porque o negócio dele era a tribuna, de peito aberto, defendia o direito: “Só há um caminho: a lei, a justiça e a salvação”. E ele nem foi. Mas aí o Floriano o perseguiu e ele teve que fugir para a Argentina, onde passou liso por seis meses. A mulher só comprou um vestido e foi para Inglaterra.

Atentai como o povo era de valor. Ó baiano. Baiano é que é grande, Papaléo. Ele passou um ano e oito meses em Buenos Aires, Inglaterra. Quando foi eleito Prudente de Morais, ele tinha o mandato, embora ele não quisesse, os amigos o convenceram: “Você tem que vir salvaguardar tudo”. Faltavam menos de dois anos. E ele veio e nem queria mais se candidatar, pois continuava muito forte. Diziam até que ele ia tomar o Governo de Prudente de Morais o Marechal de Ferro, Floriano. Aí fez campanha. Ele nem acreditou. O inverso de hoje. Eu tenho vergonha do meu Partido do Piauí. Ele estava desencantado. Terminou o mandato.

O presidente botou o nome dele contra Floriano, contra o Prudente, contra o Governo do Costa e Silva e, na última hora, Rui Barbosa volta eleito pelo povo baiano, contra tudo e contra todos.

Esta é a história. Mas aqui a gente aprende e eu me lembro do chefe do meu Partido, do PMDB, de vergonha, do meu PMDB, que eu represento com grandeza, Ulysses, encantado, no fundo do mar: ouça a voz rouca das ruas.

Todos nós, nos fins de semana, vamos aos nossos Estados. Fui a Pedro II, no Festival de Inverno, alegria, música, a única cidade serrana do Piauí, o povo tem tradição, família. Assisti à procissão em Campo Maior, onde se deu a Batalha do Jenipapo, onde expulsaram os portugueses, e recebi muita gente em casa, como em todos... Mas recebi um jornalista, Tomaz Teixeira. Esse homem é quem fez o Alberto Silva. Alberto Silva ainda hoje é o presidente do partido, está como Deputado e é um Senador querido. Se eu tivesse esse Tomaz Teixeira, eu enfrentava o Barack Obama. Eu não tenho... Ele era Deputado... Ele foi o presidente do PMDB.

Sabem como é a política. Até eu disse: rapaz, a política é como Winston Churchill disse, é como a guerra. Com a diferença de que na guerra só se morre uma vez e, na política, várias. Você está morto, mas vamos embora e se candidata a federal. Deu certo no fim, mas ele foi o maior escudeiro de Alberto Silva. Ele foi Deputado, jornalista brilhante e tal. Ele foi lá em casa e disse... E se eu não falar que ele fez o Alberto Silva, ele é danado, é capaz dele acabar comigo, porque o bicho é danado mesmo, esse Tomaz Teixeira. Eu até anotei aqui: olha, Mão Santa, eu ando por aí e é o seguinte, essa Petrobras... Está ali o João Pedro, eu já vi. 

Mas estou dizendo que é o jornalista, que é mais velho que você, lutou mais que você, foi ele que segurou o Alberto Silva. Foi presidente do PMDB. Isso é uma esculhambação. Isso que estamos vendo é uma esculhambação. E esses homens são viajados.

Olha, ele sabia o preço da gasolina em todo o mundo. Mão Santa, você vai lá, fez mil discursos... Falei, falei cinco discursos sobre isso. Pode ver no livro, eu dei para ele. Mas ele sabia tudo.

É uma imoralidade! Como é que pode ser esse preço? Olha o jornalista. Você tem que começar a campanha... É “Baixa Já”. Não tinha as “Diretas Já”? Agora, “Baixa Já”, porque é muita corrupção. Um tanque de gasolina na Venezuela é R$5. Ô motorista, quem tem carro! São cinco reais! O botijão de gás é R$4; aqui é R$ 44,00, no Piauí. O óleo diesel está aí, e não sei quê. O querosene... E bem aí na Venezuela. Não somos autossuficientes? Isso é roubalheira mesmo. Cadê essa CPI, não sai não? Eu disse: sai, vai devagar. É um parto, mas tem que sair. Porque, se não sair, vai acabar o Senado.

Então, ouça a voz rouca das ruas. Eu ouvi o Tomaz Teixeira.

Rapaz, aquilo é uma campanha no Brasil todo. Faça isso que você se elege até Presidente. Porque isso é safadeza, é imoralidade. Eu viajo por aí. É a gasolina mais cara do mundo.

Sabe como é jornalista. Ele é jornalista. Aí o Tomaz Teixeira esbravejava, e tudo. É “Baixa Já”, Luiz Inácio! E o nosso Luiz Inácio, que é bom, inteligente, é réu confesso. O que ele diz? Vou colocar... Como é o nome da mulher? Dilma, não é? A Dilma, não é? E vou querer ser o Presidente da Petrobras. Quer dizer, é réu confesso. Então, Tomaz Teixeira, se eu não disser, ele acaba comigo... Porque a Petrobras tem que ter. E não entra na cabeça de ninguém como é que... Você que é! Qual é o contrabando? Ô povo bom de Roraima! Eu andei por lá e ganhei uma comenda do Neudo. Povo bom, educado, civilizado. O maior contrabando que tem é de gasolina. Vão lá botar... O prefeito da cidade da Venezuela fez um decreto: só vende 30 litros. Aí, os carros enchem 30 litros e os meninos vendem garrafa, lata de querosene e o diabo.

Então, a campanha de Tomaz Teixeira é: baixa já, Luiz Inácio! Tem que baixar esse negócio aí. Ninguém admite. Na Argentina, em Buenos Aires... Ô Colombo, andar de carro lá é como andar de mototáxi no Piauí. Tem mototáxi no seu Amapá? O preço da corrida de táxi é como a do mototáxi. Então, baixa já! Esse negócio de o petróleo é nosso, Monteiro Lobato, Getúlio. Não é nosso, não! O petróleo está aí para safadeza, para sem-vergonhice, para garantir eleição. Então, tem que ter essa CPI. A campanha é: baixa já, Luiz Inácio, o preço disso. Baixa já e acaba esse negócio.

E outra que ele disse, o Tomaz Teixeira: “a gente tem que ouvir o povo”. Eu fiquei assim... Eu disse: “Rapaz, nós vamos te eleger Deputado Federal para você endireitar aquela Câmara, que o Luiz Inácio disse que tem 300 picaretas. Vamos ver se...”

Senador, isto é uma esculhambação, esse negócio dos Detrans. É roubalheira! Botam aqueles bichos para flagrar os autos. É só multa. É uma indústria de multas. Espera aí, vai já! Aí, ele disse o seguinte: “Você sabe quanto custa, nos Estados Unidos, um carro?”. Eu disse: “Rapaz, eu não sei nada. Como eu vou saber quanto é o emplacamento lá?”. “Pois lá custa US$25 o emplacamento de um carro, pode ser grande ou pequeno.” O jornalista Tomaz Teixeira, ex-Deputado, ex-Presidente do PMDB, o homem que alavancou o Alberto Silva a vida toda, que o defendeu. “E aí?” “E aí? Este Detran daqui do Piauí é o mais corrupto, é o mais caro de todos, é a maior picaretagem de multa...” Ele, lá, o Tomaz Teixeira, jornalista. E ele disse: “Você sabe quanto é uma moto?”. “Sei não. Sei lá quanto é a placa.” “Seiscentos reais, vinte por cento do valor.”

Ouçam a voz rouca das ruas. Ouvi o jornalista Tomaz Teixeira, ex-Deputado, o homem que alavancou Alberto Silva, que mais o defendeu.

Rapaz, eu fiquei... É R$600 o emplacamento de uma moto no Piauí, no DT. Aí, ele disse: “Não tem moto de R$3 mil?” As de luxo são mais caras, não é? “Seiscentos reais!”

Senador João Pedro, V. Exª, que é líder do povo: vamos baixar isso? Vamos fazer um acordo? Vamos colocar o preço igual ao dos Estados Unidos, US$25? Vamos começar essa campanha?

Estamos aqui para dizer o seguinte, Papaléo: baixa já o preço desse combustível e baixa já essa taxa de corrupção dos Detrans no Brasil, principalmente no Piauí!

Senador João Pedro, que prazer ouvi-lo!

O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - V. Exª...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Não, estou trazendo um depoimento de uma das inteligências mais privilegiadas que conheci. Se esse rapaz fosse meu Deputado, como foi de Alberto Silva, eu estaria como o Barack Obama. Foi ele que alavancou o nosso Alberto Silva. Então, está aqui anotado, Tomaz Teixeira, para não me esquecer dos dados que ele deu. Diga!

O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Estou atento ao pronunciamento de V. Exª e gostaria de contribuir. Vou aproveitar - quando dialogo com V. Exª o Brasil todo nos acompanha e também o meu Estado - para fazer uma denúncia: o diesel, no meu Estado, tem um preço exorbitante, a gasolina tem um preço exorbitante - vou dizer com a maior tranqüilidade, sei que o meu Estado está me ouvindo -, porque os preços respondem a um cartel, Senador Mão Santa, a um cartel, sobre o qual o Ministério Público precisa atuar. Sabe por quê? O preço em Manaus é altíssimo. Eu sei que a gasolina sai da Petrobras...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Com licença, só uma pergunta. Sei, porque a gente chega, a mulher não pode comer, porque fica como um bujão... Aí, eu fui perguntar. Você sabe que, no Piauí, um bujão de gás custa R$44?

O Sr. João Pedro (Bloco/ PT - AM) - Pois é.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Lá na Venezuela é seis, cinco.

O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Veja V. Exª: é claro que há impostos! Mas sabe a quanto sai o gás da Petrobras, de R$44,00, Senador Colombo? A R$11,00!

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Então, rapaz, vamos colocar isso a R$12,00, basta um...

O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Mas, quando sai da Petrobras, ela não tem mais o controle. Sai a R$11,00, Senador Papaléo! O litro do diesel tem o preço igual ao dos Estados Unidos, são R$0,90. Quanto nós pagamos na bomba? É claro que o pronunciamento de V. Exª chama a atenção para isso. São preços exorbitantes, e nós estamos acompanhando os preços de outros países, de outros mercados. Enfim, quero dizer que V. Exª tem razão. Agora, é preciso que, no momento da nossa análise...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - João Pedro, também o emplacamento. Eu digo que o pronunciamento não é meu, é do jornalista Tomaz Teixeira.

O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Há cartel. Não é só em Manaus, mas no Brasil todo. Há uma articulação. Mesmo por conta dos impostos, de taxas etc. Mas há cartel para a elevação dos preços, e nós pagamos caro por isso. V. Exª tem razão.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - E, com o emplacamento, eu fiquei horrorizado. Eu não sabia! Não sei se é assim no Brasil todo, mas está aqui o nome dele: Tomaz Teixeira. Ele me diz, está aqui anotado: são 20% do valor da moto. São R$600,00. Uma moto média, não é de luxo, custa R$3 mil. Seiscentos! Nos Estados Unidos são US$25!

Aqui é para o debate, para a reflexão. Esta Casa é para isso mesmo. Feliz do governo que tem oposição! E oposição não é o cão. Rui Barbosa foi mais tempo oposição do que governo. Rui Barbosa teve essa vida política porque ele foi nove anos jornalista do Congresso, ficou observando; foi quatro anos Deputado Federal - perdeu duas eleições. Quer dizer, Senador Papaléo, a gente não pode perder a vergonha e a dignidade. Ele perdeu duas eleições para Deputado Federal. Aí, quando ele foi Senador, deu sorte, por isso ele é o patrono. Até nessa que o Marechal Floriano queria lascar o povo com medo, fizeram foi o contrário do que estão fazendo no Piauí. Querem me cassar antes, entregar minha cabeça. O povo deixou, e o pai deste aqui, Luiz Viana, botou na última hora o nome dele. Ele estava há quatro anos sem ir à Bahia, porque ele passou mais de um ano em Londres, fugindo de Floriano Peixoto, que fechou tudo, decretou estado de sítio; e seis anos em Buenos Aires, com necessidade. Ele conta que a mulher dele só comprou um vestido. Você sabe que não dá, não é? Eu não passaria um mês sem dar um vestidinho para Adalgisa. Então, ele sofreu.

Mas quero lhe dizer, Senador Papaléo, que ele passou... Estava desiludido, porque não ia. Aí, o pai deste aqui botou o nome dele contra Floriano, contra Prudente de Moraes. Aí, o baiano - olhem que baiano macho -, ele nunca perdeu eleição para cá, para o Senado. Mas, ali, ele perdeu duas para Deputado Federal, Senador Papaléo. Foram nove anos como jornalista, quatro como Deputado Federal e trinta anos aqui. Então, são essas reflexões. Não se apavore, porque você perdeu umazinha para Presidente e Rui Barbosa, Cristóvam, perdeu duas para Deputado Federal. No Senado, o baiano não abriu mão da candidatura, nas circunstâncias mais adversas, até quando ele pensava que não ia, porque estava em Londres. Colocaram e ele veio. E perdeu duas para Presidente da República, contestando na oposição.

Então, na democracia, Colombo, é bom ser governo. Olha, eu já fui líder, fui governador. É bom, gostei. Mas oposição é como Rui Barbosa, ele foi mais tempo oposição e, na oposição, ele engrandeceu mais a democracia do que nós, que estamos aqui a preservá-la.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/06/2009 - Página 23573